Epígrafe:
"A solidão não é a ausência de companhia, mas a ausência de alma para compartilhar."
Sumário:
1. Capítulo 1: O Lobisomem Solitário (Páginas 1-12)
2. Capítulo 2: O Mundo dos Monstros (Páginas 13-24)
3. Capítulo 3: O Encontro Improvável (Páginas 25-36)
4. Capítulo 4: A Mulher Humana (Páginas 37-48)
5. Capítulo 5: Uma Nova Vida (Páginas 49-60)
6. Capítulo 6: A Ameaça (Páginas 61-72)
7. Capítulo 7: Juntos no Mundo dos Monstros (Páginas 73-84)
8. Capítulo 8: O Desafio (Páginas 85-96)
9. Capítulo 9: O Confronto (Páginas 97-108)
10. Capítulo 10: Uma Nova Era (Páginas 109-120)
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Prefácio:
“A leitura é uma das artes mais antigas e poderosas que temos. Ela nos leva para lugares que nunca imaginamos, nos faz ver o mundo de ângulos diferentes, e pode mudar nossa vida em uma página. Aos 11 anos, aprendi que livros não são apenas histórias, mas formas de entender o mundo, de criar novas realidades e de descobrir os mais profundos sentimentos humanos. Durante o intervalo na escola, sempre estava com um livro na mão, viajando para universos que me faziam pensar e sonhar. Este livro que você tem em mãos é uma dessas histórias, que espero que toque sua alma, como a leitura tocou a minha."
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Capítulo 1: O Lobisomem Solitário
(Páginas 1-12)
Página 1
A lua cheia brilhava forte no céu, iluminando a floresta escura. O lobisomem, em sua forma humana, andava lentamente entre as árvores, sentindo o peso da noite. Ele não tinha amigos. Era um monstro, um ser temido por todos. A cada noite, ele se transformava e, enquanto a lua o atraía, o lobisomem sentia uma tristeza profunda em seu coração.
Página 2
Ele sabia o que era ser sozinho. Quando se transformava, suas garras e dentes ficavam mais afiados, seu corpo maior e mais forte. Mas a transformação não trazia felicidade. Ele corria pela floresta, mas o vento não o acalmava. A solidão o seguia como uma sombra.
Página 3
Enquanto andava pelas trilhas da floresta, o lobisomem via os outros monstros. Mas nenhum se aproximava. Ele era grande demais, forte demais. Todos o temiam. Mesmo sendo um monstro, o lobisomem não conseguia se acostumar com o vazio que sentia dentro de si.
Página 4
Naquela noite, ele sentou-se em uma pedra grande, olhando para o céu. A lua cheia refletia em seus olhos, e ele uivou. Mas, ao contrário do que sempre fazia, não sentiu o prazer da libertação. Apenas sentiu o peso da solidão. Ele olhou para os céus e, por um momento, pensou: “Será que algum dia encontrarei alguém para compartilhar minha vida?”
Página 5
A floresta ao redor estava silenciosa, exceto pelo som dos galhos quebrando sob o peso de algum animal. Mas o lobisomem não se importava. Sua mente estava cheia de pensamentos. Ele queria mais do que apenas correr pela floresta. Ele queria alguém com quem pudesse conversar, alguém que o aceitasse como ele era.
Página 6
Mas o que ele sabia sobre o mundo fora da floresta? Os outros monstros viviam seus próprios mundos. Alguns estavam em grupos, outros escondidos em cavernas. O lobisomem não sabia ao certo o que o mundo tinha a oferecer, mas sentia que havia algo mais, algo que ele ainda não encontrara.
Página 7
E assim, ele continuava sua caminhada, sozinho. Cada noite era igual à anterior. Ele uivava para a lua e, depois, voltava para o silêncio. Mas, ao longo do tempo, ele começou a se perguntar: será que ele estava destinado a viver assim para sempre? Como poderia mudar essa vida de solidão?
Página 8
À medida que o tempo passava, o lobisomem se tornou cada vez mais introspectivo. A solidão começou a pesar mais sobre seus ombros. Ele via os outros monstros rindo e convivendo em grupos, e sentia um vazio ainda maior. “Será que sou o único que não pertence a lugar nenhum?”, pensava.
Página 9
Naquela noite, ao andar pelas trilhas conhecidas, o lobisomem ouviu um som diferente. Era um ruído suave, como se alguém estivesse chorando. Ele se aproximou cautelosamente, curioso. Nunca havia ouvido outro ser tão perto de si. O que seria?
Página 10
Ele se escondeu atrás de uma árvore e olhou. Lá, no meio da floresta, estava uma criatura pequena, uma espécie de gnomo, sentado sobre uma pedra, chorando. O lobisomem observou por um momento, mas, antes que pudesse se aproximar, o gnomo levantou a cabeça e olhou ao redor.
Página 11
O lobisomem se afastou rapidamente, sentindo uma sensação estranha em seu peito. Não sabia por que, mas aquele momento tocou algo dentro dele. Ele não estava acostumado a ver outros seres vulneráveis. A cena o fez pensar mais sobre sua própria solidão.
Página 12
Enquanto o lobisomem se afastava, ele olhou mais uma vez para a lua. “Será que algum dia encontrarei alguém? Alguém que não tenha medo de mim?”, pensou. A resposta não veio, mas a sensação de que algo estava prestes a mudar continuava em sua mente. Talvez, só talvez, ele não estivesse destinado a viver sozinho para sempre.
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Capítulo 2: O Mundo dos Monstros
(Páginas 13-24)
Página 13
O lobisomem seguiu sua caminhada pela floresta, sem saber onde estava indo. Seu coração ainda estava pesado pela solidão, mas, ao mesmo tempo, algo dentro dele parecia mais leve. Ele não sabia o que significava, mas sentia que algo estava mudando. Como se o destino estivesse prestes a cruzar seu caminho de uma maneira inesperada.
Página 14
A floresta era vasta e cheia de mistérios. Para o lobisomem, cada árvore e cada rocha tinha um segredo. Ele sempre gostou de explorar os cantos mais distantes da floresta, onde as sombras pareciam mais profundas e o silêncio, mais intenso. Mas aquela noite era diferente. O ar estava mais pesado, como se algo grande estivesse para acontecer.
Página 15
Enquanto caminhava, ele se deparou com uma caverna, uma entrada escondida entre as árvores. Era algo que ele nunca havia notado antes. O lobisomem sentiu uma curiosidade que o levou até a entrada escura. Ele hesitou por um momento, mas, com um suspiro, entrou.
