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A Escritora

Capítulo I

Luna era uma escritora de aplicativo, que acabou ficando popular acidentalmente, escrevia somente por diversão, inclusive Luna não era seu nome verdadeiro, na verdade, seu nome era Cristina, mas como não, acreditava que, poderia ser famosa, pois já havia perdido a esperança de realizar este sonho, não se achava boa o suficiente para ser uma escritora, como os grandes escritores que admirava, não tinha um estilo próprio de escrita, simplesmente escrevia, usava o pseudônimo de Luna para escrever, escolhido propositalmente, pois quando era criança, sonhava, sim, um dia ser escritora, e sempre estava rascunhando alguma história, sua mãe, e professores falavam que ela vivia no mundo da lua, como lua em espanhol é Luna ela escolheu propositalmente.

Um dos diversos livros que Luna escreveu, ficou tão famoso, que uma editora grande entrou em contato através do aplicativo, para poder fechar um contrato, com a seguinte mensagem:

“Bom dia, Senhorita Luna, não temos outra forma de nos comunicarmos, por isso deixamos esta mensagem, assim que ler, por favor entre em contato conosco, pelo e-mail: editoratrevo@ymail.com.br, para podermos. Passar mais informações, pois nos interessamos neste seu livro e gostaríamos de publicá-lo de forma física”.

— E agora? Será que respondo, mas não quero, expor minha verdadeira identidade — disse, aflita, e abismada, pois não acreditava no que estava lendo, algo que sonhou tanto, agora estava acontecendo, justo agora que, havia deixado a chama da escritora dentro dela se apagar, tinha o hábito de ler os comentários sobre os seus livros e responder, mas tudo por hobby, nunca pensou que uma editora física se interessaria pelo seu livro.

— O que foi Cristina? — Perguntou Luciana, sua colega de apartamento, que acabara de chegar.

Luciana ou Lu, como gostava de chamá-la, era como uma irmã, Cristina engravidou acidentalmente de um Oficial, por quem era enamorada na época que trabalhava em navios de cruzeiros, como não queria dar problemas para sua família, decidiu quando desembarcou ficar em Sorrento, na Itália, contra a vontade da própria família, pois achavam que deveria voltar para o Brasil, foi Luciana sua colega de cabine, quem a ajudou com toda a papelada, pois por ser italiana, escreveu uma carta, como se Cristina trabalhasse para ela, então, as duas se revezavam para cuidar de Jean quando este nasceu, agora o menino já tinha 8 anos, e Cristina 35 anos, por Jean ser nascido na Itália, garantiu a estadia de Cristina, as duas dividiam um apartamento, onde moravam:

— Recebi uma mensagem de uma editora, para entrar em contato, pois se interessaram em um dos meus livros. — disse Cristina.

— Então o que está esperando?

— Mas faço, isso por brincadeira, não de forma séria.

— Mas quem sabe… se ficar famosa, não precisa pegar mais esses empregos de meio período, e não te custa nada ir ver.

— Mas eu não quero expor minha verdadeira identidade. Você sabe que sou tímida, que não sou, boa o suficiente para esse tipo, de coisa.

— Claro que você é boa em escrever, senão essa editora não teria se interessado, em um de seus livros, e você não precisa se expor, nós podemos montar uma personagem, você já não fez teatro? É só encenar, isso não, será difícil para você.

— Está bem.

Então Cristina, entrou em contato pelo e-mail, a editora marcou uma reunião. Como de início dissemos, Cristina não queria expor sua identidade, pois como criava, só por diversão e muitas das histórias que, escrevia era sobre coisas que havia passado, ou ouvido, eram segredos que expunha sobre si mesma, segredos do lugar mais fundo de sua alma e sobre pessoas que conheceu no navio, gostava de imaginar como acabavam os romances que via iniciarem no navio, escrevia para desabafar, para abrir, o coração, punha a alma no que escrevia, e o que escrevia, davam ótimas histórias, decidiu aceitar o conselho de Luciana, e juntas criaram a aparência de Luna, arrumaram uma peruca de cabelo natural ruiva, com uma amiga que era cabeleireira, Luciana emprestou um dos conjuntos sociais que não usava mais, algumas bijuterias do tipo que ficavam bem em Cristina, mas que esta não usava por achar exageradas, compraram um par de lentes de contato azul, e um óculos com uma armação diferente do que Cristina usava.

Duas horas antes da reunião, Cristina, se arrumou com sua identidade de Luna, Luciana fez, uma maquiagem, bem bonita em Cristina.

