Eu pensei que havia acabado, quando eles sumiram no palco, meu coração congelou por alguns segundos, mas senti alívio... Eles estavam bem, finalmente bem... Em partes, me doía muito saber que jamais veria eles de novo, jamais tocaria com eles de novo. Mas, eles haviam me deixado algo maravilhoso, haviam colocado a música de volta a minha vida. Eu não podia ser tão egoísta assim, então, ficaria feliz por eles.
Mas não aconteceu exatamente assim, ao abrir as portas do antigo estúdio da minha mãe, como uma última despedida, eu pude ouvir os gemidos de dor... Eram eles, ainda estavam ali. Ainda sofriam. Não pude conter as lágrimas, não pude conter a mistura de tristeza e felicidade... Felicidade por não terem ido embora, mas tristeza e angústia por vê-los sofrendo.
— O que estão fazendo aqui? Não fizeram a passagem? Porque não fizeram a passagem? — questionei de forma desesperada.
Sim, eles haviam salvado a minha vida, havia mudado tudo e todas as minhas certezas, mas nem mesmo isso eu conseguiria retribuir a eles?
— Parece que tocar no Morpheus não era o nosso assunto pendente — disse Alex com a voz embargada pela dor.
— Ponto para o Call — Diz Rick segurando-se na poltrona para se erguer aos poucos.
— Queria que pensasse que nós fizemos a passagem... Por isso fingimos — Luca completa com uma voz falha e uma expressão de agonia — só que não tínhamos outro refúgio...
— Achamos que ia direto pra cama — Rick completa com um sorriso triste.
— Eu sabia que ela viria aqui, mas ninguém me ouve — diz Alex antes de todos os três gritarem de dor novamente.
— Vocês tem que se salvar agora, vão para o clube do Call, vão, é melhor que não existir... Por favor, vão... Desapareçam... Façam alguma coisa... — Digo em desespero — Por favor, façam isso por mim... — as lágrimas desciam por minhas bochechas.
— Não vamos voltar para lá — Rick diz negando com a cabeça.
— Não vale a pena tocar se não for contigo, Jane — Luca diz se aproximando de mim com uma expressão de dor em seu rosto. — Não existe remorsos... — As lágrimas desciam por suas bochechas e eu não pude evitar o impulso de me jogar em seus braços em um abraço apertado e para a minha surpresa... Eu realmente o abracei enquanto dizia.
— Eu amo vocês... — disse ainda nos braços de Luca e ao me dar conta de que o estava tocando, me afastei, vendo ele brilhar enquanto indagava — como eu posso te tocar?
— Eu não sei... Estou me sentindo mais forte... — Ele responde me olhando com um sorriso.
— Alex! Rick, Venham! — Digo olhando para os dois, ainda ali atrás. Eles levantaram— se com dificuldade, mas logo estavam ao nosso lado, eu pude sentir o abraço deles e sorri, me sentindo feliz novamente, sentindo o ar voltar aos meus pulmões.
— Eu já não me sinto tão fraco — Rick diz me olhando enquanto brilhava, não tanto quanto Luca, mas ainda sim, parecendo mais vivo que minutos atrás. As lágrimas continuavam a descer pelas minhas bochechas.
— Nem eu... — Alex diz enquanto algo em seus pulsos brilham e eu pude ver o vislumbre de uma marca violeta saindo dos meninos e brilhando no ar.
— O que isso quer dizer? — questiono curiosa com a situação.
— Que a banda está de volta — Diz Luca me olhando com aquele sorriso de canto.
— Acham que podemos experimentar o abraço mais uma vez? — Alex perguntou com um sorriso sem jeito.
— Claro que sim! — Digo entusiasmada e nos abraçamos de novo.
— Até que eu gosto disso
— Tocamos no Orpheus! — Digo sorrindo enquanto pulamos juntos.
Naquele simples momento, me senti completa. Ali, no estúdio da minha mãe... Abraçada com três fantasmas que haviam mudado a minha vida...
E agora? Bom, agora estou em minha cama, digitando o meu trabalho de química enquanto Luca e Alex mexem nas minhas coisas.
— Luca, para de xeretar a minha caixinha de segredos! — Digo fechando o notebook com certa veemência.
— Mas, tem ótimas letras aqui! — Ele diz com certa revolta — E você me deixa curioso falando que não posso fazer algo...
