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Porque Os Lobos Uivam?

Capítulo 1 – O Chamado da Lua

Há muitos e muitos séculos, quando os dinossauros ainda vagavam pela vastidão da Terra e desertos eram mares profundos, existia uma floresta oculta nas entranhas da Terra, um lugar tão antigo quanto o tempo: Galifrei. Era um reino misterioso e sombrio, onde as árvores gigantescas se erguiam tão altas quanto as maiores montanhas, maiores até que o maior dos edifícios de hoje. Seus galhos se entrelaçam em uma trama densa, bloqueando completamente a luz do sol. Nessa floresta, o conceito de dia e noite não existia — reinava uma escuridão constante, envolta em névoas frias que pareciam sussurrar segredos esquecidos pelo próprio tempo e enterrados pelo próprio unoverso.

Na floresta, os animais seguiam sempre a mesma rotina na luta pela só revivência constante onde apenas os mas e mais fortes tendiam a se manter de pé: caçavam o seu próprio sustento do corpo, protegiam-se dos demas predadores e dormiam. Dia após dia, era o ciclo da sobrevivência que guiava as suas vidas. Mas tudo que se repete um dia cansa, não é? E um animal em particular, cansado dessa monotonia, começou a questionar a sua existência.

Um lobo branco, de pelos tão alvos quanto a neve e olhos brilhantes como estrelas perdidas, já não encontrava mais sentido naquela rotina sem fim. As suas patas já haviam cruzado todos os cantos da floresta, mas nada mudava. Até que, numa noite de tempestade, algo diferente aconteceu.

Relâmpagos cortavam o céu escuro como lâminas prateadas, acompanhados por trovões ensurdecedores que faziam a terra tremer. De repente, um dos raios atingiu uma das imensas árvores, derrubando-a com um estrondo que ecoou pela floresta. O lobo, atento a cada som, aproximou-se da árvore caída. Algo nele despertava curiosidade. Ele pensou consigo mesmo:

"Ando por estas terras há décadas, mas nunca vi uma dessas árvores ceder ao tempo. O que será que ela escondia?"

Ele se preparava para investigar quando ouviu o som de um galho se partindo ao seu lado. Tikkk. Um som suave, mas claro. O lobo virou-se e deparou-se com um tigre dentes-de-sabre. Seus olhos brilhavam na escuridão, e sua voz era profunda e ameaçadora:

— O que está fazendo em meu território, lobo solitário?

O lobo, embora enfrentando uma ameaça, permaneceu sereno. Sua voz era calma, mas firme:

— Ouvi um som e vim investigar.

O tigre, perplexo, rugiu em resposta:

— Mais porque lobo? O nosso dever é caçar, descansar e proteger-nos dos outros predadores. Por que arriscar-se?

O lobo, sentindo o peso das palavras, olhou para o céu que a árvore caída finalmente revelava, e respondeu, com uma calma que só quem está à beira de algo grande consegue ter:

— Porque a vida deve ser mais do que apenas sobreviver.

O tigre, incapaz de compreender o que o lobo queria dizer, deu meia-volta e desapareceu nas sombras da floresta, deixando o lobo sozinho diante do mistério que aquela árvore caída revelava. Respirando fundo, ele avançou para o claro aberto, onde a árvore bloqueava a visão.

E então, ele a viu.

A lua.

Uma enorme esfera prateada flutuava no céu acima dele, iluminando aquele pequeno espaço com um brilho suave. Era a coisa mais bela e extraordinária que o lobo já havia visto. Na sua longa vida, ele jamais havia contemplado algo tão magnífico. Sentiu-se instantaneamente atraído por ela, como se todas as suas jornadas pela escuridão tivessem sido para levar-lhe até aquele momento.

Ele olhou fixamente para a lua, sem piscar, com uma reverência silenciosa. E então, num sussurro quase involuntário, ele perguntou:

— O que é você, grande esfera?

Horas se passaram enquanto o lobo observava a lua, fascinado, até que, de repente, ela respondeu. A sua voz era suave e etérea, como o vento que sussurra entre as folhas das árvores:

— Eu sou a Lua, jovem criatura. E qual é o seu nome?

O lobo, tomado pela beleza daquela voz, sentiu-se intimidado, mas respondeu com humildade:

— Eu me chamo Lobo.

E assim, naquela clareira recém-aberta, a lua e o lobo conversaram. Eles falaram sobre a vida, sobre os mistérios do universo e sobre tudo aquilo que o lobo sempre desejou entender, mas nunca teve a quem perguntar. As horas passaram, mas, como tudo na vida, o tempo daquela noite chegava ao fim. O céu começou a clarear, e a lua, relutante, foi-se retirando.

— Por que tem que ir? — perguntou o lobo, desesperado por manter aquela conexão.