— Lu, está exagerada essa maquiagem, e esses acessórios que você me arrumou. — reclama Cristina, ao se olhar no espelho.

— Cristina, essa maquiagem, é apropriada, e combina com a peruca, sua pele, e cor das lentes, e os acessórios têm de ser de um tipo mais extravagante, porém tem de ser elegantes, para combinar com a roupa e um pouco exagerados e diferentes do que você costuma usar, pois sei que seu tipo de bijuterias, são as discretas que você usa e a maquiagem não está exagerada em nada, é que você, não está acostumada a usar outra cor que não seja dessas suas sombras dourada e marrom e lembre-se, que não podemos usar uma maquiagem igual à que você usa diariamente, senão você pode ser identificada facilmente, pois não mudará muito o seu rosto, e as bijuterias têm de ser de um tipo que você não use normalmente, você sabe que estamos em um lugar que quase todo mundo se conhece, e uma bijuteria que você use sempre seria facilmente identificada, apesar de não entender, porque você deseje isso. — diz Luciana inconformada.

— Está bem, você tem razão, e não quero ser identificada, pois tenho medo do livro físico ser um fracasso e ser ligado à minha imagem. — diz suspirando resignada, pois a amiga tinha razão

— Vai lá então, boa sorte. Não se preocupe, levarei o Jean comigo, para a confeitaria, quando ele voltar da escola.

— Obrigado Lu.

— Que nada, você ainda vai ser muito famosa, é só não esquecer das amigas.

Capítulo II

Cristina então, foi a reunião, ao chegar ao prédio, se identificou como Luna na recepção, havia um rapaz, por volta de seus 39 anos, bem apresentável, muito bonito, com belos olhos esverdeados, loiro, cabelo cacheado, por volta de 1,80 de altura, usava um belo terno azul-marinho, com uma camisa branca e uma gravata vinho, estava atrás dela:

— Olá! Você disse que se chama Luna? — pergunta o rapaz, curioso.

— Sim, por quê? — responde Luna (Cristina), um pouco assustada e com medo que alguém reparasse que era um disfarce.

— Você é a escritora Luna? — repete o rapaz, ainda sem acreditar, estava estupefato com a beleza dela.

— Sim, você é algum fã? — diz ela, em tom de brincadeira, mas um pouco sem jeito.

— Sou seu fã número 1 e já li todos seus livros, acho uma pena ainda não existirem fisicamente. Você poderia me dar um autógrafo? — diz ele super empolgado, mas tentando manter a compostura.

— Claro — diz Luna (Cristina) ainda sem jeito, pois ao ver aquele rapaz tão bonito dizendo ser seu fã, ficou sem reação.

O rapaz tira de sua pasta, um livro de Luna que mandara fazer, especialmente para aquele momento, e lhe entrega com uma caneta, Luna ainda não havia treinado dar autógrafos, e ficou um pouco abismada de ver seu livro daquela forma, montado com capa dura, para fazer isso deve ter tido trabalho, pois a única pessoa que consegue ter acesso ao arquivo para copiar é o próprio autor, outra pessoa só tem acesso ao modo leitura, isto é não consegue selecionar o texto para, copiá-lo, para criar aquela versão, deve ter tido trabalho, de ler e ir digitando palavra por palavra, mas agora tinha que pensar em como autografar, tinha que se lembrar de não usar seu nome verdadeiro, mas não se preocupou de disfarçar a caligrafia, não achou necessário, pois pensou que jamais o encontraria como Cristina, e se encontrasse não precisaria escrever nada, então ele não teria como conferir a caligrafia:

— Você quer que, faça alguma dedicatória? — diz ela tentando não transparecer estar emocionada, de ver seu livro feito profissionalmente.

— Pode colocar dedicada a Adam.

— Claro.  — diz ela com um sorriso, ainda meio sem jeito.

Colocou.

“Meu primeiro autógrafo, dedicado a Adam, meu fã número 1, e Assinou Luna”,  fazendo com que a letra U da assinatura fosse em forma de uma lua minguante, e datou.

Acabou tendo a ideia de elaborar uma assinatura diferente, pensou rápido:

— Aqui, senhor Adam. Este é o primeiro autógrafo que dou. — diz Luna (Cristina), devolvendo o livro.

— Obrigado, pelo seu primeiro autógrafo ser meu. Vamos tomar um café quando você terminar aqui? — pergunta ele com um sorriso, simpático, estampado nos lábios.

