A princesa Lila sempre foi fascinada por dragões. Ela adorava ler as lendas sobre essas criaturas majestosas, que podiam voar pelos céus, cuspir fogo e controlar os elementos. Ela sonhava em ver um dragão de perto, em tocar as suas escamas, em ouvir a sua voz.
Mas ela sabia que isso era impossível. Os dragões eram inimigos do reino humano, e viviam isolados nas montanhas mais altas. Eles eram temidos e odiados pelos homens, que os caçavam e os matavam sempre que podiam. Eles eram considerados monstros, e não havia lugar para eles no mundo dos homens.
Lila também sabia que ela tinha um destino traçado para ela. Ela era a filha única do rei, e tinha que se casar com o príncipe de um reino vizinho, para selar uma aliança política. Ela não tinha escolha, nem voz, nem vontade. Ela tinha que obedecer ao seu pai, e ao seu noivo, e ao seu povo. Ela tinha que ser uma boa princesa, e uma boa esposa, e uma boa rainha.
Mas ela não queria isso. Ela queria ser livre. Ela queria viver as suas próprias aventuras, conhecer o mundo, fazer os seus próprios amigos. Ela queria ser feliz.
Um dia, ela decidiu fugir do castelo. Ela aproveitou uma noite de lua cheia, quando todos estavam dormindo, e escapou pela janela do seu quarto. Ela pegou um cavalo nos estábulos, e saiu em disparada pela floresta. Ela não sabia para onde estava indo, nem o que estava procurando. Ela só queria sentir o vento no rosto, a liberdade no coração, a emoção na alma.
Ela cavalgou por horas, sem parar, sem olhar para trás. Ela atravessou rios, vales, colinas. Ela viu animais selvagens, flores silvestres, estrelas cadentes. Ela se sentiu viva como nunca antes.
Até que ela chegou ao pé de uma montanha enorme e imponente. Ela olhou para cima, e viu a silhueta de um dragão voando contra a lua. Ela ficou maravilhada com a visão. Ela sentiu uma conexão inexplicável com aquele ser alado. Ela sentiu uma curiosidade irresistível de conhecê-lo.
Ela desceu do cavalo, e começou a subir a montanha. Ela não tinha medo, nem dúvida, nem hesitação. Ela só tinha coragem, e determinação, e esperança.
Ela escalou por horas, enfrentando o frio, o cansaço, o perigo. Ela se machucou em pedras afiadas, se cortou em galhos secos, se queimou em fogueiras naturais. Mas ela não desistiu. Ela continuou subindo.
Até que ela chegou ao topo da montanha. Lá, ela encontrou uma caverna escura e profunda. Ela entrou na caverna, sem saber o que esperar.
Ela caminhou pela escuridão, guiada apenas pelo seu instinto. Ela ouviu um ruído surdo e ritmado, como o bater de um coração gigante. Ela seguiu o som.
Ela chegou a uma câmara iluminada por uma luz vermelha e quente. Lá, ela viu o dragão.
Ele era enorme e magnífico. Ele tinha escamas vermelhas como rubis, olhos amarelos como âmbar, dentes brancos como pérolas. Ele tinha asas enormes como velas, garras afiadas como navalhas, chifres curvos como espadas. Ele tinha uma cauda longa e espinhosa, um pescoço forte e flexível, um peito largo e poderoso.
Ele estava deitado no chão da caverna, rodeado por tesouros de todos os tipos: ouro, prata, joias, armas, livros, artefatos. Ele estava dormindo, mas acordou quando sentiu a presença da princesa.
Ele olhou para ela com surpresa e curiosidade. Ele não esperava ver uma humana ali. Ele não sabia o que ela queria. Ele não sabia o que fazer.
Ele rugiu, baixo e grave, como um trovão distante. Ele perguntou, com a sua voz telepática, que invadiu a mente da princesa:
"Quem é você? O que você quer?"
Lila olhou para ele com admiração e encanto. Ela não sentiu medo, nem ódio, nem repulsa. Ela só sentiu fascínio, e simpatia, e atração.
Ela sorriu, doce e sincera, como um raio de sol. Ela respondeu, com a sua voz audível, que ecoou pela caverna:
"Eu sou Lila. Eu quero ser sua amiga."
E assim começou a história de amor entre a princesa e o dragão.