Eu Prefiro o Mal
Dizem que o bem é luz serena,
que guia os passos, limpa a cena.
Mas eu, alma de sombra e aço,
prefiro o mal, o fim do laço.
O bem é calmo, puro, ameno,
fala baixo, veste o ameno.
Mas o mal... ah, o mal é chama,
queima os dedos, mas inflama.
Prefiro o gosto do proibido,
o risco, o tom do não contido.
Enquanto o bem quer me moldar,
o mal me deixa respirar.
No mal há dor, mas também verdade,
não finge pureza, nem falsidade.
O bem promete céu distante,
o mal me beija, aqui, constante.
Se o bem é céu de aquarela vazia,
o mal é tempestade que arrepia.
Não quero a paz que nunca sente,
prefiro o caos que arde e mente.
Pois no mal me vejo inteiro,
cru, impuro, verdadeiro.
E se um dia o fim me levar,
que seja o mal a me abraçar.