Nas profundezas de Midirin, onde as florestas pareciam cantar em tons de mistério e as montanhas escondiam segredos ancestrais, havia um ferreiro chamado Garneth, que vivia isolado em uma caverna nas encostas geladas de Hollyo. Garneth era o último aprendiz de Dansk Ramost, o lendário ferreiro que criara a Espada do Dragão e a Espada de Valeris.
Aos pés de Hollyo, o jovem Tarian, um aldeão humilde de Vasques, se aventurava em busca de algo que pudesse mudar sua sorte. Sua aldeia sofria com ataques constantes dos Barkes, criaturas de gelo que deixavam um rastro de destruição por onde passavam. O conselho local não o ajudava, e o povo clamava por um herói.
Certa manhã, Tarian encontrou Garneth ao pé de uma cachoeira congelada. O ferreiro, de olhos cansados mas brilhantes, ouviu o pedido do jovem:
— Preciso de uma arma capaz de enfrentar os Barkes. Algo que possa proteger meu povo.
Garneth ficou em silêncio por um longo momento antes de responder:
— Armas comuns não derrotam criaturas forjadas pelo gelo maligno. Mas há um metal raro, perdido nas profundezas de Hollyo, que pode ser moldado para tal propósito. Só que não será fácil obtê-lo.
Tarian não hesitou.
— Eu irei.
E assim começou sua jornada para encontrar o Oris Gélido, um metal lendário que repousava em um lago congelado guardado pelo espírito de um antigo dragão. A trilha era traiçoeira, mas Tarian se manteve firme, guiado pela esperança de salvar sua aldeia.
Quando finalmente encontrou o lago, o espírito do dragão apareceu em meio à névoa gelada, seus olhos brilhando como duas brasas azuis.
— Por que busca o Oris Gélido? — rugiu o dragão.
Tarian se ajoelhou.
— Não é para riqueza ou glória. Quero proteger meu povo.
O espírito o observou por um longo momento, antes de se inclinar.
— Então provará seu valor. Enfrente-me, não com força, mas com coragem e coração.
Com nada além de sua determinação, Tarian conseguiu desviar dos ataques do dragão e alcançar o centro do lago. Lá, ele mergulhou suas mãos na água gelada e retirou um fragmento do Oris Gélido, que brilhava como as estrelas.
Ao voltar à caverna de Garneth, o ferreiro moldou o metal em uma espada de luz única, infundida com a essência do fogo para enfrentar o gelo maligno. Garneth deu o nome à espada de "Aurora Viva".
Com a lâmina em mãos, Tarian retornou a Vasques. Na batalha que se seguiu, ele enfrentou os Barkes, e a Aurora Viva brilhou como um farol no campo de gelo. Com cada golpe, a espada dissipava a magia sombria que animava as criaturas.
Tarian venceu, mas não buscou a glória. Ele retornou ao anonimato, vivendo como um protetor silencioso de sua aldeia. A Aurora Viva foi guardada em um templo, como símbolo de coragem e sacrifício.
Assim, a história de Tarian foi contada por gerações, provando que heróis não precisam de coroas, mas de um coração disposto a lutar pelo bem de todos.