O quarto estava mergulhado numa penumbra dourada, iluminado apenas pela luz suave que escapava da rua. O calor do desejo pairava no ar antes mesmo do primeiro toque. Eles se encaravam como predadores prestes a se devorar.
O beijo veio faminto. Línguas que se buscavam, dentes que se mordiam, mãos que apertavam a carne sem pudor. Cada gesto era urgente, como se o corpo do outro fosse território proibido que precisava ser conquistado a qualquer custo.
Ele a empurrou contra a parede, os corpos colados, a respiração descompassada. A mão dele desceu explorando cada curva, cada centímetro, como se quisesse memorizar o caminho. Ela gemeu contra sua boca, pedindo mais, e sentiu-se entregue desde o primeiro instante.
De repente, outra presença se aproximou. A amiga, nua, se juntou a eles como se sempre tivesse feito parte daquele jogo. O toque dela era mais suave, quase uma carícia que contrastava com a brutalidade dele. Enquanto ele a prendia com força, a amiga acariciava seu rosto, sua nuca, sua pele arrepiada.
Logo estavam em três, um círculo de prazer onde cada boca encontrava um lugar. Beijos que se cruzavam, mãos que exploravam, gemidos abafados pela mistura de lábios e corpos. A cama recebeu os três como testemunha de um ritual selvagem.
Ela foi deitada de costas, o corpo entregue. Ele se posicionou sobre ela, os olhos ardendo de desejo, enquanto a amiga se ajoelhava ao lado, oferecendo sua boca faminta. O prazer vinha de dois lados ao mesmo tempo: o peso dele dominando cada movimento, e a língua quente dela explorando o que restava livre.
A intensidade aumentava. Ora ela era a rainha sendo adorada por duas bocas que se revezavam entre gemidos e suspiros. Ora era a presa, dominada por mãos que a seguravam firme e bocas que a obrigavam a se perder. Entre risadas abafadas e gemidos roucos, a noite se transformava num jogo sem vencedor, porque todos estavam vencidos pelo prazer.
Eles trocavam posições, como se o corpo fosse um tabuleiro onde cada jogada tinha que ser ainda mais ousada que a anterior. A amiga se deitava, recebendo carícias vorazes; ele se ajoelhava entre elas, alternando o foco, arrancando gritos e pedidos de mais.
O tempo deixou de existir. O suor deslizava pela pele, misturando cheiros, sabores e respirações. Cada nova combinação parecia inacabável: uma boca sugando, uma mão apertando, um corpo sendo tomado sem trégua.
O ápice veio em ondas. Primeiro um gemido longo e desesperado, depois outro, depois mais um. Como se os corpos fossem incapazes de aguentar tanto ao mesmo tempo. Gozos múltiplos, um após o outro, que os deixavam tremendo e ainda assim pedindo mais.
Quando a madrugada já se anunciava, estavam os três deitados, os corpos entrelaçados, ainda ofegantes, ainda famintos. Sabiam que não tinham acabado, que cada suspiro poderia reacender a chama, que aquela noite não seria esquecida.
Porque havia algo mais forte que o prazer em si: a sensação de que juntos tinham ultrapassado todos os limites — e não havia mais volta.