Página 16
Dentro da caverna, o ar era mais fresco, e a luz da lua entrava timidamente através das fendas das pedras. O lobisomem olhou ao redor e percebeu que havia algo diferente naquele lugar. As paredes da caverna eram cobertas por um tipo de musgo fosforescente, iluminando o caminho à sua frente.
Página 17
Ele seguiu em direção ao fundo da caverna, onde encontrou uma piscina de água cristalina. A água refletia a luz da lua, criando um brilho suave no ambiente. O lobisomem se aproximou e olhou para o seu reflexo. Ele viu não apenas sua forma monstruosa, mas também o vazio que carregava no peito.
Página 18
"Será que algum dia encontrarei algo ou alguém que me faça sentir completo?", o lobisomem pensou, enquanto observava sua imagem na água. Ele estava cansado de viver apenas como uma sombra, como um monstro perdido. Mas ele sabia que, por mais que tentasse, a solidão parecia ser sua única companheira.
Página 19
Depois de um tempo, o lobisomem se afastou da água e saiu da caverna. Ele sentia uma sensação estranha, como se aquele momento de reflexão tivesse tocado algo dentro dele. Mas, ao mesmo tempo, sabia que nada mudaria. Ele continuaria sua jornada sozinho, como sempre.
Página 20
Ao sair da caverna, o lobisomem parou por um instante. Ele olhou para o céu e viu a lua cheia, mais brilhante do que nunca. Seus olhos brilharam por um momento, e ele sentiu o poder da transformação vindo. Mas, mais uma vez, a solidão pesava sobre ele. O uivo que saiu de sua garganta foi carregado com um lamento profundo.
Página 21
Ele correu pela floresta novamente, sentindo o vento em seu rosto e o poder da transformação em seu corpo. Ele se sentia livre, mas ao mesmo tempo preso. Seus passos ecoavam pela floresta vazia, sem ninguém para compartilhar a liberdade que ele sentia. Mesmo em sua forma monstruosa, ele continuava sendo o mesmo ser solitário.
Página 22
Enquanto corria, o lobisomem passou por várias criaturas da floresta. Ele viu um grupo de vampiros conversando nas sombras, uma bruxa voando em sua vassoura e uma série de fantasmas flutuando entre as árvores. Mas ninguém se aproximou dele. Ele sabia que isso era o normal. Monstros tinham seus próprios mundos, e ele não se encaixava em nenhum deles.
Página 23
A noite avançava, e o lobisomem se sentia cansado, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Ele queria entender por que estava condenado a viver sozinho. Mas a resposta nunca vinha. Ele continuava sua caminhada, seus pensamentos sempre voltando à solidão que o consumia.
Página 24
Naquela noite, o lobisomem se deitou sob uma árvore, olhando mais uma vez para a lua. Ele sentiu que, embora sua vida fosse solitária, talvez, em algum lugar do mundo, houvesse alguém que também se sentisse como ele. Mas onde estaria essa pessoa? A resposta ainda estava longe, mas ele sabia que, um dia, ela viria.
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Capítulo 3: O Encontro Improvável
(Páginas 25-36)
Página 25
Na manhã seguinte, o lobisomem acordou sob a mesma árvore. O sol já começava a surgir no horizonte, mas ele ainda se sentia exausto. A noite anterior, marcada pela solidão, parecia pesar em seu corpo e mente. Ele se levantou lentamente e começou a caminhar, como fazia todas as manhãs.
Página 26
Enquanto caminhava pela floresta, o lobisomem percebeu algo estranho. Havia rastros de pegadas humanas na terra úmida. Ele parou, curioso. Nunca antes havia encontrado humanos na floresta, e muito menos se aproximado deles. Mas aquelas pegadas eram diferentes. Elas pareciam ter sido feitas por uma pessoa com pressa.
Página 27
Intrigado, o lobisomem seguiu as pegadas com cautela. Ele sabia que os humanos eram perigosos, mas algo o empurrava para frente. Ele se movia com agilidade, tomando cuidado para não ser ouvido. O som das folhas secas sob suas patas não ajudava, mas ele tentava ser o mais silencioso possível.
Página 28
As pegadas o levaram a uma clareira. No centro, havia uma figura humana, uma mulher, sentada em uma pedra, olhando para o céu. Ela parecia cansada e triste, com os ombros curvados como se carregasse um peso imenso. O lobisomem a observava de longe, sem saber o que fazer.
Página 29
A mulher não percebeu a presença do lobisomem. Ele permaneceu atrás de uma árvore, observando-a. Algo nela o chamou a atenção. Ela parecia tão sozinha quanto ele, e, por algum motivo, ele não conseguia afastar os olhos dela. Talvez fosse a vulnerabilidade em seu olhar, ou talvez fosse o fato de ela também parecer perdida.
Página 30
Ele hesitou por um momento, mas, sem pensar, deu um passo à frente. O som de seus passos fez a mulher levantar a cabeça rapidamente. Ela o viu. Seus olhos se arregalaram de surpresa, e ela se levantou da pedra com um movimento rápido. O lobisomem ficou parado, sem saber o que fazer.
Página 31
"Quem... quem é você?", perguntou a mulher, a voz trêmula, mas curiosa. Ela não parecia assustada, mas, ao mesmo tempo, estava em alerta. O lobisomem não sabia como responder. Ele nunca tinha falado com um humano antes. O que diria? Ele se aproximou lentamente, tentando mostrar que não era uma ameaça.
Página 32
"Eu... eu sou apenas um viajante", disse ele, sua voz rouca e baixa. "Você está perdida?" A mulher olhou para ele com uma expressão confusa, mas depois assentiu. "Sim... sim, eu estou perdida. Não sei como cheguei aqui. Estava fugindo de algo e acabei me afastando demais."
Página 33
O lobisomem sentiu uma onda de empatia por ela. Ele, também, sempre estivera fugindo de algo: de sua solidão, de seu próprio destino. "Eu posso ajudar", disse ele, mais para si mesmo do que para ela. A mulher parecia hesitar, mas, ao olhar para seus olhos, viu algo nela que a fez confiar nele.
Página 34
"Você é... um monstro, não é?", ela perguntou suavemente, sua voz mais calma agora. O lobisomem se estremeceu. Ele não estava acostumado com essa pergunta, mas não mentiu. "Sim, sou um monstro", respondeu ele, com um suspiro. "Mas não sou um perigo. Eu não mordo." Ele tentou sorrir, mas sua expressão era séria demais.
