Em uma manhã de inverno um homem passeia com seu cachorro no Park do Estado, andando vê uma toca vermelha entre as folhas no chão, seguindo em frente se depara com um corpo de uma jovem que está no chão entre duas árvores. O sangue de sua cabeça escorre em seus cabelos pretos longos, seus olhos verdes ainda estão abertos, o rosto com diversos hematomas, suas mãos estão fechadas segurando algo, está sem as calças e calcinha indicando uma possível cena de estrupo. A polícia é chamada e em alguns minutos o local está isolado com fitas amarelas. Pessoas se aglomeram tentando ver a garota morta, em suas mentes ecoa apenas uma pergunta quem será a vítima?
Uma senhora de cabelos grisalhos, olhos verdes, vestindo um vestido cinza e sobretudo preto se aproxima daquela multidão temendo a pior notícia.
Ela pede para ver o corpo pois sua filha não dormiu em casa na noite passada e não atendeu as suas ligações:
-A senhora não pode passar. Disse o policial.
-Eu preciso ver quem está ali? Diz anunciado o choro.
-É mulher ou homem? Ela está com um surter e touca vermelha?
-Espera um momento, vou verificar. Diz o policial indo para a cena do crime.
Ele demora alguns minutos até voltar trazendo notícias:
-A senhora pode me acompanhar. Diz ele meio triste.
Ela o acompanha passando por vários policiais e peritos que estão no local, ele a leva para o corpo e levanta o plástico cinza que o cobre. A senhora cai no chão chorando e gritando sem parar e a sua filha apenas dezesseis anos, os policiais chamam uma ambulância a socorre levando-a no hospital.
A vítima é Hanna Galil estudante de dezesseis anos, em suas mãos fechadas os peritos retiraram alguns fios de cabelos loiro, o exame testou positivo para sêmen e violação a causa da morte foi traumatismo cranio cefálico.
No Colégio Aprisco os alunos fizeram um minuto de silêncio em homenagem a estudante promissora Hanna Galil que amava os animais e sonhava fazer o curso de veterinária, seus planos e sonhos agora são apenas poeira no vento.
Depois de alguns dias a polícia bateu na porta do aluno Austin Hoper, Teodoro Muniz e Patrick Aguilar. Seus materiais genéticos foram encontrados na cena do crime.
Austin Hoper de dezessete anos é aluno do Colégio Aprisco com seu jeito arrogante gosta de ostentar uma vida de facilidades que o dinheiro lhe proporciona, dono dos fios loiros encontrados na mão de Hanna, filho de Apolo Hoper e Miranda Hoper promotores da cidade.
Teodoro Muniz de dezessete anos também estudante do Colégio Aprisco, foi acusado de assédio sexual por uma aluna mas infelizmente com uma doação generosa que seus pais Bento Muniz e Paola Muniz fizeram para o colégio o caso foi abafado, seu pai é um médico renomado na cidade e no fim das contas a vítima é quem teve que sair do colégio.
Patrick Aguilar e o caçula do grupo com apenas dezesseis anos e com histórico de depressão e agressividade. Seu pai é o viúvo Afonso Aguilar é o delegado da cidade,sua mãe morreu há dois em circunstâncias misteriosas, desde de então ele começa a usar drogas ilícitas e algumas vezes até vende no Colégio Aprisco.
Os três foram presos pelo assassinato de Hanna mas de certa forma a "justiça" lhes foi favorável, provas desapareceram e algumas testemunhas não deram o seu depoimento. Apenas eu falei naquele dia como a amiga de Hanna foi a última pessoa que a vi antes do pior acontecer.
Expliquei que tínhamos um trabalho de Biologia sobre células eucarioticas permanecemos na biblioteca até umas sete horas, já estava escuro então a chamei para dormir na minha casa pois é mais perto do colégio. Hanna me disse que não poderia pois é o aniversário do seu irmão e ela é a sua mãe iriam fazer uma vídeo chamada com um bolo e cantar parabéns. Disse que isso iria o deixar feliz já que está no exército há três anos servindo no Iraque.
Nós despedimos e ela se foi.
Ainda depondo olho para os três assacinos que não exbosa nenhum tipo de sentimento ou emoção. Desço chorando não somente perdi a minha melhor amiga, a sua mãe Gina Galil está na UTI depois de sofrer três paradas cardíacas.
Seu enterro foi marcado pelas lágrimas de alguns alunos e familiares, chorei muito neste dia, apenas por saber que não a verei mais, pois ela coloria os meus dias nublados.
A julgamento não demorou acontecer e com a falta de provas, testemunhas e os advogados de defesa os três foram absolvidos por falta de provas ou seja o Ministério Público não conseguiu apresentar provas suficientes para provar a culpa dos réus. Sabemos que por influência de seus pais não teríamos uma condenação justa.
Depois de alguns dias tivemos a triste notícia da morte de Gina Galil mãe de Hanna que não suportou viver sem a filha, foi enterrada ao seu lado em uma tarde chuvosa na presença de poucas pessoas.
Voltar para o colégio foi difícil sem a sua alegria de viver, olho para a sua cadeira vazia e sinto uma dor enorme vendo aqueles três sorrindo pelos corredores como se nada tivesse acontecido me dá um nojo. Porque as melhores pessoas vão embora e as piores ficam?
As aulas voltam ao normal as pessoas voltam ao normal, mas o que realmente é normal nesta cidade? A injustiça.
No meu quarto ouvindo "Die With a Smile" ouço a campainha tocar, meu irmão Esteve grita o meu nome, desço as escadas e lá está ele com seus olhos verdes, cabelos pretos bem curto, ainda mais alto que da última vez que o vi, está vestindo um sueter e calça preta:
-Lena Collins lembra de mim. Diz ele olhando em meus olhos.
-Adam Galil? Você? Como? Me entristeço ao lembrar da sua irmã e mãe.
-Podemos conversar? Ele pergunta com uma mochila em suas costas.
-Claro! O convido a entrar.
-Minha mãe não está mas você é praticamente da família para mim. Digo admirando como ele ficou ainda mais gato.
-O Esteve cresceu, você cresceu, nossa três anos muita coisa aconteceu. Diz ele olhando para o meu irmão Esteve.
-Sinto muito por elas. Algumas lágrimas começam a rolar no meu rosto.
-Quer um copo de suco?
-Sim. Diz sentando no sofá.
Tento enxugar as lágrimas mas a cada minuto elas descem ainda mais. Minhas mãos estão trêmulas Adam percebe pegando o copo e bebendo o suco logo em seguida,ele abaixa a cabeça:
-Não consegui vir a tempo. Diz ainda olhando para o chão.
-Só queria ver as duas novamente.
Começamos a chorar permanecendo em silêncio por alguns minutos:
-Já prenderam os responsáveis? Pergunta Adam agora olhando em meus olhos.
-Eles foram absolvidos. Digo.
-Eles? pergunta tentando entender.
-São três alunos do colégio, com pais influentes na cidade. Digo olhando para ele.
Adam aperta o copo que quebra em sua mão me assusto, sua mão está sangrando, vou na cozinha pegar um pano para envolver sua mão:
-Obrigado Lena. Ele me diz segurando a minha mão.
-Posso contar com sua ajuda?
-Sim. Disse sem pensar nas consequências daquela resposta.
-Vou me vingar desses caras do meu jeito. Diz ele com os olhos cheios de dor e magoa.
-Vou precisar de algumas informações deles, como onde moram e quais lugares frequentam.
-O que pretende fazer? Pergunto.
-Vou destruir um de cada vez até não sobrar nada deles pra contar.