Quando eu tinha 15 anos, fui passar as férias na casa dos meus avós. Eles moravam em uma floresta. A casa era muito bonita, mas também assustadora; no entanto, eu não me importava, pois era até bem confortável para mim. Costumava desenhar perto de um rio às vezes; isso me trazia uma sensação de paz. Em uma dessas ocasiões, vi uma garota na margem, brincando com a água. Ela parecia da minha idade. Era linda, a mais bela que eu já havia visto. Seus cabelos ruivos eram magníficos, lembrando folhas de outono. Eu amava aqueles cabelos! Seus olhos eram verdes como esmeraldas, tão maravilhosos e belos, brilhando como estrelas no céu. Seu vestido era longo e branco; não era um vestido muito comum, parecia com os vestidos que vemos em pinturas antigas; eu achava tão diferente e, ao mesmo tempo, tão familiar.
Disse eu:
— "Oi, qual é o seu nome?"
Mas, sem resposta, ela só olhava para mim em silêncio. Depois daquele dia, comecei a encontrá-la com frequência; eu sempre falava com ela, mas ela sempre me ignorava. Até que um dia, ela falou; sua voz era tão bonita que eu ouviria aquela melodia para sempre, se pudesse.
— "Por que fica me seguindo? Me deixe, não quero a sua companhia."
Disse ela, com a voz rígida, os olhos estreitos e as sobrancelhas levemente franzidas.
— "Não estou te seguindo, apenas nos encontramos por acaso. Talvez seja o destino querendo nos juntar, não?"
Perguntei, com um leve sorriso no rosto. Depois desse dia, começamos a ter conversas de verdade. Um dia, ela me disse que adorava dançar, então sempre a convidava para uma dança, antes de voltar para a casa dos meus avós. Eu não trocava seu sorriso naqueles momentos por nada. Um dia antes de eu ir embora, nós dançamos uma última vez. Ao final da dança, apoiei minha testa na dela suavemente e a beijei; seus lábios eram tão macios como um beijo doce. Eu estava nas nuvens.
No dia seguinte, fui relutantemente me despedir dela. Eu queria muito ficar. Encontrei-a e, para minha surpresa, arregalei os olhos ao vê-la sentada no chão, em frente ao seu túmulo.