No dia 22 de agosto de 2017, acordei por volta das 5 horas, sabendo que meu dia seria tenso, pesado e muito triste. Porque teria que desocupar o imóvel alocado em meu nome pela décima sétima vez por falta de pagamento.
Mas, o mais intrigante nisso é que sou atento às responsabilidades, aos compromissos, tenho repulsa em ficar devendo, pedir favores e incomodar principalmente para pedir dinheiro, sempre procuro saldar meus débitos e dívidas sempre com antecedência.
Com minha conduta moral e meu caráter ilibado, sigo minha vida procurando ser útil aos meus semelhantes e ajudar a quem precisa. Não ganho mal, não sou descontrolado e não gasto atoa mas, com relação à moradia parece que uma maldição me persegue e todas as vezes que fomos despejados, a incompetência não partiu de mim e sim uma soma de desatenção e irresponsabilidade de todos os agregados do grupo em que descarto o mal gerenciamento porque não foi por falta de aviso, chamar a atençt5gão e muitas cobranças mas não foi o suficiente para evitar mais este é assim mais uma vez tive que encarar este desafio físico e mental pois nestes momentos como sempre digo!
__ Só sobra pra mim!
Naquele dia já acordado e pensando na vida, aguardava os ponteiros marcarem 8 horas da manhã para buscar caixas de papelão no hipermercado para embalar nossas mobílias, roupas e objetos.
Mesmo sem ter outro local definido para mudar, tinha que fazer o que tinha que ser feito pois, era o último dia de estadia conforme o prazo estabelecido pelo proprietário de forma amigável alí naquele apartamento que foi nossa moradia por menos de dois anos.
Aos que estão de fora fica com a impressão de que somos irresponsáveis, relapsos e inconsequentes mas com tantas qualidades referidas no tocante às questões primordiais em especial à moradia, fica bem claro que existe algo a mais para atrapalhar nossa vida e não é de agora e olha que XVll Despejos são anos de experiências e vivências.
Por fim como cada momento é um flash, passei por 2 casamentos, parte desses XVll Despejos foram no primeiro e parte no segundo e com muita perturbação espiritual, muita coisa mandado, pragas jogadas, desejos de morte, infortúnios e muita chuva de granizo graúdo na minha plantação.
De agora em diante tenho plena ciência que minha salvação é me apegar e me fortalecer nalguma religião pois, sem essa Divina proteção somos um ovo no meio da estrada e de uma vulnerabilidade gigante, resumindo, sempre uma presa fácil.
O ANDARILHO 👣 👣👣
Uma coisa é certa, ninguém nasce andarilho, ninguém é andarilho porque quer, ninguém gosta de ser um andarilho exceto quando já vem de uma cultura ou tradição estilo os Ciganos que são povos nômades que saem pelo mundo afora andando às vezes sem destino ou com lugares e regiões previamente definidos, há os que de fato adoram uma vida itinerante sem compromisso mas com o prazer da liberdade, no mais não se conhece ninguém que mora na rua sem endereço fixo ao relento e expostos a todos os tipos de riscos e intempéries porque gostam enfim, a vida sempre reserva uma surpresa para cada um, tudo depende da conduta, forma de vida e os seus merecimentos. Quando ela (a vida) precisa ensinar, ela não escolhe ninguém, apenas o seu merecedor.
Não vou dizer que seja uma zona fora de ordem onde cada um defende o seu lado como pode, onde o certo e o errado se encontram no mesmo linear angelical.
Patamar dos absolutos, no abismo dos extremismos, esquerda/direita se cortar, vai sangrar porque é a vida que pulsa firme e forte, umas repulsam, repudiam e os que podiam resolver talvez ajudar, preferem jogar a última pazada de terra sobre a nossa história nos enterrando vivos.
Quem podiam estender a mão não o fez, assim ficaste um sentimento fatal de desprezo como o sal na lesma, como o sol na manteiga.
Me senti humilhado naqueles primeiros dias mas não completamente derrotado pois nunca me esqueço que a vida é uma escola e o que se passa de bom ou ruim não são eternos
Nada será como antes, o que eu vi, assisti, presenciei e de forma direta participei, uma mãe que sempre zelou pelos filhos, pela saúde e cuidados com a própria genitora mãe e toda a família. Hoje, ela só pode contar com uma das filhas, eu não faço questão de nada só me daria por satisfeito se qualquer um dos seus filhos inclusive a sua genitora mãe a recebesse de portas abertas como ela sempre os receberam mas ninguém podia receber a própria mãe em suas casas, a genitora e o seu filho claramente proibiu a presença dela sob a alegação de não ter tomado a vacina.