Aquele rapaz lindo a convidando para sair, deu um frio na barriga de Luna, fazia anos que ela não saia com um rapaz, ainda mais um tão charmoso, caramba! Como queria que, a conhecesse como era de verdade, mas será que se encantaria tanto quanto, havia se encantado pela escritora?

— Senhor Adam, tenho outro compromisso, não poderei ir dessa vez, mas se me deixar seu telefone, quem sabe poderemos marcar para outra oportunidade. — diz ela tentando evitar, passar seu número de telefone.

Adam ficou um pouco decepcionado, mas lhe entregou um cartão. Ele era o editor chefe, da editora TREVO, que era a editora que ia publicar seu livro, ao observar o cartão ela sorriu:

— Penso que estamos indo para o mesmo lugar. — diz ela.

— Sei, você veio para a reunião. Certo, vamos subir? — diz ele, com um sorriso, pois havia sido um dos responsáveis por ela estar lá.

— Sim.

— Quis lhe pedir o autógrafo aqui, pois não queria parecer um fã alucinado, na frente de nossos diretores e investidores. — diz ele tentando explicar seus motivos.

— Você não me parece um fã alucinado, em absoluto. — Diz Luna, rindo divertida.

— Obrigado, estava meio sem graça de lhe pedir um autógrafo, e me achar um esquisito. — diz ele meio sem jeito, mas ficando um pouco mais à vontade.

— Claro que não vou te achar esquisito. — diz Luna sorrindo divertida, e continua. — Agora vamos? Pois, devem estar nos esperando para reunião.

— Claro.

Eles pegaram o elevador, haviam outras pessoas com eles, mas gradualmente as pessoas desceram e ficaram somente eles:

— Luna antes de chegarmos, gostaria de saber… Este é seu nome verdadeiro?

— Podemos dizer que sim…

O coração de Luna (Cristina) disparou nesta hora, pois não queria mentir para aquele rapaz, mas não pode evitar, tinha vergonha de expor sua identidade, preferia manter o mistério, e quem estava ali era Luna, a escritora. E como ele havia lido todos seus livros, a conhecia bem, só não sabia sua verdadeira identidade, respondeu como escritora e não como Cristina:

— Prefiro ser chamada assim.

— Alguém já lhe disse, que você de tão bonita, parece um anjo?

— Não, você é o primeiro, mas você está me cantando? — responde em tom divertido.

— E… se  estiver? — diz Adam em tom provocativo.

— Tem de melhorar sua cantada, pois se lembre que sou uma escritora, e não cairei em uma cantada fraca como esta, os protagonistas dos meus livros dão cantadas bem melhores. — diz Luna (Cristina) mantendo a personagem, pois normalmente, seria um pouco tímida para responder dessa forma, estava gostando de se vestir daquele jeito, e poder agir de uma forma que não faria normalmente.

— Desculpe, não sou acostumado a cantar as garotas… geralmente são elas que se aproximam de mim, sou um pouco sério para isso e… você é a primeira garota que me faz querer tomar a iniciativa. — diz Adam um pouco sem jeito, e chega a ficar ruborizado, com a situação.

— Você não é nada modesto! — continuou Luna (Cristina) se divertindo de poder agir livremente e de ver aquele rapaz, daquela forma, nem estava se reconhecendo.

Adam fica sem jeito, e neste momento o elevador chega ao andar que deveriam descer. Na reunião acertam os detalhes, do contrato, Adam entrou na sala, com os diretores da editora para a reunião, Marcelo que era o diretor-executivo diz:

— Bom dia! Senhorita Luna?

— Sim, sou eu mesma.

— Prazer em conhecê-la, me chamo Marcelo. — diz o diretor.

— O prazer é meu senhor. — diz Luna.

— Nós a muito tentamos entrar em contato com você, mas vimos que você não tem redes sociais, e a única solução que tivemos foi, deixar uma mensagem, onde você publica suas histórias.  — diz Marcelo.

— Não tenho redes sociais, pois não gosto de ninguém bisbilhotando minha vida, sou o tipo de pessoa a moda antiga, prefiro e-mail, carta ou memorando… — diz Luna, educadamente, claro que tinha redes sociais, mas como Cristina, não como Luna afinal de contas, era apenas uma personagem.

— Nunca pensei que a senhorita fosse tão encantadora. — diz Marcelo, tentando deixá-la mais confortável.

