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Rosalie e a vingança do pirata traído

I

O balançar do barco era tão bem-vindo que Dimitri se viu apreciando toda a viagem. Tinha partido da sua terra há poucos dias onde enterrou seu irmão mais velho, última pessoa da família que foi morta pela doença do pulmão cheio.

Tinha parado com suas viagens para cuidar do irmão, mas não deu certo. Ele não sobreviveu. Viu Dário tossir e tossir até se afogar nos grossos fluídos tingidos por sangue.

Reuniu toda sua tropa, subiu no seu barco apelidado carinhosamente de Nebulosa e ganhou os mares. Tinha adiado sua vingança devido a sucessão de coisas que tinha sofrido, mas era hora de retornar.

Dimitri tinha prometido vingar-se do maldito atual rei de Lindúvia há muito tempo, porém outros deveres lhe tomaram tempo. Todo caos que tinha se instalado em sua família tinha um causador: Arthur Zanetti.

Navegando em mares calmos, Túlio, amigo próximo de Dimitri, se aproxima do homem e lhe oferece uma caneca transbordante de cerveja. Ele aceita de bom grado e mata a sede que nem percebeu que tinha até segundos atrás.

–Tem certeza que vai atrás de Zanetti? Ele nos traiu há muito tempo, capitão. Podemos saquear os barcos da marinha Linduviana e sairmos recompensados.

–Você sabe o que ele causou para todos nós, Túlio.–Beberica mais um pouco sua bebida.–Ele levou todo o ouro que roubamos em Calixtor e nos entregou para eles. Simplesmente nos entregou para a morte, mesmo depois de tudo que fizemos para ele.

–Maldito!

–Eu fui descoberto, meus pais me odiaram até o fim de suas vidas e eu perdi meu irmão pra essa terrível doença porque não tinha o meu ouro prometido para comprar remédios. Você acha justo eu deixá-lo impune, Túlio?

O homem nega e enche a caneca do amigo mais uma vez. Túlio não amargou tanto a traição de Zanetti porque conseguira fugir e depois voltou para salvar o amigo. Mas isso só se deu dois anos depois.

Dimitri foi preso e açoitado por varias e várias noites. Estava tão protegido que foi difícil para Túlio salvá-lo de imediato. Foi preciso todo um plano estrategicamente pensado. Enquanto isso, Dimitri sofria.

Todo esse sofrimento serviu de gasolina para inflamar o fogo da vingança em seu coração. Ele estava cego, louco para fazer Arthur Zanetti sentir dor igual ou tão terrível quanto ele sentiu.

–Como vai ser seu plano, capitão?

–Vamos atracar na ilha de Nefestus, lá é bem abandonado e com certeza não levantaremos suspeitas. A missão principal é se entrosar em Lindúvia. Precisamos nos enraizar a ponto de conhecer cada fraqueza daquele reino e usá-las para derrubá-lo.–Dimitri ergue a caneca e brinda no ar.–Aos poucos eu vou minando tudo que ele construiu com o ouro que era meu.

Dimitri encara o horizonte já enxergando um pouco da ilha onde vai atracar. Seu coração não se cabe no peito e a boca chega a salivar em excesso por ansiar devolver toda dor e vergonha que Arthur lhe causou.

...

Em um reino onde tudo era lindo e maravilhoso, Rosalie curtia a brisa no jardim juntamente com sua dama de companhia, Joane. As duas bebiam chá de sálvia e beliscavam alguns biscoitos de polvilho.

Os cabelos soltos e alaranjados de Rosalie dançavam em sintonia com o vento e os raios de sol que alcançavam suas mechas davam um toque final a todo aquele espetáculo. A garota era uma obra de arte completa.

–O seu professor de dança popular está com a doença do pulmão cheio, Rosie. Creio que teremos que achar um outro pra você.

–Essa doença que não dá trégua...–Declarou tristonha.–Espero que ele fique bem, mas mesmo que melhore não posso voltar a ter aula com ele. Papai me mataria.

–E com razão. Essa doença é contagiosa e ele quer o seu bem.–Joane serve mais chá para sua princesa.–Quer mais biscoitos?

–Podemos tomar suco ou água? Cansei desse chá de sálvia. Estamos tomando ele há cinco dias e acredito que já me adaptei. Não quero mais, Joane.

–Ok. Por hoje podemos tomar suco de graviola, mas amanhã começaremos a adaptação de um novo chá. Você sabe, uma mulher que toma chá exala ainda mais elegância e postura.

