Agatha ajustou os óculos no rosto e abriu seu livro enquanto mordiscava um pedaço de sua maçã. O refeitório estava lotado, como sempre, mas ela preferia se isolar em uma mesa nos fundos. Não era exatamente popular, mas não se importava com isso. Tudo o que queria era terminar aquele capítulo antes da aula de química.
Do outro lado do salão, Jonathan a observava. O garoto mais popular da escola, capitão do time de futebol e conhecido por sua frieza, não conseguia tirar os olhos dela. Não era algo que ele compreendia; Agatha não fazia parte do mundo dele, mas havia algo em sua calma e inocência que o intrigava – e, de forma inquietante, o deixava possessivo.
---
Jonathan largou a bandeja na mesa com força, interrompendo a concentração de Agatha.
— Você sempre fica aqui, sozinha? — perguntou, com o tom autoritário que fazia os outros tremerem.
Ela ergueu os olhos, surpresa.
— Hã... Sim. Algum problema? — disse, ajeitando os óculos, tentando entender o motivo de sua abordagem.
Jonathan sentou-se ao lado dela, ignorando o desconforto evidente em seu rosto.
— Problema nenhum. Mas não gosto disso — respondeu, direto.
Agatha piscou, confusa.
— Não gosta do quê? Eu nem te conheço.
Ele inclinou a cabeça, com um meio sorriso.
— Não gosto de te ver sozinha. E não gosto de como outros caras olham pra você.
Ela engasgou com a surpresa, colocando o livro na mesa.
— O quê? Isso não faz sentido! Ninguém olha pra mim, Jonathan. Você tá... tá louco?
Ele segurou o pulso dela suavemente, mas com firmeza, seus olhos fixos nos dela.
— Não estou louco, Agatha. Só não vou permitir que ninguém se aproxime de você. Entendeu?
Ela puxou o braço, sentindo o coração acelerar.
— Isso é ridículo. Por que você se importa? Você mal sabe quem eu sou!
Jonathan deu um sorriso sombrio.
— Sei o suficiente. Sei que você é minha, mesmo que ainda não tenha percebido.
---
Nos dias seguintes, Agatha não podia dar um passo sem sentir o olhar penetrante de Jonathan. No corredor, na biblioteca, até na sala de aula, ele parecia sempre estar por perto.
Certa tarde, ela o encontrou esperando por ela na saída da escola.
— Jonathan! O que você quer? — perguntou, cruzando os braços.
Ele se aproximou, ignorando a expressão irritada dela.
— Quero você longe de outros caras. Aquele idiota do clube de xadrez estava flertando com você hoje.
Ela arregalou os olhos.
— Você tá espionando minhas conversas agora? Ele só perguntou sobre o torneio!
Jonathan se inclinou, diminuindo a distância entre eles.
— Não me interessa o motivo. Eu não gosto, e não vai acontecer de novo.
Agatha sentiu o rosto corar, dividida entre raiva e um desconfortável fascínio.
— Você não pode simplesmente me controlar, Jonathan! Não somos nada um do outro!
Ele sorriu, frio.
— Não somos ainda, Agatha. Mas não importa. Você já é minha, e um dia vai entender isso.
Ela balançou a cabeça, frustrada.
— Você é louco.
Jonathan deu de ombros, os olhos ardendo com determinação.
— Talvez. Mas sou louco por você, e isso não vai mudar.
---
Com o tempo, Agatha começou a perceber que fugir de Jonathan era inútil. Ele estava em todos os lugares, protegendo-a de qualquer pessoa que se aproximasse, sempre com aquele olhar possessivo e intimidador.
Certa noite, enquanto revisava anotações em seu quarto, uma mensagem chegou no celular: "Desça. Agora."
Ela franziu a testa e olhou pela janela. Lá estava ele, parado ao lado de sua moto, com aquele sorriso que era ao mesmo tempo irritante e irresistível.
Agatha desceu, contrariada.
— Você não pode simplesmente aparecer assim! — reclamou, mas sua voz era menos firme do que gostaria.
Jonathan a olhou como se ela fosse a única coisa que importava no mundo.
— Eu posso fazer o que for necessário para estar com você. E você vai parar de lutar contra isso, Agatha. Não é uma escolha, é um fato.
Ela queria protestar, mas, naquele momento, percebeu que talvez ele tivesse razão. Algo nela já havia cedido, mesmo que ela ainda se recusasse a admitir.
E, no fundo, isso a assustava tanto quanto a atraía.