Bento & Juliano
CENA 1: QUARTO DE BENTO
Luz amarelada de um abajur ilumina o quarto. Livros, videogames e pôsteres de bandas adornam as paredes. BENTO, 16 anos, magro e de cabelos castanhos, e JULIANO, 16 anos, um pouco mais alto e de ombros largos, estão no meio de uma luta de brincadeira. Risadas abafadas ecoam pelo quarto.
JULIANO
(Empurrando Bento de leve)
Se rende, cara! Eu sou o campeão peso-pena invicto!
BENTO
(Tentando derrubar Juliano)
No seus sonhos! Eu tô só aquecendo os motores.
A brincadeira continua, com empurrões e tentativas de imobilização. A atmosfera é leve e despreocupada. De repente, em um movimento brusco, Bento perde o equilíbrio e cai para trás, puxando Juliano junto. Os dois caem no chão, um sobre o outro.
O silêncio se instala. Os rostos estão próximos, a respiração descompassada. Há um momento de hesitação, um olhar que dura mais do que o normal.
JULIANO
(Voz baixa)
Desculpa... eu...
Antes que ele possa completar a frase, Bento, em um impulso, o beija.
O beijo é hesitante no início, um toque de lábios incertos. Mas, quase que instantaneamente, a timidez se dissipa. O beijo se aprofunda, tornando-se mais intenso e exploratório. As mãos de Bento se enroscam no cabelo de Juliano, enquanto as mãos de Juliano encontram a cintura de Bento.
O tempo parece parar. O mundo exterior, o jantar com as famílias, tudo desaparece. Existe apenas aquele momento, aquela conexão.
Finalmente, eles se separam, ofegantes e atordoados. O silêncio retorna, agora carregado de uma nova tensão.
BENTO
(Gaguejando)
Eu... eu não sei o que...
JULIANO
(Interrompendo)
Eu gostei.
Bento olha para Juliano, surpreso.
BENTO
Gostou?
JULIANO
(Afirmando com a cabeça)
Gostei. E muito.
Um sorriso tímido surge nos lábios de Juliano. Bento retribui o sorriso, aliviado e curioso.
BENTO
Eu também.
Eles se aproximam novamente, desta vez com mais confiança. O beijo é mais lento, mais apaixonado. É um beijo que transcende a amizade, um beijo que revela um sentimento profundo e inesperado.
CENA 2: QUARTO DE BENTO - CONTINUAÇÃO
A intensidade entre Bento e Juliano aumenta. Os beijos tornam-se mais urgentes, as mãos exploram com mais ousadia. Bento desabotoa alguns botões da camisa de Juliano, sentindo o calor da pele dele sob seus dedos. Juliano, por sua vez, levanta a camiseta de Bento, roçando os dedos em seu abdômen.
JULIANO
(Sussurrando entre os beijos)
Você é tão...
BENTO
(Arfando)
Eu... eu não sei o que estou fazendo.
JULIANO
(Com um sorriso)
Só continua.
E eles continuam. Os corpos se movem em sincronia, guiados por um desejo recém-descoberto. Juliano puxa a camiseta de Bento para cima, revelando seu peito. Bento arrepia-se com o toque, sentindo um turbilhão de emoções.
JULIANO
(Olhando nos olhos de Bento)
Você é lindo.
Bento cora, mas não desvia o olhar. Ele sente-se vulnerável, exposto, mas também incrivelmente atraído por Juliano.
Juliano começa a desabotoar a própria camisa, os olhos fixos em Bento. Cada movimento é carregado de significado, cada toque é uma promessa.
No momento em que Juliano finalmente consegue tirar a camisa, revelando seu peito musculoso, um som interrompe o silêncio do quarto.
**TOC TOC**
A batida na porta faz com que os dois se afastem bruscamente, como se tivessem sido pegos em flagrante. O pânico toma conta de seus rostos.
MÃE DE BENTO (Voz do lado de fora da porta)
Bento? Juliano? O jantar está pronto!
Bento e Juliano trocam olhares desesperados. O momento mágico foi quebrado. A realidade invade o quarto, lembrando-os das expectativas, das responsabilidades, do mundo lá fora.
