"O mundo não se importa com seus habitantes, já que o mesmo também não o faz". Foi dessa forma que ele me contou logo depois de ter arrombado sua porta, que estava intocável por muito tempo, e em condições precárias. Ele era um senhor de idade que se auto-chamava de monge, e que estava encarcerado, preso, preservado por milênios entre quatro paredes.
- "Eu vi e observei tudo passar... ...as guerras, os pássaros, as árvores e a minha humanidade. Tudo isso para refletir que todo esse tempo preso, fez-me pensar que ainda não sei quem sou, e nem quem costumava ser - a única certeza em todos esses anos, é a de que eu vi tudo morrer.
Perguntei a ele o que queria dizer com isso e o que isso significava naquele momento, e ele... Deitou-se no mesmo instante em que eu pudesse tirar meus olhos de sua presença para refletir sobre suas palavras.
Fiquei ansioso, e tentei chamar os paramédicos, porém, bem antes que pudesse dar os primeiros passos de euforia, sua aura final suplicou a minha presença, o que fez com que parasse instantemente.
- "Por favor, pare". Disse o espírito, dando sua última mensagem.
- "Tenho um conselho para você, meu jovem. Eu vivi por muito tempo...
...vi tudo nascer, crescer...
...e morrer, vigiei por dias e noites pensando quem eu de fato era, sem me preocupar se estava preso ou se estava perdendo minha vida, pois havia desistido dela, e somente agora eu vejo que viver é uma virtude. Não faça como eu, filho."
- "Viva sua vida, eu acredito em você...Adeus!"
Depois disso nunca mais o vi pelo resto de minha vida. Saí daquele quarto muito emocionado e perplexo, pois estava em um momento difícil de depressão, mas aquilo me fez perceber que minha vida era valiosa, e devo tudo isso a ele.
" Depois do ocorrido, o personagem viveu sua vida totalmente feliz, em plenitude, e viu que se ele veio a este mundo, significa que era alguém necessário, assim como todos nós somos..."