Rosalie assente, mas ao ver Joane dar as costas ela simplesmente mostra a língua. Não aguentava mais tanta etiqueta e trejeitos ensaiados. Ela só queria um suco forte e uns biscoitos com recheio. Mas quase tudo era praticamente proibido por sua mãe. A rainha Tânia tinha medo que sua filha engordasse e não arrumasse nenhum partido à altura da família real de Lindúvia.

Joane era a incumbida de fazer valer todas as ordens da rainha, mesmo achando algumas extremamente desnecessárias.

Rosalie olhou para os portões do fundo que dava acesso a uma parte da grande floresta Linduviana e desejou um dia sair. Já estava farta de tudo e só queria um meio para livrar-se dessas amarras invisíveis. Suspirou quando viu Joane retornar com o que tinha ido buscar.

**Oi, gente! Turu baum?

Essa história está sendo elaborada e postada ao meu gosto. Porém, provavelmente vai ter vários erros e tals. Por isso, relevem. Melhor deixar para ler quando tiver concluída e revisada ok?

Um beijo**!

II

Dentro do palácio, mais precisamente nos aposentos reais, Arthur e Tânia discutiam o que fazer com a recente falta de recursos que assolaria caoticamente os cofres de Lindúvia.

–Os seus excessos nos custaram isso, Tânia. Você e suas jóias caras, seus tecidos árabes e suas iguarias gastronômicas nos levaram a isso agora.

–Eu?–A rainha berra enraivecida.–Você que há quase 10 anos atrás esfregou na minha cara que tinha riqueza pra quatro gerações e que nós não precisaríamos mais de apoio político de outras regiões. A culpa agora é minha, Arthur?

Arthur queria despejar a culpa em quer que fosse, mas sabia que era inteiramente sua. O ouro roubado de Calixtor durou bastante, mas estava no fim. Lindúvia não tinha nenhum apoio político porque o rei achava que manteria todo um país com o ouro que tinha. Tolo!

–O que faremos?–Questiona a rainha.–Vamos tentar casar a Rosie com um bom pretendente, que ofereça muito dinheiro e bens. Ah, e seja representante político de algum lugar.

–A Rosie?–Arthur reflete.–Ela acabou de fazer 20 anos e acredito que nem tenha toda a etiqueta para casar. Quem vai querer uma jovem que não terminou todos os ensinamentos?

–Rosalie é princesa, Arthur! Todos querem uma princesa. Deixa de ser burro, homem!–Tânia bate de leve na cabeça do marido.–Vamos, se reuna com sua cúpula e anuncie que vai casar sua filha. Ela nos fará ganhar tempo até vermos de onde tiraremos mais ouro pra continuar reinando sem que saibam da nossa situação.

Arthur assentiu, mas não gostou de um todo da ideia. Ele tinha um amor especial pela sua filha e jamais iria querer vê-la casada. A ideia o apavora, mas ele precisa executá-la. Só torcia pra encontrar um genro bem feio e bondoso para com Lindúvia.

Rosalie tomou o suco quase que gemendo em total satisfação. Só lhe era permitido tomar meio copo de dois em dois dias. Sua mãe era bem controladora quanto a isso. Joane só não permitiu que a garota comesse biscoitos recheados. Esses lhe são mimos dados mensalmente e ela já os tinha comido semana passada.

–Rosie, não se come e fala ao mesmo tempo. Sua mãe morreria se visse isso agora.

–Joane, por favor, esqueça a minha mãe. Essas aulas não vão me servir. Eu só precisaria me casar se quisesse algum apoio político, o que não precisamos, e ouro, o que temos de sobra. Não se preocupe!

Joane sorriu balançando a cabeça em negação. Ela tinha uns 45 anos, mas desde que Rosalie completou 10 anos ela tinha se tornado sua professora. Bastante tempo de convivência para saber de cor que Rosie não tem nenhuma ambição de casar. Mas a rainha Tânia ordenava o acontecimento das aulas. Ela, como funcionária, obedece as ordens.

–Você nunca pensou sobre o amor de um homem por uma mulher, Rosie?

–... Sabe que não?! Eu tenho o amor do meu pai e ele sempre disse que isso bastaria. Eu me sinto bem sendo amada por ele, Joane. Quero viver aqui para sempre.

