Este conto é apenas o rascunho e o primeiro capítulo que crio. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre o que melhorar.
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Ela nunca pensou que voltaria tão cedo a sua cidade natal. Enquanto passeia pelas ruas movimentadas, ela observa as pessoas conversando e barganhando no comércio.
— Bom dia, jovem. — um vendedor chama a atenção dela. — Que tal comprar uma rede? Farei uma promoção exclusiva para você.
Clara sorrir, sentindo-se nostálgica. Para ela nenhuma cidade é melhor do que a da sua origem.
— Hoje não, moço.
— Tem certeza? Para você faço metade do preço.
Quando prestes a responder, alguém para ao lado dela. Clara franze a testa e os lábios dando dois passos para o lado oposto. De todas a pessoas que ela não gostaria de encontrar, seu ex é o principal.
— Ela não vai querer nada — Gustavo diz, sem graça.
O vendedor se afasta enquanto Gustavo olha para Clara que cruza bufa ao cruzar os braços.
— Não pensei que voltaria um dia, quando chegou? — ele fala e observa a reação dela.
— Alguns dias atrás.
Clara passa por ele e volta a caminhar. Graças ao reencontro seu bom humor foi embora.
— Espera! Clara! — ele apressa os passos tentando alcança-la.
— O que você quer?
— Bem... — ele hesita, pensando no que dizer — só... estou feliz em voltar a te ver.
Clara serra os punhos e franze a testa, se aproxima dele e segura pela camisa.
— Feliz?! — ela bufa, irritada. — Você terminou comigo por mensagem, Gustavo. E que motivo foi aquele?!
Ela solta ele e esfrega os olhos que estão marejados. Respirando fundo, ela completa:
— Você disse que não fazia mais sentido continuar fingindo que me amava — ela diz com um sorriso amargo. — Não acha irônico? Um dia antes de você me mandar mensagem estava me jurando amor.
Gustavo fica em silêncio enquanto olha para o chão, não conseguia olhar nos olhos dela... não podia. Ele sabe que ela está certa, mas que esta não seja toda a verdade.
— Esquece... — ela diz com os ombros caídos — não vale a pena relembrar o passado.
Com uma breve despedida ela vai embora. Ele permanece em seu lugar olhando para as costas dela até que ela desapareceu na multidão.
Quando Clara chega em casa, senta no sofá e suspira. Ela já havia imaginado esse reencontro diversas vezes e mesmo assim não estava preparada para ele. A avó dela, Maria, entra e se aproxima da neta.
— O que houve, querida? — ela diz enquanto senta ao lado da neta e alisa seus cabelos.
— Encontrei o Gustavo, vovó.
Por um momento Maria permanece em silêncio, perdida em pensamentos. Porém, curiosa, ela pergunta a Clara como foi o reencontro.
— Foi horrível. Acredita que ele teve a coragem de dizer que ficou feliz em me ver?! — ela bufa, incrédula.
— Por que ele não ficaria, querida? Ele nunca te esqueceu.
— Vovó! Foi ele quem terminou comigo, como pode acreditar nisso?
Maria suspira enquanto franze a testa. Ela nunca pensou que seria ela a contar a verdade, no fundo do seu coração, esperava que Gustavo desfizesse a besteira que fez ao ver Clara novamente.
— Vovó? O que houve? Ficou quieta do nada.
— Oh, querida! Perdoe essa velha por ter mantido silêncio por tanto tempo.
— Perdoar? — ela questiona, confusa com a mudança de assunto.
— Não deveria ser eu a contar isso... — ela hesita — mas não posso continuar vendo vocês dois sofrerem sendo que posso impedir.
— Não entendo, vovó. O que quer dizer?
A mais velha respira fundo pensando no que dizer e por onde começar. Por outro lado, a mais nova se mostra confusa e aflita, não sabe o que a avó tem para dizer, mas entende que deve ser grave.
— Lembra que você passou no concurso daquela empresa e foi convidada a trabalhar com eles na cidade grande, mas quis recusar?
— E tem como esquecer? Quando lembro que iria recusar para ficar com Gustavo... — ela se cala enquanto franze os lábios.
— Ele sabia que você recusaria, então... — ela suspira.
— Então...? — Clara pergunta, curiosa e preocupada.
— Então ele terminou.
Clara tenta entender as palavras da avó, buscando saber o significado por trás dela.
— Não sei se entendi, vovó.
— Era uma oportunidade de ouro, você nunca trabalharia com o que gosta se continuasse aqui e ele não queria isso. O que estou dizendo é que mesmo te amando ele terminou para você ir atrás dos seus sonhos, querida.
Clara congela em seu lugar, lágrimas começam a descer pelo seu rosto. Sua avó tenta enxuga-las, mas sem sucesso.
— Não pode ser! — ela levanta do sofá e começa a andar de um lado para o outro enquanto enxuga as lágrimas.
— Sinto muito, querida.
Maria se sentia culpada por ter guardado esse segredo por tanto tempo, vendo a reação da neta, ela decide deixar Clara sozinha e caminha para a cozinha.
— Impossível. Não pode ser verdade, mas vovó não mentiria.
Clara balança a cabeça tentando afastar os pensamentos. Ela sobe para o quarto e após um banho, deita na cama. Mais tarde, depois de uma longa reflexão ela decide ir atrás de Gustavo.
Caminhando pelas ruas estreitas do bairro, Clara lembra como ela e Gustavo passavam ali todos os dias ao entardecer em direção ao jardim de um casarão abandonado. Chegando lá, de longe ela avista Gustavo sentado no mesmo banco de sempre. Respirando fundo ela se aproxima.
— Oi, posso me sentar?
— Clara? — ele se surpreende — Claro, senta.
Durante os próximos 10 minutos os dois ficam em silêncio observando as flores.
— Ouvi que recebeu uma promoção recentemente. — Gustavo é o primeiro a quebrar o silêncio.
— Sim.
— O que houve? Você está... — ele hesita — muito calma.
Clara fica envergonhada ao lembrar da cena que fez mais cedo.
— Desculpa por aquilo, meu temperamento... bem... — ela pensa no que falar.
— Continua o mesmo?
— Sim, mas não é por isso que estou aqui. Vovó me contou a... “verdade” sobre o nosso término — ela diz enquanto olha nos olhos dele.
Gustavo arregala os olhos ao ouvir as palavras dela, mas permanece em silêncio.
— Então é verdade — ela diz e suspira. — Você não tinha garantias que eu iria se você terminasse, eu poderia-
— Não. Não poderia. Eu sabia que o único motivo para você não ir era eu.
— ...
— Fiz o que achei certo e, sinceramente, não me arrependo.
— Vovó acha que você não me esqueceu.
— Não esqueci. Ter terminado e não me arrepender não significa que deixei de te amar.
Clara fica envergonhada e desvia o olhar. Após um momento de silencia ela fala:
— Se alguém te ouvir pensará que ainda me ama.
— Ainda amo — ele diz enquanto segura a mão dela. — Você foi e continua sendo a única mulher na minha vida. E não é a distância que vai mudar ainda. Te amei, te amo e continuarem te amando. — ele completa, acariciando a mão dela.
Clara funga com olhos marejados.
— Não diga isso, sabe que sou sensível.
Com um sorriso sereno, Gustavo segura o rosto de Clara com ambas as mãos e a beija. Ela corresponde ao beijo enquanto as lágrimas que ela tentou segurar escorrem pelo seu rosto. Ele se afasta e enxuga o rosto dela.
— Você é realmente um idiota — diz Clara, com o coração aliviado.