— Vai ter que continuar curioso e achei que tínhamos conversado sobre limites, não é? — questiono com uma sobrancelha erguida.
— Olha... Você deveria estar ensaiando agora — ele diz se jogando na cama ao meu lado enquanto me olha com o rosto apoiado nas mãos.
— Claro, mas lembre-se, se eu tirar notas baixas, adeus banda — digo olhando para aquele rostinho levemente tentador que ele possuía.
— Ta... Mas, você teoricamente não fez a parte mais importante? — Ele continua me olhando com aquela carinha de cachorro sem dono que ele costumava fazer quando olhava para a geladeira.
— A parte de por o meu nome? — Questiono com uma sobrancelha erguida — Alex, me ajuda...
— Am? Ah! Então... A gente podia voltar lá pra baixo e continuar aquele último arranjo, enquanto a Jane encerra o trabalho de química — ele diz tentando convencer o Luca, que faz bico enquanto se levanta da minha cama para acompanhar o Alex.
Sabe? Não posso reclamar, mesmo com os dramas do Luca, os choros do Rick e Alex e a emoção de ter que mentir para todos, dizendo que eles são apenas hologramas... Tirando essa parte, é maravilhoso ter eles ali e ainda mais, poder tocá- los... Essa parte em específico é complicada, eles precisam se concentrar para acontecer. Mas é sem dúvidas uma evolução.
Era essa a minha vida atual, eu estava distraída terminando de digitar a finalização do trabalho, que quase não notei a campainha. Desci correndo, esperando que fosse a Fann, com alguma nova maluquice e me deparo com o Gab... Ele tinha um buquê em mãos.
— Ah! Oi Jane... Eu... Queria te dar parabéns por ontem. — ele diz com um sorriso sem jeito.
— Ah... Obrigada, Gab. — digo de forma gentil.
— Eu... Queria saber se você não aceitaria, sabe... Sair comigo essa semana. — ele questiona com um pequeno sorriso de canto.
— Então... É que, eu meio que estou ocupado com os ensaios e os trabalhos da escola, sabe? Mas... Eu agradeço o convite. — digo um tanto quanto sem jeito e consigo ouvir uma leve risada ao fundo. Eu conhecia bem aquela risada...
— Ah... Tudo bem... — ele diz com o rosto meio corado enquanto se vira de costas para sair. Quando viro para olhar de onde vinha a risada, me deparo com os três, ali, na cozinha... Rick sentado na mesa, Alex jogado no sofá e Luca sentado na bancada, rindo.
— O que foi tão engraçado? — questiono.
— O fora que você deu no Gab? — Rick responde rindo.
— Usar a gente de desculpa chega a ser cruel — Alex pontua.
— Nós não somos uma desculpa, somos inevitáveis — Luca diz rindo e se aproximando de mim, sinto seu braço por meu ombro — agora que você se livrou do loirinho sem sal, podemos conversar sobre novas composições e como seguir a nossa carreira! Eu consigo ver novos shows vindo aí! Agentes! Empresários famosos!
A empolgação do Luca era tamanha que nem pude ficar emburrada por ele estar tirando sarro do Gab... Ele era absurdamente fofo as vezes. Quase sempre na verdade... Eh... Talvez Fan tenha razão, eu talvez esteja apaixonada por ele. Oh Fuck.
— De novo, um, dois, três! — Luca dizia enquanto começava a música novamente. A música completava o lugar e ele sorria pra mim, enquanto tocava... Puta merda, alguém já disse que o sorriso desse garoto é lindo? aff... Inconscientemente, eu sorri em resposta, enquanto cantava o refrão.
— Muito bom! — Rick diz sorrindo enquanto soltava o baixo sobre o sofá.
— Muito bom? Isso ficou incrível — Alex comenta soltando as baquetas.
— Eu acho que devíamos continuar ensaiando — Luca diz enquanto deixa sua guitarra no apoio e se aproxima de mim, no sofá do estúdio.
— Eu concordo com vocês, ficou bom e precisamos continuar ensaiando — falo me espreguiçando — mas confesso, é sempre mais divertido, cantar com vocês aqui.
— Owmmm... A Jane ainda está emotiva, vem cá, me dá um abraço — Diz Rick se aproximando e me abraçando enquanto chora.