— Eu tenho que partir, mas prometo que voltarei na próxima noite. — respondeu a lua, sua voz já se desvanecendo.

O lobo, então, esperou. Passou o dia inteiro sentado naquela mesma clareira, aguardando o retorno da lua. Quando a noite finalmente caiu, os seus olhos fixaram-se novamente no vazio do céu. Mas a lua não apareceu. Ele esperou mais uma noite. E outra. Sua alma se enchia de uma dor desconhecida, um vazio que crescia com o passar do tempo.

Exausto e com as forças se esvaindo, o lobo, em seu último suspiro de esperança, levantou-se e, com a voz embargada de emoção, chamou:

— Lua! Onde está você?!

— Lua! Onde está você?!…

-- Prometeu que viria me ver.

Mas a noite permaneceu em silêncio. O lobo solitário, então, caiu. E ali, sob o vazio do céu, ele entregou a sua última esperança, enquanto as estrelas observavam de longe, indiferentes ao destino de um coração que ousou amar o inalcançável.

Capítulo 2 – Um Conforto na Escuridão

O lobo branco, sozinho na escuridão, fitava o céu vazio com um desespero crescente. A ausência da lua pesava sobre ele como uma sombra que se recusava a dissipar. O vazio no alto parecia zombar de sua espera, de sua esperança. Sem mais forças, ele se lançou em um uivo profundo, um som ancestral que ressoava por toda a floresta. Sua voz ecoava pelas árvores escuras, atravessando o denso mar de sombras que o cercava.

— LUAAAAA! — ele clamava, sua voz reverberando no ar frio da noite.

— LUAAAA!!

O som, que em nossa língua soaria como lamentos longos e melancólicos, era o grito de um coração partido. Era o chamado desesperado de uma alma que havia provado algo além da simples existência e agora se recusava a voltar à monotonia.

— HUUUU!

— HUUU!

O lobo uivou incessantemente, sua voz um clamor que parecia atravessar o próprio tempo, chamando por ela, sua amada lua. A intensidade do seu uivo era tamanha que o próprio vento, amigo antigo da lua, não pôde mais suportar o sofrimento que presenciava. A lua, tocada pelo clamor do lobo, pediu ajuda ao vento.

E o vento, em sua força poderosa e silenciosa, começou a soprar ferozmente pela floresta. Uma a uma, as árvores gigantescas, aquelas que haviam bloqueado a visão do céu por séculos, começaram a tombar. Com um estalo profundo, os troncos cederam, como se a própria natureza reconhecesse o poder daquele amor impossível.

A cada nova árvore derrubada, mais do céu se abria, e o lobo, em meio aos uivos, finalmente percebeu que algo estava mudando. E então, no meio daquela clareira que se formava, ela apareceu.

A lua.

Ela surgiu, radiante, sua luz prata banhando a floresta em um brilho suave, quase etéreo. O lobo silenciou. Seus olhos fixaram-se na figura celestial, e seu coração, que momentos antes estava despedaçado, agora pulsava com uma força renovada. Era como se todo o seu ser fosse guiado apenas pela presença dela.

E com uma voz que parecia vir de todos os cantos do céu, a lua perguntou, com seu brilho intenso e questionador:

— Por que me anseia tanto, jovem lobo?

O lobo, com seus olhos cintilantes de emoção, respondeu com uma sinceridade desarmante:

— Antes de você, eu vivia sempre nos mesmos dias. Não havia cor, não havia brilho. Só a repetição infindável da existência. Mas quando te vi, pela primeira vez, senti que há algo mais. Algo que nunca conheci... e agora não posso mais viver sem você.

As palavras do lobo cortaram fundo no coração da lua. Ela, tão distante e intocável, sentiu uma tristeza imensa para crescer dentro de si. E assim, lágrimas começaram a cair do céu, disfarçadas na forma de chuva. Cada gota que caía na floresta era uma lágrima da lua, lamentando a distância impossível entre eles.

Mas naquele momento, nada mais importava. Nem o futuro, nem as distâncias. O que importava era o agora — o momento que compartilhavam. E mesmo sabendo que era impossível que ficassem juntos, o lobo e a lua se amavam profundamente naquele instante, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido.

 

Os anos se passaram, e o lobo branco já não estava mais presente. Mas seu legado, seu uivo, transcendeu o tempo. A história daquele amor impossível foi passada de geração em geração entre os lobos. Cada descendente daquele lobo branco sentia, em seu coração, o chamado ancestral de uivar para a lua.

Assim, a cada noite de lua cheia, lobos de todas as cores — brancos, negros, cinzas e até os vermelhos-guarás — levantavam suas cabeças e uivavam. O som ressoava pelas florestas, desertos e montanhas, uma serenata eterna à lua distante. Cada uivo era uma confissão de amor, um lamento suave e persistente, cheio de saudade e devoção.

