"Elas não gritam. Elas não invadem. Elas apenas... batem."
CAPÍTULO 1 — TRÊS BATIDAS
Primeiro uma. Depois duas. Na terceira... você já está morto.
O mundo ainda não sabia, mas naquela noite tudo mudaria. Não houve terremoto. Nem luzes no céu. Nem apocalipse explosivo de filme americano. Houve silêncio. E batidas.
Surgiram do nada, como um pesadelo que se espalha pelo vento. Monstros sem forma exata, com olhos demais ou nenhum. Com bocas onde não deveriam haver, com ossos que se dobravam como galhos secos e dentes que tilintavam como sinos no inverno.
A única coisa comum entre eles: a maldita mania de bater. Sempre batem. Antes de fazer o que vieram fazer.
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1. A CASA NO VALE – 23:37
Lívia, uma adolescente solitária, morava com o avô numa casinha afastada, escondida entre colinas e árvores tortas. Aquela noite chuvosa, o avô dormia. Ela ouvia música nos fones.
Mas então...
TOC.
Baixo. Isolado. Quase um engano.
TOC. TOC.
Veio de novo. Três batidas. Precisas.
Ela pausou a música. O coração disparou.
Olhou pela janela. Nada.
Abriu a porta...
Vazio.
Mas ao fechar…
Havia uma sombra dentro da casa. Algo que não estava ali antes. Algo molhado. Que gotejava um líquido escuro. Algo que a encarava mesmo sem olhos. Lívia foi encontrada caída morta na sala de estar com o rosto arrancado somente a cara toda vermelha ensanguentada.
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2. O POSTO DE GASOLINA ABANDONADO – 01:02
Rogério era segurança noturno num posto fechado há anos. Ganhava pouco, mas era tranquilo. Até aquela madrugada.
O rádio chiava.
Então, pela primeira vez em anos, ouviu:
TOC. TOC. TOC.
Na porta da guarita.
— “Quem é?!”
Nada.
Ele olhou pelas câmeras de segurança. Estáticas. Apenas chiados.
Quando olhou pela fresta da porta... havia uma criatura com braços compridos demais, arrastando algo como sacos de carne viva. Ela sorria. Sorria sem parar.
Ele trancou tudo. Apagou as luzes.
Mas então, as batidas começaram em TODAS as janelas ao mesmo tempo, até que ele apareceu. Na manhã seguinte Rogério foi encontrado morto partido ao meio como se alguém com braços muito compridos tivesse puxado ele até ele se partir ao meio.
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3. A CASA DO MAR – 00:13
Marta vivia sozinha numa cabana próxima ao mar revolto. A tempestade rugia, mas mesmo com o barulho das ondas...
TOC. TOC. TOC.
— “Ah não… de novo não…”
Ela já ouvira as histórias.
Correu pra apagar as luzes. Trancou janelas. Fechou as cortinas.
Mas o som continuava.
TOC. TOC. TOC.
Como se tivessem mais de uma porta. Como se a casa estivesse sendo cercada.
Então os batentes começaram a inchar. Como se a madeira estivesse viva. Pulsando. Como carne tentando segurar algo monstruoso do lado de fora daí ates que Marta pudesse reagir outra criatura chega por trás dela. Marta está desaparecida o último local aonde ela foi vista foi em sua casa que estava suja com sangue tudo indicava que ela estava morta.
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4. NO ALTO DO PRÉDIO – 03:03
Douglas, entregador de aplicativos, caiu no sono no topo do prédio em construção. Um cochilo rápido virou pesadelo acordado.
TOC. TOC. TOC.
— “Não tem porta aqui em cima…”
Mas tinha.
Do nada, uma porta de madeira antiga apareceu diante dele, no concreto. Sozinha. E algo batia atrás dela.
Sem parede. Sem parede nenhuma. Apenas a porta e o som.
A maçaneta girou devagar.
Douglas correu. Ou tentou.
Mas cada vez que olhava pra trás, a porta estava mais perto até que ele apareceu, alto, magro com p rosto fixado em Douglas. Douglas foi encontrado morto no prédio com um buraco no estômago e sues órgãos estavam espalhados por todo o prédio.
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E em todos os cantos do mundo, naquela mesma noite, pessoas ouviram batidas. Três. Sempre três. E depois... o horror.