BENTO
(Em um sussurro)
O que a gente faz?
JULIANO
(Respirando fundo)
A gente se veste e desce.
Bento e Juliano apressam-se em abotoar as camisas, tentando disfarçar o rubor em seus rostos e a excitação que ainda pulsa em seus corpos.
BENTO
(Nervoso)
Meus pais e os seus... jantando juntos?
JULIANO
(Com um meio sorriso)
Lebrete. Eles estão tentando nos juntar há anos. Acho que agora eles conseguiram.
Bento engole em seco. A ideia de encarar seus pais, sabendo o que acabou de acontecer, é aterrorizante. Mas, ao mesmo tempo, ele sente uma pontada de empolgação.
MÃE DE BENTO (Voz do lado de fora da porta)
Bento? Está tudo bem aí?
BENTO
(Gritando)
Sim, mãe! Já estamos indo!
Bento e Juliano trocam um último olhar. Há uma mistura de medo, desejo e curiosidade em seus olhos. Eles sabem que nada será como antes.
Lentamente, Bento abre a porta. A luz do corredor invade o quarto, dissipando a atmosfera íntima que ali se formara.
CENA 3: SALA DE JANTAR
A sala de jantar está ricamente decorada, com uma mesa de madeira maciça elegantemente posta. Os PAIS DE BENTO e os PAIS DE JULIANO estão sentados à mesa, conversando animadamente.
A atmosfera é calorosa e acolhedora, mas Bento e Juliano sentem-se desconfortáveis sob o olhar atento de todos.
MÃE DE BENTO
(Com um sorriso)
Finalmente! Estávamos esperando vocês.
PAI DE JULIANO
(Com um tom de brincadeira)
O que vocês estavam fazendo lá em cima? Aposto que estavam jogando videogame.
Bento e Juliano trocam olhares nervosos.
BENTO
(Gaguejando)
É... estávamos... jogando.
MÃE DE JULIANO
(Com um olhar malicioso)
Ah, é? Que tipo de jogo?
Juliano pigarreia, tentando disfarçar o nervosismo.
JULIANO
(Tentando soar casual)
Um jogo novo. Bem legal.
O jantar prossegue com conversas amenas e risadas ocasionais. Bento e Juliano esforçam-se para participar, mas suas mentes estão em outro lugar. Eles não conseguem parar de pensar no que aconteceu no quarto, no beijo, no toque, na promessa de algo mais.
Enquanto a noite avança, Bento e Juliano trocam olhares furtivos por cima da mesa. Há um entendimento silencioso entre eles, um segredo compartilhado. Eles sabem que o que aconteceu no quarto mudou tudo.
A pergunta que paira no ar é: o que acontecerá a seguir?
CENA 4: BANHEIRO
A porta do banheiro range suavemente enquanto Bento a fecha atrás de si, trancando-a com um clique quase imperceptível. O cômodo, pequeno e abafado, contrasta com a sala de jantar festiva onde seus pais e os de Juliano confraternizam. O cheiro de sabonete barato e desinfetante paira no ar, uma ironia em face da eletricidade que agora pulsa entre os dois adolescentes.
Juliano já está lá, encostado na pia, os braços cruzados sobre o peito. A luz fraca do espelho embaçado lança sombras dançantes em seu rosto, realçando as olheiras discretas e a vermelhidão suave em suas bochechas. Ele parece tenso, quase apreensivo, mas há também um brilho travesso em seus olhos que denuncia sua excitação.
Bento se aproxima, hesitante. A proximidade no quarto, há pouco, parece distante, quase um sonho. A atmosfera aqui é diferente, carregada de uma ansiedade palpável. Ele se sente exposto, vulnerável, como se estivesse prestes a pular de um penhasco.
BENTO
(Sussurrando)
Eles vão notar que sumimos.
JULIANO
(Dando de ombros)
Deixa eles pensarem o que quiserem.
Juliano se desencosta da pia e dá um passo em direção a Bento, encurtando a distância entre eles. Seus olhos se encontram, prendendo Bento em um turbilhão de emoções contraditórias. Desejo, medo, excitação, confusão – tudo se mistura em um coquetel explosivo.