Por fim, amanhã é outro dia, caminhamos, suados, cansados com cara de tristes e fadigados pelo abatimento. Cientes que a única opção que a vida te dá em morar na rua, é matar ou morrer, tudo é difícil, é complicado, só mesmo um anjo enviado por Deus, vai nos dar o auxílio necessário.
Neste amargo estágio venho percebendo que o nível de empatia das pessoas está quase zerado, a impressão que tenho é que quase ninguém se importa com o sofrimento alheio principalmente quando é uma pessoa desconhecida, porém, é uma área delicada embora muitos estejam vivendo este momento por merecimento.
Ficar vagando pelas ruas não é nada auspicioso dado os perigos, infortúnios que a vida oferece a um "Andarilho". Embora seja muito duro, tudo isso enriquece a alma pois quem gosta de ti dará um jeito de estar contigo mesmo estando longe.
Estamos no bairro onde moramos, às vezes encontramos conhecidos, conversamos e é muito duro expor a nossa situação, falar que estamos morando na rua, é simplesmente uma facada no coração, erroneamente muitos pedem para morrer, isso é um grande lapso porque as pessoas precisam entender que o "Estar" não é definitivo!
Hoje o nosso almoço foi uma garrafinha de água e cinco mini coxinhas, depois de agradecer a Deus, almoçamos na rua mesmo, em frente à uma loja. Sentamos numa sombra e ficamos ali por horas, as coxinhas desciam empurradas pela água porque naquela situação, a fome estava bem longe de nós. Passados 3h saímos andando até a igreja de São Judas Tadeu para assistir uma missa e descansar.
Diria que é estressante não ter absolutamente nenhum lugar para higienizar o corpo e a alma, fazer uma assepsia, tomar um banho e viver com o mínimo de paz.
A vida de um "Andarilho", é uma vida de excluído, são poucas as pessoas que se importam e demonstram a verdadeira empatia.
Muitas pessoas, parentes, conhecidos viraram as costas, alguns ajudam com algum valor em espécie, enfim, cada qual tem a sua vida e o que eu posso dizer é que daqui pra frente muita coisa vai mudar. Mas por enquanto estamos dormindo nas Praças do bairro, por vezes tem aqueles ônibus com o pseudo de "Negreiro" que roda a madrugada inteira, sem opção, pegávamos e íamos até o ponto final, um deles é o conhecido terminal do Parque Dom Pedro ll.
Andar pelas ruas como um morador dela, era uma questão inimaginável para mim, sempre trabalhei e sustentei a minha vida, de forma honesta e honrosa. Já estendi a mão para uma infinidade de gente, já tirei muitas pessoas do buraco, na minha profissão de Bombeiro sempre foi um dos maiores prazer e hoje me encontro neste imenso buraco, não me dei por vencido pois sei que Deus existe. Se de alguma forma eu não conseguir carregar o meu fardo Ele com certeza irá me socorrer.
Estou apenas convencido que a maldade humana é sagaz, insensível e invisível além de desmedida e cruel principalmente quando o lado sorrateiro e espiritual falam mais alto, gente ruim é o que não falta mas existe em grande escala, eis aqui um grande exemplo dos resultados!
Agradeça o teto que você tem, o alimento que está em vossa mesa, por suas vestes e principalmente pela sua saúde. Ao menor descuido tudo pode virar "cinzas", se transformar num passado pois, é muito triste perambular sem direção, no sol, na chuva, no sereno, em cada esquina, encruzilhada há uma legião de perdidos invisíveis, o umbral é aqui na terra.
Confesso não sentir vergonha deste momento, pois sei que tenho caráter, capacidade, sei trabalhar em diversas atividades e segmentos porém, uma força maior nos empurrou para este buraco, minha queda foi inevitável mas muito em breve sairemos disso pois não nascemos no lodo, como também não nos pertence.
Tudo isso é uma grande aprendizagem embora muito amarga, é como se um punhado de areia estivesse alojado na minha garganta dificultando o acesso da vida e machucando o esofago.
Tudo isso é uma realidade que choca até os corações mais duros, quando você se vê olhando para os céus ou para o horizonte e não consegue enxergar uma saída, falar com Deus é muito mais sensato para o exercício da fé.
