Em uma noite sombria, um grupo de criminosos invadiu o maior parque de diversões da cidade de Los Angeles. Policiais que patrulhavam nas proximidades foram mortos ao se aproximarem do local.
Diante da gravidade da situação, Coulter — o melhor agente da SWAT — foi convocado junto com sua equipe para investigar. Ao chegarem ao parque, foram recebidos a tiros pelos mafiosos, que tentavam impedir o avanço dos policiais até a entrada.
Apesar da resistência, a SWAT tinha vantagem em armamento e estratégia. Robert, o novato do grupo criminoso, ficou responsável por cobrir a retaguarda com disparos enquanto o restante da máfia tentava encontrar uma forma de esconder as drogas escondidas no parque. Mas ninguém conseguia pensar em uma solução eficaz.
O que ninguém sabia — ainda — era que Robert não era apenas um novato. Ele tinha um histórico de transtornos mentais graves, mantido em segredo pelo chefe da máfia que o acolhera como um "mero atirador de apoio".
Na cabeça de Robert, aquilo tudo era apenas um grande jogo de realidade aumentada. Cada policial abatido, cada explosão, era para ele apenas uma fase superada. Ele sorria enquanto atirava, fingindo narrar os próprios movimentos em voz baixa, como se fosse o protagonista de um videogame. “Missão secreta, fase 3: proteger a zona até o chefe fugir”, murmurava, com olhos vidrados e sem piscar.
Quando os outros criminosos decidiram fugir pelo portão dos fundos, atravessando brinquedos e barracas, Robert se recusou a ir. Gritava que “não podia abandonar a missão” e que ainda tinha “vidas extras”. Os comparsas tentaram arrastá-lo, mas ele surtou, atirando a esmo e rindo descontroladamente.
Foi aí que Coulter, que se aproximava em silêncio por uma lateral do parque, percebeu algo estranho: aquele atirador estava completamente fora da realidade.
O que era para ser apenas mais uma operação, agora se tornava um dilema ainda maior: capturar o grupo... ou impedir que um lunático em surto transformasse o parque em um verdadeiro massacre.As luzes do parque ainda piscavam, colorindo a escuridão com tons falsos de alegria. Coulter pressionava a mão contra o ombro ferido, mas seus olhos estavam fixos no portão dos fundos, por onde os mafiosos corriam em meio às sombras dos brinquedos abandonados.
Robert jazia no chão, respirando com dificuldade, a boca sussurrando palavras soltas — como se estivesse lutando até o fim para manter a fantasia viva.
Coulter se aproximou dele por um segundo.
— Fica comigo, garoto.
Mas era tarde demais.
Robert soltou o último suspiro com um leve sorriso no rosto.
— Game… over.
Sem tempo para lamentar, Coulter pegou a arma caída do rapaz e disparou uma rajada em direção aos criminosos. Eles correram entre as barracas, derrubando tudo o que encontravam pela frente. Mas Coulter era rápido, e a fúria silenciosa no olhar o tornava ainda mais letal.
Um a um, ele foi encurralando os homens até o carrossel central do parque. O último mafioso — o mesmo que atirou em Robert — tentou subir no brinquedo giratório para se esconder. Coulter o seguiu.
— Você matou um garoto que nem sabia que estava no mundo real! — gritou Coulter, a arma apontada.
— Ele era um maluco armado! Era um peso morto!
— E mesmo assim... você correu. Porque no fundo, você sabia que ele não era o problema. Você era.
BANG!
O último tiro da noite ecoou no silêncio do parque.
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💀 Parte 2: A Morte de Robert
Minutos depois, reforços chegaram. A SWAT recolheu os corpos, as armas e os restos do que sobrou da fuga apressada dos criminosos. Mas Coulter não saiu dali. Sentou-se ao lado do corpo de Robert, agora coberto por um lençol cinza.
Ele não era só um criminoso qualquer.
Tinha algo nos olhos dele… algo partido.
Coulter olhou para o caderno caído ao lado do corpo, manchado de sangue. Era um caderno de anotações com desenhos infantis. Esboços de armas, helicópteros, personagens de jogos — todos com frases como:
“Missão 5: resgatar o chefe”
“Fase bônus: destruir os vilões da lei”
“Objetivo: vencer sem morrer”
Coulter fechou o caderno e sussurrou:
— Quem fez isso com você?
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🧠 Parte 3: A Origem de Robert
Anos antes…
Robert tinha apenas 13 anos quando sua realidade começou a se confundir com os jogos que passava horas jogando. Seu pai, um ex-militar alcoólatra, o trancava no quarto por dias — dizendo que o mundo real era perigoso demais para ele.
Sozinho e confuso, Robert mergulhou em mundos virtuais. Criou seu próprio universo, onde era herói, onde cada fase vencida significava que ele era útil para alguém. A linha entre o jogo e a vida real foi se apagando pouco a pouco.
Aos 17, foi acolhido por um homem chamado Hector — um dos líderes da máfia local — que o conheceu jogando num fliperama abandonado.
— Você tem reflexos rápidos, garoto. Vai gostar do que eu tenho pra te mostrar. É só mais um jogo… mas esse aqui é de verdade.
Robert acreditou.
Acreditou que estava jogando.
Acreditou que venceria.
Ninguém nunca lhe disse o contrário.