Página 35
A mulher olhou para ele por um momento, tentando entender. "Você me ajuda a encontrar meu caminho de volta?", ela perguntou, um pouco mais relaxada. O lobisomem não sabia por que, mas havia algo nela que o fazia querer ajudá-la. Ele se aproximou um pouco mais e acenou com a cabeça. "Sim, eu posso fazer isso."
Página 36
Eles começaram a caminhar juntos, a mulher ao lado do lobisomem. A floresta parecia menos assustadora agora, como se a presença de um ser humano e um monstro juntos quebrasse a tensão do ambiente. O lobisomem, pela primeira vez, não se sentia sozinho. E a mulher, por algum motivo, sentia que estava em boa companhia. Talvez esse fosse o começo de algo que os dois não esperavam.
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Capítulo 4: A Jornada Juntos
(Páginas 37-48)
Página 37
O lobisomem e a mulher caminhavam pela floresta, lado a lado, em silêncio. A mulher parecia mais calma, mas ainda olhava desconfiada para ele de vez em quando. O lobisomem, por sua vez, sentia algo estranho dentro de si, como se algo estivesse mudando. Ele nunca imaginou que poderia ter uma companhia, muito menos de um ser humano.
Página 38
“Qual é o seu nome?”, perguntou o lobisomem, quebrando o silêncio. A mulher olhou para ele e sorriu, embora com um pouco de hesitação. “Meu nome é Elisa”, respondeu ela. “E você?” O lobisomem pensou por um momento. “Eu sou apenas... um lobisomem”, disse ele, com uma voz baixa. Não sabia se queria dizer seu nome verdadeiro, caso tivesse um.
Página 39
Elisa olhou para ele com um olhar curioso, mas não fez mais perguntas. “O que você faz por aqui?”, ela perguntou, tentando mudar de assunto. O lobisomem olhou para o horizonte e suspirou. “Eu... ando por aí. Não tenho um lugar fixo. A floresta é meu lar, mas também é meu prisão. Eu não pertenço a nenhum lugar.” Ele falou com um tom melancólico.
Página 40
Elisa, sentindo a tristeza nas palavras do lobisomem, ficou pensativa. Ela também se sentia perdida, mas não por ser uma monstro. Ela fugira de sua própria vida, de um passado difícil e doloroso. “Eu também estou fugindo”, disse ela, olhando para o chão. “Fugi de minha cidade, de uma vida que não fazia mais sentido. Estou tentando me encontrar.”
Página 41
Os dois caminharam por mais algum tempo, compartilhando suas histórias silenciosamente. Nenhum dos dois sabia muito sobre o outro, mas havia algo na companhia mútua que trazia uma sensação de conforto. Elisa não sentia medo do lobisomem, e ele, por sua vez, não se sentia mais tão solitário.
Página 42
Ao chegarem a uma clareira, Elisa se sentou em uma pedra grande e olhou para o céu. “Eu não sei o que estou fazendo aqui”, disse ela com um suspiro. “Mas não posso voltar. Eu... eu precisei sair.” O lobisomem se aproximou e se sentou ao seu lado, observando o céu também. Ele não sabia como ajudar, mas queria tentar.
Página 43
“Você está bem?”, perguntou o lobisomem com suavidade. Elisa olhou para ele e, pela primeira vez, sorriu. “Estou tentando”, respondeu ela. “Às vezes, tudo o que a gente precisa é um pouco de tempo e distância para entender o que realmente queremos.” O lobisomem assentiu, compreendendo mais do que ela imaginava.
Página 44
A conversa foi interrompida por um som estranho vindo das árvores. O lobisomem levantou-se imediatamente, em alerta. Elisa também se levantou, embora visivelmente assustada. “O que foi isso?”, ela perguntou, olhando para o lobisomem. Ele olhou ao redor, tentando identificar o que causava o barulho.
Página 45
De repente, um grupo de criaturas apareceu das sombras da floresta. Não eram monstros como o lobisomem, mas seres humanos, com rostos ameaçadores. Eles estavam armados e pareciam não estar ali para fazer amigos. O lobisomem se colocou à frente de Elisa, protetor. “Fiquem longe dela”, ele grunhiu com voz baixa, mas firme.
Página 46
Os homens não pareciam intimidados. Um deles, o mais alto e forte, avançou com um sorriso cruel. “Este não é seu lugar, monstro”, disse ele, apontando uma faca para o lobisomem. “Você está indo contra as regras. Isso vai acabar mal para você.” O lobisomem rosnou, suas garras aflorando. Ele sabia que não poderia deixar Elisa em perigo.
Página 47
“Deixe ela em paz”, o lobisomem rosnou com mais força. O homem avançou, mas antes que ele pudesse atacar, o lobisomem já estava sobre ele. Com um movimento rápido, ele derrubou o agressor no chão. Os outros homens recuaram, surpresos pela força do lobisomem. Mas ele sabia que não podia se deixar levar pela violência.
Página 48
“Vai embora. Eu não quero machucar ninguém”, o lobisomem disse com firmeza. Ele deu um passo à frente, fazendo com que os homens hesitassem. Finalmente, o líder dos homens gritou para os outros: “Retirem-se!” Relutantes, eles desapareceram entre as árvores. O lobisomem virou-se para Elisa, que estava ofegante, mas segura. “Você está bem?”, ele perguntou, preocupado.
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Capítulo 5: A Confiança Cresce
(Páginas 49-60)
Página 49
Elisa ainda estava um pouco tensa, mas, ao ver que os homens haviam ido embora, ela se sentou de novo na pedra, respirando aliviada. O lobisomem ficou ao seu lado, observando-a com cuidado. Ele não sabia se estava certo em protegê-la dessa forma, mas algo dentro dele dizia que ela não merecia sofrer mais. Ela parecia uma alma perdida, como ele.
Página 50
“Obrigada”, disse Elisa, olhando para o lobisomem com um sorriso tímido. “Eu não sei o que faria sem você.” O lobisomem olhou para ela com seus olhos penetrantes, mas sua expressão suavizou. “Não precisa me agradecer. Eu... não gosto de ver alguém em perigo”, disse ele, com uma voz mais suave do que o usual.
Página 51
Eles permaneceram ali por algum tempo, a sensação de segurança compartilhada entre os dois. Elisa finalmente quebrou o silêncio, olhando para o lobisomem. “Eu nunca pensei que encontraria alguém como você na floresta. Eu... não sei o que estou fazendo aqui. Eu só queria fugir.” O lobisomem a observou, compreendendo o vazio em sua voz.
