O sol se escondia lentamente atrás dos morros, tingindo de dourado as plantações que cercavam o pequeno vilarejo. No interior, a vida parecia mais simples... ao menos para quem via de fora. Para Enrico, porém, a simplicidade tinha dado lugar a um vazio desconfortável desde que Marina terminara tudo — sem rodeios, sem piedade.
— “Você é… insaciável demais pra mim.” — foram as últimas palavras dela.
A frase ecoava na cabeça dele como um martelo. De fato, Enrico sempre fora... intenso. Sua fome por prazer, por corpos, por toques e sensações, ultrapassava qualquer limite comum. E Marina, doce, recatada e tradicional, não suportou acompanhar esse fogo.
Nos dias que se seguiram, ele tentou ser outro. Evitava olhar com desejo para as mulheres da vila, desviava o olhar até das forasteiras que apareciam na venda do senhor Amaro. Mas aquilo não durou muito.
Naquela sexta-feira, a cidadezinha estava movimentada — era dia de feira. E, como uma provocação do destino, quem apareceu foi Helena, uma mulher que havia morado ali na juventude, mas que sumira por anos. Agora, de volta, era a própria definição do pecado ambulante: cabelos longos, ondulados, olhos cor de mel e lábios carnudos que pareciam desenhados à mão.
Ela o viu primeiro. Sorriu, inclinando ligeiramente o corpo, deixando que o vestido leve desenhasse cada curva.
— “Não esperava te ver… ainda mais assim... tão... crescido.” — ela disse, mordendo de leve o canto do lábio.
Enrico sentiu o sangue ferver. Parte dele queria resistir, mostrar a si mesmo que era mais do que aquele desejo constante. Mas a outra parte… ah, aquela parte gritava, pulsava, queimava.
— “Helena… você não mudou nada...” — respondeu, fingindo controle.
— “Você mudou. Tá... delicioso.”
O convite não precisou ser dito. Bastou um olhar mais demorado, um roçar "acidental" dos braços no corredor da feira, e ele já sabia onde aquilo ia dar.
Foram para a antiga casa dela, afastada, cercada de mata e silêncio. Assim que a porta se fechou, os corpos colidiram. As mãos dela puxaram a camisa dele, os dedos dele deslizaram pela cintura dela, subindo, explorando, mapeando cada centímetro de pele como quem busca um tesouro esquecido.
Helena era diferente de todas. Não havia pudor, nem freios, nem medos. Ela correspondia, puxava, mordia, arranhava. As roupas voaram, como se nunca tivessem sido necessárias.
Ali, sobre o velho sofá da sala, Enrico percebeu algo: não era apenas o prazer que o guiava. Era o desejo de se sentir vivo. De se provar desejável, inteiro, livre. Cada gemido dela era um sopro que varria os destroços do amor fracassado que ele deixara para trás.
Horas depois, deitados no chão, ofegantes, ela acariciou seu peito e disse:
— “Você não tem problema nenhum, Enrico... só escolheu a pessoa errada pra dividir esse fogo.”
Ele sorriu, olhando o teto, como quem enfim entende uma lição que a vida tenta ensinar há tempos. Superar, ele percebeu, não era esquecer... era se lembrar de quem ele realmente era.
E, naquele momento, ele estava inteiro de novo. E faminto, como sempre — mas agora, não de tristeza. De vida.
O dia seguinte amanheceu com um cheiro de café fresco misturado ao perfume adocicado de Helena. Enrico acordou desnorteado, não pela ressaca do vinho que beberam na noite anterior, mas pela ressaca dos corpos, dos toques e da entrega intensa que tiveram.
Ele se espreguiçou, sentindo a pele dela deslizar contra a sua. Helena estava aninhada ao seu peito, com um sorriso preguiçoso e satisfeito, como quem sabe exatamente o estrago que causou.
— “Bom dia...” — ela ronronou, passando as unhas de leve pela barriga dele. — “Ou... talvez... boa continuação da noite?”
Ele segurou o queixo dela, fazendo-a encará-lo. Os olhos cor de mel dela brilhavam, e aquele olhar tinha mais efeito sobre ele do que qualquer palavra.
— “Acho que não terminamos, não é?” — ele sussurrou, antes de puxá-la para um beijo que começou doce, mas logo ficou faminto.
