Clara nunca imaginou que sua vida mudaria dentro de um prédio de vidro e aço, onde os altos executivos tomavam decisões que movimentavam milhões. Como faxineira de uma das maiores empresas do país, sua rotina era simples: entrar quando todos saíam, limpar as salas luxuosas e ir embora antes que o sol nascesse.
Mas naquela noite, tudo foi diferente.
Ao entrar na sala do CEO, não percebeu que ele ainda estava lá, perdido em relatórios e números. Gabriel Vasconcellos era conhecido por sua frieza e dedicação ao trabalho, mas, ao ver Clara parada na porta, ficou intrigado. Ela pediu desculpas e se apressou para sair, mas ele a deteve com um sorriso raro.
— Qual é o seu nome? — perguntou, afastando os papéis.
Clara hesitou. Nunca um chefe havia se dirigido a ela diretamente.
— Clara.
— Eu sou Gabriel.
— Eu sei — ela respondeu, rindo de leve.
A partir daquela noite, encontros casuais se tornaram frequentes. Gabriel trabalhava até tarde, e Clara, no silêncio da madrugada, tornava-se a única companhia naquele imenso escritório. Começaram a conversar. Primeiro, sobre coisas banais, depois sobre sonhos, medos e até sobre as dificuldades da vida. Gabriel descobriu que Clara queria estudar administração, mas nunca teve condições. Clara percebeu que, por trás da fachada de empresário bem-sucedido, havia um homem solitário e cansado das pressões do cargo.
Os sentimentos cresceram sem que percebessem. Gabriel passou a deixar um café na mesa para Clara. Ela, em troca, organizava seus papéis de um jeito que ele sempre encontrava tudo. Pequenos gestos que diziam mais do que palavras.
Mas o destino testaria esse amor.
Um dia, Clara foi chamada pelo gerente de RH e, sem explicação justa, demitida. Ela saiu com lágrimas nos olhos, mas sem coragem de contar a Gabriel. Quando ele soube, ficou furioso. Descobriu que um diretor preconceituoso acreditava que funcionários como Clara não deveriam interagir com a alta cúpula.
Sem hesitar, Gabriel reverteu a demissão e enfrentou a diretoria. Mais do que isso, ofereceu a Clara uma bolsa para estudar.
— Você tem talento, Clara. Quero que cresça, não porque estou te ajudando, mas porque sei que você pode conquistar o mundo sozinha.
Ela aceitou, não pelo presente, mas pelo respeito e amor que sentia por ele.
Com o tempo, Clara se formou e conquistou seu espaço dentro da empresa, não como faxineira, mas como administradora. Gabriel nunca a tratou como alguém inferior, e isso fez toda a diferença.
O amor deles venceu barreiras, mostrando que sentimentos verdadeiros não ligam para status ou hierarquias. Afinal, o coração não entende de cargos—só de conexão.
Posso continuar ?