O Sussurro na Escuridão
Na pequena vila de Drasten, isolada por densas florestas e montanhas geladas, o inverno era mais do que uma estação; era um testamento à sobrevivência. As noites eram longas, e o vento trazia consigo um som peculiar, quase humano, que ninguém ousava discutir.
Lena, uma jovem curiosa, tinha ouvido as histórias desde pequena: "Nunca saia de casa após o toque do sino da meia-noite. É quando Ele vagueia". Quem Ele era, ninguém sabia ao certo. Alguns diziam que era um espírito vingativo, outros, um demônio que caçava almas desavisadas.
Numa noite particularmente fria, Lena foi despertada por um som. Um sussurro rouco atravessava o silêncio, chamando-a pelo nome:
— Lena... Lena...
O coração dela acelerou. Pensou ser o vento, mas o som continuou, agora mais próximo. Contra seu bom senso, ela decidiu investigar. Pegando uma lamparina e cobrindo-se com um manto, abriu a porta de sua cabana.
A escuridão era esmagadora, mas havia algo à frente: pegadas na neve, pequenas e nítidas, que não estavam ali antes. Seguiu-as, mesmo com o frio congelante apertando seus ossos.
As pegadas a levaram até a floresta, onde as sombras dançavam com a luz de sua lamparina. No meio das árvores, ela encontrou uma figura encapuzada, imóvel, voltada para ela.
— Quem está aí? — Lena perguntou, sua voz tremendo.
A figura não respondeu. Apenas ergueu uma mão pálida e apontou para algo atrás dela. Quando Lena se virou, viu sua própria cabana... mas com a luz da lamparina ainda dentro. Ela estava lá, sentada à mesa, encarando a porta aberta.
Um frio indescritível percorreu sua espinha quando percebeu que era ela mesma, ou algo que parecia ser. A Lena dentro da cabana lentamente virou a cabeça, encarando-a com olhos que brilhavam em vermelho.
De repente, o sussurro retornou, agora vindo de todas as direções:
— Você saiu... Você é minha agora...
Antes que pudesse correr, mãos geladas agarraram seus braços. A última coisa que Lena viu foi o brilho vermelho dos olhos se aproximando.
Na manhã seguinte, a vila estava em silêncio, exceto pelo som do vento. Na cabana de Lena, não havia sinal dela, apenas a lamparina ainda acesa e pegadas que desapareciam na neve, levando à floresta.
As pessoas da vila sabiam que Ele havia levado mais uma.