Capitulo:01
Clara e Sofia chegaram na velha casa de campo no início da tarde,de mãos dadas, sorrindo uma para a outra.Era a primeira vez que passavam um fim de semana sozinhas ali,sem a correria da cidade e as preocupações diárias.O plano era simples: relaxar,apreciar a tranquilidade do campo e curtir o momento.
-Esse lugar é perfeito,amor. Só nós duas,a paz do campo e uma lateira acesa à noite- disse clara,apertando suavemente a mão de sofia.
-Eu mal posso esperar para a parte da lareira. Estou com um friozinho que só você consegue aquecer,-Sofia piscou,arrancando uma risada de Clara.
No entanto, assim que passaram pela porta de madeira pesada da casa as duas perceberam que algo não estava certo. O ar lá dentro parecia mais frio,como se alguém tivesse deixado as janelas abertas por dias,e um leve cheiro de terra molhada impregnava o ambiente.
-Você sente isso?-perguntou Clara,franzindo a testa.-Está muito frio aqui dentro.
-Sinto...e também parece que a casa está nos observando, não acha? -Sofia respondeu,olhando ao redor.
-Elas deixaram suas malas no chão,mas,à medida que andavam pelos corredores da casa,um barulho baixo e constante,como sussurros vindos de longe,começou a ecoar pelas paredes.
-Ok,isso é estranho, -murmurou Sofia,se aproximando mais de Clara.
-Será que tem vento entrando em algum lugar?
Clara deu um sorriso nervoso. -Talvez. Ou,quem sabe,a casa quer nos dar as boas-vindas de um jeito...único.
Elas riram juntas,mas o desconforto era inegável. A casa,apesar de acolhedora por fora,parecia carregar um mistério profundo. As paredes rangiam levemente,e em certos momentos,parecia que passos ecoavam no andar de cima.
-Não vamos deixar isso eatragar noso fim de semana, -Clara disse,puxando Sofia pela cintura e plantando um beijo suave em seus lábios. -Eu trouxe o vinho. Vamos nos aquecer e esquecer essas bobagens.
-Você sempre sabe como me convecer, -Sofia sorriu,se acalmando ao toque de Clara.
Mas,enquanto preparavam a lareira,um som mais forte ecoou pela casa,como se uma porta tivesse batido no andar de cima. As duas pararam por um instante, se entreolhando.
-Clara,eu juro que ouvi uma porta fechar. E a gente não abriu nada lá em cima,certo?
-Certo... -Clara respondeu lentamente. - Parece que nosso fim de semana vai ter mais mistério do que esperávamos.
Sofia soltou um suspiro nervoso. -Acha que devemos verificar?
Clara hesitou,mas seu lado aventureiro falou mais alto. -Vamos juntas,e se for só vento ou algo assim,voltamos e abrimos o vinho,combinado?
Sofia assentiu,segurando a mão de Clara firme. Elas subiram as escadas devagar,cada degrau rangendo como se a casa estivesse viva. Ao chegarem ao corredor do segundo andar,notaram que uma porta ao fundo,a do antigo quarto dos avós de Clara,estava entreaberta. E um leve feixe de luz parecia vazar por ela,mesmo com todas as luzes apagadas.
-Isso não estava assim quando chegamos... -sussurrou Sofia,apertando ainda mais a mão de Clara.
Clara,sempre curiosa,empurrou a porta devagar,revelando o quarto antigo,mas o que chamou a atenção delas foi uma pequena caixinha de música sobre a cômoda. Ela estava aberta,girando sozinha,tocando uma melodia suave e nostálgica.
-Clara,isso não pode ser normal. Quem mexeu nessa caixinha? -Sofia sussurrou,a voz tremendo.
Clara engoliu em seco,mas antes de responder,um sussurro,como uma voz de longe,ecoou pela sala.
- "O amor nunca morre..."
As duas se entreolharam,os corações acelerados,mas ainda unidas. Algo estava tentando se comunicar,e talvez o fim de semana que planejavam fosse muito mais do que apenas uma pausa romântica.