Enquanto as árvores rugiam no meio da grande e fechada mata, a escuridão envolvia tudo ao redor, e o vento cortante fazia os troncos e galhos se moverem de forma ameaçadora. Mariana, que não sabia exatamente o que estava fazendo ali, corria desesperada, de um lado para o outro, em busca de uma saída, mas cada passo parecia a levar mais fundo naquele pesadelo silencioso.
Em cada direção que olhava, apenas árvores balançando violentamente, como se estivessem em uma dança macabra, sendo empurradas pela força do vento. O som do vento parecia uma sinfonia ameaçadora, que se misturava com o farfalhar das folhas secas e os estalos ocasionais de galhos quebrando. Mariana sentia que estava presa, sem rumo, e um medo crescente apertava seu peito. Ela não sabia que horas eram, mas o silêncio da floresta e o frescor da brisa gelada sugeriam que era madrugada, o tempo perfeito para as coisas misteriosas surgirem.
Dentro de seu peito, um calor imenso tomava conta, uma sensação que se misturava com a aceleração de sua pulsação. O suor descia por seu rosto e pescoço, como se seu corpo estivesse lutando contra algo invisível, uma sensação de sufocamento. Sua respiração estava pesada, mas sua voz, por mais que tentasse gritar, parecia presa, incapaz de escapar de sua garganta apertada. O medo a envolvia, mais do que o simples pavor da floresta ao seu redor. Ela sentia que havia algo mais ali, algo que a observava.
Enquanto caminhava, os passos hesitantes ecoavam pela mata silenciosa. A escuridão parecia cada vez mais densa, como se ela estivesse afundando em um abismo de sombras. Foi quando, em meio a essa penumbra, ela viu. Ou melhor, ela sentiu primeiro. Sombras de pessoas passaram rapidamente, sem fazer ruído, quase imperceptíveis. A mais marcante delas foi uma figura familiar, que apareceu diante dela, como uma visão trazida pelo vento. Era ele, seu avô, que ela reconheceu imediatamente, apesar da aura estranha que o cercava. Seu coração disparou ainda mais.
— Vô? — Perguntou ela, a voz mal saindo, como se estivesse ecoando dentro de sua própria cabeça.
A figura do avô, tão clara e reconfortante, fez um sinal com a mão, um gesto silencioso que parecia pedir para ela se aproximar. O coração de Mariana se encheu de esperança e, sem hesitar, ela deu um passo adiante. Porém, tão rápido quanto a visão apareceu, ela desapareceu. A figura se dissolveu na escuridão, como uma sombra fugaz. No lugar onde o avô estava, um buraco se abriu repentinamente no chão, engolindo a terra ao redor.
Mariana, com o corpo já em movimento, não conseguiu parar a tempo. O impacto da queda foi brutal. A sensação de estar sendo engolida pela terra foi imediata. O buraco parecia não ter fim, e seu corpo foi jogado violentamente contra as paredes escuras da abertura. O choque do impacto foi tão forte que suas pernas se esmagaram, enviando uma dor lancinante que a fez gritar, mas nenhum som saiu de sua boca. Ela sentiu o peso do medo e da dor se unirem, enquanto caía sem controle, sendo consumida pela escuridão.