Página 52
“Eu sei como se sente”, disse ele, sua voz grave e pensativa. “Eu também fugi por muito tempo. Fugir é uma maneira de tentar escapar do que não conseguimos controlar.” Elisa o olhou, surpresa com suas palavras. “Fugir... de quê?” O lobisomem hesitou antes de responder. “De mim mesmo. Daquilo que sou.” Ele fez uma pausa, como se se perguntasse se deveria dizer mais.
Página 53
Elisa percebeu a dor por trás de suas palavras. Ela nunca imaginaria que um monstro pudesse sentir algo tão profundo. “Eu entendo”, disse ela suavemente. “Eu também estou fugindo de mim mesma, do que minha vida era antes. Fugi de tudo o que era familiar, tentando encontrar algo novo.” Eles se olharam, conectados por suas histórias de fuga e solidão.
Página 54
A noite começou a cair, e o céu se tingiu de laranja e roxo. O lobisomem e Elisa decidiram que era hora de descansar. Eles encontraram um abrigo improvisado entre as árvores, onde poderiam se proteger durante a noite. O lobisomem sentiu uma estranha paz ao ter alguém com quem compartilhar aquele momento, mas sabia que a jornada deles ainda estava longe de terminar.
Página 55
“Eu nunca imaginei que a floresta fosse tão... acolhedora”, disse Elisa, deitando-se sobre a grama macia. O lobisomem a observou, pensando na ironia daquilo. Para ele, a floresta sempre foi tanto seu refúgio quanto sua prisão. Mas agora, com Elisa ali, parecia que algo estava mudando. Talvez a floresta não fosse mais tão solitária.
Página 56
“É engraçado”, Elisa continuou, “mas, agora que estou aqui, me sinto mais livre do que nunca.” O lobisomem olhou para ela, os olhos iluminados pela luz suave da lua. “A liberdade tem um preço. E, às vezes, ela nos deixa mais vulneráveis.” Elisa o olhou com uma expressão pensativa. “Eu sei... mas talvez seja esse o preço que precisamos pagar para encontrar quem realmente somos.”
Página 57 O lobisomem sorriu, uma expressão difícil para ele, mas sincera. Elisa estava começando a ver algo nele que ele próprio ainda não entendia totalmente. Ela o via como mais do que um monstro. E ele, por sua vez, começou a ver nela algo além de uma humana perdida. Eles eram dois seres diferentes, mas de alguma forma, se completavam.
Página 58
Quando a noite avançou, o lobisomem e Elisa adormeceram sob as estrelas, cada um com seus próprios pensamentos, mas em um estado de tranquilidade. Pela primeira vez, o lobisomem sentia que não estava sozinho. Havia algo de especial em ter alguém ao seu lado, mesmo que ainda não soubesse o que isso significava.
Página 59
No dia seguinte, o sol apareceu, trazendo consigo a promessa de mais desafios. O lobisomem sabia que o caminho à frente seria cheio de dificuldades, mas algo dentro dele agora o motivava a seguir em frente. Elisa também parecia mais disposta, mais confiante, como se a presença dele tivesse renovado suas forças.
Página 60
“Vamos continuar?”, perguntou Elisa, levantando-se e estendendo a mão para ele. O lobisomem olhou para ela por um momento, sentindo uma onda de afeto que ele não podia descrever. Sem hesitar, ele aceitou sua mão. “Sim, vamos. Juntos.” Era a primeira vez que ele dizia isso com tanta convicção. Algo estava mudando dentro dele, e ele não podia ignorar.
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Capítulo 6: O Passado que Persegue
(Páginas 61-72)
Página 61
O dia amanheceu claro e ensolarado, mas o lobisomem sentia uma inquietação crescente. Eles haviam passado a noite tranquila, mas ele sabia que o passado de Elisa estava mais próximo do que ela imaginava. E o passado dele... também. Ele olhou para ela enquanto ela tomava um pouco de água da nascente. Elisa parecia mais leve, mas ele sabia que havia algo escondido em seu olhar.
Página 62
“Você não precisa falar sobre isso se não quiser”, disse o lobisomem, quebrando o silêncio. Elisa olhou para ele, surpresa pela sensibilidade de suas palavras. Ela não estava acostumada a ser tratada com tanta consideração. “Falar sobre o quê?”, perguntou ela, tentando esconder o desconforto em sua voz. Mas o lobisomem a olhou diretamente nos olhos, e ela soube que ele sabia.
Página 63
“Elisa... todos têm um passado que não pode ser apagado. Às vezes, é mais difícil lidar com ele do que com o presente”, disse ele com uma calma inesperada. Elisa suspirou e abaixou a cabeça. O lobisomem estava certo. Seu passado a perseguia onde quer que fosse, mas agora não podia mais fugir dele. Ela se aproximou dele, hesitante. “Eu... fui forçada a deixar tudo para trás. Eu não podia mais ficar lá”, disse ela em um fio de voz.
Página 64
O lobisomem não sabia o que ela estava sentindo, mas sabia o que era carregar um peso que não podia ser visto. “Fugir não é fácil, mas às vezes é necessário”, ele respondeu, com uma sinceridade profunda. Elisa se sentou ao seu lado e olhou para o horizonte. “Eu estava em um lugar onde não podia ser eu mesma. As pessoas me viam como uma estranha, uma outcast, alguém que não se encaixava.” Ela fez uma pausa e olhou para ele. “E você? O que aconteceu com você?”
Página 65
O lobisomem olhou para ela, um sorriso triste aparecendo em seu rosto. “Eu nasci diferente. Sempre fui o monstro que as pessoas temiam. Por muito tempo, a solidão foi minha única companhia. Fui rejeitado, temido, afastado. Então... eu desisti de tentar ser aceito.” Sua voz ficou mais baixa à medida que ele falava, como se as palavras pesassem mais do que ele imaginava.
Página 66
Elisa o observou, sentindo um profundo respeito por ele. Ela não imaginava que alguém como o lobisomem pudesse carregar uma história tão dolorosa. “Você é mais do que isso”, ela disse, com firmeza. “Eu não sei o que você passou, mas você não é um monstro. Não para mim.” O lobisomem olhou para ela, surpreso com suas palavras. Ele nunca imaginou que alguém pudesse vê-lo de uma forma tão diferente.