As mãos de Enrico deslizavam pela curva da cintura dela, subindo, apertando, segurando como quem segura algo precioso... ou perigoso. Helena se posicionou sobre ele, deixando claro quem comandaria naquele momento. O corpo dela ondulava com uma naturalidade selvagem, e ele simplesmente se entregou, sem resistência.
O cheiro de desejo impregnava o quarto — lençóis revirados, almofadas no chão, roupas espalhadas como pistas de um crime passional.
Horas depois, já saciados — ou, pelo menos, um pouco —, estavam sentados na varanda. Helena usava apenas a camisa dele, longa demais para ela, curta o suficiente para provocar qualquer homem que passasse por ali. Mas não havia ninguém. Só eles, a mata, e o vento que fazia o tecido colar nas curvas dela.
Ela cruzou as pernas, sabendo exatamente que ele estava olhando.
— “Sabe...” — começou ela, fingindo inocência. — “Você não devia tentar apagar esse fogo que você tem, Enrico. Você não é o problema. É só que... nem todo mundo aguenta esse calor.”
Ele respirou fundo, olhando a linha do horizonte. — “Talvez você tenha razão. Passei tanto tempo me culpando... tentando me encaixar no que esperavam de mim...”
Helena se levantou, caminhou até ele, segurou seu rosto com as duas mãos e falou, olhando fundo em seus olhos: — “Deixa eu te contar um segredo... — ela roçou os lábios nos dele — ...tem gente que não quer se queimar, Enrico... mas eu? Eu quero é incendiar.”
Ele puxou ela no colo, e eles riram, se beijando, se mordendo, como se o mundo todo fosse só aquele instante.
A partir daquele dia, Enrico parou de lutar contra sua natureza. Deixou de buscar aprovação de quem não sabia amar sua intensidade. Começou a viver livre, sendo exatamente quem era: um homem de desejos fortes, de fogo nas veias, de prazer sem culpas.
E, ao lado de Helena, descobriu que superar o passado não era apagar quem você é... mas encontrar quem te acende, quem te entende, quem te quer exatamente assim: sem medidas, sem censura, sem limites.
E, no pequeno vilarejo onde todos fingiam viver vidas corretas, escondendo seus próprios desejos, eles se tornaram uma lenda... uma história sussurrada nas madrugadas, contada entre olhares cúmplices e sorrisos maliciosos.
Porque, no fim das contas... quem nunca quis, secretamente, se queimar um pouquinho também?
O relógio já marcava quase meia-noite. A lua cheia banhava a varanda da casa de Helena, lançando sombras prateadas sobre os corpos que se provocavam desde o final da tarde. Ali, não havia espaço para pudor, regras ou qualquer resquício de vergonha. Só desejo. Bruto. Quente. Selvagem.
Helena se aproximou, lenta, descalça, usando apenas uma camisola fina, quase transparente. O tecido colava no corpo, deixando visíveis cada curva, cada detalhe, cada provocação cuidadosamente desenhada pela natureza.
Ela parou na frente dele, abriu um sorriso carregado de malícia e, com um movimento lento, puxou uma das alças da camisola, deixando-a escorregar pelo ombro, expondo um pedaço do colo. Depois a outra. O tecido deslizou, caindo aos pés dela.
Enrico engoliu seco. Seus olhos passearam por aquele corpo como se fosse a primeira vez — e, de certo modo, sempre parecia ser. Helena sabia como se apresentar, como se oferecer sem dizer uma palavra. Ela era arte viva. E ele, o espectador faminto.
— “Vem...” — ela sussurrou, segurando a mão dele e o guiando até o celeiro nos fundos da casa.
Ali, o cheiro de madeira, feno e terra se misturava com o cheiro adocicado da pele dela, do perfume natural que exalava quando estava acesa, pulsando, pedindo mais.
Ela se apoiou na parede de madeira, arqueando as costas, oferecendo-se de uma forma que não deixava margem para dúvidas. Os olhos de Enrico escureceram, dominados por uma fome quase selvagem. Suas mãos apertaram as coxas dela, fortes, possessivas, subindo até encontrarem o calor entre suas pernas.
Helena gemeu, mordendo o lábio, puxando o cabelo dele com força, provocando, incitando. — “Não me poupe... hoje eu não quero delicadeza...”
E ele não poupou.
Os corpos colidiram, se encaixaram como peças de um quebra-cabeça proibido. As mãos dele a seguravam com força, as unhas dela arranhavam suas costas, deixando marcas, selando aquele momento na carne. Cada movimento era urgente, intenso, ritmado pelo som dos corpos se encontrando, das respirações descompassadas, dos gemidos que ecoavam pelo celeiro e se misturavam aos sons da noite.
