O sol estava se pondo sobre a pequena cidade de Santa Esperança, tingindo o céu com tons de rosa e laranja. A praça central estava tranquila, com apenas algumas crianças correndo e brincando enquanto os pais conversavam nos bancos de madeira.
Ana estava sentada sozinha em um desses bancos, segurando uma antiga carta que tinha encontrado no sótão da casa de seus avós. As palavras na carta eram desbotadas pelo tempo, mas ainda assim, cada frase parecia vibrar com a intensidade de emoções antigas.
"Querida Ana," ela leu em voz baixa, seus olhos se enchendo de lágrimas. "Se você está lendo isso, é porque eu finalmente criei coragem para expressar o que sinto. Nunca tive a coragem de dizer, mas você sempre foi a luz da minha vida. Desde o primeiro momento em que te vi, com seus cabelos esvoaçando ao vento e seu sorriso iluminando a sala, eu soube que estava perdido para sempre."
As lágrimas escorreram livremente pelo rosto de Ana enquanto ela se lembrava daquele dia. Ela e Marcos eram amigos desde a infância, inseparáveis, mas ela nunca soubera dos sentimentos profundos que ele guardara. Ele sempre estivera ao seu lado, nos bons e maus momentos, mas havia desaparecido de repente, há muitos anos, deixando um vazio em seu coração que nunca fora preenchido.
Ela olhou para o horizonte, sentindo a brisa suave no rosto, e continuou a leitura. "Eu tive que ir embora, Ana. Não porque eu quis, mas porque a vida me levou para longe. Meu maior arrependimento é não ter te contado antes. Espero que você possa me perdoar e, quem sabe, um dia nossos caminhos se cruzem novamente."
Com o coração pesado, Ana guardou a carta de volta na bolsa. Ela se levantou, decidida a caminhar um pouco para clarear a mente. Foi então que ouviu uma voz familiar.
— Ana?
Ela se virou, e seu coração quase parou ao ver Marcos ali, parado a poucos metros dela. Ele estava mais velho, com algumas rugas e cabelos grisalhos, mas aqueles olhos ainda brilhavam com a mesma intensidade.
Marcos?– Ela sussurrou, sem acreditar. – É você mesmo?
Ele sorriu, dando alguns passos hesitantes em sua direção.
— Eu voltei, Ana. Demorei muito, mas finalmente estou aqui.
Ela não pôde conter as lágrimas enquanto corria para abraçá-lo. Sentiu-se segura em seus braços, como se todo o tempo e a distância nunca tivessem existido. Eles ficaram ali, em meio ao pôr do sol, abraçados, sentindo que finalmente estavam completos.
— Eu li a sua carta. – ela disse, olhando nos olhos dele.
Ele acariciou o rosto dela com ternura.
— E eu esperei todos esses anos para ouvir a sua resposta.
Ela sorriu, um sorriso cheio de amor e esperança.
— Eu também te amo, Marcos. Sempre amei.
Com um beijo suave, eles selaram aquela promessa, prontos para começar uma nova jornada juntos, onde cada dia seria uma nova página em sua história de amor.