Página 67
O silêncio tomou conta do momento, mas não era um silêncio desconfortável. Eles estavam compartilhando algo profundo, algo que unia suas almas de uma maneira que eles não podiam explicar. O lobisomem queria dizer mais, mas sabia que as palavras não eram suficientes para expressar o que sentia.
Página 68
Elisa olhou para ele, com um brilho nos olhos. “Eu não posso voltar. Não agora. Não depois de tudo o que aconteceu.” O lobisomem entendeu, sentindo o peso das suas palavras. “Eu também não tenho um lugar para voltar”, disse ele. “Aqui, na floresta, encontrei algo que não sabia que procurava. Talvez...” Ele fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. “Talvez a gente precise enfrentar nossos passados para seguir em frente.”
Página 69
“Talvez”, Elisa murmurou, pensativa. Ela levantou-se e estendeu a mão para o lobisomem. “Vamos continuar nossa jornada. Talvez o futuro seja melhor do que imaginamos.” O lobisomem olhou para sua mão, hesitante. Mas, sem dizer uma palavra, ele a pegou. Pela primeira vez, ele sentiu uma sensação de esperança. Talvez, juntos, eles conseguissem enfrentar o que estava por vir.
Página 70
O caminho à frente parecia mais claro agora, mas o lobisomem sabia que havia mais desafios aguardando-os. As lembranças do passado, tanto de Elisa quanto dele, estavam sempre ali, como sombras a espreitar. Mas a presença de Elisa ao seu lado trouxe uma luz que ele não esperava. E talvez fosse isso que ele precisava para seguir em frente.
Página 71
À medida que caminharam pela floresta, o lobisomem sentiu uma força renovada. Elisa estava com ele, e isso fazia tudo parecer diferente. Eles não eram mais dois seres solitários. Eles eram companheiros, unidos por algo que ia além de suas diferenças. E juntos, iriam encontrar o que buscavam, mesmo que não soubessem exatamente o que isso significava.
Página 72
O sol estava começando a se pôr quando chegaram a uma nova clareira. Elisa olhou para o lobisomem e sorriu. “Estamos mais perto de encontrar o que procuramos, não é?”, disse ela. O lobisomem sorriu de volta, a expressão mais suave do que nunca. “Sim”, respondeu ele. “Estamos.” E, pela primeira vez em muito tempo, ele se sentiu pronto para o que viria a seguir.
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Capítulo 7: A Revelação do Passado
(Páginas 73-84)
Página 73
O amanhecer trouxe um vento suave que acariciava o rosto de Elisa e do lobisomem. A clareira onde haviam descansado parecia ser um novo começo. O lobisomem sabia que o passado deles os seguiria, mas havia algo diferente no ar. Algo que indicava que o que viria seria ainda mais desafiador. Eles haviam andado por quilômetros naquela floresta densa, mas agora, ele sentia que estavam chegando a algo importante.
Página 74
“Você acha que vamos encontrar o que estamos procurando?”, perguntou Elisa, quebrando o silêncio que pairava entre eles. Ela estava mais calma, mas seus olhos ainda carregavam a dúvida que o lobisomem conhecia tão bem. Ele olhou para ela e deu um leve sorriso. “Não tenho certeza. Mas acho que o que precisamos está à frente. Talvez a gente só precise continuar andando.” Elisa suspirou, mas se sentiu mais confiante ao ouvir suas palavras.
Página 75
Enquanto caminhavam, o lobisomem sentiu algo estranho. Era como se o terreno ao redor deles estivesse mudando, como se algo estivesse se aproximando. Ele parou de repente e olhou para Elisa. “Tem algo errado”, disse ele com um tom de voz mais grave. Elisa parou, olhando ao redor. Ela não sentia nada, mas confiava no instinto do lobisomem. “O que está acontecendo?”, perguntou ela, com o coração acelerado.
Página 76
Antes que o lobisomem pudesse responder, uma sombra escura surgiu à distância, cortando o céu com uma velocidade assustadora. O lobisomem se colocou na frente de Elisa, seu corpo tenso, pronto para qualquer ameaça. “Fique atrás de mim”, ordenou ele, seus olhos fixos na sombra que se aproximava. Elisa obedeceu sem hesitar, sentindo a tensão crescente no ar.
Página 77
A sombra se aproximou mais, e logo eles puderam ver de quem se tratava. Era um outro lobisomem, muito maior do que o que Elisa conhecia, com olhos vermelhos brilhantes e um olhar feroz. Ele parou na frente deles, rosnando, e o lobisomem à sua frente se ergueu, mostrando os dentes. “Você não deveria ter vindo até aqui”, disse o lobisomem, sua voz grave e desafiadora. O outro lobisomem riu de forma sarcástica. “Você acha que pode me deter? Eu sou parte do que você era, antes de ser fraco e fugido.”
Página 78
Elisa olhou entre os dois lobisomens, sentindo o clima de confronto. “Quem é ele?”, perguntou ela, com um fio de medo na voz. O lobisomem ao seu lado olhou para ela, seus olhos doloridos. “É meu passado. Ele é... um reflexo do que eu fui. Um monstro sem coração.” O outro lobisomem sorriu de forma cruel. “Você se esqueceu do que era, mas não pode fugir de sua natureza.” A tensão entre os dois lobisomens crescia, e Elisa sentiu o perigo iminente.
Página 79
O lobisomem olhou para Elisa, tentando passar-lhe confiança. “Eu não sou mais aquele ser. Eu mudei, e isso é algo que você nunca entenderá”, disse ele ao seu inimigo, com determinação. O outro lobisomem riu, suas garras afiadas brilhando à luz do sol. “Você acha que pode mudar quem você é? Está brincando. Os monstros nunca mudam, só se escondem.” O lobisomem respirou fundo e se preparou para lutar, mas Elisa deu um passo à frente.
Página 80
“Espere!”, gritou Elisa, seu coração batendo forte. Ela não sabia o que a estava impulsionando, mas sentiu que era agora ou nunca. “Ele não é mais esse monstro! Ele mudou. Eu vi isso!” O lobisomem olhou para ela, surpreso com a coragem dela, mas também com a sinceridade de suas palavras. O outro lobisomem olhou para Elisa, cético, mas algo em seu olhar vacilou. Ele se aproximou mais, ainda mantendo uma postura ameaçadora.