Helena apertava, puxava, mordia, como se quisesse sugar cada gota da essência dele. Enrico respondia à altura, segurando-a pela cintura, pressionando-a contra a parede, dominando, comandando, levando-a exatamente até onde ela queria — até o limite do prazer, até o ponto onde não existe mais razão, só instinto.
Quando enfim chegaram ao ápice, quase juntos, foi como uma explosão silenciosa que percorreu o corpo dos dois. Ela apertou-se contra ele, tremendo, sentindo cada músculo se contrair, enquanto ele enterrava o rosto no pescoço dela, respirando fundo, como se precisasse se ancorar na realidade depois de se perder tanto nela.
O silêncio que veio depois foi preenchido apenas pelo som das respirações ainda pesadas e do coração disparado de ambos. Ela riu, manhosa, deslizando os dedos pelo peito dele.
— “Você realmente é... um perigo, Enrico.”
Ele sorriu, puxando-a para mais perto. — “E você... é meu fogo favorito.”
Mas, no fundo, sabiam que aquilo não era só mais uma noite. Era mais uma prova de que, juntos, eles não apenas se completavam... eles se incendiavam.
E o melhor de tudo... é que a noite ainda estava só começando.
O sol começava a nascer, pintando o céu de tons alaranjados, quando Helena, ainda nua sob o lençol amarrotado, olhou para Enrico e sorriu de lado.
— “Sabe o que me excita ainda mais?” — perguntou, mordendo de leve o próprio lábio.
Ele arqueou uma sobrancelha, já sentindo que aquilo não era só uma pergunta qualquer. — “O quê?”
— “O perigo... o risco de sermos vistos...” — respondeu, deslizando a perna nua sobre a dele. — “O vilarejo tá acordando, a feira tá montando... e eu sei exatamente onde quero você agora.”
Enrico sorriu, um sorriso carregado daquele fogo que ela tanto amava provocar. — “Me diga...”
— “Na venda do senhor Amaro... nos fundos... entre os sacos de café e os barris de vinho.”
Ele soltou uma risada, balançando a cabeça. — “Você é louca.”
— “Louca por você.” — sussurrou no ouvido dele, mordiscando de leve. — “Topa... ou vai me deixar querendo?”
Ele não respondeu. Levantou, vestiu rapidamente a calça jeans, colocou uma camisa aberta no peito, e puxou ela pela mão. — “Então anda... antes que eu te tome aqui mesmo de novo.”
O caminho até a venda foi uma mistura de nervosismo e excitação. O vilarejo começava a ganhar vida, mas poucos estavam realmente atentos à movimentação fora da praça. Chegando lá, entraram como quem não queria nada, disfarçando, até que se esgueiraram pelos fundos, onde ficava o depósito.
Lá dentro, o cheiro forte de café moído, vinho fermentando e madeira preenchia o ar. Helena se encostou na parede, puxou a saia para cima, sem calcinha, e olhou pra ele com aquele olhar de desafio que fazia qualquer homem perder o controle.
— “Aqui... agora...” — sussurrou, abrindo as pernas, apoiando-se nos barris.
Enrico nem pensou duas vezes. Segurou-a pela cintura, empurrou-a contra a madeira áspera, e beijou-a com tanta fome que parecia querer devorá-la. Suas mãos passeavam rápidas, firmes, seguras. Ela arfava, apertando os braços dele, as unhas cravando na pele como se aquilo a mantivesse viva.
O som dos dois corpos se chocando se misturava ao ranger da madeira, às respirações ofegantes e aos gemidos abafados, porque o risco de serem ouvidos fazia tudo ainda mais intenso. Cada investida dele fazia ela morder o ombro dele para não gritar. Cada estocada, cada aperto, era combustível para aquele incêndio particular.
De repente, ouviram passos se aproximando. O som de alguém abrindo a porta da frente da venda. Enrico segurou-a com mais força, sussurrando no ouvido dela:
— “Fica quieta... não para...”
O perigo de serem flagrados fazia o corpo de Helena tremer ainda mais, em um misto de medo e excitação pura. Ela segurava o próprio gemido, mordendo os dedos, os olhos arregalados, sentindo cada segundo daquele ato proibido se transformar numa memória inesquecível.
Os passos foram ficando distantes... e, quando se sentiram seguros, se permitiram ir até o limite. Juntos. De novo. E de novo.
