Havia muitos anos, em um vilarejo afastado, um jovem chamado Austin. Seus pais, simples aldeões, sempre lhe contaram histórias sobre um lugar misterioso que ficava além das colinas, conhecido como o Bosque de Olhos Dourados. Ninguém se atrevia a entrar ali. Dizia-se que a floresta guardava um segredo antigo, uma força selvagem que poderia destruir qualquer um que ousasse desafiá-la.
Mas, para Austin, a curiosidade sempre foi mais forte do que o medo. Ele passava as tardes observando o horizonte, imaginando o que poderia existir por trás daquelas árvores gigantes. Um dia, algo aconteceu. Uma noite de tempestade trouxe consigo uma luz estranha e cintilante. O vento sussurrou, e uma voz quase inaudível chamou seu nome. Era como se o próprio Bosque de Olhos Dourados estivesse esperando por ele.
Decidido a descobrir a verdade, Austin fez o que ninguém jamais fizera: ele partiu para o bosque, sem falar com ninguém sobre seus planos. Levou consigo apenas uma lanterna e uma capa de chuva. O caminho era íngreme e traiçoeiro, com raízes que pareciam querer puxá-lo para a terra e arbustos espinhosos que se entrelaçavam ao redor de seus pés. Mas Austin não desistiu. A voz o guiava, e ele sabia que o destino o chamava.
Ao entrar na floresta, a luz da lanterna se apagou misteriosamente. Porém, à medida que seus olhos se acostumavam com a escuridão, ele percebeu que a floresta estava viva de uma maneira estranha. Árvores com troncos torcidos e folhas douradas balançavam suavemente, como se dançassem ao som de uma música inaudível. Os animais não estavam assustados; ao contrário, pareciam observá-lo, como se o reconhecessem.
Austin avançou, mais cauteloso. Quando chegou a uma clareira, encontrou algo que jamais imaginara: uma grande pedra, lisa e brilhante, com símbolos antigos gravados em sua superfície. No centro, um brilho dourado pulsava, como o coração de uma estrela. A voz, agora clara, lhe disse: “Toque a pedra, e o segredo será revelado.”
Com o coração batendo forte, Austin estendeu a mão e tocou a pedra. Num instante, o chão tremeu e uma porta secreta se abriu nas profundezas da terra. Austin desceu por uma escada de pedra, a luz dourada iluminando seu caminho. Ao chegar ao fundo, ele encontrou uma sala gigantesca, repleta de livros antigos, pergaminhos e artefatos de tempos esquecidos.
Ali, no centro da sala, estava um homem idoso, de aparência nobre, mas com um semblante cansado. Seus olhos brilhavam com uma sabedoria imensa. “Eu sou o Guardião do Bosque”, disse ele. “Por séculos, protegi o segredo do coração da floresta. Mas agora, chegou a hora de alguém novo assumir o posto.”
Austin ficou espantado. Ele mal podia entender o que estava acontecendo. O guardião sorriu e explicou: “O Bosque de Olhos Dourados não é apenas uma floresta. Ele é um portal entre mundos, um lugar onde as forças da natureza se encontram. E você, Austin, foi escolhido para ser o próximo guardião. A floresta precisa de alguém que compreenda a harmonia entre o homem e a natureza.”
“Eu?” Austin balbuciou. “Eu sou apenas um aldeão. Não sei nada sobre magia ou sobre como cuidar de um bosque tão poderoso!”
“Você não precisa saber tudo agora”, disse o guardião com um sorriso gentil. “A sabedoria virá com o tempo, e o coração da floresta sempre guiará aqueles que buscarem a verdade.”
Antes que Austin pudesse fazer mais perguntas, o guardião se levantou e, com um gesto suave, desapareceu em uma nuvem de pó dourado. A sala ficou silenciosa, mas a sensação de conexão com a floresta aumentou dentro de Austin. Ele agora compreendia o propósito de sua jornada.
Ao retornar ao vilarejo, Austin não falou sobre o que acontecera. Sabia que a floresta precisava de silêncio, e ele se tornaria o elo entre os dois mundos. Todos os dias, ele visitava o Bosque de Olhos Dourados, e, com o tempo, aprendeu a ouvir os sussurros das árvores, a dançar com o vento e a cuidar da vida que ali florescia.
E assim, o jovem aldeão se tornou o guardião da floresta, protegendo o segredo do coração do bosque, agora com olhos dourados como o sol nascente.