Era uma noite fria de inverno quando Lucas decidiu acampar sozinho na floresta. O vento assobiava entre as árvores, criando um coro sinistro que fazia os cabelos da nuca de Lucas se arrepiarem. Ele tinha ouvido histórias sobre aquela floresta, contos de lobos selvagens e de um espírito que vagava por ali, mas sempre os desconsiderou como superstições locais.
Enquanto montava sua barraca, Lucas notou que a floresta estava estranhamente silenciosa. Nenhum som de grilos ou de outros animais noturnos. O silêncio era pesado e opressor. Com a fogueira acesa, ele se aconchegou em seu saco de dormir, tentando afastar o desconforto que sentia.
De repente, um uivo distante cortou o silêncio. Lucas se sentou, o coração batendo mais rápido. Ele ouviu outro uivo, mais próximo desta vez. E então, viu algo se movendo entre as árvores. Olhos brilhantes o observavam na escuridão. Eram lobos, famintos e selvagens.
Lucas tentou manter a calma e alimentou a fogueira, esperando que o fogo os afastasse. Mas os lobos não pareciam temer as chamas. Eles começaram a cercar o acampamento, rosnando e mostrando os dentes.
No meio da confusão, uma figura esquelética surgiu entre os lobos. Era um homem, ou melhor, o que restava de um homem. Seu corpo era translúcido, quase etéreo, e seus olhos vazios emanavam uma tristeza profunda. Lucas percebeu que estava diante do fantasma de que todos falavam.
O espírito levantou uma mão e, com um gesto, os lobos recuaram. Lucas, tremendo, perguntou: "Quem é você?"
A voz do fantasma era um sussurro carregado pelo vento. "Eu sou a alma perdida desta floresta. Fui morto pelos lobos muitos anos atrás e estou preso aqui, entre este mundo e o próximo."
Lucas sentiu um arrepio percorrer sua espinha. "Por que está me ajudando?"
O fantasma olhou para ele com olhos vazios. "Porque você não deveria estar aqui. Esta floresta é um lugar de morte e desespero. Vá embora enquanto ainda pode."
Com essas palavras, o espírito se dissipou, e os lobos desapareceram na escuridão, como se nunca tivessem existido. Lucas não perdeu tempo. Rapidamente desmontou seu acampamento e correu de volta para a segurança da cidade.
Ele nunca mais voltou àquela floresta e sempre que contava sua história, podia ver a descrença nos olhos dos ouvintes. Mas Lucas sabia a verdade. Sabia que naquela floresta, entre as árvores escuras e o vento uivante, habitava algo muito mais perigoso do que lobos selvagens.