Quando tudo terminou, ela respirou fundo, ainda encostada na parede, rindo entre suspiros.
— “Isso... isso é viver, Enrico...”
Ele passou a mão no rosto, bagunçou os próprios cabelos, olhou pra ela com aquele olhar selvagem e respondeu, sorrindo:
— “Se isso for viver... então que a vida nunca me poupe de você.”
Mas... eles nem imaginavam que alguém os tinha visto. De longe. Alguém que não deveria.
E o que estava prestes a acontecer... mudaria tudo.
Do outro lado da janela empoeirada do depósito, dois olhos espiavam cada movimento, cada toque, cada gemido abafado. Olhos que queimavam, não só de desejo, mas também de inveja, frustração... e algo mais perigoso: obsessão.
Clara, a filha do senhor Amaro, sempre teve uma quedinha — pra não dizer uma queda completa — por Enrico. Desde adolescente, observava, desejava e fantasiava com aquele homem que parecia feito à mão, moldado pelos deuses do pecado. Só que ele... nunca a olhou como ela queria.
Até agora.
Clara apertou os próprios braços, mordendo o lábio com tanta força que quase sangrou. Ver Helena ali, recebendo dele o que ela sonhou por anos... foi como acender um fósforo perto de um barril de pólvora.
— “A vadia acha que pode chegar e tomar o que é meu...” — sussurrou para si mesma, sentindo uma mistura de raiva... e uma excitação que a fez apertar as pernas involuntariamente.
Naquela noite, Clara não dormiu. Ficou horas planejando... e desejando. E, quando amanheceu, vestiu sua roupa mais curta — uma saia justa que parecia pintada no corpo, e uma blusa amarrada no busto, deixando boa parte dos seios à mostra. Soltou os cabelos, passou um batom vermelho... e saiu.
Sabia exatamente onde encontrar Enrico.
Ele estava na oficina, martelando algo, tentando, em vão, se distrair da lembrança do que tinha acontecido no depósito da venda. Mas bastou vê-la chegando, rebolando, com aquele sorriso que misturava inocência e malícia, que sua atenção foi completamente sequestrada.
— “Bom dia, Enrico...” — disse ela, arrastando o nome dele na boca como se fosse mel. — “Preciso de uma ajudinha... tem uma coisa quebrada... lá em casa...”
Ele levantou uma sobrancelha. — “O quê?”
Ela deu um passo mais perto, encurtando o espaço, passando o dedo lentamente no peito dele, onde a camisa estava entreaberta. — “A cama...” — respondeu, mordendo o lábio. — “Será que você... consegue... consertar pra mim?”
O corpo de Enrico reagiu antes da razão. A imagem de Clara, tão descaradamente oferecida, fez seu sangue ferver. Parte dele queria recuar — ele estava com Helena, não? Mas a outra parte... aquela parte incontrolável, que pulsava mais forte que qualquer juízo, falava mais alto.
— “Você não presta, Clara...” — disse, segurando-a pela cintura.
— “Não... mas aposto que você também não.” — respondeu, antes de puxar ele pela gola e colar seus lábios nos dele.
O beijo foi uma guerra. Línguas, dentes, mãos apertando, corpos se grudando como se fossem feitos de ímã. Clara gemeu contra a boca dele, subindo uma das pernas e enroscando na cintura dele, se esfregando descaradamente.
— “Aqui?” — ele perguntou, apertando-a contra a parede da oficina.
— “Por que não?” — respondeu, já puxando o zíper da calça dele. — “Se ela teve você nos fundos da venda... eu quero aqui. E agora.”
E ali mesmo, contra a parede fria de concreto, entre ferramentas e cheiro de óleo, eles se perderam no jogo do desejo proibido. As mãos dele seguravam forte suas coxas, ela se arqueava, se oferecia, gemendo no ouvido dele, provocando, mordendo, arranhando.
O som dos dois, ofegantes, misturado ao som do couro, do zíper, do estalar das mãos batendo na pele, ecoava pela oficina vazia. Clara o queria. E naquele momento, ela o tinha — inteiro, bruto, selvagem, exatamente como sempre fantasiou.
Quando terminou, ela segurou o rosto dele, puxou o queixo e disse, com um sorriso vitorioso:
— “Isso é só o começo, Enrico...”
E, antes que ele respondesse, ela se afastou, ajeitou a saia, passou a mão nos cabelos e foi embora, rebolando, deixando para trás não só o cheiro dela... mas um problema enorme.