JULIANO
(Voz rouca)
Eu não consigo parar de pensar no que aconteceu lá em cima.
Bento sente o rosto corar. Ele desvia o olhar, incapaz de encarar a intensidade no olhar de Juliano.
BENTO
(Gaguejando)
Eu... eu também não.
O silêncio se instala, pesado e carregado de expectativas. Bento sente o coração batendo forte no peito, quase dolorosamente. Ele sabe o que Juliano quer, o que ele próprio deseja, mas a ideia de dar o próximo passo o assusta.
Juliano levanta a mão e toca suavemente o rosto de Bento, acariciando sua bochecha com a ponta dos dedos. O toque é leve, quase etéreo, mas o efeito é devastador. Bento arrepia-se da cabeça aos pés, sentindo um calor intenso se espalhar por todo o corpo.
JULIANO
(Sussurrando)
Eu quero te beijar de novo.
Bento fecha os olhos, respirando fundo. Ele sabe que deveria resistir, que deveria dizer não, mas a verdade é que ele não quer. Ele quer sentir os lábios de Juliano nos seus, o calor do seu corpo, a eletricidade daquele beijo.
BENTO
(Voz quase inaudível)
Então me beija.
Juliano sorri, um sorriso lento e predador que faz o estômago de Bento revirar. Ele se aproxima ainda mais, envolvendo Bento em seus braços. O abraço é apertado, reconfortante, como se ele estivesse tentando protegê-lo do mundo.
E então, ele o beija.
O beijo é diferente do anterior, mais urgente, mais desesperado. É um beijo que fala de desejo reprimido, de curiosidade insaciável, de uma conexão que transcende a amizade. As línguas se encontram em uma dança hesitante, explorando cada canto da boca um do outro.
Bento se entrega ao beijo, permitindo-se ser levado pela corrente de emoções que o invade. Ele esquece o banheiro apertado, os pais lá fora, o medo do que pode acontecer. Existe apenas Juliano, seus lábios macios, suas mãos quentes em sua cintura.
Juliano intensifica o beijo, puxando Bento para mais perto. Ele inclina a cabeça, aprofundando o contato, e Bento geme baixinho em aprovação. O som, abafado pelo beijo, parece incendiar Juliano ainda mais.
As mãos de Juliano deslizam para baixo, explorando as costas de Bento com toques suaves e insistentes. Ele para na altura da cintura, apertando-a com firmeza, como se quisesse fundir os dois corpos em um só.
Bento sente um arrepio percorrer sua espinha. Ele sabe que precisa parar, que isso está indo longe demais, mas ele não consegue. A sensação é boa demais, viciante demais. Ele está perdido no beijo, perdido em Juliano.
De repente, Juliano se afasta, ofegante. Ele olha para Bento com olhos arregalados, como se tivesse acabado de acordar de um sonho.
JULIANO
(Voz rouca)
A gente não pode fazer isso aqui.
Bento concorda, a razão voltando aos poucos. Ele olha ao redor, percebendo o quão perto eles chegaram de cruzar a linha. O banheiro, com suas paredes sujas e espelho embaçado, parece um lugar inadequado para o que eles estão sentindo.
BENTO
(Respirando fundo)
Você tem razão.
O silêncio retorna, agora carregado de uma nova tensão. Eles se olham, sem saber o que dizer. A pergunta que paira no ar é: o que fazer a seguir?
De repente, Juliano tem uma ideia. Ele sorri, um sorriso travesso que ilumina seu rosto.
JULIANO
(Sussurrando)
Enquanto estamos aqui...
Ele se abaixa, ajoelhando-se no chão frio do banheiro. Bento o observa, confuso, sem entender o que ele está fazendo.
JULIANO
(Olhando para cima)
Abaixa um pouco.
Bento hesita por um momento, mas a curiosidade o vence. Ele se inclina para frente, aproximando o rosto do de Juliano.
JULIANO
(Sussurrando)
Eu quero sentir o seu gosto.
E então, antes que Bento possa reagir, Juliano abre a boca e o abocanha.
Fim.
Autor: "Querem uma história completa deles, se quiserem é só falar."