— Obrigado senhor, já recebi um elogio de alguém quando entrei, vocês nessa editora só sabem paquerar? — responde Luna em tom divertido, olhando para Adam, estava se divertindo, em poder falar o que pensa.

— Não. — responde Marcelo sem jeito. — Trabalhamos sério aqui, só queria deixar a senhorita a vontade, mas vejo que você não precisa disso.

— Só estava brincando — responde Luna rindo da situação que havia provocado.

— Bom, sentem-se para podermos começar a reunião — diz Marcelo, ainda sem jeito. — A senhorita gostaria de beber algo?

— Aceito um café.

Marcelo faz sinal a sua secretária, que se encontrava ali, para atender as necessidades de todos, esta serve o café imediatamente:

— Senhorita aqui está, temos adoçante e açúcar, o que a senhorita prefere?

— Açúcar, por favor.

Luna se serve do açúcar que a funcionária oferecia. Então Marcelo começa a reunião.

— Senhorita, se publicarmos seu livro de forma física, terá que tirá-lo de qualquer aplicativo e outros lugares onde, esteja exposto, pois, desejamos exclusividade neste livro, e todos os livros que escrever futuramente, antes de resolver colocá-los em qualquer local público, terá que nos enviar o arquivo para avaliarmos, se nos interessar publicaremos, senão poderá publicar em outro lugar. Precisamos que preencha uma ficha com todos os seus dados para podermos dar andamento, ao contrato, você não é obrigada a aceitar nosso contrato, mas se o aceitar ganhará 60% das vendas de seus livros, além de outros benefícios, que terá se tiver uma frequência boa em publicação de outros livros o que me diz?

— Senhor Marcelo, primeiramente, quem terá acesso aos meus dados?

— Somente eu e, minha secretária e o pessoal do RH. Por quê?

— Porque não desejo expor minha vida pessoal, e desejo que o livro tenha como autor somente o nome de Luna.

— Tudo bem colocaremos isso em seu contrato, agora minha secretária irá lhe entregar a ficha, e daqui a dois dias você poderá vir assinar o contrato, antes disso peço que tire seu livro do aplicativo, e no dia da assinatura nos traga o arquivo do livro em um, pendrive, você ganhará 5.000 euros de adiantamento, pelo livro, e mais a porcentagem em cima das vendas, revisaremos ele, para ver se não há erros na ortografia, e alguma inconsistência na história, e lhe enviaremos por e-mail, o arquivo corrigido, e se houver algo de errado, mandaremos as observações, se estiver tudo ok, e as correções forem do seu agrado publicaremos, senão marcaremos uma reunião para discutirmos o assunto.

— Tudo bem, senhor. Assim o farei.

— Lisa, traga a ficha para a senhorita Luna preencher.

A secretária pega a ficha e a entrega com uma caneta à Luna, que a preenche e a entrega em seguida:

— Obrigada, senhorita, mas antes de sair posso te fazer, uma pergunta? — diz Marcelo

— Claro.

— Qual seu verdadeiro nome?

— Você verá, na ficha, pois tenho de preencher com meus verdadeiros dados, correto… Porém, prefiro ser chamada somente de Luna aqui, pois aqui sou uma escritora, e não quero que divulguem, meu verdadeiro nome a ninguém, por favor.

— Tudo bem, tornaremos a nos ver daqui a dois dias. Lisa irá te ligar para marcar.

— Tudo bem até lá.

Capitulo III

Quando Luna sai, Adam se levanta rapidamente e vai atrás dela:

— Espere senhorita Luna, por que não deseja que publiquemos com seu verdadeiro nome?

Luna para, e olha para trás, séria:

— Porque, se vocês cometeram um engano ao me contratarem e o livro for um fracasso, não estará ligado a meu verdadeiro nome.

— Você não acredita que vá ser um sucesso? — diz Marcelo, vendo a insegurança dela.

— Sinceramente não. — diz Luna incrédula.

— Por quê?

— Porque não tem um estilo de escrita bonito, como nos livros que leio, e nem fala sobre nenhuma síndrome de Estocolmo, e nem o protagonista é um sociopata, pois não acredito nesses estilos de história, mesmo sendo as que fazem mais sucesso. — diz Luna friamente.

— Mas é isso que te difere dos outros, como disse li todos seus livros, e nenhum deles é igual ao outro em nada, são histórias totalmente diferentes umas das outras. — diz Adam, seguro do que estava dizendo.

— Tenho certeza que vocês se enganaram. Mas preciso pagar minhas contas e isso irá me ajudar.