Porque, no caminho, quem ela encontrou foi Helena.
E o olhar que trocaram... não prometia coisa boa.
O silêncio que se formou quando Helena e Clara se cruzaram foi tão pesado que parecia ter engolido todo o som do vilarejo. Os olhares se encontraram e, em segundos, disseram tudo o que palavras não dariam conta.
Clara, com a saia amassada, os cabelos desgrenhados e o cheiro inconfundível de sexo grudado na pele, sorriu. Não um sorriso qualquer. Era um sorriso de provocação. De desafio.
— “Bom dia, Helena...” — disse, arrastando cada sílaba, passando os dedos lentamente pelos próprios lábios, como se ainda pudesse sentir o gosto de Enrico neles. — “Dormiu bem?”
Helena cruzou os braços, levantou uma sobrancelha e, diferente do que Clara esperava, não demonstrou escândalo. Só apertou os lábios, respirou fundo e respondeu, venenosa:
— “Melhor do que você... embora... pelo cheiro, nem tenha dormido, não é?”
Clara riu, jogando os cabelos para trás, se aproximando mais, até ficar cara a cara com ela. — “Querida... se você não consegue mantê-lo satisfeito, não é culpa minha.”
Por dentro, Helena sentiu o estômago embrulhar, a raiva fervendo nas veias, mas manteve o controle. — “Engraçado... porque, até onde eu sei, mulher que pega sobra... nunca será ameaça pra mim.”
As duas se encararam, olhos faiscando, como duas leoas prestes a se rasgarem. Mas não... aquilo não terminaria ali. Clara passou por ela, roçando propositalmente o ombro, deixando no ar sua marca, seu cheiro... e sua provocação.
Quando Helena chegou até a oficina e viu Enrico limpando as mãos, nervoso, bagunçado, com o cabelo desgrenhado e a expressão carregada de culpa... ela não precisou de confirmação.
— “Então... é assim?” — perguntou, cruzando os braços, a voz firme, mas carregada de um fogo diferente.
Ele tentou falar, mas ela levantou a mão, cortando qualquer desculpa. Se aproximou, colou o corpo no dele, puxou a camisa, segurando-a com força, e sussurrou no ouvido dele:
— “Quer fogo, Enrico? Quer se perder? Então vem... mas comigo. E vai ser agora.”
Segurou a mão dele, puxou-o pela oficina, trancando a porta dos fundos, e empurrou-o contra a bancada cheia de ferramentas. Os olhos dela estavam tomados, não de tristeza... mas de pura fúria misturada com desejo.
— “Você quer lembrar quem te faz perder o juízo de verdade?” — perguntou, puxando o cinto dele com força, jogando-o no chão. — “Então me olha... e aprende.”
Helena se ajoelhou, puxando a calça dele num movimento ágil, olhando para cima, segurando-o com firmeza, lambendo os lábios de forma provocante, lenta, selvagem. O jeito que ela fazia aquilo não era só prazer... era possessão. Uma marca. Um lembrete.
Enrico gemeu, segurando os cabelos dela, mas ela segurou os punhos dele, forçando-os contra a bancada. — “Sem tocar. Só sente. É meu. Sempre foi.”
O som da boca dela, os estalos, a respiração pesada, os gemidos baixos, tudo parecia ecoar pelo ambiente, misturado ao cheiro de óleo, ferro e... luxúria. Quando ele tentou avisar que não aguentaria, ela apertou mais forte, acelerando, olhando direto nos olhos dele até ver seu corpo inteiro se perder, desmoronar, se entregar... completamente.
Quando terminou, levantou-se, limpou os cantos dos lábios com os próprios dedos e olhou nos olhos dele, ofegante, sorrindo de canto.
— “Agora sim... não restam dúvidas de quem é que te faz perder o controle.”
Ele puxou-a com força, colando-a no colo, beijando-a com tanta fome que parecia que os dois iam se consumir ali mesmo, até virarem cinzas.
Mas... nenhum dos dois percebeu que, do lado de fora... Clara estava parada. Ouvindo tudo. E sorrindo. Porque ela não estava nem perto de desistir.
E, no jogo que estava se formando, ninguém estava preparado pro que vinha pela frente.
O destino é, às vezes, cruel. Outras vezes… simplesmente tem um senso de humor perverso. E naquela noite, parecia decidido a colocar fogo em tudo.