No dia seguinte seríamos despejados por falta de pagamento de aluguéis, já estava previsto que seria um dia de humilhações, com oficial de justiça, polícia, vizinhança olhando, agentes para destruir as mobílias mais o proprietário e seu advogado. Claro que em sã consciência reconheço que erramos, que falhamos mas a pandemia foi dilacerando boa parte da sociedade pelo Brasil que como eu também acabou sofrendo por este duro momento. Nesta véspera nem dormimos, ficamos ajeitando nossos objetos em caixas, saco plástico, adiantando o máximo possível, quando vi já estava clareando passava um pouco das 5h30m, não estava com medo, nem com vergonha por eu conheço muito bem o meu caráter e sei que se não fosse a falta de trabalho eu teria honrado meus compromissos sem problema algum. Naquela manhã estava me sentindo anestesiado, já fazia quase 24 horas sem descanso mais a tensão que vinha atormentando dias atrás. Já eram quase 7h, estava prestes a sucumbir, assistir a minha queda com dignidade e hombridade, sabemos que não faz parte da vida mas se você tiver que passar por isso, encare como um ensinamento. Clareou o dia, agora era só ficar no aguardo dos acontecimentos dos fatos pois sabia que seria um dia pesado, tenso e difícil. Talvez um dos melhores, se assim posso dizer "calmante", é o desapego, quando você é desapegado de qualquer material, pessoas, objetos, você sofre muito menos. A única e exclusiva preocupação que você deve ficar bem atento é com a saúde, com ela você deve ter muito carinho, ter gratidão e ser sempre zeloso.
No dia do despejo!
Com a chegada da oficial de justiça o Despejo ocorreu das 8h30m e foi até aproximadamente até às 12h, nós não oferecemos resistência por isso não teve força policial mas a sisudez de alguns funcionários do judiciário foi completamente inadequada, sabemos que eles estão acostumados a despejar favelados e a tratá-los como bandidos talvez como um monte de lixos, naquela muvuca deixamos o nosso dog no pet de um conhecido e lá ele ficou até o desfecho dos fatos.
A mudança feita pelo "depositário judicial", veio uma rapaziada uniformizada de camiseta preta com slogan DJ (Depositário Judicial), uns com um pouco empatia mas a maioria estúpidos e mal-educados, o momento não pedia confusão, o melhor que eu fiz foi manter a calma e o controle, naquele momento nada poderia ficar pior do que já estava, embora as influências malignas atiçaram parte daqueles acéfalos que mais pareciam capitães do mato às provocações. Pobres e assalariados tratando a sua semelhança com o maior desdém.
Mal sabiam eles que a causadora de todo aquele transtorno foi a pandemia, e sei que não fomos os únicos, porém, sucumbimos por falta de pagamento dos aluguéis.
Os homens da camisa preta do Depositário Judiciário embora dissessem ter experiência com mudanças por conta de fazer o mesmo trabalho todos os dias, na prática demonstraram que não, quebraram muitos objetos como vasos, louças, a nossa mesa e ainda disseram que era assim mesmo como se não tivéssemos o direito de reclamar por se tratar de um despejo.
Fizeram desnecessariamente duas viagens ao depósito que alugamos, pois a intenção era levar para outro depósito muito longe de onde morávamos, queriam levar para a zona leste no bairro de Itaquera, que além de ter que desembolsar R$ 1.000,00 nós não teríamos acesso às nossas mobílias e objetos, porém se aqueles senhores tivessem arrumado os nossos objetos de forma adequada caberia tranquilamente tudo. Da mesma forma que ocuparam um box maior do que deveria, este depósito ficou bem próximo de nós e ao contrário daquele de Itaquera, tínhamos livre acesso ao que nos pertencia no momento e hora que precisássemos.
Talvez por ter sido uma situação de despejo judicial, alguns dos ajudantes foram jogando tudo de forma desordeira, maldosa, desrespeitosa e até sem nenhuma demonstração de empatia, algumas coisas avariaram e tiveram que ser descartadas.
Resumindo, a nossa mobília foi claramente tratada como lixo, com total desprezo.
Esperei eles descarregarem e colocar tudo lá, depois irem embora, na sequência solitariamente fui ajeitando toda a mobília de forma adequada e ao final sobrou muito espaço porém alguns objetos quebraram deixando assim a sensação que muitos seres humanos ainda carecem de evolução, o instinto ruim é muito triste porque ninguém sabe o dia de amanhã, uma situação como essa pode se repetir com qualquer um em qualquer lugar e a vida dá voltas.
Depois de tudo em ordem no depósito, voltamos para buscar o nosso pet que tinha ficado o dia todo no petshop, era quase noite.
Aí começaram os novos problemas e a amarga sensação de não ter para onde ir, como se tivesse um grande buraco no chão e nós prestes a cair, basicamente já estávamos momentaneamente numa ruína, pelo naquele dia e hora que dia já tinha dado o seu lugar à noite. .