Página 81
“Você acha que uma simples humana vai mudar o que eu sou? O que ele é?”, zombou o outro lobisomem. “Não importa o que você pense, a verdade é que vocês são iguais. E eu vou fazer você se lembrar disso.” O lobisomem olhou de volta para Elisa, seu olhar sério. “Não se deixe enganar. O passado nos persegue, mas não precisamos ser reféns dele.”
Página 82
Com uma rapidez impressionante, o lobisomem avançou, enfrentando o outro com uma fúria controlada. Elisa ficou ali, observando, sem saber o que fazer. Ela queria ajudar, mas sabia que a batalha entre eles era mais do que ela poderia entender. Era uma luta pela identidade, pela mudança. O confronto entre os dois lobisomens parecia imenso, uma luta de raiva e arrependimento, mas também de aceitação.
Página 83
Finalmente, o outro lobisomem recuou, parecendo vacilar diante da determinação do lobisomem ao seu lado. “Você ainda está fugindo do que é, mas talvez tenha razão. O que eu pensava ser impossível... pode não ser”, disse ele com um tom mais suave. O lobisomem o observou, respirando pesadamente. “Não sou mais quem você pensa que sou”, disse ele, com firmeza. O outro lobisomem o encarou por mais alguns segundos, antes de desaparecer na floresta, sem mais uma palavra.
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Elisa se aproximou do lobisomem, que estava ofegante e cansado. “Você... você está bem?”, perguntou ela, com preocupação. Ele olhou para ela, surpreso por sua preocupação. “Sim. Mas o passado nunca vai embora completamente. Ele sempre estará lá, em algum lugar.” Elisa colocou a mão em seu ombro. “Mas isso não significa que você precise deixar ele controlar quem você é. Você é mais do que isso.” Ele sorriu levemente, grato por suas palavras, mas sabia que a batalha interna ainda não havia terminado.
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Capítulo 8: O Encontro com a Verdade
(Páginas 85-96)
Página 85
Após o confronto com o lobisomem do passado, a floresta voltou a sua tranquilidade. O sol estava se pondo, tingindo o céu de tons alaranjados e vermelhos, mas a sensação de tensão ainda pairava no ar. O lobisomem e Elisa caminharam em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. O lobisomem sabia que, embora tivesse vencido aquela batalha, o verdadeiro desafio ainda estava por vir.
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"Você não acha que isso vai ser um problema mais tarde?" Elisa perguntou, quebrando o silêncio. Ela estava preocupada com o lobisomem, com a intensidade do confronto que acabaram de presenciar. "Não tenho certeza", respondeu ele. "O passado pode se esconder por um tempo, mas uma hora ele sempre volta. O importante é que agora eu sei que posso controlá-lo." Elisa o olhou com um sorriso suave. Ela acreditava nele, mais do que qualquer coisa.
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À medida que avançavam, a floresta parecia se tornar mais densa. As árvores gigantescas e os arbustos espessos começaram a criar um caminho apertado. O lobisomem estava alerta, seus sentidos aguçados, ciente de que algo estava diferente. Elisa também sentia isso, uma presença estranha que a fazia ficar em alerta. "Tem algo aqui", sussurrou ele, os olhos fixos nas sombras à frente. "Fique perto de mim."
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Subitamente, uma figura apareceu diante deles, emergindo das sombras como se estivesse esperando por eles. Era uma mulher, mas não qualquer mulher. Ela tinha uma aura misteriosa, quase etérea, com olhos que pareciam conhecer os segredos mais profundos do mundo. Elisa deu um passo atrás, instintivamente, mas o lobisomem permaneceu calmo, estudando a estranha. "Quem é você?", perguntou ele, a voz firme.
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"Eu sou aquela que observa, aquela que guarda o que foi perdido", respondeu a mulher, com uma voz suave, mas cheia de poder. "Eu sei quem você é, lobisomem. Sei tudo sobre seu passado. E sei o que você procura." O lobisomem estreitou os olhos, desconfiado. "O que você quer de nós?" A mulher sorriu, como se soubesse exatamente o que ele estava pensando. "Eu não quero nada. Eu apenas vim para guiá-los."
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Elisa olhou para o lobisomem, confusa e desconfortável. "Guiá-los para onde?" perguntou ela, sua voz cheia de dúvidas. A mulher olhou diretamente para Elisa, e por um momento, parecia que ela estava olhando dentro de sua alma. "Para o fim de suas dúvidas. Para a verdade que você tanto evita." O lobisomem não sabia o que pensar. Havia algo nela que não parecia certo, mas ao mesmo tempo, ele sentia que a mulher sabia mais do que ele próprio sobre sua jornada.
Página 91
"A verdade..." O lobisomem murmurou, pensativo. Ele havia fugido dela por tanto tempo. A verdade sobre o que ele era, sobre o que poderia ser. "Você vai nos levar até essa verdade?" A mulher assentiu. "Sim. Mas para encontrar o que realmente procuram, terão que enfrentar o que mais temem." O lobisomem olhou para Elisa, que parecia tão hesitante quanto ele. "E se não conseguirmos?", ele perguntou, a dúvida transparecendo em sua voz.
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"Se não conseguirem, então a verdade os consumirá", disse a mulher, com um tom sério. "Mas se tiverem coragem, ela os libertará." O lobisomem respirou fundo. Era um risco que ele não sabia se estava pronto para correr. Mas Elisa estava ali, e ele sabia que, ao lado dela, poderia enfrentar qualquer coisa. "Estamos prontos", disse ele, com mais confiança do que sentia. Elisa olhou para ele e assentiu, mesmo que, no fundo, também estivesse cheia de incertezas.
Página 93
A mulher sorriu, como se já soubesse o que eles iriam escolher. "Então, sigam-me." Ela virou-se e começou a caminhar, com a mesma graça e mistério. O lobisomem e Elisa a seguiram, os passos ressoando na terra silenciosa da floresta. O caminho parecia sem fim, e a cada passo, o ar ficava mais pesado. Mas algo no fundo de seu coração dizia que eles estavam mais perto de algo importante.
Página 94
Depois de horas caminhando, a floresta se abriu para revelar uma antiga construção, uma espécie de templo escondido entre as árvores. As paredes estavam cobertas de musgo e heras, e a entrada estava oculta, como se a própria natureza tentasse escondê-la. "Este é o lugar", disse a mulher, parando na porta do templo. "Aqui, a verdade será revelada." O lobisomem se aproximou, o coração acelerado. Elisa olhou para ele, com os olhos cheios de dúvidas, mas também com a vontade de saber o que estava por trás daquela porta.