O vilarejo estava em festa. Uma comemoração local, cheia de música, vinho e corpos dançando apertados, se tocando, se provocando sob o pretexto da tradição. Mas por trás dos sorrisos, dos brindes e das conversas, três pessoas carregavam olhares que diziam muito mais do que qualquer palavra.
Helena. Enrico. Clara.
Quando Helena chegou, vestindo um vestido vermelho, justo, colado ao corpo como uma segunda pele, todos pararam pra olhar. O tecido marcava cada curva, cada movimento do quadril, e as costas nuas deixavam qualquer homem em ponto de combustão. Enrico a viu de longe, e seu corpo imediatamente reagiu. Só que... Clara também estava lá.
Ela, por sua vez, escolheu um vestido preto curto, decotado, quase indecente, com uma fenda lateral que deixava exposta boa parte da coxa toda vez que se movia. E ela fazia questão de se mover... lenta, sensual, provocando.
Os olhares se cruzaram. Helena de um lado. Clara do outro. E, no meio, Enrico... que sentiu o corpo inteiro queimar, porque, naquele exato momento, percebeu: estava completamente fodido. No pior e no melhor dos sentidos.
Quando os três ficaram frente a frente, houve alguns segundos de silêncio. O som da festa parecia desaparecer. Só restavam eles... e uma tensão tão densa que dava pra cortar com uma faca.
Clara sorriu. Um sorriso venenoso, atrevido. — “Então... vamos fingir que não aconteceu nada... ou vamos ser honestos de uma vez?”
Helena cruzou os braços, deslizando o olhar lentamente por Enrico, depois para Clara, depois de volta pra ele. — “Acho... que a verdade está na cara de todo mundo aqui.”
Enrico engoliu seco. — “Não sei se é a bebida... ou o cheiro de vocês duas... mas...” — ele passou a mão na nuca, sem conseguir desviar o olhar. — “Se isso é um jogo... então me digam. Quem joga primeiro?”
Por um segundo, houve silêncio. Depois, Clara deu um passo, aproximando-se de Helena. E, para surpresa de todos — inclusive dela mesma — deslizou o dedo lentamente no ombro nu da rival.
— “Sabe o que é engraçado? Eu deveria te odiar...” — sussurrou, tão perto que a respiração quente batia na pele de Helena. — “Mas... você me instiga... tanto quanto ele.”
Helena não recuou. Pelo contrário. Passou a língua nos lábios, olhando de cima abaixo, e respondeu no mesmo tom, provocante: — “E eu... deveria te quebrar... mas olha só... talvez prefira te usar.”
Enrico sentiu o corpo inteiro latejar. O desejo era tão palpável que parecia elétrico.
— “Acho que a gente tem um problema... ou uma solução...” — disse, segurando as duas pela cintura, puxando-as para perto. — “A escolha... é de vocês.”
As duas se olharam. Uma mistura de rivalidade, desejo, orgulho e um perigo que só quem já se odiou e se desejou ao mesmo tempo conhece.
E então, como se algo quebrasse, foi Clara quem puxou Helena pela nuca, colando seus lábios nos dela, num beijo selvagem, furioso, lascivo, enquanto Enrico as segurava, apertando ambas, sentindo os dois corpos colados ao dele.
O beijo virou uma batalha de línguas, dentes, mãos. Helena apertou a cintura de Clara, Clara puxou os cabelos dela, enquanto Enrico deslizou as mãos pelas coxas de ambas, apertando, guiando, provocando.
— “Aqui não...” — disse, ofegante, segurando as duas. — “Vem... vem comigo.”
Entraram na casa mais próxima, vazia, uma cabana antiga que Enrico conhecia bem. Assim que a porta bateu, a explosão aconteceu.
Roupas foram arrancadas, beijos distribuídos, mordidas, mãos apertando tudo que era possível. Clara se ajoelhou, puxando Enrico pela calça, enquanto Helena, por trás, mordia seu pescoço, apertava seu peito, passando as unhas nas costas dele.
Quando Clara deslizou a boca, lenta, provocante, Helena segurou o queixo dela, guiando o ritmo, olhando nos olhos. — “Assim... mais forte... mais fundo...” — sussurrou, com um sorriso cruel.
Enrico gemia, segurando nos cabelos das duas, perdido, completamente rendido.
Mas não parou por aí.
