O castelo da princesa ficava em um reino esquecido, cercado por um mar de espinhos, flores e sombras. À distância, a fortaleza parecia impenetrável, envolta em mistério e medo. Nenhum habitante ousava se aproximar — temiam os espinhos que se erguiam ao redor, como uma muralha natural e cruel, e os rumores sobre a princesa amaldiçoada.
Desde jovem, ela carregava as cicatrizes das lutas e traições. Os irmãos, todos ansiosos por conquistar o poder que lhes fora negado, conspiraram contra ela, espalhando mentiras e maldades. E, quando ela finalmente reivindicou o trono que era seu por direito, eles se voltaram ainda mais contra ela, tornando-se os primeiros a caírem sob seu comando de exílio. Naquela noite, decidiu que ninguém mais poderia tocá-la — em corpo ou coração. E foi então que, com o eco do feitiço sobre si, o castelo se encheu de espinhos, espelhando sua própria dor e desconfiança.
Mas o tempo passou, e as paredes imponentes do castelo ocultaram mais do que apenas espinhos: ali, flores cresceram, mesmo em meio à escuridão, com suas pétalas protegidas por espinhos afiados. Em seu silêncio, a princesa observava as flores, e, no fundo de sua amargura, sentia uma conexão com elas. Como as flores, ela também tinha se envolvido em espinhos para sobreviver, para se proteger.
Um dia, um príncipe audacioso chegou ao castelo, atraído não pela fama de riqueza ou poder, mas por algo que ele sentia ser parte do seu destino. Ao passar pelos espinhos e desviar das sombras, ele finalmente chegou até ela, e ela o encarou com uma frieza familiar. Mas o príncipe não se intimidou. Em vez disso, ele se aproximou das flores e tocou suas pétalas delicadas, observando os espinhos e refletindo.
“Essas flores têm espinhos, mas não são para machucar. Elas aprenderam a se proteger para que outros não as destruam,” ele disse, suavemente. “Assim como você.”
A princesa franziu a testa, não compreendendo completamente. O príncipe continuou a visitar o castelo, sempre cuidando das flores e conversando sobre o significado delas, sobre como haviam encontrado sua própria força. Aos poucos, a princesa começou a absorver as palavras dele. E, em uma noite de lua cheia, ela se sentiu corajosa o suficiente para perguntar:
“Por que você continua voltando?”
Ele sorriu, com uma paciência serena. “Porque acredito que, antes de qualquer pessoa, você merece ver sua própria beleza.”
Essas palavras a atingiram como um raio, e, naquela noite, ela começou a enfrentar as sombras dentro de si. Os espinhos ao seu redor representavam tanto o que havia perdido quanto o que tinha medo de encontrar. Mas, ao longo do tempo, o príncipe a ensinou a observar cada flor e entender que elas não eram apenas defesa, mas um reflexo de quem ela poderia ser.
Finalmente, ela olhou para seu próprio reflexo, para a imagem da rainha solitária e triste. E, ao ver-se verdadeiramente, começou a sentir o que era amar quem ela era. No momento em que compreendeu isso, os espinhos do castelo começaram a desaparecer. Com cada pétala que florescia, a maldição se desfazia.
Ao amanhecer, com o príncipe ao seu lado, ela sentiu o calor de uma nova vida florescendo em seu coração — uma vida em que o amor, finalmente, estava ao seu alcance.