— Hoje é sexta-feira — Marc murmurou para si mesmo. Também para Khonshu, e claro, para Steven, embora ele não se lembrasse.
A única resposta que ele obteve foi o tom confuso de Khonshu que deixou Marc nervoso.
“O quê? ”
— Sexta-feira. — Marc se mexeu. — Steven tem um encontro.
As vezes, quando estava em missão a mando de Khonshu, Marc deixava seus pensamentos vagarem. Não era a primeira vez que era pego pensando em voz alta, assim como também não era a primeira vez que o Deus lhe chamaria a atenção com um tom rígido.
"Foco Marc. Deixe o parasita dormir."
Marc engoliu em seco contra algo apertado em sua garganta. Ele não queria isso para Steven. Droga… essa nunca foi a inte. Queria que sua vida fosse normal. Esse era o maldito ponto! Steven poderia ir a todos os encontros que quisesse, alimentar seus peixinhos dourados, se atrasar para o ônibus e dizer olá para as pessoas na rua enquanto ele...
“ Eu disse foco.” Khonshu retrucou.
Spector cerrou os dentes, quieto.
[...]
Marc esfregou a mão no rosto, depositando as chaves perto da porta assim que entrou, ele não ouvia mais Khonshu no seu ouvido, o que era bom no momento, pois tudo o que ele queria era cair na cama e dormir por pelo menos um ano, mas ele tinha que consertar o apartamento para que Steven não desconfiasse. Embora um banho primeiro não fizesse mal… Sim, então ele poderia consertar tudo. Colocar a fita crepe na porta e limpar a areia e...
Marc congelou quando seu olhar se fixou no tanque de peixes dourados. Ele murmurou cerca de cinco xingamentos diferentes e só se calou quando sua boca abriria para amaldiçoar Khonshu. Se aproximando e colocando ambas mãos no vidro.
O peixe dourado estava flutuando na superfície da água, aquele maldito peixe estava… Marc fechou as mãos em punhos, as unhas rompendo a pele.
Ele matou o peixe de Steven. Ele não podia... Steven... Steven precisava daquele maldito peixe dourado.
Marc olhou para o relógio e saiu às pressas pela porta com um suspiro profundo. Ele não tem a porra de um minuto de descanso.
[...]
— Com licença… — Marc chamou a funcionária da pet shop, aguardando uma resposta imediata — Olá? — Ele tentou de novo, mais bruscamente, quando ela não respondeu.
Ela olhou para ele com clara irritação.
— Posso ajudá-lo, senhor?
Seu interior se revirou em ter que fazer o pedido
— Preciso de um peixinho dourado.
Marc geralmente era cauteloso em não demonstrar sintomas de ansiedade, mas sempre teve alguns tiques. Os suspiros irritados, a forma como seu olhar desviava para qualquer ponto no local para escapar do assunto que lhe incomodava, apenas segura firme no balcão pra não ficar batucando os dedos.
— Sim, tá bom. Qual você quer?
Marc foi até os tanques e examinou.
— Preciso de um com só uma barbatana. Algum desses tem uma barbatana?
Ela olhou para ele, confusão e julgamento no olhar.
— Todos eles têm duas barbatanas.
— Não, mas… — Marc estalou a língua nos dentes, abaixando a cabeça e então voltando a atenção para a mulher — Preciso de um que tenha apenas uma barbatana, ou ele vai notar, dê-me um com uma barbatana.
Foi a vez da mulher suspirar.
— Como eu disse, todos eles têm…
— Eu sei o que você disse! Eu preciso… — Marc se forçou a parar quando ouviu sua voz aumentar e sentiu a raiva borbulhando abaixo da superfície. Ele esfregou a ponta do nariz. — Você não entende. Eu preciso…
— Você quer um peixinho dourado ou não? — Ela interrompeu.
Marc olhou para ela, derrotado, virando-se para o tanque.
— Sim.