Eles uivavam na chuva, sob o sol, durante o dia e a noite. Não importava a situação, nem o que os outros animais pensassem. Os lobos uivavam. E mesmo que os humanos, com suas cidades e luzes artificiais, tentassem abafar o som, o uivo continuava, cortando o silêncio da noite.

Os lobos, geração após geração, jamais esqueceram aquele momento de conexão. Não importava o tempo que passasse, cinco trilhões de anos poderiam ir e vir, mas enquanto existisse um único lobo sobre a Terra, a serenata para a lua continuaria. Era um ritual sagrado, seguido com fervor por todos, um pacto feito entre dois amantes separados por mundos, mas unidos por um instante de pura emoção.

Mesmo quando os lobos se extinguirem, a lua continuará a olhar para a Terra, lembrando-se do seu amado. E mesmo que a lua exploda em milhões de pedaços, o espírito do lobo ainda encontrará uma forma de uivar, onde quer que esteja, para lembrá-la do amor eterno que partilharam.

Mesmo quando seu coração estiver cheio de dor, o lobo uivara. Em seu último suspiro, ele chamará por ela. E mesmo após a morte, o espírito do lobo continuará a vagar pelo mundo, buscando a lua, cantando para ela na escuridão eterna.

E o que restará desse amor impossível? Suas lembranças, guardadas nos corações dos dois. O lobo lembrará de cada instante com felicidade, e a lua, em sua solitude celestial, jamais esquecerá o som do uivo que atravessou gerações.

E assim, enquanto houver uma lua no céu e um lobo na Terra, o amor deles nunca morrerá. E mesmo que você nunca tenha ouvido um lobo uivar para a lua, um dia, em uma noite silenciosa, você ouvirá. E, quando ouvir, lembrará desta história. E entenderá o significado do amor que atravessa as eras, marcado por um simples, mas poderoso, instante.

Capítulo 3 – O Segredo da Lua

As noites passavam, e os lobos continuavam a uivar, como sempre fizeram, mas uma mudança sutil pairava no ar. A lua, observando seus fiéis lobos noite após noite, carregava consigo um segredo profundo, algo que jamais revelara a nenhum deles. Ela sempre os ouvira, sempre sentira o amor em cada uivo que subia até seu trono no céu. Mas o que nenhum lobo sabia era que, por trás de sua luz prateada e sua calma eterna, a lua guardava uma dor antiga, um mistério oculto nas sombras de sua superfície.

Naquela noite, uma nova geração de lobos se reuniu na clareira da antiga floresta, onde o lobo branco, o primeiro a amar a lua, tinha visto seu brilho pela primeira vez. Os lobos jovens, liderados por uma fêmea de pelagem prateada e olhos de âmbar, e as presas caninas tão brilhante e afiadas que seriam capazes de cortar até mesmo o mas poderoso dos diamantes, os lobos estavam prontos para uivar. Eles conheciam a história de seu ancestral apaixonado e movido pelo sentimento mais ardente que fogo, sua história era contada como uma lenda entre a alcateia, mas nunca haviam experimentado a sensação de verdadeiramente se conectar com a lua.

A líder dos lobos, chamada Serena, ergueu seu focinho ao céu, esperando que a lua aparecesse. Naquele instante, um vento frio soprou pela floresta, como um sussurro antigo, e as estrelas começaram a brilhar mais forte, uma a uma. Finalmente, a lua surgiu, cheia e brilhante como sempre, mas algo parecia diferente naquela noite.

O brilho da lua estava... de certa forma trêmulo.

Serena, com seu instinto aguçado, sentiu que algo incomum estava acontecendo. Ela olhou para seus companheiros, que já começavam a uivar, mas uma inquietação crescia dentro dela. Algo na luz da lua chamava por ela de uma forma que nunca havia sentido antes. Era como se a lua estivesse... chorando?.

— Por que você chora, grande lua?, algum dos nossos ousou entristece -lá? E só dizer que ele será punido por tamanha ofensa!— Serena perguntou em um sussurro que parecia perder-se no vento apesar da seriedade de suas palavras. Mas, para sua surpresa, a lua respondeu.

— Eu choro por ele. — A voz da lua era distante, mas carregada de tristeza.

— Pelo lobo branco que ousou me amar. — completou.

Serena, surpresa por receber uma resposta daquelas, sentiu uma pontada no peito. As histórias contadas por sua alcateia eram reais, mas o que ninguém sabia era que o amor entre a lua e o lobo branco tinha deixado uma marca profunda nela. O tempo havia passado, gerações de lobos haviam continuado o ritual do uivo, mas a lua continuava presa à lembrança daquele primeiro encontro, daquele lobo que viu algo mais além da sobrevivência.

Mas havia algo mais nas palavras da lua, algo que Serena precisava entender, algo que ela queria muito entender.

