JOANA D’ARC FOI UMA BRUXA?
Joana era uma garota francesa pobre e analfabeta que a partir dos 13 anos começou a escutar umas vozes, que ela julgava serem de santos. E o que essas vozes diziam? Que ela iria liderar as tropas e expulsar o exército inglês da França. Os dois países estavam batalhando há tempos na chamada “Guerra dos Cem Anos” (1337- 1453). Orra meu! Mas aí dá mais de 100. Pois é…
Quando ela fez 17 anos já não estava aguentando mais ouvir essa ladainha na sua cabeça dia sim, dia não: “Joana, você é a mina! Pega seus trapos e vai falar com o rei. Só tu podes resolver esse B.O. em que a França se encontra”. Então ela se mandou pra corte para contar sobre o chamado celestial e oferecer seus préstimos para o tal do Carlos VII. E não é que o rei aceitou! Imagina o desespero do cara para entregar o seu exército nas mãos de uma adolescente caipira e biruta. Muita gente deve ter pensado isso. Mas dizem que ele só se convenceu de que a missão era mesmo divina quando a moleca contou um segredo dele que ninguém mais sabia.
Mais um detalhezinho pra contribuir para o absurdo da situação: a guria deu as caras na audiência com o rei (apesar de que ainda não tinha sido coroado oficialmente) vestida com roupas masculinas e cabelo curto, ou seja, a Joanita já era adepta do cross-dressing. Para a época isso era impensável. Numa sociedade em que as mulheres tinham poucos ou nenhum direito, pode ter sido uma bela sacada ter ido vestida de João. Evitar ser vítima de estupro no campo de batalha deve ter pesado também.
Na entrevista real a menina alegou ser a enviada de Deus e que tinha como missão coroá-lo rei na cidade de Reims – era a tradição. É lógico que o Carlucho estava desesperado, mas não era bobo. Aí pensou: “Vou dar pra ela como primeira missão desobstruir a passagem para Reims. Vai ter que socorrer Órleans, que está sitiada pelos gringos. E com recursos limitados. Vamos ver se ela tem bala na agulha mesmo”. E assim foi.
Antes da batalha ela enviou uma carta ao monarca inglês exigindo que libertassem a cidade, senão ia matar todos. Eita mocinha petulante! Mas os britânicos desprezaram o aviso. E quando viram o exército francês se aproximando com um punhado de sacerdotes na frente e Joana segurando apenas uma bandeira começaram a gargalhar.
Mas quem ri por último ri melhor! Nem sempre… Contudo, por incrível que pareça, a batalha foi vencida. Apesar de não usar armas, a donzela orientava e estimulava os soldados. Mesmo ferida, liderou a sua tropa rumo à vitória. Em 4 dias o cerco foi derrubado. Seja por milagre, sorte, estratégia ou o que for, com essa vitória o caminho estava livre para a coroação de Carlos.
Entretanto, após uma porrada de vitórias, Joana foi derrotada em Paris em 1430. Tinha mais: a França passava por uns probleminhas internos. Havia uns franceses, chamados burgúndios, que apoiavam os ingleses. Esses traíras a raptaram e a entregaram para o inimigo.
O sem-vergonha do Carlos VII não mexeu um só dedo para ajudá-la. Mal agradecido! Nessa altura do campeonato você já sabe que a chapa vai esquentar, né? Ela foi acusada de heresia e feitiçaria em um tribunal da igreja por sua suposta habilidade de ouvir vozes e usar trajes masculinos. Em 1431, com 19 anos, foi queimada viva!
Depois de 15 anos, o Papa Calixto XV reconheceu o erro do tribunal e inocentou-a de todas as acusações. Tarde demais…
Em 1920 foi canonizada pela igreja católica. Conclusão: levou quase 500 anos para se transformar de bruxa em santa.