Helena a puxou, trocando de lugar, ajoelhando-se agora ela, enquanto Clara, mordendo o lábio, montou sobre Enrico, encaixando-se nele com força, gemendo alto, enquanto os olhos dela encontravam os de Helena, que observava... e se tocava, mordendo os próprios lábios.
Era fogo. Era rivalidade. Era prazer misturado com ódio e desejo bruto.
O que antes parecia um triângulo prestes a quebrar... virou uma aliança obscena de corpos, de luxúria, de puro instinto. E, quando todos chegaram juntos no limite, foi como se o mundo inteiro tivesse desabado ali dentro daquela cabana.
Suados, arfando, com os corpos entrelaçados, eles se olharam... e souberam.
A partir dali, não existia mais volta.
Eles estavam... perigosamente amarrados.
No prazer. No desejo. E no caos que eles mesmos criaram.
O cheiro de sexo, suor e desejo ainda pairava no ar, impregnando cada centímetro daquela cabana. Corpos entrelaçados, respirações ofegantes, corações disparados... mas, pela primeira vez, não havia culpa, não havia dúvida. Só havia a certeza de que o que tinha acontecido ali... foi certo. Do jeito mais errado possível.
Helena estava deitada, cabeça apoiada no peito de Enrico, que fazia carinho nos cabelos dela com uma mão, enquanto, com a outra, segurava a mão de Clara, que estava do outro lado, mordendo o próprio lábio, olhando os dois, meio incrédula... meio excitada com tudo aquilo.
Por alguns segundos, ninguém disse nada. Até que Clara quebrou o silêncio, rindo, meio sem acreditar. — “Isso... isso foi uma loucura...” — respirou fundo. — “Mas... por Deus... eu nunca me senti tão viva.”
Helena virou o rosto, olhando diretamente pra ela, sem mais espaço pra mentiras ou fingimentos. — “Nem eu...” — confessou, mordendo de leve o lábio. — “E, se é pra ser insana... que seja até o fim.”
Enrico apertou as mãos das duas, respirando fundo, olhando primeiro pra uma, depois pra outra. — “Eu... não vou mentir. Eu tentei... resistir. Separar. Escolher. Mas... quando vi vocês duas... juntas... Deus...” — balançou a cabeça, passando a mão na nuca, rindo de nervoso — “Eu percebi que não tem mais escolha. Não tem mais volta.”
Clara arqueou a sobrancelha, deslizando o dedo pelo abdômen dele, provocante. — “Então... é isso? Você quer... as duas?”
Ele olhou firme, sem titubear. — “Quero. As duas. Se vocês quiserem... se vocês toparem... Eu não sei como vai funcionar, não sei como a gente explica isso pro mundo... mas... aqui, entre nós três... não tem certo, não tem errado. Tem... desejo. Tem verdade.”
Helena se apoiou no peito dele, subindo até o rosto, olhando nos olhos dele, depois virou o olhar pra Clara. — “Eu deveria dizer que é absurdo... que é errado... Mas... olhando pra você agora, Clara... eu... eu não consigo mais fingir que não te desejo tanto quanto desejo ele.”
Clara sorriu, mordendo o lábio, deslizando até ficar bem perto, colando seus lábios nos de Helena, dessa vez sem raiva, sem rivalidade. Um beijo lento, quente, carregado de uma conexão que nenhuma das duas imaginou que fosse possível.
Quando se separaram, olharam para Enrico, que estava completamente perdido, sorrindo, arfando, com o olhar mais lascivo que qualquer homem poderia ter.
— “Então é isso...” — Clara sussurrou. — “Nosso... acordo proibido.”
— “Nós três...” — Helena completou, passando a mão na coxa de Clara e subindo até o quadril de Enrico. — “Sem regras. Sem limites. Sem medo.”
Ele segurou as duas, apertando, puxando-as pro colo, beijando primeiro uma, depois a outra, depois as duas ao mesmo tempo, mordendo lábios, deslizando mãos, sentindo que, pela primeira vez na vida, estava completo.
Ali, naquele momento, três corações pulsavam no mesmo ritmo. Três corpos, três desejos... um só acordo.
De dia, seriam o que o mundo esperava: discretos, controlados, fingindo normalidade.
Mas, quando a porta se fechava... eram só eles. Três. Entregues. Perdidos. E absolutamente viciados um no outro.
E quem dissesse que isso era loucura... provavelmente nunca experimentou o sabor do proibido.
O tempo passou. E, contra todas as regras, todos os julgamentos e até o bom senso... eles fizeram dar certo.