— E depois eu sou o sensível — Alex comenta com um resmungando. — ninguém me abraçou quando eu chorei por 25 anos...
— Vem cá, Alex — Luca se aproxima do loiro, sorrindo e de braços abertos. Alex permanece de braços cruzados mas recebe o abraço de Luca que ri da situação ao soltá—lo.
— Vocês parecem tão fofos, agindo dessa forma. — Acabei dizendo enquanto olhava para os três... Eles eram realmente a minha família.
— Nós somos fofos! — Rick diz fazendo biquinho, me fazendo rir com aquela situação. Aqueles ensaios estavam começando a se tornar comuns, todos os dias, as músicas fluíam de forma magnífica. Me sentei na pequena poltrona e fiquei ali, observando eles três interagindo, era tão relaxante, por mais que eu mal os conhecesse, o que? duas semanas? Eles eram parte da minha vida... Como se eu os conhecesse a anos, como se eles sempre estivessem ali... Acho que eu os queria ali... Pra sempre, comigo.
— Oi? Terra para Jan — Luca fala com o rosto próximo ao meu, enquanto ria da minha expressão boba.
— Ah... Ah! — Eu me afasto um tanto quanto constrangida pela proximidade — Eu só me desliguei um pouco... Onde estávamos? Querem repassar Finally Free? — Pergunto em um momento de tentar me livrar da situação em questão sem que o Luca reparasse na minha expressão e na forma como ele me afetava; embora fosse meio nítido que Alex e Rick pareciam ter notado a certo tempo... Eles riam enquanto Luca os olhava sem entender muito da situação.
Eu sei, é complicado quando você tem 16 anos e está apaixonada por um fantasma que morreu a 25 anos atrás ao comer um cachorro quente estragado... Mas... Você não tem noção do que aquele sorrisinho pode fazer com alguém... AAAAAAAAAAAAaaaah!!!! Por que diabos ele tem que ser tão fofo? Ele me lembra um labrador... Principalmente quando está empolgado com algo. E lá estava eu, devaneando sobre o Luca, durante a minha aula... De novo, quando senti a mão da Fann em meu ombro.
— Oi, Julieta, já pode acordar pra vida — Ela diz rindo enquanto me puxa para a realidade — já te falaram que você fica com cara de tonta, quando está pensando no Luca? Por que acredite, você fica.
— Uau, obrigada, Fann
— De nada, esse é o meu trabalho — o sorriso estampado em seu rosto, deixava nítido que ela realmente acreditava nisso fielmente... As vezes, eu amo muito a Fann, em outras, eu quero matá-la. — Então... Que tal você acordar pra vida e descobrir que temos um novo lugar pra vocês tocarem?
— Que? Onde? Como? Quando e por quê?
— Am... Ta, então, amanhã a noite, em um clube que antigamente era uma loja de discos, ela é frequentada por muitos artistas e entrou em contato com o perfil do insta de Jane and the phantoms, para contratá-los para tocar no aniversário de 25 anos, do lugar — Fann fala batendo palminhas, extremamente empolgada.
— Uau... Os meninos vão pirar com isso! — Digo animada.
— Sim, acho que talvez eles até mesmo conheçam o lugar — Fann fala me fazendo recordar que fazia 25 anos que eles haviam morrido... Fazia sentido, talvez eles realmente soubessem algo sobre o lugar.
— É, vou perguntar pra eles! OH MEU DEUS! O Luca vai começar a surtar sobre qual música devemos usar para abrir o show! — Digo levando a mão ao rosto.
— OH MEU DEUS! Que dozinha de você! Pobre Jane! sozinha! isolada em seu quarto com um fantasma gostoso! Que compõe ao seu lado! OH CÉUS! PORQUE TANTA MALDADE? — ela dizia enquanto atuava de forma dramática e exagerada.
Eu cheguei em casa empolgada para contar a novidade aos garotos, então corri direto para o antigo estúdio da minha mãe, que agora, havia se tornado nosso. Luca estava jogado no chão, com as costas no sofá e o Rick estava deitado de forma duvidosamente confortável sobre a poltrona... Às vezes eu me surpreendia em como ele conseguia se contorcer ficando deitado ali... Enfim.
— Eii! Seus bundões! Levantem! Temos um show para fazer! — eu disse o mais alto que pude e o pulo que Rick deu da poltrona me fez rir. Luca se ergue me olhando com cara de surpreso e felicidade.