Joane assentiu um pouco duvidosa sobre a resposta da garota. Rosie não tinha muito contato com homens, apenas seu pai e seu irmão mais novo eram bem próximos. Mas Joane sabia que o olhar do rei Arthur para sua filha era diferente. Se amaldiçoou mentalmente só por pensar nisso. Seria enforcada se soubessem o que pensa.

–Está anoitecendo. Vamos, Rosalie.

A garota se levantou e, como uma verdadeira princesa, caminhou para dentro do palácio. Os homens que trabalham no local eram proibidos de encarar ou olhar Rosalie nos olhos. Essa proibição lhe era desconhecida, por isso sempre se perguntava se ela lhes parecia chata ou ruim. Se contentava com a ideia de que não precisaria agradar ninguém, apenas a ela mesma.

Seguiu diretamente para o quarto e despediu-se de Joane na porta do mesmo. Seu banho estava pronto, apenas se despiu e entrou na banheira. Depois de um tempo, mais precisamente quando a água esfriou, Rosie saiu da banheira. Enrolou-se no seu grosso robe branco e pegou uma toalha para enxugar seus fios longos. Quando saiu do banheiro deu de cara com seu pai sentado na cama.

–Pai? Aconteceu alguma coisa?–O encarou ainda enxugando seus cabelos.

Arthur tinha entrado faz muito tempo naquele quarto e tinha passado quase todo o banho da filha observando-a. Era um dos seus passatempos favoritos.

–Papai veio conversar com você.–O rei bate no colo chamando sua filha pra sentar e ela o faz.–Adivinha o que chegou para minha princesa?

Os olhos de Rosie saltaram ao ver uma caixa que seu pai escondia atrás dele. Eram o par de sapatos da última moda em Paris que ele prometeu dar a ela.

Rosie é uma garota criada sem maldades. Seu irmão mais novo tem apenas 12 anos e seu pai é sua única referência de amor vindo de um homem. Teve diversos professores, mas as aulas eram sempre assistidas pelo Rei ou por Joane. Não eram permitidas trocas de palavras informais. O rei deixou proibido.

Arthur cercou sua filha de uma forma tão esquisita que Rosie pouco sabe sobre os homens. Na verdade sabe quase nada. E também não tem curiosidade.

–Sente na cama que eu vou colocar os sapatos nos seus pés.

Arthur deixa que a filha sente na cama e então se abaixa na frente dela. Um dos sapatos já estavam em suas mãos aguardando ela erguer a perna e calçá-lo.

–Encaixe o pé, bonequinha.

Ela ergueu a perna e, por ser serena e ingênua, mostrou sua vagin@ ao pai. Ela encaixou um pé e depois Arthur pegou o outro calçado. Enquanto ela erguia novamente o pé, ele admirava aquela carne rosada e com pêlos ruivos. Prometeu que ainda iria provar seu gosto.

–Eu amei, pai!–Andou no quarto eufórica.–Você é o melhor.

–Deixa eu sentir como tá batendo rápido seu coração de alegria.

Ele simplesmente põe a mão dentro do roupão e toca no seio da filha. Aproveita e dá uma massageada, mas rapidamente tira a mão.

–Você está muito feliz, Rosie. Realmente amou. Eu amo te ver feliz!

Ela se joga nos braços do pai e beija seu rosto. Rosie foi totalmente infantilizada pelo pai, era o seu laço para finalmente fazê-la sua um dia. Esse eram os planos doentes de Arthur. Ele queria matar Tânia e tomar Rosie como sua mulher e ter filhos de sangue puro. Precisava apenas ir convencendo-a aos poucos.

–Vim participar da festa.–A rainha aparece no quarto.–Seu pai já contou que vai casar você, Rosalie?

Rosie estanca e de cenho franzido encara o pai. Arthur se viu desejando apertar fortemente o pescoço da sua esposa até vê-la roxa. Todo o plano de amaciar Rosie foi por água abaixo.

III

Dimitri quando atracou na ilha de Nefestus já era noite. Devido ao seu estado de abandono, ficaram à vontade nas terras conhecida por ele. Lindúvia ficava há uma hora dali e Dimitri sabia que teriam que ir aos poucos. Muitos homens chamariam muita atenção.

–Eu posso negociar a nossa cerveja velha. Posso me passar por um comerciante viajante.–Sugere Túlio.