— Mas, e se não nos enganamos, e for um sucesso, também não estará ligado a você. — diz Adam.

— Não importa. Pelo menos terei minha vida particular preservada.

— Seu livro é bom, com certeza será um sucesso, e até um best-seller.

Luna ri ironicamente e responde:

— Parei de sonhar, sabe já sonhei quando era criança em ser uma escritora, sonhei em encontrar um amor verdadeiro, sonhei com muitas coisas, mas hoje só quero conseguir pagar minhas contas. Escrever é só uma terapia para mim, agora.

— Amor Verdadeiro, você não acredita que possa, encontrá-lo? — pergunta Adam, curioso, e com um aperto no coração.

— Parei de acreditar, em fantasia, não perco mais tempo sonhando, príncipe encantado não existe, o que existe no lugar são os sapos, e a vida não é tão colorida, está mais para um filme preto e branco monótono. — diz Luna sem se abalar.

— Mas você escrever sobre amor de forma tão poética, não parece que deixou de acreditar

— Mas deixei, acreditei tantas vezes que havia encontrado o amor, o tal do príncipe encantado ou alma gêmea, como alguns dizem, e eram só miragens, que se desvaneceram a primeira brisa. — diz Luna de forma amarga.

— Bom, está no horário do almoço, posso te levar para almoçar? Assim conversamos um pouco mais.

— Senhor Adam, já disse que tenho outro compromisso. — diz Luna séria, querendo se livrar dele.

Na verdade, não tinha, mas queria evitar aquele rapaz a todo custo, pois era muito atraente, e tinha medo de se apaixonar e acabar por ser outra miragem e sair ferida novamente, estava cansada de se magoar, queria ser uma pessoa que não sente mais a dor de se apaixonar, e durante oito anos estava conseguindo, não queria estragar tudo. Se descobrisse sua verdadeira identidade, provavelmente não ia querer ficar ao lado de uma pessoa sem sal como era.

Cristina era garçonete à noite, em um restaurante, algumas vezes fazia bico em festas como chapeira, cozinheira, bartender, quando não trabalhava em casas de família como babá, cuidadora de idoso, faxineira, às vezes até se arriscava a cantar em casamentos, era uma faz tudo, inclusive um de seus patrões lhe deixava com a chave do apartamento, para que cuidasse da limpeza geral deste, a ordem era a uma vez por semana, passar e dar uma geral, ou quando ele vinha visitar a ilha, ligava uns dias antes, para que, colocasse o apartamento em ordem, aquele dia, estava de folga, por isso que aceitou ir à reunião, agora queria só ir buscar seu filho na confeitaria onde sua amiga trabalhava:

— Então deixe que te dê uma carona, para seu compromisso. — insiste Adam, querendo ficar, mais um pouco na companhia de Luna.

— Não precisa se incomodar, vou chamar um táxi.

— Oras, não é incomodo, será um prazer poder esticar, mais um tempo com a minha escritora favorita. — diz Adam comum lindo sorriso.

Ela respira fundo e responde:

— Tudo bem! Você é bem insistente, mas é só uma carona, não crie esperanças, por causa disse. — diz Luna friamente.

— Ok, fico feliz que tenha aceitado. Onde é seu compromisso? — diz Adam animado.

Na Confeitaria Melody.

— Tudo bem, é minha confeitaria favorita, posso aproveitar e comprar um Canolli.

Neste momento o elevador chegou, eles desceram em silêncio para a garagem. Se dirigiram até o carro de Adam, que era um Lamborghini Gallardo vermelho, este abriu a porta do carro, Luna entrou, e ele entrou em seguida:

— Achei lindo seu carro.

— Foi um prêmio da companhia, no ano passado, por um dos autores que introduzi na empresa ter virado um best-seller, e ter dado um alto nível de lucratividade em apenas 6 meses, este publicou pelo menos oito livros que foram sucesso de vendas.

— Ah… Senhor não precisa me acompanhar até dentro, da confeitaria, apesar de você ter dito que quer aproveitar a oportunidade para comprar um doce, sei que só quer aproveitar para ficar mais um tempo comigo, e isso não é conveniente.

— Me deixe te pagar pelo menos um doce. — diz ele, sorrindo.

— Penso que não seria uma boa ideia…

— Você está com medo de quê? Seremos companheiros de trabalho… e eu não mordo.

— Não sei…

— Por favor, não custará nada a você ficar mais algum tempo comigo, e me acompanhar a comer um doce.

