Capítulo 1: O Som do Silêncio
As florestas de Ælindra eram conhecidas por seus mistérios. Diziam que ali o tempo não obedecia às leis dos homens, e que criaturas ancestrais sussurravam entre as folhas. Para Kael, um jovem aprendiz de cartógrafo, essas histórias eram apenas isso: histórias. Ele estava ali para mapear uma trilha esquecida, não para alimentar superstições.
O ar estava estranho naquela manhã. O silêncio era quase ensurdecedor, como se a própria floresta estivesse prendendo a respiração. Mesmo assim, Kael avançava, seus passos ecoando contra o chão úmido. Ele carregava seu caderno, sempre anotando detalhes: curvas do rio, árvores gigantescas, marcas no solo que pareciam... garras?
“Provavelmente um urso,” murmurou para si mesmo, tentando ignorar o calafrio que subia por sua espinha. Mas ele sabia que ursos não deixavam marcas como aquelas.
Quando o sol começou a cair, ele encontrou uma clareira incomum. No centro dela, uma pedra negra e lustrosa erguia-se como um dedo apontando para o céu. Símbolos dourados brilhavam em sua superfície, pulsando em um ritmo que parecia acompanhar os batimentos do coração de Kael.
Ele hesitou, mas algo o chamou. Não com palavras, mas com uma melodia baixa, grave, que parecia vibrar dentro de sua cabeça. “Kael...” sussurrou o vento, ou pelo menos era o que ele achava ter ouvido.
Antes que pudesse recuar, uma luz explodiu da pedra, envolvendo-o. O chão desapareceu, e ele foi engolido por um vácuo de cores e escuridão. Quando abriu os olhos, o céu acima não era mais azul, mas um manto de estrelas vermelhas.
Uma figura estava à sua frente. Alta, envolta em mantos que pareciam feitos de sombras líquidas. O rosto era oculto, mas sua voz era inconfundível:
“Você tocou o Sopro dos Antigos. Agora, carregará o destino de dois mundos.”
Kael não entendeu. Não queria entender. Mas quando olhou para suas mãos, viu que os símbolos dourados haviam gravado-se em sua pele. Ele não era mais apenas um cartógrafo. Agora, ele era uma chave, e a porta já estava aberta.
Continua...
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