Em uma pequena cidade cercada por florestas densas, havia uma casa abandonada que todos evitavam. Os moradores contavam histórias sobre o lugar, dizendo que era assombrado por uma alma atormentada. Ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido ali, mas as lendas falavam de uma família que desaparecera sem deixar vestígios.
Um grupo de amigos, curioso e destemido, decidiu explorar a casa em uma noite de lua cheia. Eles estavam armados com lanternas e coragem, desafiando as advertências dos mais velhos. À medida que se aproximavam da casa, um vento frio soprou, fazendo as árvores balançarem como se estivessem tentando avisá-los para não entrarem.
Ao cruzar o limiar da porta rangente, uma sensação estranha tomou conta deles. O ar estava pesado e a temperatura parecia ter caído drasticamente. As paredes estavam cobertas de mofo e as janelas quebradas deixavam entrar sombras dançantes.
__Vamos nos separar e explorar. Sugeriu Pedro, o mais corajoso do grupo. Os outros hesitaram, mas acabaram concordando. Eles combinaram de se encontrar no andar de cima em meia hora.
Enquanto caminhava sozinho pelo corredor escuro, Clara sentiu um arrepio na espinha. Ela ouviu sussurros suaves que pareciam vir de um dos quartos. Atraída pela curiosidade, decidiu investigar. A porta estava entreaberta e, ao olhar para dentro, Clara viu uma boneca antiga sentada em uma cadeira de balanço, balançando suavemente sozinha.
__Oi? Clara chamou, mas a boneca não respondeu. O sussurro aumentou e ela sentiu como se alguém estivesse a observando. Com o coração disparado, ela decidiu sair do quarto.
No andar de cima, os outros amigos também tiveram suas experiências perturbadoras. Lucas encontrou um diário empoeirado que pertencia à mãe da família desaparecida. As páginas estavam cheias de desespero, mencionando vozes que chamavam por ela e uma presença estranha na casa.
Enquanto isso, Pedro vagava pelo sótão quando escutou risadas infantis ecoando ao seu redor. Ele virou-se rapidamente apenas para encontrar uma sombra fugaz passando pela parede. Assustado, ele correu para o corredor e encontrou Clara.
__Precisamos sair daqui! Algo não está certo. Disse ela ofegante.
Mas antes que pudessem descer as escadas, ouviram uma batida forte vindo da porta da frente. O som reverberou pela casa como um trovão, fazendo com que todos os amigos se reunissem no corredor.
__Foi você quem bateu? perguntou Lucas nervosamente.
__Nós precisamos ir agora! Gritou Pedro enquanto empurrava os amigos em direção à escada.
Mas quando chegaram ao pé das escadas, a porta estava trancada inexplicavelmente. Eles tentaram abri-la em vão; algo os mantinha presos dentro daquela casa maldita.
As luzes das lanternas começaram a piscar e as vozes se tornaram mais altas e mais insistentes.
__Ajude-nos! Ajude-nos! ecoava por toda a casa. Os amigos perceberam que as almas da família ainda estavam lá presas entre aquele mundo e o outro.
Desesperados, eles correram para o sótão na esperança de encontrar outra saída. Ao chegarem lá em cima, encontraram uma janela quebrada que dava para o telhado. Sem pensar duas vezes, todos escalaram até lá fora.
Mas quando olharam para baixo, perceberam que não estavam mais na cidade; em vez disso, estavam cercados por uma densa névoa que parecia engoli-los lentamente. A casa agora se erguia imponente atrás deles, como um monstro faminto.
__Estamos presos! Gritou Clara enquanto a névoa envolvia seus pés.
As vozes agora eram gritos desesperados:
__Fiquem! Fiquem com nós!
Em um último esforço para escapar da prisão sobrenatural da casa abandonada, os amigos decidiram unir suas forças e gritaram juntos:
__Nós não temos medo!
De repente, a névoa começou a se dissipar e eles sentiram um calor reconfortante envolvê-los. Com isso, eles foram sugados para longe da casa e caíram no chão da floresta onde tudo começou.
Quando olharam para trás, a casa havia desaparecido não havia sinal dela ou das almas perdidas que ali habitavam. Eles tinham conseguido escapar do terror daquela noite fatídica.
Mas mesmo assim… sempre que olhavam para aquela floresta densa à noite, sentiam um arrepio na espinha e ouviam sussurros ao vento um lembrete sombrio de que algumas casas nunca esquecem aqueles que ousam entrar.