— Onde? — ele questionou enquanto me olhava.
— Hummm... Eu não lembro o nome, mas a Fann disse que seria em um clube que antes havia sido uma loja de discos! É o aniversário de 25 anos da loja! Vai estar cheia de empresários! — respondi levemente empolgada com a situação.
— ISSO!!!! — Luca disse dando um pulo de comemoração e abraçando Rick.
— Cadê o Alex? — pergunto olhando em volta e me dando conta da falta dele.
— Ah... Ele saiu, acho que ele ainda está tentando lidar com a saudades do Willie... — Rick responde deslizando a mão pela nuca, em um gesto de desconforto.
— Sinto muito pelo Alex... Nunca vou entender o porque esse Call fez algo tão ruim a vocês e ao Willie... — Digo me sentando no sofá.
— Eu também sinto... Mas esqueçam o Call! Foquem no importante! NÓS VAMOS TOCAR! — Luca fala empolgado, sentando ao meu lado e envolvendo o braço em volta dos meus ombros. — Não está empolgada?
— Claro que estou! — falo olhando para ele e sentindo meu coração palpitar de leve, era novo poder ser tocada por eles, principalmente por ele... Era novo sentir o Luca tão perto... Desviei o olhar com um sorriso para Rick e levantei do sofá. — Então com qual música vamos começar?
— Don't blink, No
I don't want to miss it
One thing, and it's back to the beginning
(Não pisque
Não, eu não quero perder isso
Uma coisa, e está de volta ao início) — Luca começou a cantar, se aproximando de mim... Eu não consegui evitar o sorriso.
— Stand Tall é um ótimo inicio... — concordo.
— Também podemos cantar a que fez para a Fann, eu gostei daquela música. — Rick responde com um sorriso, pegando seu baixo.
— Todas as músicas da Jane são incríveis, como eu disse, ela é incrível compondo — Luca diz pegando seu caderno com letras e me olha com um pequeno sorriso... Eu senti meu rosto esquentar ao ouvir tais palavras. Como ele podia agir com tanta naturalidade enquanto me elogiava? AaaaAAAaaaaaaaaaH... Balancei a cabeça de forma negativa afastando meus pensamentos conturbados enquanto me sentava em uma cadeira e puxava o teclado até mim, era hora de escolher algo para tocar e tentar manter o foco.
O que eu posso dizer? Toda apresentação é um frio no estômago diferente... Mas os garotos tem algo, que sempre quando piso no palco junto deles, eu acabo esquecendo de tudo à minha volta. A música parece fazer parte de mim, de uma forma tão absurda que chega a me fazer perder o fôlego por alguns instantes, vocês me entendem?
— Hey! Perdidinha! Terra para Jane! — Fann chama minha atenção — Olha quem vem vindo.
Ela disse e eu então me virei para prestar atenção em quem estava vindo na nossa direção, era o Gab... Ele estava com um imenso sorriso no rosto e se aproximou me olhando de cima a baixo.
— Jane! Hey! Então... Que bom te encontrar aqui, sabe, eu fiquei sabendo do show na loja de discos — ele diz levando uma mão aos cabelos e os arrumando para trás.
— E então, vai nos assistir? — perguntei com um sorriso gentil.
— Claro! Eu nunca perderia um show seu, suas músicas são incríveis. — ele diz se aproximando de mim — e sabe Jan... Eu queria saber se você não aceitaria sair comigo, após o show? Sabe... Pra comemorar... E tem algo muito importante que eu queria te falar.
— Importante? Am..— confesso, não sei como agir, embora minha curiosidade nesse momento tenha me deixado tentada a aceitar, porém, antes que eu pudesse falar algo... Fann nos interrompe.
— Ótimo! Ela com certeza vai! — Ela diz com o braço no meu ombro. Eu a fito com uma cara de "vou?", era nítido que eu estava confusa com a resposta que ela deu por mim... Mas ele pareceu ignorar isso por completo, já que somente sorriu e se afastou de forma delicada.
— Então, até a noite Janl! — ele diz sumindo entre os outros alunos.
Olhei para a Fann com cara de quem não tava entendendo muito o que estava acontecendo.
— Então quer dizer que eu vou? — questiono com uma sobrancelha erguida.
