Helena estava sentada na beirada da cama, com os braços cruzados e o olhar fixo no chão. O quarto onde era mantida prisioneira era luxuoso, mas a opulência não apagava o fato de que ela estava ali contra sua vontade. As paredes eram escuras, os móveis de madeira maciça, e o grande espelho na parede refletia sua figura pequena e frágil.
A porta se abriu com um estrondo, e Alex entrou, a presença dele preenchendo o cômodo como uma tempestade. Ele vestia uma camisa preta, ligeiramente aberta, revelando parte das tatuagens que cobriam seu peito. Seus olhos castanhos escuros a analisaram de cima a baixo, carregados de posse.
— Está tão calada hoje, pequena — ele disse, fechando a porta atrás de si.
Helena levantou o olhar, desafiadora, embora a força de sua expressão não combinasse com o nó de medo que sentia no peito.
— O que você quer que eu diga? Que estou feliz de ser sua prisioneira? — sua voz tremia levemente, mas ela manteve a postura firme.
Alex sorriu de lado, aproximando-se. Cada passo parecia um aviso de que ela não tinha saída.
— Quero que entenda seu lugar, Helena. Você está aqui porque pertence a mim. Não adianta lutar contra isso.
Ela se levantou, tentando manter uma distância segura, mas ele foi mais rápido, segurando seu pulso com força e puxando-a para perto. O cheiro dele era intenso, uma mistura de perfume caro e perigo.
— Eu não pertenço a você, Alex! — ela gritou, tentando se soltar. — Você me sequestrou! Isso não é amor!
Ele riu, mas havia algo sombrio na risada.
— Amor? Não me interessa o que você chama de amor. Isso aqui é real. Eu faço o que quero, e você é minha. Ninguém mais toca em você, ninguém mais olha para você. Entendeu? — sua voz era baixa, mas carregada de ameaça.
Helena sentiu os olhos marejarem, mas não queria que ele visse suas lágrimas.
— Você é doente, Alex. Isso não é certo...
Ele a empurrou suavemente para a cama, inclinando-se sobre ela. Seu olhar estava fixo nos olhos verdes dela, e um sorriso frio se formou em seus lábios.
— Certo ou errado, pequena, não importa. O mundo que conheço é feito de poder, e eu sou o mais forte. Você foi feita para estar ao meu lado, mesmo que tenha que aprender isso da maneira mais difícil.
Ela desviou o olhar, tentando ignorar a forma como seu coração batia descompassado. Havia algo em Alex que a assustava, mas também a atraía de uma maneira que ela não conseguia explicar.
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Mais tarde naquela noite, os dois estavam deitados na cama. O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca do abajur. Alex estava deitado ao lado dela, o braço tatuado ao redor de sua cintura, segurando-a firmemente contra seu corpo.
— Por que eu? — Helena murmurou, quebrando o silêncio. — De todas as mulheres, por que você me escolheu?
Alex suspirou, passando os dedos pelo cabelo branco dela.
— Porque você é diferente. Não é como as outras. Você não tenta me agradar, não tenta ser algo que não é. Eu gosto disso. E seu corpo... — Ele a puxou ainda mais para perto, o tom possessivo em sua voz. — É perfeito. Feito para mim.
Ela fechou os olhos, sentindo as lágrimas escorrerem.
— Isso não é justo... Eu nunca tive escolha.
Ele a virou de frente para si, segurando seu queixo com firmeza.
— Eu não sou um homem justo, Helena. Nunca fui. E você... Você não precisa de escolhas. Eu faço todas por você.
Ela o encarou, perdida naquele olhar intenso e implacável. No fundo, sabia que estava presa não apenas pelas paredes daquele quarto, mas também pela força que Alex exercia sobre ela. Uma força que a consumia e a aterrorizava ao mesmo tempo.
E, no fundo, isso a fazia questionar: seria possível resistir ao caos que era Alex? Ou ela já havia se rendido sem perceber?