Chovia naquela manhã de terça-feira. Ele estava com os olhos fixos na porta fechada do cartório. Passava das 8 horas e sua ansiedade só fazia crescer, pensou em beber algo mas desistiu. Pensou no que estava prestes a fazer, as noites de insônia e a solidão que lhe machucava o peito.
Começou a lembrar de como amava beijar os seus pés pequenos e delicados, a sua boca suave e doce, sentir a sua língua quente e molhada e o êxtase de se sentir homem ao final de cada ato de amor. Eram lembranças misturadas com saudade. Ele era um homem que acreditava na pureza e a verdade do amor que ambos pareciam sentir.
Até que também em um dia chuvoso seus olhos viram quando ela trocava carícias com um outro alguém do bairro. Não podia acreditar. Ele a amou, ela apenas brincou com os seus sentimentos. Por isso devia ser punida, pensou com frieza em seu coração.
Estava tenso, nervoso e suava frio. Quando a viu se aproximando, tirou de dentro da blusa um estilete e com um golpe rápido e certeiro acertou o seu pescoço. Ela morreu na hora, os olhos arregalados, seu sangue escorrendo sob os pingos da chuva. Foi um crime eleitoral.