Junto a mim, choro. Como se nunca de mim tivesses levado uma vida. Uma vingança presa por ferros, nesses olhos que não sabiam dar sem tirar.
Lembrar-me-ei daquele pequeno universo, como se dele não houvesse mais nada. Dei-te a minha mão por respeito, Mas apenas soubeste cravar uma estaca no meu nulo desejo.
Fiquei sozinha naquele quarto. Aquele quarto com os gritos de todas a quem cravaste a mesma estaca. Presa dentro de um lençol enquanto limpava algo meu.
Tu, com a dor, ergueste a cabeça, e com um sorriso voltaste a dar-me a mão sem eu pedir.
Eu, com tal nojo, larguei o lençol. Saí daquele quarto.
Nada tinha acontecido. Mas, com o teu sorriso, chorei com o coração.
O pedaço da morte ali presente foi o pedaço que pensei deixar. O vermelho espalhado no lençol lembrar-te-ia desse teu crime. Por ti, sem punição. Por mim, sem reação.
Saímos os dois daquele lugar onde a luz que vias me trazia a noite. Escura.
Passaram por nós sessenta luas.
Fomos então para um planeta diferente, onde me tiraram vidas, onde te tiraram um grande nada que devia ter sido tudo.
Recorda-te, um dia, das vidas que conseguiste matar por ganância. Para que nunca te esqueças daquela que era e é, depois de tantos anos,
menina.