Taehyun acordava todos os dias ao som do despertador, o barulho estridente rasgando o silêncio do quarto pequeno e frio. Seu mundo era feito de monotonia: escola, deveres, tarefas de casa, e o vazio silencioso que preenchia cada momento livre.
Na escola, era quase invisível. Os colegas não percebiam quando ele estava presente, e quando zombavam dele, seus risos passavam por Taehyun como se ele fosse ar. Professores falavam com ele apenas por obrigação; ninguém realmente se importava.
Ele observava os outros adolescentes com uma mistura de inveja e desprezo. Todos pareciam ter amigos, sonhos, lugares para ir. Ele tinha nada — apenas dias longos, repetitivos e sem sentido. À noite, sozinho em seu quarto, Taehyun refletia sobre a vida que levava:
"Para que continuar? Ninguém vai notar se eu sumir."
Mesmo assim, ele mantinha pequenas esperanças, quase imperceptíveis, como um fósforo tentando acender no vento. Um sorriso raro surgia quando imaginava uma vida diferente, uma vida em que não fosse invisível, uma vida em que pudesse ser alguém.
Mas esses pensamentos eram sempre abafados pela realidade: portas trancadas, corredores vazios, vozes que ignoravam sua existência. Taehyun se sentia sufocado dentro de sua própria vida, como se estivesse preso em uma gaiola que ninguém via.
Naquele dia em particular, ao caminhar para a escola, sentiu algo diferente — um pressentimento, uma sensação estranha no ar. Não sabia que sua vida medíocre estava prestes a acabar, e que algo muito maior, sombrio e poderoso, aguardava por ele.
Enquanto atravessava a rua, distraído com seus próprios pensamentos, o mundo ao redor parecia se apagar lentamente. Um carro surgia do nada, veloz demais, e por um instante, Taehyun sentiu que a vida inteira passava diante de seus olhos
E então escuridão...
Quando abriu os olhos, não estava mais no mundo que conhecia. O céu era de um cinza profundo, cortado por sombras ondulantes que se moviam como se tivessem vida própria. Uma voz, ou talvez um pensamento, sussurrou dentro dele:
"Taehyun… você não pertence mais ao mundo dos insignificantes."
Seu corpo sentiu algo estranho — não dor, mas energia pulsando em suas veias. Cada sombra ao redor parecia responder à sua presença, vibrando com força própria. Ao estender a mão, percebeu que podia moldar a escuridão, transformá-la em lâminas afiadas, em tentáculos que obedeciam apenas a ele.
Por um momento, o medo quase o paralisou. Mas o ódio, a raiva, a solidão que carregara por toda sua vida medíocre, inflamaram-no. Ele não era mais um garoto invisível. Ele renasceu — e com esse renascimento, veio o poder de se tornar algo que o mundo jamais esqueceria.
Mas poder tem preço. E o mundo para o qual ele havia renascido era cruel, mais sombrio e mais implacável do que qualquer bullying que ele havia enfrentado.
Taehyun respirou fundo. Seus olhos brilharam com uma luz sombria.
"Se é assim que o mundo quer me tratar… então vou responder à altura".
As sombras ainda tremiam ao redor de Taehyun depois que ele esmagou a primeira criatura. Ele estava exausto, mas também eletrizado pelo poder que corria em suas veias. Pela primeira vez, não era invisível, não era fraco — era alguém que podia enfrentar monstros.
Mas o mundo não iria permitir que ele tivesse paz.
Das brumas, uma nova criatura emergiu. Era maior, mais grotesca, com quatro olhos vermelhos que brilhavam como brasas e garras afiadas como lâminas. O rugido foi tão forte que fez os prédios ao redor estremecerem. Taehyun tentou erguer suas sombras novamente, mas desta vez elas vacilaram. A criatura avançou e ele sentiu o corpo ser arremessado contra a parede.
"Não… não consigo…" — ele pensou, o sangue escorrendo pelo canto da boca.
Foi então que o chão tremeu. Blocos de pedra ergueram-se diante dele como muralhas vivas. Um garoto, vestindo um uniforme negro com detalhes prateados, surgiu. Ele levantava a mão com firmeza, controlando as pedras que bloqueavam o avanço da criatura.
— Você não vai sobreviver sozinho assim. — disse o estranho, a voz firme mas não arrogante. — Deixa que eu ajudo.
Juntos, Taehyun e o garoto enfrentaram o monstro. Taehyun usou suas sombras para distrair e imobilizar a criatura, enquanto o outro a esmagava com colunas de pedra. Foi uma luta difícil, mas no fim, o silêncio voltou à rua.
O garoto estendeu a mão.
— Meu nome é Seojin. Sou estudante da Academia Arcana de Eryndor. E você… quem é?
Taehyun hesitou, mas apertou a mão coberta de poeira.
— Taehyun.
Naquela noite, pela primeira vez, ele conversou com alguém que não o via como invisível. Seojin contou sobre a academia: um lugar onde jovens treinavam magia e espada, desenvolvendo talentos para se tornarem guardiões, caçadores ou até governantes.
AS MAGIAS DA ACADEMIA ARCANA DE ERYNDOR
As Magias da Academia de Eryndor Fogo – destrutiva, dominada pelos impetuosos. Água – fluida, de cura ou ataque. Pedra – firme e defensiva, Vento – veloz, para ataques cortantes. Raio – instável, mas devastador. Luz – rara, usada para proteção e cura. Sombra – temida, misteriosa, considerada perigosa demais para ser ensinada oficialmente.
Quando soube que Taehyun possuía afinidade com a sombra, Seojin hesitou, mas não o rejeitou. Pelo contrário, foi ele quem o indicou para a academia.
A Nova Vida
Na Academia Arcana, Taehyun encontrou algo que nunca tivera: objetivos. O ambiente era difícil, repleto de filhos de nobres que desprezavam plebeus.
— Você não passa de lixo. Um plebeu nunca será forte de verdade. — diziam alguns.
Taehyun engolia o ódio em silêncio. Mas quando chegou o dia dos testes de afinidade, onde cada aluno deveria mostrar sua magia diante da turma, ele sabia que não poderia mais se esconder.
Chamado ao centro do campo de treino, todos o observavam com desdém. Taehyun ergueu a mão, fechou os olhos e deixou as sombras fluírem. O chão tremeu, a escuridão se expandiu como um manto vivo, formando lâminas, correntes e criaturas feitas de trevas que rugiam ao redor dele.
O silêncio caiu sobre a arena. Os que riram agora tremiam.
Taehyun abriu os olhos, que brilhavam com a energia sombria.
— Ainda acham que sou um plebeu fraco?
Naquele momento, a academia inteira soube: ele não era apenas mais um estudante. Ele era a sombra que iria mudar tudo...