Capítulo 1: O Nascimento da Esperança e do Caos
Nos confins de um mundo marcado pela decadência e escuridão, onde as cicatrizes de antigas batalhas ainda sangravam e a fome devorava os corações dos poucos que sobreviveram, as lendas eram o único farol de luz que restava. Entre essas lendas, uma se destacava como uma sombra imponente: a Profecia dos Sete.
Antigos textos, guardados nas bibliotecas secretas dos magos esquecidos, diziam que sete crianças nasceriam, ao longo de sete anos, cada uma possuindo um poder incomum, um dom que, quando unidos, restaurariam o equilíbrio e trariam o fim de séculos de destruição. Mas a lenda não falava apenas de luz; ela mencionava uma criança especial, aquela que, ao contrário das outras, teria o poder inverso. Seu nascimento seria marcado por uma aura negra, seu toque deixaria um rastro de desolação. Esta criança, nomeada Seven, não era a salvação, mas o prenúncio do fim.
Os anciãos, aqueles que ainda preservavam o conhecimento das antigas escrituras, haviam se reunido em círculos secretos, sussurrando o nome de Seven com uma mistura de temor e resignação. "O ciclo está se fechando", diziam eles com vozes tremulas. "E com ele virá a grande escolha: a destruição ou a salvação."
O mundo, fragmentado em facções e governado por tiranos cruéis, aguardava com ansiedade a chegada das crianças prometidas. Mas uma dúvida macabra pairava sobre todos. Quem seria Seven? E como sua presença afetaria o frágil equilíbrio entre as nações? O medo e a esperança estavam entrelaçados como as correntes de um destino inescapável.
Capítulo 2: O Nascimento de Seven
Na calada de uma noite sem lua, quando as estrelas se escondiam atrás de nuvens escuras e pesadas, a pequena vila de Lunaris, escondida entre montanhas cobertas de neve eterna, estava prestes a ser marcada pela história. O vento cortante trazia consigo um presságio que ninguém podia compreender. No interior de uma cabana simples, a jovem Aeryn, mãe da criança, respirava com dificuldade. O parto estava próximo.
A velha mística, a única que ainda mantinha vestígios da magia ancestral, estava ali para assisti-la. Suas mãos enrugadas e trêmulas moviam-se com precisão, como se guiadas por um conhecimento profundo. Ela murmurava palavras em uma língua antiga, e sua aura parecia se misturar com a noite, quase invisível, como uma sombra silenciosa.
O parto foi rápido, mas turbulento. No momento em que a criança nasceu, um grito agudo ecoou pelo vilarejo e uma tempestade irrompeu do nada. Nuvens negras se reuniram sobre Lunaris, cobrindo o céu e espalhando uma escuridão tão densa que parecia engolir tudo. Relâmpagos riscaram o horizonte, e o som do trovão parecia como o rugido de um dragão enfurecido.
A velha mística, com os olhos arregalados, olhou para o bebê com um olhar de preocupação, como se soubesse o que estava prestes a acontecer. Ela sussurrou algo, algo que Aeryn não conseguiu entender, antes de se afastar, deixando a mãe sozinha com o filho. “O nome dele será Seven", ela murmurou antes de desaparecer na noite. O ar estava pesado, como se o mundo inteiro estivesse aguardando o futuro da criança.
Nos primeiros dias, Seven parecia uma criança comum. Seus olhos eram grandes e curiosos, e seu choro de recém-nascido era como qualquer outro. Mas algo estava errado. A energia ao seu redor era diferente. A própria natureza parecia responder ao seu nascimento. Quando o bebê estava perto de árvores, elas murchavam. Quando passava por poças d’água, a água evaporava como se estivesse sendo sugada por uma força invisível.
Os aldeões, que inicialmente o observavam com afeição, começaram a se afastar. Seus olhares eram de desconforto, como se algo os estivesse pressionando. A sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer era palpável. Então, a tragédia chegou.
Primeiro, os animais começaram a morrer. Os pastores, que haviam levado seus rebanhos para as colinas, voltaram com os corpos de suas ovelhas e cabras, estranhamente envenenadas. Depois, a peste começou a se espalhar. Não havia explicação lógica para a doença que devastava os corpos dos habitantes da vila. Ninguém escapava. As pessoas morriam de forma lenta e agonizante, como se a própria vida estivesse sendo retirada delas.
Aeryn, desesperada, correu para os anciãos, mas eles não tinham respostas, apenas olhares vazios e palavras desconexas. Era como se soubessem que o destino de Seven estava selado, mas não conseguissem mudar o curso dos acontecimentos. Quando a vila se viu à beira da destruição total, Aeryn tomou uma decisão.
"Ela fugiria."
Com a criança nos braços, ela partiu para as terras selvagens, um lugar onde a magia da antiga profecia não chegaria. Ela acreditava que, longe das influências da civilização, talvez pudesse encontrar uma maneira de manter Seven a salvo e preservar a humanidade dele, mesmo que isso significasse viver no exílio. A jornada foi longa e árdua, mas os ventos do destino já estavam alinhados, e nada poderia impedi-los..