— Claro, esquisita! Você é curiosa que eu sei, você já teve um crush nele, o Gab OBVIAMENTE está interessado em você e já falamos sobre o seu crush no menino morto... Sabe, não me leve a mal, eu entendo, de verdade! O Luca é uma gracinha... — ela diz levando a mão ao peito — mas amiga, ele ta morto...
— Eu sei... — Digo suspirando — Ta... Eu vou tentar sair com o Gab...
— É pro seu bem, Jane... — Fann diz me abraçando — não quero que se machuque.
— Eu sei...
Aquilo era doloroso... Depois de admitir que obviamente sinto algo pelo Luca, é doloroso saber que ele está morto, que eu nunca vou realmente ter ele; sabe, eu nunca fui a garota que sonha com um príncipe encantado ou com finais felizes e completamente absurdos... Mas, o Luca me faz pensar em histórias com finais felizes, finais onde ambos deitam no sofá pra ver um filme, com chocolate quente em uma caneca de panda e pantufas nos pés... É pedir muito?
Fiquei tão distraída com tudo isso, que me desliguei pelo restante do dia... Não lembro muito bem das aulas, mas lembro de tocar algo na aula de música, algo que me lembrava o Luca.
— Jane... Porque você parece tão confusa? — Ouvi a voz do Alex, me questionando e ao virar, eu vejo metade do corpo dele, atravessando a minha porta.
— Oi, Alex... Ée... Longa história? — questiono rindo.
— Muito longa? Porque sabe... Eu tenho acho que quase uma eternidade... Posso te ouvir — ele diz entrando e se jogando na minha cama, quase ao meu lado.
— Eu não sei... Eu... — Fico parada ao pensar no que falar, eu devia falar disso pra ele? Era tão confuso, não seria estranho? Ele contaria ao Luca? aaaaaah!!!!
— Hum... Precisa de um abraço? — ele questiona abrindo os braços.
— Acho que sim... — digo me aproximando e o abraçando — Obrigada...
— Ah... Que nada... — Ele me solta e sorri — Sabe... Antes de morrer, eu sempre estava muito ansioso...
— Sério? — questiono rindo.
— Sim... E morrer não ajudou muito... — Ele continua rindo da situação — Sabe, é uma grande mudança, uma mudança absurdamente grande e eu realmente não sei lidar com mudanças.
— Uau...
— Bom, depois... A gente apareceu, você conseguia nos ver e BUUUH! Outra mudança — ele ri — E aí todos nós viam quando tocamos com você... — Ele vira de lado e sorri me olhando — Você encheu as nossas vidas de mudanças, Jane... Mas, sabe... Mesmo não sabendo lidar com mudanças, eu gostei muito delas e principalmente de conhecer você.
As lágrimas desciam pela minha bochecha ouvindo aquilo... Aqueles 3 meninos, eram minha família, eram algo que a minha mãe tinha me mandado. Você pode acreditar ou não, mas no meu coração eu sei que ela os enviou...
— Alex... — Digo o abraçando de novo e chorando — Eu não sei o que fazer... Eu talvez goste muito de alguém...
—Uau... — Ele responde rindo — Sério? E porque está triste?
— Porque... Talvez não seja assim pra ele... E... — Eu limpo as lágrimas — Eu não sei...
— Você está com medo? — ele questiona.
— Morrendo de medo... — respondo sem pensar duas vezes.
— Não tenha medo... O amor é pra ser carinhoso e leve. Não existe espaço pro medo — ele diz e eu pude sentir os dedos dele por minha bochecha em uma leve caricia... Isso me lembrava tanto os carinhos da minha mãe, que acabei por sorrir.
— Vou... Tentar.
— Isso! E se prepare por que HOJE NÓS TEMOS UM GRANDE SHOW! — ele diz levantando da cama extremamente animado.
— E X A T A M E N T E — digo pulando da cama e indo até o baú de coisas da minha mãe. Eram tantas opções... Escolhi algo alternativo, o lugar? ESTAVA MARAVILHOSO... E os meninos? Nem se fala. Eu olhei de canto para o Luca, que sorria de forma contagiante enquanto falava com os garotos.
O lugar estava lotado, quase tantas pessoas quanto havia no Orpheus... Sorri e iniciei no teclado, iremos começar com Flying solo. O Luca e os meninos explodiram no palco, entrando de forma triunfal e tocando de forma magnífica, como sempre. Eu pude ver a Fann sorrindo, afinal a música era pra ela... As pessoas dançavam enquanto a gente continuava. Minha voz ressoava em uníssono com a do Luca.
