Um barulho alto chamou minha atenção. Girei nos calcanhares, assustada, ao sentir uma mão áspera tocar meu ombro.
— Eu achei você, querida!
Meu ar começou a falhar. Minhas mãos e pernas tremiam de medo. Isso não podia estar acontecendo... ele... ele... Não, aquilo era cruel demais.
— O que você está fazendo aqui? Como me encontrou?
Sussurrei, travada de medo. Seus olhos lindos... Os olhos que um dia amei. Hoje, tudo o que conseguia sentir era medo. Medo por mim, pelas lembranças que um dia vivi. Meu corpo ainda lembrava das marcas que ele deixou.
— O que estou fazendo aqui? Minha querida, você está bem? Como eu poderia viver sem você?
Aquela voz doce, gentil e carinhosa... a mesma que um dia me enganou dizendo que me amava. A voz que pedia desculpas toda vez que me batia, sacudia, apertava e dizia coisas horríveis. Esse era o jeito dele de me manter presa na vida dele.
— Caique, não faz isso...
Supliquei, sentindo seu aperto ficar mais forte. As lembranças passavam diante dos meus olhos. Como pude acreditar que aquilo era amor?
— O que estou fazendo, Isabela?
Perguntou sarcasticamente, sem afrouxar o aperto. Procurei por alguém que pudesse me ajudar, mas todos pareciam focados em suas próprias vidas.
— Eu pedi pra você não me procurar mais.
Lembrei, sentindo o choro tomar conta de mim. Tudo aquilo era tão doloroso.
— Eu te falei que nunca vai se livrar de mim, querida.
Caique parecia ainda mais furioso enquanto começava a me puxar em direção a um hotel próximo. Tentei gritar, mas minha voz não saía. Minhas pernas não me obedeciam.
— Caique, me solta!
Pedi novamente, enquanto me abaixava procurando algo que pudesse me ajudar.
— Você vai vir comigo, querendo ou não.
Afirmou, ainda me puxando. Meu desespero aumentava. Minha sanidade já tinha me abandonado há muito tempo. Peguei a primeira coisa que encontrei no chão — algo pontudo, capaz de matar alguém — e foi isso que fiz. Acertei ele. Uma vez. Outra. E mais uma.
Pela primeira vez, em muito tempo, me senti bem ao fazer isso. Então, eu o matei.