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No Amor E Na Guerra

Sinopse

A veterinária Anny Evans está enfrentando uma séria crise financeira quando recebe uma oferta irrecusável para vender sua propriedade a Peter King, o magnata dos cosméticos.

A princípio ela reluta, pois a propriedade pertence a sua família há várias gerações.

Por fim, decide arriscar uma contra-oferta

absurda e, para sua surpresa, Peter aceita.

Além de milionário, Peter é solteiro, bonito e o homem mais charmoso que Anny já conheceu. E parece determinado a adquirir a propriedade a qualquer preço.

Entretanto, paira um certo mistério no ar...

Muitas aventuras os aguardam... Já deixem essa novela nos seus favoritos.

Então leitores, prontos para mais uma aventura???

❤❤❤❤

Todos os personagens desta obra são fictícios.

Adaptação para leitura: Rosane Avelino

☺😉

O Início

Anny Evans olhou para o interruptor de luz quando adentrou a cozinha de sua casa. Deveria ligá-lo ou não? Quantos quilowatts as lâmpadas fluorescentes consumiam? Como isso se traduziria em sua próxima conta de luz mensal?

Arriscou dar uma olhada para o calendário: catorze de dezembro. Cinco dias para que o leitor da caixa de eletricidade chegasse.

"Bom, paciência", pensou, desanimada. Os animais necessitavam de luz. Ela necessitava de luz.

De alguma maneira, teria que conseguir o dinheiro para pagar aquela despesa.

Por outro lado, talvez deixasse os cômodos escuros. Assim, quando o sr. Peter King

chegasse poderia quebrar uma perna.

Se quebrasse as duas seria ainda melhor.

"Como se isso fosse mesmo acontecer..." Talvez devesse reler a carta.

Anny olhou na direção da mesa de trabalho em sua pequena sala de espera da clínica veterinária, que ficava na mesma propriedade em que morava, acoplada à cozinha, onde a pusera cinco dias atrás, depois de lê-la.

Podia ver o acabamento do envelope caro de cor

bege com desenhos em relevo sobressaindo-se de entre a pilha de contas a pagar.

— Saiba de uma coisa, sr. Peter King, não vou lhe vender o que é meu. Eu disse isso para seus quarenta e sete advogados, meses atrás.

E começou a chorar, porque não tinha muita esperança. Se não vendesse a casa, não teria como saldar as dívidas em que vinha se afundando.

Eles vieram de todas as direções. Cachorros, gatos, cãezinhos e gatinhos recém-nascidos, implorando pela atenção de Anny, as orelhinhas todas em pé para os estranhos sons do choro vindos da jovem que os alimentava, banhava-os e cuidava de todas as suas necessidades.

Eram animais abandonados, velhos ou doentes que ninguém queria. Fora para isso que fizera faculdade de Veterinária?, perguntou-se Anny, aborrecida.

Ela até mesmo possuía uma placa pregada na árvore em frente ao imóvel que informava que

era Anny Evans, DMV, cuja sigla significava doutora em medicina veterinária.

Quando se mudou de volta para a casa da família, onde fora criada, após passar alguns anos morando sozinha e estudando em Minnesota, recebera onze pacientes internos no primeiro mês, e mais vinte e cinco apareceram no segundo.

Um senhor de idade os levara, alegando que recolhera os bichos sem donos na redondeza. Agora Anny possuía um total de trinta e seis animais em seu canil.

Era a veterinária do bairro. O que podia esperar? E por ser nova ali, todos assumiam que podiam apenas despejar animais indesejados em sua propriedade.

Afinal de contas, o que uma veterinária com apenas onze pacientes tinha para fazer?

Anny pensou sobre os empréstimos que obtivera para seus estudos, os impostos de sua casa e mais de três acres de terra que possuía, os animais, as despesas, a futilidade de tudo aquilo.

Por que lutava tanto para permanecer ali e continuar com um padrão que não tinha condições de manter?

Tudo bem. A propriedade era de sua família fazia mais de uma década, porém, vendê-la lhe proporcionaria uma boa quantia de dinheiro.

Poderia pagar todos os empréstimos que obtivera, ir trabalhar em uma clínica, alugar um apartamento em qualquer lugar e... recomeçar.

Por outro lado, o que aconteceria com seus animais se fizesse isso?

Ninguém queria, e ela já se afeiçoara bastante, e não tinha coragem de deixá-los para trás.

Gemeu alto sem poder evitar, e os cachorros e gatos fizeram um círculo em torno de seus pés, num gesto protetor.

— Cheguei! — uma voz feminina exclamou, assim que a porta dos fundos foi aberta.

— Gertie!

Caudas abanaram com vigor. Gertie sempre trazia ossos de frango e um tipo de planta muito apreciada pelos gatos.

Anny ficou olhando Gertie alimentá-los com imenso carinho, dando uma coisa diferente para cada um, e torceu o nariz, numa careta divertida.

— Acho que eles gostam mais de você do que de mim...

