Ela entrou no restaurante com um vestido vinho colado ao corpo, como se o tecido tivesse sido desenhado apenas para ela. Os cabelos presos em um coque bagunçado deixavam a nuca à mostra — e bastou aquilo para ele engolir em seco.
Daniel já estava à mesa, camisa social meio aberta, barba feita às pressas, e olhos que a devoravam a cada passo. Era a quarta vez que se viam. Quarta. Ainda tão cedo para algo sério. Tarde demais para se fingirem de inocentes.
— “Está atrasado,” — ela disse, mas sorriu.
— “Você também,” — ele retrucou, e o jogo começou ali mesmo.
O jantar foi um teatro: garfos, risadas, olhares que se demoravam demais. Os joelhos se encostando de leve sob a mesa. O vinho escorrendo devagar pelas taças, mas nenhum dos dois realmente o saboreava — estavam ocupados demais se bebendo com os olhos.
No elevador, o silêncio virou tensão. O espaço pequeno, o cheiro dela, o batom já um pouco borrado...
Quando a porta do apartamento fechou, ele não esperou. Empurrou-a contra a parede, a respiração quente no pescoço dela, as mãos já explorando as curvas que tanto provocaram seu autocontrole no jantar.
— “Quatro encontros,” — ele sussurrou, puxando o vestido pelas coxas. — “Sabe há quanto tempo eu estou querendo isso?”
Ela mordeu o lábio, riu com malícia e respondeu:
— “Desde o primeiro olhar. Mas eu queria ver até onde ia sua paciência.”
— “Acabou,” — ele murmurou, e a beijou como se o mundo acabasse naquela noite.
O beijo foi urgente, molhado, como se o tempo tivesse sido cruel por segurá-los tanto. Ela puxou a camisa dele com pressa, espalhando botões pelo chão. Ele a ergueu com facilidade, sentindo as pernas dela se entrelaçarem em sua cintura.
Cada passo até o quarto era um tropeço de desejo. Os corpos se colavam, as roupas desapareciam entre suspiros, gemidos baixos e mãos que já sabiam exatamente para onde ir.
No quarto, ela se deitou de costas, os cabelos espalhados como fogo sobre os lençóis brancos. Ele a observou por um instante, olhos escuros e famintos.
— “Fica quieto,” — ela provocou — “e me mostra tudo que você estava guardando.”
E ele mostrou.
A noite foi longa. Suada. Cheia de risadas entre beijos, mordidas entre promessas, sussurros de nomes arrastados. Nada foi apressado, mas também nada foi contido. Era como se os corpos falassem uma língua própria — uma língua quente, íntima, feita só de toques e tremores.
Ao amanhecer, ela despertou com a luz suave filtrando pelas cortinas. Ele ainda dormia, um braço em torno da cintura dela, a respiração tranquila contra sua pele.
Ela sorriu.
— “Quarta-feira de vinho... e desejo,” — murmurou.
E desejou que todas as outras quartas fossem assim: lentas, intensas... e dele.