De posse do nosso pet, estava frio e quase escurecendo nossa ideia inicial foi ficar numa Praça próximo dali a madrugada inteira até o amanhecer. Porém, de imediato um rapaz chamado Cícero funcionário do petshop sem titubear apenas nos perguntou para onde estávamos indo respondemos que não sabíamos, ele falou vocês vão ficar na minha casa, vão ficar em Praça coisa nenhuma.
O rapaz parecia que até nos conhecia, nos deixou bem à vontade, é conversador, e muito brincalhão mas quem claramente demonstrou não ter gostado foi o seu marido ou parceiro, que pouco conversou conosco sempre com a cara fechada parecia que não via a hora de raiar o dia para nos ver longe dali. Porém, é compreensível, pois, ninguém tem a obrigação de acolher ninguém e nem ter a sua privacidade invadida por desconhecidos, embora não pedimos absolutamente nada, fomos convidados por um dos donos da casa.
Na manhã seguinte, acordamos como se estivéssemos no meio de um tsunami, o Cícero preparou um café ofereceu um pão mas não descia nada a não ser líquidos, tomamos e fomos cada qual para o seu destino, o nosso foi ficar naquela Praça o dia inteiro, tentando fazer contatos e procurando um novo imóvel para alugar, ficaram agendados alguns para visitação, mas eu estava incrédulo e desacreditado, o golpe tinha sido muito duro e nós estávamos completamente perdidos.
Neste segundo dia, já quase de noitinha voltamos no petshop do Cícero, o tratamento foi completamente diferente do dia anterior, todos aqueles que se solidarizaram no dia anterior naquele segundo dia se esquivaram, antes da gente falar qualquer palavra, o Cícero alegou não que não poderia nos receber porque tinha uma consulta médica à noite, porém, nós nem abrimos a boca para pedir nada, não foi feito nenhum pedido de pernoite mas ficou bem nítido que era um basta embora ele não tinha nenhuma obrigação conosco (não tirei a razão de ambos afinal, ninguém conhecia ninguém, e ninguém tinha a obrigação de nada, cabia a nós apenas agradecer pela noite anterior). Foi até bom que aconteceu aquela recusa, pois, aquela atitude praticamente nos forçou a seguir para não esmorecer, não desanimar e seguimos por outras veredas e fomos embora para outro bairro.
No Quartel do Corpo de Bombeiros
Sem ter para onde ir, a ideia inicial foi seguirmos para o quartel do Corpo de Bombeiros da Vila Noronha atual 21ºGB decidimos ir até lá pedir para ficar pelo menos aquela noite. Depois de algumas perguntas, idas e vindas do sargento, ele diz que o comandante do Posto negou porém eu fiquei com vergonha de falar o que tinha acontecido de fato, na sequência confessei que tinha sido despejado, que estava morando na rua e não tinha onde ficar e nem para onde ir.
Me foi dito que se fosse apenas eu até daria, mas com a família o comando geral da PM não permite pois está no regulamento interno da PM. E fomos orientados a procurar um abrigo itinerante da PM que também não nos aceitaria pelo mesmo motivo que consta no diário oficial da polícia militar.
Então aguardamos o petshop vir buscar o Chaplin e após 30 minutos, nosso dog foi para o hotel de dogs e nós saímos a procurar um hotel barato pois chovia muito e eu já estava dando indícios de que uma gripe ou a influenza iria me derrubar porém, resisti por 4 dias, sem fome, só tomando água e praticamente sem me alimentar sem perceber aos poucos fui declinando ficando fraco até sucumbir, não pelo Covid19 mas por uma severa pneumonia que quase me levou para outras dimensões (literalmente quase morri), fiquei demasiadamente muito fraco, sem apetite, perdi muito peso e se não fosse a minha esposa talvez não estaria mais por aqui pois do jeito que eu fiquei não tinha a menor condição de me cuidar e ela com todas as suas limitações, buscou forças não se sabe de onde, carregou peso, e sempre buscava água, frutas e suco que era o que eu mais consumia pois não sentia o sabor nada. Não tinha vontade de fazer nada, nem de me alimentar e muito menos de levantar da cama, sentia a morte do meu lado como não devo nada para ela, o que me restava fazer era dificultar as coisas para ela.