Helena, Enrico e Clara descobriram que quando se joga fora o que é “certo” e abraça o que realmente faz o coração (e o corpo) pulsar, tudo se encaixa — no melhor e mais literal dos sentidos.
A cabana virou o santuário deles. Um refúgio secreto onde os três se encontravam sempre que podiam, fugindo do mundo, dos olhares e das convenções. Ali, só existiam eles. Sem regras. Sem limites. Só desejo, carinho e prazer.
Naquela noite, o clima estava diferente. Eles sabiam que seria mais do que apenas mais uma transa. Seria... uma celebração do que construíram juntos.
Enrico estava sentado no sofá de couro, completamente nu, pernas abertas, olhando, com aquele sorriso de lobo, enquanto Helena e Clara dançavam na frente dele. As duas, de lingerie rendada, uma preta, outra vermelha. O contraste perfeito entre fogo e escuridão.
As mãos delas se encontravam, deslizavam uma na outra, bocas se tocavam, mordiam, chupavam, provocando gemidos baixos, suspiros pesados, enquanto os olhos nunca saíam dele.
— “Olha bem, Enrico...” — sussurrou Helena, passando a língua pelo pescoço de Clara — “Isso aqui... é tudo seu.”
Ele segurou firme no próprio membro, duro, pulsante, latejando, pronto pra explodir só de olhar. — “Vocês me vão matar...” — gemeu, passando a mão na boca, louco, perdido.
Quando Clara ajoelhou-se, puxando a calcinha de Helena com os dentes, gemendo, mordendo, lambendo cada centímetro dela, Enrico quase não aguentou. Desceu do sofá, segurou as duas pela nuca e as beijou ao mesmo tempo, puxando cabelo, apertando, como se quisesse fundi-las nele.
— “Agora... cama. As duas. De quatro. Quero vocês assim, lado a lado. Me mostrando o quanto são minhas.” — ordenou, a voz rouca, carregada de desejo bruto.
Elas sorriram, obedientes, andando até a cama, empinando, olhando pra trás, com olhares que desafiavam qualquer homem.
Enrico veio por trás, passando as mãos pelas coxas, subindo, apertando, mordendo a bunda de uma, depois da outra, enquanto decidia em quem entraria primeiro.
Começou em Helena, deslizando fundo, forte, fazendo-a gemer, apertando os lençóis. Clara, ao lado, beijava os lábios dela, mordia sua boca, tocava seus seios, enquanto se esfregava, sentindo tudo, gemendo junto, como se o prazer de uma fosse conectado ao da outra.
Logo depois, ele saiu de Helena e entrou em Clara, que gemeu alto, quase gritou, sentindo ele preencher cada espaço, enquanto Helena, por trás, chupava seus seios, arranhava suas costas, lambendo, mordendo, delirando.
O quarto se encheu de gemidos, estalos de pele, respiração pesada. Eles trocavam posições, beijos, toques. Helena montava nele, cavalgando como se não houvesse amanhã, enquanto Clara se posicionava por trás dela, beijando suas costas, tocando seu próprio corpo, enlouquecida.
Depois, Clara se sentava no rosto de Helena, gemendo, segurando nos cabelos dela, enquanto Enrico a pegava por trás, num ritmo forte, selvagem, suado, quente.
Não havia pudor. Não havia freio. Só desejo. Só amor. Só entrega total.
Quando os três chegaram juntos ao limite, gritaram, gemeram, se apertaram com tanta força que parecia que iam se fundir em um só corpo. As pernas tremiam. Os corpos suavam. O mundo inteiro parecia ter sumido, restando só eles, ofegantes, rindo, beijando, sujos, cheios de amor e... de prazer.
Deitaram juntos, entrelaçados, Helena no meio, Clara de um lado, Enrico do outro, abraçados, cheios de beijos no pescoço, carícias no cabelo, mãos passeando, como se não conseguissem parar de se tocar nem por um segundo.
— “A gente realmente fez dar certo...” — sussurrou Helena, sorrindo, fechando os olhos.
— “E vai continuar dando...” — completou Enrico, apertando-as contra ele. — “Pra sempre. Nós três. Do nosso jeito. Com muito amor... e muito sexo.”
Clara riu, beijando a boca dele, depois a de Helena. — “O melhor final feliz que alguém poderia ter...”
E foi. Porque, a partir daquele dia... eles viveram assim. Intensos. Entregues. Apaixonados.
E absolutamente insaciáveis.
🔥❤️