— Está bem, um doce. — diz Luna um pouco relutante.

Ao chegarem na confeitaria, estacionam o carro ali próximo, e vão direto à confeitaria, ao se sentarem na mesa, Luciana vai atendê-los com um sorriso malicioso para Luna:

— Bom dia senhores, sejam bem vindos à doceria Melody, aqui está o cardápio. — Diz Luciana, fingindo não conhecer Luna.

— Bom dia, nos dê um minuto para podermos escolher. — diz Adam educadamente.

Luciana se afasta momentaneamente:

— Ouvi dizer que o Tiramisu daqui é uma delícia — Diz Luna sobre seu doce favorito.

— Então peçamos um tiramisu, isso é se você quiser?  E um canolli para mim, o que acha?

— É uma boa pedida, pois amo tiramisu.

— E o que você gostaria de beber?

— Acho que vou de suco de abacaxi com hortelã.

— Senhorita. — diz Adam, fazendo sinal, para que Luciana se aproxime

— Já escolheram senhores?

— A senhorita quer um tiramisu, e um suco de abacaxi com hortelã, eu vou de canolli e uma coca zero.

— Ok senhores trarei em seguida.

Dois minutos depois, Luciana voltou com o pedido, neste momento Luna reparou atrás do balcão, quando viu Jean, e pensou:

“Só mais um pouquinho bebê, mamãe já vem te pegar, daqui a pouco este senhor irá embora e poderei voltar a minha vida”

— Senhorita Luna está tudo bem? O suco está de seu agrado. — pergunta Adam, reparando que ela parecia distante.

— Claro — responde Luna voltando de seus pensamentos.

— É que, te vi tão distraída.

— É que a pessoa com quem vim me encontrar, ainda não chegou. — mentiu.

— Talvez a pessoa tenha se atrasado.

— Vou terminar meu doce, e terei de ligar, para ele — diz Luna, olhando discretamente para Luciana, que entendeu, o que estava ocorrendo, foi ao banheiro e ligou para Cristina.

Adam fica enciumado, mas tenta não demonstrar:

“Ele!?, quem seria. “ELE”? Será que, é algum namorado? Ou talvez até o esposo de Luna, ela realmente era muito bonita e provavelmente era casada” — pensou, por um momento, desanimado e sem coragem de perguntar.

Nesse momento o telefone toca:

— Alô… tudo bem… Já estou indo… — diz Luna — Tenho de ir, obrigado pelo doce.

Luna nem deixa Adam responder e vai embora, pegando um táxi que estava passando. Adam ficou pensando:

“Caramba! Só queria conhecê-la melhor, mas daqui a dois dias ela retornará à editora, então tentarei me aproximar de novo, não irei desistir, agora que já te conheço pessoalmente, a tempos que sonhava com isso, fui eu que te ajudei, mostrando seus livros aos diretores e dizendo do seu sucesso no aplicativo, te ajudei, pois queria muito conhecê-la e agora você nem me dá uma chance…”

Cristina para o táxi a uns dois quarteirões dali, onde trabalhava na parte da noite, foi até o banheiro e se trocou, pois sempre tinha uma muda de emergência, no armário do restaurante, quando estava saindo deu de cara com seu patrão:

— Cristina, hoje é seu dia de folga, o que faz aqui?

— Só vim ao banheiro, será que, podia deixar umas coisas em meu armário, amanhã venho pego sem falta.

— Tudo bem.

Ela deixa as coisas de Luna, em uma bolsa no seu armário, pois se encontrasse com Adam, não queria que, acabasse vendo acidentalmente. Então se dirige a confeitaria que não era muito longe dali. Adam se encontrava sentado, conversando ao telefone, nem reparou nela por alívio:

— Boa Tarde, Maria! Vim buscar o Jean. — então ela se dirige a Jean, vamos embora filho.

— Ah! Mamãe não posso ficar mais um pouco? Eu ia comer um pedaço de bolo que a tia Maria está preparando.

Maria é a dona e doceira, da confeitaria, tem em torno dos seus 50 anos, e apaixonada pelo pequeno Jean, o tem como a um neto, e sempre mima ele:

— Deixe-o ficar mais um pouco, você quase não o traz aqui. — Diz Maria docemente.

— Claro, vocês estragam o apetite dele. — diz Cristina em tom de brincadeira. Então pega Jean pela mão:

— Vamos você vai almoçar, e tem lição de casa para fazer, a tia Luciana vai levar o bolo para você comer mais tarde.

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