No coração da floresta densa e antiga, havia uma aldeia que nunca conheceu a luz do sol. Os aldeões diziam que a floresta ao redor era amaldiçoada, sussurrando lendas sobre espíritos vingativos e sombras que se moviam por conta própria. Entre essas histórias, uma era mais temida do que todas: a da Casa da Colina Negra.
A Casa da Colina Negra, situada no ponto mais alto da floresta, era evitada por todos. Diziam que aqueles que ousassem entrar jamais retornariam. Há muitos anos, uma família havia se mudado para lá, atraída pela promessa de uma vida tranquila. Não passaram duas semanas antes de desaparecerem, e desde então, a casa permanecia vazia, com as janelas como olhos vazios observando a floresta.
Certa noite, uma tempestade se abateu sobre a aldeia. Relâmpagos iluminavam a silhueta da Casa da Colina Negra, e trovões faziam tremer as árvores. No entanto, o mais estranho de tudo foi o som de um grito que ecoou pela aldeia, vindo da direção da casa. Era um grito de agonia e desespero que fez o sangue dos aldeões gelar.
Lucas, um jovem corajoso e curioso, decidiu investigar. Ele sempre fora cético quanto às histórias de fantasmas e estava determinado a descobrir a verdade por trás da lenda. Armado com uma lanterna e um velho punhal que pertencera ao seu avô, ele se aventurou na tempestade em direção à colina.
Ao se aproximar da casa, Lucas sentiu uma presença opressiva. O ar parecia mais frio e denso, e sombras se contorciam à margem de sua visão. Ele empurrou a porta pesada, que rangeu em protesto, e entrou.
O interior da casa estava coberto de poeira e teias de aranha. O chão de madeira rangia sob seus pés, e o som ecoava nos corredores vazios. Lucas sentiu que não estava sozinho, mas continuou, impulsionado pela curiosidade e pelo desejo de provar que as lendas eram apenas superstições.
Chegou ao segundo andar, onde encontrou um quarto com a porta entreaberta. Quando empurrou a porta, a lanterna iluminou uma cena que fez seu coração parar. No centro do quarto, uma figura pálida e espectral flutuava, com olhos vazios e um sorriso sinistro. Era uma mulher, vestida com roupas antigas, que parecia desprovida de qualquer vida.
Lucas tentou recuar, mas sentiu-se paralisado. A figura se aproximou lentamente, seus pés não tocando o chão. Quando ela estava a poucos passos de distância, uma voz sussurrante encheu a sala, embora seus lábios não se movessem.
"Você ousa invadir meu santuário?" a voz ecoou em sua mente. "Você sofrerá o mesmo destino dos outros."
Com um esforço monumental, Lucas conseguiu mover o braço e erguer o punhal, apontando-o para a figura. A luz da lanterna tremeluziu e, por um momento, ele viu o rosto dela claramente: uma máscara de sofrimento e ira.
De repente, a figura desapareceu, e Lucas sentiu a pressão sobre seu corpo diminuir. Ele correu escada abaixo, quase tropeçando nos degraus, e saiu da casa, a respiração ofegante. Nunca tinha sentido um terror tão profundo.
Ao retornar à aldeia, Lucas encontrou os aldeões reunidos, esperando por ele. Seus olhos estavam arregalados de medo e curiosidade. Ele contou o que havia visto, mas poucos acreditaram. No entanto, a marca da experiência ficou em seus olhos, e ele jamais esqueceu o rosto espectral da mulher.
A partir daquela noite, ninguém mais ousou se aproximar da Casa da Colina Negra. A floresta continuou a sussurrar segredos antigos, mas os gritos foram substituídos pelo silêncio pesado. E Lucas, embora tenha sobrevivido à sua experiência, carregou consigo o peso do conhecimento de que algumas lendas são verdadeiras e que alguns lugares são realmente assombrados.