Página 95
"Estamos prontos?", perguntou Elisa, sua voz cheia de apreensão. O lobisomem olhou para ela e, por um momento, eles se entenderam sem palavras. "Sim", respondeu ele, com firmeza. Ele deu o primeiro passo, entrando no templo, com Elisa ao seu lado. A porta se fechou atrás deles, e a escuridão os envolveu. Eles sabiam que estavam prestes a descobrir algo que mudaria tudo. Algo que eles não poderiam mais voltar atrás.
Página 96
Dentro do templo, uma luz fraca emanava de uma fonte invisível. O lobisomem e Elisa estavam cercados por antigas inscrições e símbolos que pareciam contar uma história que eles ainda não entendiam. A mulher os olhou, seus olhos brilhando com conhecimento. "Aqui, vocês enfrentarão suas próprias verdades. Estão preparados para ver o que realmente são?"
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Capítulo 9: O Enigma da Verdade
(Páginas 97-108)
Página 97
Dentro do templo, a luz fraca iluminava os contornos de uma sala ampla e silenciosa. O ar estava denso, como se o tempo ali fosse diferente, mais pesado. O lobisomem e Elisa caminharam em direção ao centro da sala, onde uma grande pedra estava posicionada no chão. Em cima dela, havia uma inscrição antiga que parecia brilhar à medida que se aproximavam. A mulher, que os havia guiado até ali, ficou atrás, observando-os com um olhar enigmático.
Página 98
“É aqui que começa a verdade?”, perguntou Elisa, seu olhar curioso, mas apreensivo. O lobisomem permaneceu em silêncio por um momento, observando a inscrição na pedra. Algo naquele símbolo lhe parecia familiar, como se ele tivesse visto aquilo em algum lugar antes, mas não conseguia se lembrar onde. Ele olhou para a mulher. “O que significa isso?” A mulher sorriu levemente, como se soubesse que ele faria essa pergunta. “Essa pedra é um portal. Mas não será fácil atravessá-lo. Para abrir a porta, você precisa enfrentar sua própria essência.”
Página 99
O lobisomem sentiu um frio na espinha. A ideia de enfrentar sua essência, aquilo que ele temia mais do que qualquer coisa, parecia aterradora. “E o que acontece se falharmos?”, perguntou ele, a dúvida em sua voz. A mulher o olhou com um semblante sério. “Se falharem, ficarão presos aqui para sempre, no limbo entre o que eram e o que poderiam ser. Mas se tiverem coragem, vocês serão libertos. A verdade, por mais dolorosa que seja, os libertará.” O lobisomem olhou para Elisa, e ela sorriu suavemente, tentando transmitir confiança.
Página 100
“Estamos juntos nisso”, disse Elisa, com um tom firme. O lobisomem olhou para ela e, por um momento, se sentiu mais forte. A mulher, então, se afastou um pouco, gesticulando para que eles se aproximassem da pedra. “A jornada começa agora. Apenas um de vocês pode tocar a pedra de cada vez. O primeiro a tocar será quem iniciará a revelação.” Elisa olhou para o lobisomem. “Você vai primeiro?”, ela perguntou, embora soubesse que ele não hesitaria. Ele assentiu com um leve sorriso.
Página 101
O lobisomem se aproximou da pedra, seu coração acelerado. Ele podia sentir a presença de algo maior do que ele ali, algo que estava além de qualquer compreensão. Com a mão tremendo, ele tocou a pedra. Imediatamente, uma onda de luz envolveu seu corpo, e ele foi arrebatado por uma visão. Ele se viu de volta àquela noite, a noite em que se transformou pela primeira vez. Lembranças de dor, de perda e de raiva o assolaram. Ele viu os rostos das pessoas que ele havia magoado, suas mãos sangrentas, suas próprias feridas, físicas e emocionais.
Página 102
“Não sou mais aquele monstro”, ele pensou, tentando se livrar daquela visão. Mas a dor era real, tão real quanto a carne. Ele viu sua transformação, como perdeu o controle e se entregou à fera dentro de si. Cada passo que deu naquela direção era uma perda, uma escolha errada que o afastava de sua humanidade. Mas, então, a imagem começou a mudar. Ele viu Elisa, o amor que começou a nascer entre eles. Ela era a luz em sua escuridão, o ponto de esperança que ele havia esquecido que existia.
Página 103
A visão o envolveu completamente, e ele percebeu que, apesar de tudo o que ele havia feito, ele ainda tinha a chance de mudar. O lobisomem não precisava ser um monstro. A verdade não era uma condenação, mas uma libertação. Ele poderia ser mais do que suas falhas. A visão desapareceu tão rapidamente quanto havia começado, e ele se viu de volta à sala, ofegante, com a testa suada. Elisa estava ao seu lado, olhando-o com preocupação.
Página 104
“Você está bem?”, perguntou ela, segurando sua mão. O lobisomem respirou fundo, tentando processar tudo o que acabara de ver. “Eu... vi meu passado. Vi tudo o que fui. As coisas que fiz.” Ele hesitou, mas continuou. “Mas também vi que posso mudar. Posso ser mais do que isso.” Elisa sorriu suavemente. “Eu já sabia disso. Eu sempre acreditei em você.” Ele olhou para ela, agradecido. “Eu não sei o que faria sem você.” Ela apertou sua mão, mais forte, com um olhar cheio de amor.
Página 105
“Agora é sua vez”, disse ele, com um sorriso leve. Elisa olhou para a pedra com um pouco de receio, mas sentiu uma onda de coragem a invadir. “Eu também tenho o que enfrentar, não é?” O lobisomem assentiu. “Sim. Todos nós temos nosso próprio passado. Nossa própria verdade.” Elisa deu um passo em direção à pedra, e ao tocá-la, uma nova onda de luz envolveu seu corpo. Ela foi imediatamente transportada para um lugar estranho, uma visão da sua própria vida, suas escolhas e os dilemas internos que a atormentavam.
Página 106
Ela viu as vezes em que duvidou de si mesma, as decisões que a levaram até aquele ponto. Ela viu suas próprias falhas e inseguranças, mas também as coisas boas que havia feito, as pessoas que havia ajudado, o amor que havia oferecido. Elisa compreendeu, então, que a verdade não era apenas sobre os erros, mas sobre os acertos também. E, ao contrário do que pensava, ela não precisava ser perfeita para ser digna de amor e felicidade. A luz a envolveu ainda mais forte, e a visão desapareceu.