–Eu, como mudei muito, sei que Arthur não me reconhecerá. Irei como Lorenzo, um homem estudado que está passando por Lindúvia para colher conhecimentos dessa terra tão frutífera.–Dimitri debocha usando palavras rebuscadas e a tripulação cai na gargalhada.–A cada dois dias dois homens se infiltram em Lindúvia. Entenderam? Apenas 5 homens permanecem no navio. Isso vocês decidem na sorte.

Todos concordam e então ficou decidido que Túlio e Dimitri iriam ser os primeiros a irem. Depois que todos comeram, beberam e dançaram, adormeceram mais rápidos que bebê de barriga cheia.

–Você quer matar Zanetti, capitão?–Túlio limpa a bagunça que estava na mesa que estavam bebendo.

–Acho tão rápido e primitivo isso de matar...–O homem raciocina.–Prefiro primeiro conhecer suas fraquezas de perto. Acredito que isso vai durar mais do que eu queria, mas será divertido.

–Entendi. Você quer destruí-lo.

Dimitri observa seu amigo e assente vagarosamente. Ele não tinha todo um plano meticulosamente pensado, mas sabia que teria que o fazer sofrer. E nada melhor do que tomar uma rasteira de onde menos se espera.

Depois de algum tempo todos foram dormir. Dimitri e Túlio ficaram organizando suas coisas para suas partidas ao amanhecer.

...

Rosie encarava sua mãe não entendendo nada do que tinha acabado de ouvir. Na verdade ela tinha entendido, porém começava o processo de negação.

–Você é uma cobra, Tânia.–Diz Arthur.–Bonequinha...

–A verdade, pai.–Retrucou afastando-se.–Só preciso da verdade.

–Antes vista-se.–Ordenou a mãe.–Isso não são trajes apropriados. Vá! Vá! Vá!

Rosalie engoliu o choro e foi vestir-se no banheiro. Vestiu suas roupas íntimas, a sua camisola composta e por cima seu vestido. Não teria tempo de usar espartilho.

–Vamos, podem falar. Estou pronta para ouvir tudo.

Tânia revira os olhos e faz um gesto para que Arthur fale. Ela queria se dar esse prazer de ver a Rosie chateada com o que ouvirá do pai. Sentou na cama, cruzou os braços e aguardou.

–Estamos ficando sem dinheiro, filha. O único jeito que encontramos de ganharmos tempo enquanto arrumamos um jeito de contornar essa situação seria casando você. O dinheiro e o apoio político nos ajudaria muito agora.

–Vocês me deram a falsa esperança de que eu poderia muito bem ficar solteira porque tinha dinheiro suficiente em Lindúvia. Agora não há mais dinheiro suficiente, o que aconteceu com todo dinheiro então?–Rosie estava furiosa.

–Não fale assim, sua arrogantezinha.–A rainha interrompe a conversa.–Você acha que manter Lindúvia tão maravilhosa como contam nos livros não requer dinheiro? Dar conta de você e do Henrique não requer dinheiro? Você tem tudo que quer, até professores particulares e ainda questiona o que aconteceu com o dinheiro? Vontade de te bater agora.

–Nem ouse, Tânia.–Arthur range entre os dentes.–Sua mãe também tem parte de culpa por todos esses excessos, mas isso não convém agora. Precisamos de um noivo que aceite nossos termos e nos proporcione alguma vantagem para podermos pensar com mais tempo. Eu sinto muito. Não queria que fosse assim, bonequinha.

Rosalie teve vontade de chorar, mas não fez. Isso não se deu devido aos inúmeros ensinamentos dados por Joane sobre não mostrar vulnerabilidades ou fraquezas, mas por estar anestesiada. Ela não conseguia reagir agora.

–Ok. Então em breve me casarei.–Falou mais para si do que para os presentes ali.–Como isso vai ser? Vão me leiloar e ver quem dá mais?

Tânia se levantou para agredir Rosalie, mas foi jogada longe por Arthur. A mulher acabou batendo a cabeça na madeira da cama e o sangue logo começou a escorrer. Inacreditada, Rosalie corre até sua mãe, mas é empurrada. Sem dizer nada, Tânia se retira do quarto.

–Por que você fez isso, pai?

–Ela iria te bater. Eu quis te proteger. Droga! Me desculpe.

Arthur saiu do quarto indo atrás do sua mulher. Rosalie trancou o quarto e se direcionou até a pequena varanda. Observou o tempo lá fora e sentiu um aperto no peito. Se recusava a acreditar que sua realidade iria mudar tão rápido.

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