Capitulo:02
Clara e Sofia continuaram paradas,os olhares fixos na pequena caixinha de música,enquanto a melodia suave preenchia o quarto. O sussurro que ouviram ainda ecoava em suas mentes: "O amor nunca morre". Embora estivessem acostumadas a rir das coincidências,dessa vez,algo mais profundo parecia acontecer ali.
-Acho que...alguém quer nos dizer algo, -disse Clara,tentando soar calma,mas o arrepio em seus braços denunciava seu nervosismo.
Sofia,que sempre foi a mais prática das duas,agora olhava ao redor,como se esperasse ver algum espírito flutuando no quarto.
-Se é alguém,que seja rápido e sem sustos,porque eu tô a um passo de correr daqui, -murmurou Sofia,segurando Clara pela cintura.
Clara,sentindo a tensão de Sofia,sorriu para tentar aliviar o momento. -Relaxar,amor. Vamos descobrir o que é. Pode ser apenas uma coincidência.
As duas se aproximaram da cômoda,a melodia continuava tocando,lenta e delicada. Clara,hesitante,pegou a caixinha nas mãos. Ao fazer isso,notou que havia algo gravado no fundo de madeira da caixinha,como um nome ou uma data.
-Tem algo aqui,olha. -Clara mostrou a parte inferior da caixa a Sofia.
-Está meio apagado,mas acho que é um nome.
Sofia se inclinou para olhar mais de perto. - "Elena e Maria,1923". Quem são elas?
Clara franziu a testa. -Não tenho ideia. Essa caixinha não era minha,deve ter pertencido aos meus avós,ou talvez até antes deles. Mas...Elena e Maria? Parece uma história de amor.
Sofia balançou a cabeça,com uma expressão pensativa. - "O amor nunca morre", a caixinha de música,dois nomes gravados. Eu sei que não acredito em fantasmas,mas isso tudo parece conectado.
Clara acariciou o rosto de Sofia suavemente. -Eu também sinto isso. Talvez seja por isso que viemos para cá. Algo está nos chamando,ou talvez,essa história precise ser revelada.
-E o que fazermos agora? -Sofia perguntou,o nervosismo ainda presente,mas agora misturado com curiosidade.
-Acho que deviamos investigar. Descobrir quem foram Elena e Maria, -Clara sugeriu,já animada com a ideia.
Sofia suspirou,mas o sorriso no rosto mostrava que ela estava disposta a seguir Clara,mesmo que isso envolvesse desvendar mistérios sobrenaturais. -Tá,detetive. Vamos começar por onde?
-Vamos ver se encontramos algum livro de registros ou fotos antigas aqui na casa. Talvez haja alguma pista. -Clara puxou Sofia pela mão,e as duas desceram de volta para o andar de baixo.
Enquanto reviravam os armários antigos e baús empoeirados,encontraram vários álbuns de fotos da familia,mas nenhum deles mencionavam Elena e Maria. A noite avançava,e a casa ficava cada vez mais envolta naquela atmosfera misteriosa,como se a própria casa estivesse ansiosa para que elas descobrissem a verdade.
Foi então que,ao abrir um baú no canto da sala de estar,Clara encontrou uma carta antiga,amarelada pelo tempo,com caligrafia elegante.
-Sofia,olha isso, -disse Clara,os olhos brilhando de excitação.
Sofia se aproximou,espiando a carta por cima dos ombros de Clara.
"Minha querida Maria,
Nunca imaginei que um dia escreveria estas palavras. O mundo não entende nosso amor,e talvez jamais entenda. Mas aqui,nesta casa,onde tudo começou,eu sei que estamos seguras. Nosso amor é eterno,e,se um dia alguém encontrar esta carta,espero que também saiba que o amor verdadeiro nunca morre..."
As duas ficaram em silêncio por um momento,deixando as palavras ecoarem em seus corações. A história que estavam descobrindo era,de certa forma,um reflexo do que elas mesmas sentiam uma pela outra.
-Clara, -disse Sofia,com a voz suave. -Acho que estamos vivendo o mesmo amor que elasviveram,de alguma forma.
-Eu também sinto isso, -respodeu Clara,apertando a mão de Sofia. -Talvez seja por isso que viemos para cá. Para honrar essa história de amor que nunca pôde ser contada.
Enquanto se abraçavam,a caixinha de música voltou a tocar,como se as almas de Elena e Maria estivessem agradecendo por finalmente serem ouvidas.