Eu sou uma TV de Motel. Um pedaço de tecnologia que, aparentemente, tem mais poder do que qualquer outro aparelho naquele quarto. Afinal, quem mais tem o poder de decidir o que você vai assistir enquanto tenta relaxar ou, bem… se distrair?
Primeiro, temos os casais românticos, né? Eles entram, ajeitam as coisas, e a primeira coisa que fazem? Achar o controle remoto. Eles sabem exatamente o que querem: uma sessão de Netflix, ou algo mais… envolvente. Aí, começa.
Eles começam a procurar por filmes e, é claro, fazem aquele tipo de pesquisa tímida, como se ninguém fosse perceber o que estão realmente buscando.
— “Procura por... pau entrando no c**” — o cara fala, meio nervoso.
Eu já sei o que vem a seguir. A TV começa a listar os títulos e, no meio disso, surge a sugestão: "Filmes de comédia adulta". Eles olham pra tela, olham um pro outro, e a mulher tenta disfarçar, mas eu vejo tudo. Só que eles tentam, tentam, e de repente, uma pesquisa mais ousada aparece:
— “Filmes... sem censura.”
Ah, não me venha com essa. Eu sou a TV do motel, já vi tudo. E você, meu caro, só está se esforçando para encontrar um filme que seja "muito, muito explícito". Você sabe que, no fundo, só queria assistir algo mais leve.
E tem os outros tipos. Os solteirões. Eles entram, jogam a chave na mesa, ligam a TV e já vão direto para a busca. Não procuram nada com graça, romance ou comédia. Não. Eles buscam algo direto, sem rodeios, como se estivessem procurando o último filme da sua vida. Eles não ligam pra nada mais. Eu já sabia o que eles iam procurar:
— “Vídeos... de dança.”
E quando aparece "Contagem regressiva: 10 segundos" na tela, é como se eu estivesse vendo a alma deles ser revelada. Eu fico ali, esperando, sabendo que nada vai acontecer sem a minha permissão. Aí, eles se distraem, começam a mexer na programação, como se estivessem fugindo do que realmente queriam assistir.
E claro, temos o típico cliente perdido. O cara que só queria dormir, mas sem saber que a TV tem uma programação que ele não queria ver. Ele tenta navegar pelos canais e tropeça naqueles programas estranhos, sabe? Tipo, "Documentários sobre arte erótica no século XIX". Ele olha pra tela, depois pra cama, depois de volta pra tela, com aquela cara de quem está tomando uma decisão importante:
— “Como desativo isso, hein?”
Ele começa a apertar os botões desesperadamente, e eu, claro, me divirto. Nada melhor do que ver um homem que só queria dormir, se perdendo em canais e conteúdos desconfortáveis. Eu sou uma TV de motel, amigo, não sou tua amiga!
Por último, sempre tem aquele cliente que, mesmo com todas as opções, insiste no clássico: o filme de terror. Ele olha pra mim como quem diz "isso vai ser bom para nós dois". Mas eu sei o que ele realmente está fazendo. Ele põe o filme, mas não consegue assistir sozinho. Ele tenta ser macho, mas qualquer barulho estranho na TV faz ele olhar nervoso para os cantos do quarto. E é claro, a cada susto no filme, ele se lembra de que, na verdade, está num motel, e não tem como escapar dessa energia constrangedora.
E assim vai o meu dia. As buscas engraçadas, os olhares nervosos, os filmes de “dança” e os sustos. Eu sou a TV de motel, e se tem uma coisa que aprendi, é que ninguém está imune ao que eu mostro… ou ao que eles realmente querem ver.