Havia se passado uma semana, e hoje, um sábado, era o pior dia de todos: o dia em que eu encontraria o príncipe no castelo. Queria poder levar a Bia, mas meus pais disseram que só eu poderia ir. Este vestido apertado também não ajudava. Odeio minha miserável vida e esse maldito príncipe. Que porra! Aquelas mulheres apertando aquele vestido até minha alma.
Ouvi a risada de Bia ao fundo. Ela estava lá para me dar apoio, mas parecia que só estava me fazendo resmungar e querer esganá-la. Já estava ficando louca com isso. Eu realmente não queria me casar com esse ridículo. "É bom que o castelo dele pegue fogo e ele morra dentro," meus pensamentos nada humildes.
O rei havia mandado três empregados e um belo vestido azul, elegante, mas super apertado. Junto com ele, esses saltos que doíam nos meus pés. Eu não queria ver o príncipe. "Eu mal conheci ele e já estou querendo que ele morra," saio dos meus pensamentos.
– Bia, eu não quero me casar – choraminguei, quase não conseguindo me mexer por causa desse vestido. Para que um vestido desse jeito? Odeio isso. Aperta até a alma. Que vontade de dar na cara desse príncipe.
— Para de chorar feito criança, Lope. Nem deve ser tão ruim. Ele é rico e um príncipe, pelo menos — tenta me animar do seu jeito.
– Tô nem aí. Vai que ele seja um tarado... eca — continuei resmungando, temendo pela minha pobre virgindade.
– Mas vai que ele é um pitelzinho gostoso, hein? – minhas bochechas ficaram um pouco vermelhas pelo comentário sem nenhum pingo de vergonha dela.
– BIA – a repreendi com raiva.
No Castelo
– QUE MERDA – o barulho de vidro se espatifando no chão ecoou pelo salão.
– Se acalme, Cristian, quebrar as coisas não vai mudar nada – meu irmão me segurou com força pelos ombros.
Eu não conseguia me acalmar. Porra, eu não queria me casar e perder minha liberdade. As milhares de mulheres à minha disposição se tornaram apenas uma, que eu nem sabia se era bonita, feia ou chata.
– Que MERDA – consegui me soltar do agarro do meu irmão e dei um soco na parede.
– Cristian, pare, você vai se machucar! Sabe que no castelo as paredes são mais reforçadas que tudo – o desespero do meu irmão aumentou quando viu o sangue jorrar da minha mão.
— CRISTIAN! — uma voz feminina ao fundo gritou aterrorizada. Era Lana, minha irmã mais nova, que correu em minha direção.
Minha cabeça latejava, eu estava me sentindo zonzo, não conseguia ouvir os chamados dos meus irmãos, minha visão embaçou até que tudo ficou escuro.
– Foi isso que aconteceu comigo, pai – expliquei todo o ocorrido para meu pai, relembrando o que havia acontecido semanas atrás.
Já havia passado uma semana, e hoje era o dia em que eu conheceria minha noiva. Desde o ocorrido, eu fugia todas as noites para ir ao distrito do entretenimento. Mas agora, lá estava eu, em pé no jardim, usando o terno mais caro e muito apertado. Ao meu lado estavam meu pai e meus irmãos, ou estavam, porque meu pai saiu depois de ouvir o ocorrido.
As trombetas soaram, anunciando a chegada da noiva. Lana saltitava animada com a chegada, enquanto meu rosto se fechava mais, sério.
– Vai espantar a moça desse jeito, irmão – brincou Lucius, fazendo Lana rir baixinho.
– Não é você que está se casando – resmunguei baixinho, mas senti ele me cutucar com um pedaço de galho.
– Para te animar, que tal uma luta de espadas ou melhor, de gravetos – Lucius me estendeu um graveto.
Peguei, sorrindo perverso, e parti para cima dele com vigor. Entramos em um combate. Lana ria, se divertindo com a nossa briga infantil. Nem percebemos as vozes e os passos se aproximando; eu e Lucius estávamos apenas embolados no chão em uma luta corpo a corpo, sem machucar de verdade.
– Aqui é o jardim... – ouvimos a voz do nosso pai. Viramos nossos rostos para sua direção rapidamente, de olhos arregalados.
Ao lado do meu pai estavam três pessoas, mas meus olhos se fixaram na bela moça de vestido azul e os seus sapatos dourados, que eram engraçados demais.