— Esses marotos gostam do que trago para eles — Gertie sorria. — Eu gostaria de uma xícara de chá, se você tiver. O tempo está gelado lá fora. É provável que comece a nevar antes que a noite caia.

— Claro, sente-se — Anny foi colocar a água para ferver, enquanto Gertie se acomodava à mesa da cozinha. — Onde você vai dormir hoje, Gertie?

— Na estação de trem com meus amigos, num local coberto. Não ter um teto para morar não me dá muita escolha, querida.

— Você é bem-vinda para ficar aqui — convidou Anny mais uma vez. — Já lhe disse que o beliche é seu, a qualquer momento que quiser. Até mesmo lhe preparo o café da manhã. A propósito, comeu alguma coisa hoje?

— Pão com manteiga. Mas não estou com fome no momento. Tenho algo para você. Chame isso de um presente antecipado de Natal. Eu não via a hora de chegar para lhe entregar.

Gertie levantou várias camadas de roupa na parte da saia, onde tinha costurado um bolso no último forro. De lá retirou um envelope grosso.

Continua...............

O Envelope

— Nós encontramos isto na rua quatro semanas atrás. Lá estava este grande pacote de dinheiro descansando na calçada, tarde da noite. Dois mil dólares, Anny! Queremos que você fique com eles. Olhamos nos jornais, perguntamos para a polícia, ninguém reclamou o dinheiro. Deve ser proveniente de drogas, mas seus pobres

animais não sabem disso. É melhor que seja gasto com eles do que com algum traficante. E, por favor, não me diga que não aceita!

Anny suspirou:

— Gertie, eu nem sonharia em não aceitar... Mas acho que você e seus amigos sem-teto precisam mais do que eu. Podemos dividir, o que acha? Mil para cada uma.

— De jeito nenhum — Gertie meneou a cabeça com veemência. — Nós estamos acostumados a viver na pobreza e sem termos um lar, toda essa quantia não teria grande utilidade. Gostamos muito de bichos, e vou ficar ofendida se você

recusar o presente.

Anny olhou o envelope.

— Está bem.

Anny estava resignada e agradecida. Sabia que aquela mulher era teimosa e não pararia de insistir até que aceitasse. Além do mais. estava precisando muito do dinheiro.

— Você achou esse envelope em Plainfield? — colocou-o sobre o balcão e pôs duas xícaras na mesa.

Respondeu Gertie.

— Lá mesmo, na rua Front, como uma dádiva de Deus.

Anny abaixou-se para abraçar a mulher mais velha, que sempre tinha o aroma de lírio do vale.

Estranho. Ela nunca pôde entender o porquê daquilo. Como uma pessoa tão pobre, que morava na rua e tomava banho raramente, podia cheirar a lírio do vale?

Bem, talvez tivesse sido presenteada com um vidro de perfume por alguma senhora bondosa.

Gertie tinha bastante idade, devia ter no mínimo setenta e cinco anos, mas era conservada. Setenta e cinco anos de juventude, como costumava dizer.

Parecia magra e delgada, mas era difícil dizer com certeza, devido a tantas camadas de roupa que usava. Os sapatos eram rasgados e desgastados, as luvas tinham furos nos dedos, e o gorro de tricô estava cheio de bolinhas. Para uma setuagenária, tinha a pele ótima, com poucas rugas, faces rosadas e os olhos azuis mais brilhantes que Anny já vira. E a expressão era da mais pura bondade.

Anny conheceu Gertie poucos meses atrás, quando ela apareceu em sua residência procurando emprego. Anny mal tinha condições de arcar com suas despesas, que dirá contratar uma empregada.

Todavia, gostou de Gertie, e as duas conversaram durante horas.

Gertie lhe contou sua história comovente.

Foi morar na rua porque fugiu de casa, uma vez que os filhos que a sustentavam resolveram interná-la em um asilo para idosos. Inconformada com a situação, ela decidiu que era melhor viver na pobreza, porém com certa dignidade e independência.

Anny a considerava uma mulher forte e corajosa e, acima de tudo, com um grande coração. Depois disso, tornaram-se grandes amigas, e Gertie passou a visitá-la sempre que podia, levando ossos e plantas para os animais.

— Você veio andando desde Plainfield, Gertie? — Anny tirou a chaleira do fogão.

Gertie assentiu com um movimento de cabeça.

— Scotch Plains não é tão longe assim. Deixei meu buggie lá fora.

Isso significava que todos os bens materiais de Gertie estavam no carrinho de supermercado que ela ganhara, e se encontravam do lado de fora da clínica de Anny.

— Aqui está seu chá. Gertie, forte e puro, como você gosta — Anny serviu-se também e sentou-se diante da amiga. — É quase Natal. Vai telefonar para seus filhos? Deveria. Eles devem estar morrendo de saudade sua. Além disso, o Natal é

uma época perfeita para reconciliações.

Gertie fez que não.

— Por que eu faria isso? Para que eles me coloquem num asilo? Ah, não, de jeito nenhum! Gosto das coisas como estão. Apesar de pobre, sou feliz, querida. Vou passar o Natal com meus amigos. Agora, não quero mais falar sobre mim. Por que esse jeitinho de quem chorou?