Após 10 dias deitado, fiquei debilitado, precisei sair para resolver problemas que só eu podia fazer e senti o quanto fraco estava, com tontura, mal-estar, os músculos da perna (quadríceps) pareciam que estavam soltos e com o mínimo de esforço ao caminhar doía tudo e ficava super cansado e esbaforido. Senti muita fraqueza, parecia um velho senil glog andando pela rua e não um ciclista, karateca e atleta como sempre fui. Briguei comigo tentando ser forte não demonstrando que estava fraco e enfermo, porém, às vezes não tinha jeito, os pulmões estavam baleados e qualquer esforço era notável que me tirava o ar sem contar os acessos de tosse que parecia que ia estourar os pulmões, seguidos de cansaço e falta de ar, o que me livrou foram os antibióticos, enfim, aqui estou! Graças a Deus bem…
Mais uma noite sem ter para onde ir, dormimos novamente no hotel, gastamos muito dinheiro com hospedagens no hotel em duas etapas, a primeira foi num bem simplório onde as diárias chegaram quase R$ 120,00 nada de luxo, sempre agradecido a Deus mas por estarmos pagando era uma espelunca, os vidros do quarto quebrados, chuveiro frio e pouco asseio, este não aceitou o nosso pet Chaplin.
Na segunda etapa foi um outro hotel próximo daquele que estávamos, este aceitou o pet Chaplin porém, sem muito atrativo também era bem simplório o preço estava um pouco mais salgado com uma diária de R $147,00 pagas em dinheiro. Neste momento eu já me encontrava bem avariado tomado pela pneumonia e ficar na rua talvez seria o meu fim. Não tinha a menor condição, um amigo do Corpo de Bombeiros quando soube nos ajudou de forma imediata com a quantia R$500,00, uma das filhas da minha esposa nos ajudou muito financeiramente falando, nos levando alimentos demonstrando total desapego, devo muito a ela e a esse irmão que serviu comigo no Corpo de Bombeiros, fora o meu salário e o meu 13º que basicamente pagou as diárias e me manteve abrigado por algum tempo, mesmo assim fiquei devendo algumas diárias para ser pagas no mês de Janeiro porém, de certa forma me recuperei mas passei pelo vale da sombra da morte e não foi nada fácil. Briguei muito com a morte, o engraçado é que ela faz você acreditar que está tudo bem quando na verdade a sua existência está por um fio.
Dizem que anjos existem, eu não tenho a menor dúvida desse dito, a Dona Arlene que pouco nos conhece no dia do despejo enviou para a minha esposa a quantia de R$ 500,00 para a nossa alimentação e nos ajudar nas hospedagens, logo em seguida fiquei muito doente e acamado. Essa luz de Deus há pouco tempo tinha perdido o seu amado filho, vítima da vacina contra o Covid19 e hoje tenta alertar outros pais para que não passem por esta dor enfim, sem nos conhecer a dona Arlene foi muito empática, virtuosa e espirituosa e só temos a agradecer pois ela reside no Sul do Brasil, foi de uma empatia irrefutável, de uma extrema gentileza e delicadeza conosco fora de qualquer normalidade. Só peço a Deus que dê a ela muitos anos de vida muita saúde e paz. Dona Arlene demonstrou claramente que tem um coração de ouro e que é um grande exemplo como pessoa, sabendo da nossa delicada situação manteve contato com a minha esposa até que surgiu uma oportunidade de locação de um apartamento porém, faltava os três meses da caução, subitamente dias depois o anjo do Sul do Brasil chamou a minha esposa numa videochamada, perguntou se ela havia conseguido alguma ajuda de alguma pessoa e seguiu perguntando sobre os detalhes da locação, no final gentilmente nos emprestou os três meses da caução no valor de R$ 3.600,00 depositados diretamente na conta do locador, deixando em aberto o tempo para devolução, pretendemos pagar o mais breve pois são verbas de doação de campanha para ajudar outras pessoas vítimas da vacinação contra o Covid19. À senhora dona Arlene de momento deixamos a nossa mais profunda e sincera gratidão, que Deus abençoe sempre a sua vida com muita saúde e longevidade. Parabéns pelo trabalho preventivo que a senhora vem fazendo em vossa cidade e pelo Brasil, pelas vida que as autoridades deveriam estar zelando com mais cuidado, carinho e respeito.
Minha mãe ofereceu a sua casa, sabendo que a minha esposa não iria eu não podia deixá-la na mão, seria uma grande covardia da minha parte, eu tinha para onde ir sem precisar gastar um centavo mas o que é certo é certo, não podia desfazer do nosso pet Chaplin como se ele fosse um objeto descartável, temos que ser justos e não pular do barco quando não nos convém, já convivi com gente que age dessa forma, infelizmente não tem como confiar, ser amigo só em festas e na bonança é fácil porém, mais cedo ou mais tarde a água vai bater na bunda de todos e aqueles que foram abandonados e deixados para trás terão o direito de opinar se terá compaixão ou se deixará seguir pela escola da vida, não que seja vingança mas, uma forma de ensinar que não se abandona seus entes no momento crítico e delicado.
OPoet@LuízKon'Z
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