— Você sente falta dele? — Serena perguntou, sua voz reverente e cheia de curiosidade, o amor era algo que serena só conhecia de boca mas o conceito ainda era algo muito vago pra uma loba tão jovem quanto ela.

— Mais do que posso expressar, jovem loba. Mas o que vocês não sabem é que... eu não sou apenas uma observadora. Há um motivo pelo qual estou tão longe, tão separada de vocês. — A lua hesitou, como se carregar esse segredo por tanto tempo a tivesse enfraquecido.

Serena manteve o olhar fixo no céu, esperando que a lua revelasse o que estava escondido por tanto tempo. A floresta ao redor parecia segurar a respiração, como se o próprio vento estivesse à espera de uma revelação.

— Há muito tempo, antes mesmo de seu ancestral me encontrar com aqueles olhos intensos apenas ele tinha, eu não estava tão distante. Eu caminhava pela Terra como vocês, livre, viva, sentindo o calor do chão sob minhas patas. Eu era uma de vocês. — A lua, em sua forma imensa no céu, começou a brilhar mais forte, e as árvores ao redor da clareira balançaram suavemente. Como se estivesse passando por alguma espécie de melancolia naquela hora com as palavras.

Serena não pôde conter o espanto. A lua era uma loba assim como ela? Aquilo poderia mesmo ser verdade?.

— Sim. — a lua continuou, como se lendo seus pensamentos, muito antes que a loba conseguisse pensar em questionar.

— Eu fui uma loba, a muitqs e muitas eras desse agora, nascida sob as mesmas estrelas que vocês. Mas meu desejo de conhecer mais, de alcançar algo além da minha existência, me levou a fazer um sacrifício. Eu escolhi subir aos céus e observar tudo de longe, e em troca, deixei para trás tudo o que amava, incluindo a possibilidade de amar como antes. Desde então, estive aqui, observando, iluminando, mas incapaz de tocar o que está abaixo de mim. Esse e meu fardo eterno loba.

Serena, ainda processando o que havia acabado de ouvir, sentiu seu coração pesar com a tristeza da lua. A lua, aquela que todos veneravam, estava presa em um ciclo eterno de solidão. Seu sacrifício, embora grandioso, a havia afastado do que ela mais desejava — o toque, a conexão, o amor verdadeiro. E agora, entendendo o porquê de sua saudade, Serena perguntou:

— Existe uma forma de trazê-la de volta? De fazer com que caminhe entre nós novamente?

A lua hesitou. Seus raios pareceram enfraquecer por um instante, como se ela lutasse contra uma resposta que há muito tempo escondia.

— Há uma forma, mas ela exige um sacrifício ainda maior do que o meu. Para que eu volte, alguém deve tomar o meu lugar. — a lua disse, sua voz trêmula e cheia de dor.

— E quem fizer isso, jamais voltará. Ficarão aqui, presos, a observar, a amar de longe. Um destino solitário.

Serena sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O peso da decisão que a lua sugeria era imenso. Mas algo em seu coração, algo profundo e instintivo, a fez olhar para o céu com determinação. Ela sabia que a lua precisava de conforto, de liberdade. Mas a que custo?

— Eu... — Serena começou a falar, mas foi interrompida pela lua.

— Pense bem, jovem loba. O sacrifício não é apenas seu. Seu nome será esquecido entre os vivos, e sua existência será apenas uma lembrança distante no brilho do céu.

Os outros lobos, que até então continuavam a uivar, pareciam não notar a conversa profunda entre Serena e a lua. Mas Serena sabia que seu destino estava sendo selado ali, naquela noite.

Ela olhou uma última vez para os seus companheiros, para a floresta que ela tanto amava. O vento soprou suavemente sobre sua pelagem prateada, e, sem dizer mais nada, Serena tomou sua decisão.

Erguendo o focinho uma última vez, ela uivou. Um uivo que ressoou não apenas na Terra, mas também nos céus. E, com aquele som, o destino de Serena foi selado. Aos poucos, a luz da lua começou a diminuir, e uma névoa suave envolveu a loba. Quando a névoa se dissipou, Serena não estava mais ali. No céu, a lua brilhava com uma intensidade renovada.

E no silêncio daquela noite, algo novo nasceu. Uma nova lua brilhava sobre os lobos, enquanto o antigo espírito, agora livre, caminhava pela Terra mais uma vez, suas patas tocando o solo que tanto ansiara sentir.

Os lobos continuaram a uivar, como sempre. Mas agora, a lua olhava para eles com olhos diferentes, olhos que um dia foram de uma loba como eles, que entendeu que o sacrifício pelo amor verdadeiro era, às vezes, o maior de todos.

E assim, a lenda da lua continuava, com um novo capítulo sendo escrito sob seu brilho eterno..

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