O retrato na parede, envelhecido e macabro,
Mostra a face de uma mulher que já não existe.
Seus olhos, vazios como abismos sem fundo,
Contemplam o observador com melancolia persistente.
As rugas esculpidas pelo tempo narram segredos,
Cada linha, um capítulo de dor e desespero.
O pintor, há muito falecido, deixou sua alma ali,
Naquele quadro sombrio, onde o passado se esconde.
A boca entreaberta sussurra maldições antigas,
Palavras que ecoam além da moldura, além da vida.
Quem ousar fitar aqueles olhos, encontrará seu destino,
Preso na teia do retrato, condenado à eternidade.
O cabelo desgrenhado, como as asas de um corvo,
Guarda os segredos daquela mulher, outrora bela.
Ela dançava nos salões, sorria para amantes ardentes,
Mas agora, no quadro, sua beleza é apenas um eco.
O observador, curioso e temeroso, se aproxima,
Tentando decifrar o enigma daquela figura imortal.
Mas o retrato, como um portal para o além,
Suga a esperança, aprisionando-o na sua teia.
Assim, o observador se torna parte da história,
Uma pincelada a mais na tela da maldição eterna.
E o retrato, impassível, continua a assombrar,
Enquanto a mulher sem nome sorri, triste e vingativa.