Anny apontou para sua escrivaninha de trabalho, que ficava numa saleta anexa à cozinha. Não havia porta separando os dois ambientes.

— Contas não pagas. E uma carta do sr. Peter King. É aquele sujeito do qual lhe falei. Os quarenta e sete advogados dele não conseguiram me manipular, então agora ele decidiu vir aqui pessoalmente. Se acha que vai me convencer, está muito enganado. Deve chegar às quatro e meia da tarde.

— Aqui?! — Gertie teve um sobressalto, quase derrubando a xícara.

Ela ficou inquieta, nervosa.

Anny falou:

— Sim. Creio que irá fazer a oferta final. Ou talvez acredite que possa me intimidar. Imagine... Esta propriedade está com a minha família há mais de cem anos. Não a venderei para um sujeito tolo e arrogante que pretende transformá-la numa loja

de cosméticos. O que um homem entende de batons, rimei... de qualquer forma?

Quem se importa se é um dos maiores fabricantes de cosméticos da Costa Leste? Eu

nem mesmo uso batom. Estes lábios são tão beijáveis quanto ficariam de batom, e os

produtos oleosos dele não me farão mudar de idéia.

Gertie quase não ouvia Anny falar. Mas falou sobre a oferta.

— Tenho de ir agora, Anny — Gertie afirmou, de repente.— Então pretende recusar a oferta dele?

— Gertie, olhe a seu redor. O que faria em meu lugar? Para mim, esta casa é importante porque sempre pertenceu a minha família. Mas para King não significa nada. O que há de tão especial neste lugar, neste pedaço de terra? Deixe-o ir a Fanwood, qualquer canto, menos aqui. Não concorda comigo?

Gertie hesitou.

— Não sei. Localização é tudo. Isso é primordial. O local tem de ser o certo, e você, minha querida, está bem localizada para as necessidades desse homem, quaisquer que sejam elas — Gertie fez uma pausa e acrescentou: — Além disso, qual

o sentido de se manter presa ao passado? Se a venda da propriedade poderá solucionar todos os seus problemas, por que relutar? Se eu estivesse em seu lugar, pediria um preço mais alto.

Anny ponderou sobre as palavras da amiga.

— Talvez você tenha razão.

— Estou ouvindo o barulho de uma caminhonete. Olhe, Anny, a Wishnitz está aqui com sua ração de cachorro.

— Eu não pedi nenhuma ração — Anny franziu o cenho, sem entender.

— Sendo assim, é melhor você dizer isso a ele, porque o camarada está descarregando grandes sacos. Vejo você amanhã.

Anny a olhou.

— Gertie, eu gostaria tanto que você ficasse! Está esfriando demais.

— Obrigada, querida, mas não posso. Meus amigos estão a minha espera. Eles precisam de mim — e esboçou um sorriso doce.

Anny assentiu.

— Certo. Obrigada pelo dinheiro. Diga a seu pessoal que estou muito agradecida. E tome cuidado.

Anny acompanhou Gertie e a viu ir embora, depois ao avistar o motorista, reclamou:

— Ei, eu não pedi ração para cães!

— Bill falou que é um presente. Duzentos e cinqüenta quilos para cães, dezesseis sacos para gatos e dois de sementes de passarinho. Pode assinar aqui, por favor?

— Quem mandou isso? -- perguntou Anny.

— Não sei, senhora. Sou apenas o motorista e estou cumprindo ordens. Se quer saber detalhes, ligue para a loja. Onde quer que eu coloque isso?

— Nos fundos.

Em seguida, Anny ligou para a loja, para se certificar de que aquilo não era

um engano.

— Está me dizendo que uma pessoa anônima entrou aí e pagou por tudo isso?

O homem do outro lado da linha confirmou.

Falou Anny:

— É uma fortuna em ração para cães e para gatos! Não tem idéia do nome da pessoa?

— Não, senhora.

— Certo, obrigada.

Anny suspirou ao desligar o telefone.

Uma beagle chamada Annabelle pôs a pata na perna de Anny.

— Eu sei. É hora do lanche e de uma corrida. Certo, todos vocês, sentem-se! Conhecem bem a rotina: marchar em uma fila ordenada para a área do canil. Parem quando chegarem ao portão e sigam para seus pratos designados. Cada um sabe qual é o seu. Sem trapaça, Harriet — avisou a uma gata branca e gorducha que a olhava

com desdém. — Vou contar até três e, quando eu assobiar, corram. Muito bom, estão

começando a me entender. Certo, aí vai, comida extra hoje, graças a nosso bom samaritano, seja ele ou ela quem for.

De repente:

— Bravo! Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos não teria acreditado. Deve haver um total de trinta animais aqui, entre cachorros e gatos.

Anny virou-se e deparou com um homem alto, forte e bonito.

— Trinta e seis, para ser exata. E você é... ?— Anny consultou o relógio de pulso.

— Peter King. Você deve ser Anny Evans.

Ele se aproximou, para a irritação de Anny.

Continua...

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