🌹Algumas Verdades dormem sob o Silêncio até que a Lua as desperte 🌹
Era uma vez Gael, um ômega de olhos cor de âmbar, calado e observador. Filho do beta da alcateia da Lua Prateada, ele cresceu cercado por expectativas que nunca conseguiu alcançar. Já tinha dezoito anos e, ao contrário de todos os da sua idade, ainda não tinha passado pela sua primeira transformação. Sem lobo, sem marca, sem cheiro. Era como um eco dentro da própria pele.
Ele nutria um amor silencioso — e dolorosamente impossível — por Theo, o Alfa da alcateia.
Theo era tudo que ele não era: dominante, seguro de si, líder nato. Alto, corpo esculpido pelas corridas na floresta e sorriso de quem sabe o poder que tem. Playboy, mulherengo, e, para completar a tortura de Gael, supostamente hétero.
Dizia-se por aí que o Alfa já tinha uma fêmea em vista. Uma ômega perfeita: linda, submissa, fértil, com um lobo de pelagem dourada que brilhava sob a lua.
E Gael? Gael era só… Gael. O ômega que não se transformava. O filho do beta que vivia nas sombras.
Mas a lua tem seus próprios planos. E quando um eclipse raro se aproxima, velhos segredos da alcateia começam a despertar — inclusive o motivo de Gael ainda não ter se transformado. E, mais surpreendente ainda: por que o cheiro de Theo começa a reagir ao dele.
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O eclipse estava a poucos dias de acontecer. A alcateia toda se preparava, como mandava a tradição — era um momento sagrado, onde os laços mais profundos podiam ser revelados, onde a natureza se tornava mais forte do que qualquer mentira.
Gael sentia algo estranho desde o início da semana. Seu corpo doía, como se estivesse tentando se abrir por dentro. Seu peito queimava, e seus sonhos estavam repletos de um lobo branco de olhos dourados, uivando sob a lua, preso atrás de uma barreira invisível.
Enquanto isso, Theo estava inquieto. Pela primeira vez, o cheiro de um ômega fazia seu lobo reagir — e o pior: não era qualquer ômega. Era Gael.
O mesmo Gael que ele evitava, desprezava, e talvez… invejava, no fundo, por algo que não sabia explicar. Theo não entendia. Começou a ficar irritado, confuso, agressivo com os outros. Tudo nele dizia que queria proteger Gael, mesmo quando a mente gritava que era um absurdo.
O pai de Gael, o beta, percebia a mudança. Ele sabia da verdade há muito tempo.
Anos atrás, quando Gael ainda era um filhote de colo, uma anciã da alcateia fez o que ninguém deveria ter feito: lançou um feitiço sobre ele. Uma magia antiga, cruel, que escondia o vínculo verdadeiro que o destino havia traçado. Tudo por medo de que um ômega fraco como ele jamais fosse aceito como companheiro do futuro Alfa.
Mas o eclipse se aproximava, e com ele, o véu da magia enfraquecia.
Na noite anterior ao eclipse, Theo teve um sonho. Nele, corria pela floresta como lobo, seguindo um perfume doce e selvagem, até encontrar outro lobo — prateado, de olhos âmbar — chorando, encolhido no meio do mato. E quando o tocou… sentiu o vínculo. O calor. A certeza.
Acordou ofegante, com um nome na boca.
"Gael."
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