"Sombras na Noite"
A cidade de Bravatta era conhecida por suas belas paisagens e por suas antigas histórias de amor. Porém, no coração da floresta densa que cercava a cidade, existia uma mansão abandonada, esquecida pelo tempo e repleta de mistérios sombrios. Diziam que o lugar era amaldiçoado, habitado por sombras que ecoavam histórias de paixão e dor.
Laura, uma jovem jornalista, decidira investigar a mansão após ouvir os relatos que se espalhavam pela cidade. Com seu espírito aventureiro e desejo de descobrir a verdade, ela decidiu passar uma noite na casa para escrever uma matéria que, esperava, a lançaria ao estrelato.
Ao chegar à mansão, o vento soprava de forma gélida, e a lua cheia iluminava o caminho com uma luz prateada e fantasmagórica. A porta da mansão se abriu com um gemido que ecoou pela floresta, como se a casa estivesse esperando por ela. Laura respirou fundo e entrou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.
A mansão estava em ruínas, com móveis cobertos por lençóis brancos, que pareciam fantasmas à espreita. Havia um odor de mofo e madeira apodrecida, mas algo mais pairava no ar – uma sensação de tristeza e desespero. À medida que a noite avançava, Laura ouviu sussurros que pareciam vir das paredes, e passos que ressoavam no andar de cima.
Determinada, ela subiu as escadas rangentes, seguindo os sons que a atraíam como um ímã. Cada passo era um mergulho mais fundo no desconhecido, mas algo dentro dela a impelia a continuar. Ela sentia que havia uma verdade oculta esperando para ser desvendada.
No último quarto do corredor, Laura encontrou um diário antigo em uma cômoda coberta de poeira. Ao abri-lo, as páginas amareladas revelaram a história de Isabel, uma jovem que havia morado naquela mansão há mais de um século. Isabel se apaixonara por um homem chamado Henrique, um forasteiro misterioso que prometera tirá-la da vida solitária que levava. Eles planejaram fugir juntos, mas na noite de sua fuga, um terrível acidente ocorreu. Isabel morreu, e Henrique, tomado pela dor, desapareceu sem deixar vestígios.
Enquanto Laura lia, sentiu uma presença atrás de si. Virando-se lentamente, encontrou o reflexo de uma mulher pálida, com olhos tristes e um vestido de renda branca, parado ao lado da cama. Era Isabel. Seu espírito estava preso naquela mansão, condenado a vagar pela eternidade, buscando o amor que lhe fora tirado.
Laura, embora assustada, sentiu uma conexão profunda com Isabel. De alguma forma, a dor daquela alma presa à casa se entrelaçava com a solidão que Laura também sentia. Isabel estendeu a mão, um gesto de súplica, como se pedisse ajuda. Laura, com o coração batendo acelerado, segurou a mão fantasmagórica e, ao fazer isso, foi envolvida por uma névoa fria.
De repente, a sala se transformou. Laura não estava mais na mansão em ruínas, mas em um salão iluminado por candelabros, repleto de convidados elegantemente vestidos. Ao longe, viu Isabel, viva, radiante, dançando nos braços de Henrique. Era como se Laura tivesse sido transportada para o passado, testemunhando o momento de maior felicidade de Isabel.
Mas, rapidamente, a cena mudou. A música parou abruptamente, e gritos de horror encheram o salão. Um incêndio começou a se espalhar, consumindo tudo em seu caminho. Isabel e Henrique tentaram escapar, mas foram separados pela multidão em pânico. Laura sentiu a dor de Isabel, seu desespero ao perder seu amor em meio às chamas.
De volta à realidade, Laura caiu de joelhos no chão frio da mansão. Isabel estava à sua frente novamente, mas agora, seus olhos brilhavam com gratidão. O espírito sussurrou algo incompreensível, mas Laura sabia o que significava – Isabel estava finalmente livre, seu amor eterno por Henrique a havia libertado da maldição.
A jovem jornalista deixou a mansão ao amanhecer, com o diário de Isabel em mãos. Ao olhar para trás, viu a mansão, que antes parecia ameaçadora, agora parecia em paz, como se a história de amor e tragédia tivesse finalmente chegado ao fim.
Ao retornar para a cidade, Laura escreveu sua matéria, mas guardou o verdadeiro segredo para si mesma. A experiência naquela noite a transformou. Ela encontrou não apenas uma história de terror, mas um amor tão profundo que atravessou o tempo e a morte. Laura nunca mais voltou à mansão, mas toda vez que a lua cheia surgia, ela sentia uma brisa suave que lhe trazia a lembrança de Isabel e Henrique, finalmente juntos, dançando sob as estrelas.
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É assim chegou ao fim