Página 107
Quando Elisa voltou à realidade, o lobisomem estava ao seu lado. “Você viu?”, perguntou ele suavemente. Elisa olhou para ele, seus olhos brilhando. “Sim. Vi que o passado não define quem somos. Podemos ser melhores, podemos aprender com nossos erros.” O lobisomem sorriu. “Você está certa. Agora sabemos a verdade. E ela não nos destruiu. Ela nos libertou.” Elisa sorriu, um sorriso genuíno. “Sim, nos libertou.” Eles estavam prontos para o que viesse a seguir.
Página 108
A mulher, que observava a cena silenciosamente, agora se aproximou. “Vocês enfrentaram suas verdades com coragem. Isso os torna mais fortes. Agora, o caminho à frente está claro. Vocês estão prontos para viver o que sempre mereceram.” O lobisomem e Elisa se olharam, cientes de que o mais difícil já havia passado. Eles tinham um ao outro, e, juntos, poderiam enfrentar qualquer coisa.
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Capítulo 10: O Caminho da Liberdade
(Páginas 109-120)
Página 109
Após a revelação das suas verdades, o lobisomem e Elisa estavam mais próximos do que nunca. A mulher misteriosa que os guiou até o templo olhou para os dois, um sorriso de aprovação nos lábios. “Agora que enfrentaram seus medos mais profundos, estão prontos para seguir em frente. A estrada à frente não será fácil, mas agora vocês sabem o que devem fazer.” Ela fez uma pausa, como se esperando que compreendessem o peso das palavras.
Página 110
Elisa olhou para a mulher com um olhar curioso. “E o que devemos fazer agora?” A mulher apontou para a entrada do templo, onde um caminho se abria, iluminado por uma luz suave. “Vocês devem seguir por essa trilha até o final. O que encontrarem lá é o destino de vocês, algo que somente os dois podem decidir.” O lobisomem olhou para Elisa e, sem palavras, ambos sentiram que essa jornada, a verdadeira, estava apenas começando.
Página 111
Eles começaram a caminhar pela trilha iluminada, que se estendia pela floresta densa e misteriosa. As árvores ao redor eram imponentes e sombrias, mas não havia medo em seus corações. Pelo contrário, sentiam uma paz profunda, como se a floresta os abraçasse. O lobisomem, agora mais calmo, respirava a fragrância fresca da noite. Elisa, ao seu lado, parecia mais confiante a cada passo que davam.
Página 112
“É estranho”, disse Elisa, quebrando o silêncio. “Eu nunca imaginei que a verdade fosse algo tão... libertador.” O lobisomem sorriu para ela. “Eu também não. Achei que enfrentar o que sou me destruiria. Mas, na verdade, me fez mais forte.” Eles pararam por um momento, olhando um para o outro, sentindo que estavam realmente vivendo aquele momento. A jornada deles agora era mais do que uma busca por respostas. Era uma busca por uma nova vida, juntos.
Página 113
À medida que avançavam, o ambiente ao redor parecia mudar. A floresta se tornava mais clara, e o som dos animais noturnos começou a desaparecer. Havia algo diferente no ar, como se o mundo estivesse em espera, observando o que aconteceria a seguir. O lobisomem sentiu que algo estava prestes a acontecer. Algo que mudaria suas vidas para sempre.
Página 114
De repente, o caminho à frente ficou visivelmente mais claro, e uma enorme clareira surgiu diante deles. No centro da clareira havia um lago, cujas águas refletiam a lua cheia que brilhava no céu. A beleza do lugar era indescritível, e ambos ficaram em silêncio, maravilhados. O lobisomem sentiu uma sensação de paz, algo que ele nunca experimentara antes. Elisa o olhou, com um sorriso de admiração. “É lindo aqui.”
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“Sim, é”, respondeu ele, com a voz suave. “Nunca imaginei que chegaria a um lugar como este.” Mas, ao olhar para o lago, o lobisomem sentiu que algo importante estava prestes a ser revelado. Ele deu um passo em direção à água, e Elisa o seguiu. Quando ele tocou a superfície do lago com a ponta dos dedos, uma onda de luz brilhou na água, revelando imagens. Imagens de um futuro ainda por vir. Eles viram a si mesmos juntos, enfrentando desafios, mas também compartilhando momentos de felicidade.
Página 116
As imagens no lago mostravam os dois caminhando por vários lugares, enfrentando dificuldades e conquistas, mas sempre juntos. O lobisomem sentiu uma profunda conexão com aquele futuro, como se fosse o destino deles. Elisa olhou para ele e, sem dizer uma palavra, entendeu. “Este é o nosso caminho, não é?” perguntou ela. O lobisomem a olhou com um sorriso sincero. “Sim. Este é o nosso caminho. Juntos.”
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A mulher misteriosa apareceu ao lado deles, como se estivesse esperando o momento certo para se manifestar. “Vocês viram o que o futuro lhes reserva. Agora, podem escolher seguir por esse caminho ou voltar atrás. A decisão é de vocês.” O lobisomem e Elisa se entreolharam, e sem hesitar, ambos tomaram a decisão. Não importava o que o futuro reservava, eles escolheriam caminhar juntos, enfrentando o que quer que viesse. O lobisomem estendeu a mão para Elisa. “Vamos juntos, até o fim.”
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Ela sorriu e segurou sua mão com força. “Sim, juntos.” A mulher misteriosa acenou com a cabeça e desapareceu nas sombras da floresta. O lobisomem e Elisa começaram a caminhar pelo caminho iluminado à frente, sabendo que, independentemente do que os aguardava, tinham um ao outro. A jornada deles não seria fácil, mas eles estavam prontos para enfrentar qualquer desafio. Porque, juntos, nada poderia detê-los.
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O céu estava claro e sem nuvens, e a lua cheia brilhava acima deles, iluminando o caminho à frente. O lobisomem, agora mais calmo e sereno, sentia uma paz que nunca imaginou ser possível. Elisa, ao seu lado, parecia radiante, com o coração cheio de esperança. Eles sabiam que estavam prestes a começar uma nova vida, uma vida que seria marcada por amor, coragem e a certeza de que, não importa o que acontecesse, estariam sempre juntos.
Página 120
E assim, com passos firmes e corações cheios de determinação, o lobisomem e Elisa seguiram pelo caminho da liberdade, prontos para enfrentar o futuro que os aguardava. Juntos, eles haviam encontrado algo mais valioso do que qualquer coisa que haviam procurado antes: o verdadeiro significado de ser livre e, acima de tudo, de ser amado.