— My life, my life would be real low, zero, flying solo
My life, my life would be real low, zero
Flying solo without you
Hey, yeah, yeah
Hey, yeah, yеah
My life, my life would be rеal low, zero
Flying solo without you
( Minha vida, minha vida seria péssima, nada, voando sozinha
Minha vida, minha vida seria péssima, nada
Voando sozinha sem você
Ei, sim, sim
Ei, sim, sim
Minha vida, minha vida seria péssima, nada
Voando sozinha sem você) — Cantei indo na direção do Luca e sorrindo enquanto deixava o microfone inclinado pra ele continuar.
— Yeah, you know who I'm likin'
Way before I liked them, duh
'Cause you liked them first
And if somebody hurts you
I'm gonna get hurt too
(Sim, você sabe de quem eu gosto
Muito antes de eu gostar deles, dã
Porque você gostou deles primeiro
E se alguém te machucar
Eu também vou me machucar) — Ele continuo e sorrio enquanto eu cantava junto com ele e terminava com o solo.
— That's just how we work, yeah, that's just how we work
It will never change
We both know what I, what I, what I mean
When I look at you it's like I'm looking at me
(É assim que nós funcionamos, sim, é assim que nós funcionamos
Isso nunca vai mudar
Nós duas sabemos o que eu, o que eu, o que eu quero dizer
Quando eu olho para você é como se estivesse olhando para mim) — As pessoas pulavam enquanto a gente cantava. A gente continuou, passando para Wake Up... Sugestão do Luca... O Alex me acompanhava na bateria enquanto eu tocava o piano e o Luca fazia a base com o Rick. E então, encerramos de forma magnífica cantando Edge of Great... Ouvir as pessoas cantando junto, foi uma das melhores coisas da minha vida.
— Esse show foi ANIMAL!!! — O Luca disse de forma empolgada, me fazendo rir. Realmente, foi um show incrível, mas ver ele tão empolgado, com um sorriso de canto a canto enquanto conversava com os meninos, me fez esquecer por alguns segundos sobre o Gab... Mas ele fez o favor de me lembrar.
Estávamos saindo do palco... O Luca virou pra mim e falou.
— Jane! Você é incrível, sabe o que isso merece? — ele pergunta rindo.
— Uma festinha com garotas e pizza? — Rick responde me fazendo rir e o fazendo o Luca e o Alex o fitarem com cara de "você é meio burro as vezes".
— É, Só que sem a parte das garotas! — O Luca responde e vira pra mim, mas quando a boca dele se abre, o Gab se aproxima de mim, que aparentemente estava sozinha, naquele momento.
— Jane! — Ele diz correndo até mim — Te achei! E aí, preparada pra sairmos? Eu marquei um restaurante que eu sei que você vai amar! Está com fome? — Ele questiona indo para o meu lado.
— Oh! A Jane tem um encontro — Rick brinca, fazendo beijinhos com as mãos.
— Ah... Então você aceitou o convite, no fim das contas — O Luca diz com um sorriso que não me convenceu muito, ele parecia... Estranho.
— Ele é insistente... — Alex diz com os olhos semicerrados.
— Ahm... É... Vamos. — Digo respirando fundo — E eu nem sei se estou com tanta fome... Eu meio que comi antes de sair de casa — falo uma grande mentira, de forma deslavada.
— Sem problemas, ainda assim sei que vai amar o lugar, é aqui pertinho! — ele diz sorrindo — vamos! Eu trouxe o meu carro. — ele diz estendendo o braço pra mim. Luca nos fitava de braços cruzados.
— Certo... — Digo com um sorriso de pura gentileza.
Caminhei ao lado do Gab e deixei os meninos para trás... Ele falava de forma desenfreada e eu confesso, não prestei atenção em uma única palavra. Nada ali me interessava de verdade, na minha cabeça só conseguia vir, Luca...
— Chegamos! — Ouvi o Gab falar e olhei para o lugar, era um prédio antigo em estilo italiano — Acho que você vai gostar.
Eu virei para olhar o lugar... Era uma decoração aconchegante, mas romântica. Haviam inúmeros casais e por um momento me senti dentro de uma história de romance de 1845.
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