Alguma vez você já imaginou como seria a sua vida se conhecesse uma estrela, uma celebridade? Seja um ator ou cantor, ou ambos, você já pensou como é a vida deles? O que fazem no tempo livre? Como é a verdadeira personalidade deles?
Bem, posso dizer algumas coisas, apesar de parecerem anjos ou deuses, apesar de os vermos como algo inalcançável para nós, pessoas comuns, não somos tão diferentes, assim como nós, eles têm um trabalho a fazer para obter um salário, ficam cansados, adoecem, sofrem, apaixonam-se, até mesmo odeiam, sentem-se ameaçados e às vezes nos fazem sofrer de diferentes maneiras.
Sabe por que estou dizendo isso? Bem, é porque vivi o amor e o desamor por uma estrela. Quer saber mais? Então, convido você a conhecer mais dessa história, minha história com alguém que parecia inalcançável como uma estrela...
Era o início de um novo período escolar e alguns meses antes disso, uma tragédia familiar havia tirado a vida da maioria da minha família, exceto a do meu irmão mais velho e a minha. Na verdade, não sabíamos muito bem como escapamos de uma morte certa, mas tínhamos que seguir em frente, e eu não suportava continuar vivendo na casa onde, naquele dia fatídico, a morte levou as pessoas que amo.
Então, aos vinte anos, disse ao meu irmão que fui aceita como aluna de intercâmbio estudantil em Lost Town, assim chamada porque, no passado, era muito difícil chegar lá por qualquer meio de transporte, mas hoje é uma das cidades mais visitadas. Estaria nessa cidade pelos próximos dois longos anos.
— Quando você vai embora? — perguntou meu irmão.
— Daqui um mês, a partir de hoje — respondi.
Pude notar uma grande tristeza em seus olhos. Ele ficaria sozinho naquela casa cheia de memórias, enquanto eu escapava daquele lugar. Pensando egoisticamente em mim.
— E se você viesse comigo? — perguntei diretamente, procurando em seus olhos a resposta que queria ouvir, mas infelizmente o reflexo em seus olhos não era o que eu esperava.
— Sinto muito, Lucy — ele disse — Mas isso é algo que você tem que fazer sozinha. Além disso, tenho vários assuntos pendentes aqui. Talvez, quando terminá-los, eu vá visitá-la. O que acha? Dois anos é muito tempo para não ver minha irmãzinha.
Saber que não demoraria muito para voltar a ver meu irmão encheu meu coração de alegria. O tempo que faltava para minha partida passamos juntos, aproveitando cada momento livre para irmos ao parque de diversões, ao cinema, a uma cafeteria, e assim por diante. Não importava muito o local, o que queríamos era passar o máximo de tempo juntos. Por isso, tiramos muitas fotos e vídeos. Eu sabia que passaria um bom tempo sem vê-lo e queria guardar cada momento que passávamos juntos. Ele era minha única família, e eu, por meu egoísmo, estava indo muito longe, mas tinha que fazer isso.
O mês passou como um cometa, eu não podia acreditar que o tempo tinha passado tão rápido. Quando percebi, minhas roupas e objetos de valor já estavam empacotados, meu quarto ficaria do mesmo jeito, ou pelo menos isso foi o que meu irmão prometeu. A hora chegou e agora estávamos nos despedindo no aeroporto.
Não consegui evitar as lágrimas, sentiria muita falta dele e me sentiria muito sozinha, mas já era tarde demais para me arrepender da minha decisão. A voz de uma mulher pelo alto-falante interrompeu nossa despedida, avisando que meu voo estava prestes a partir e que todos os passageiros deveriam ir para a fila para embarque. Peguei minhas malas e segui em frente.
O voo durou dois dias, a verdade é que foi muito cansativo estar lá por dois dias, não podendo fazer muito além de ouvir as histórias de um velho que estava ao meu lado. Chegando ao aeroporto, esperei pela minha bagagem, que demorou muito para aparecer. Não pude evitar suspirar a cada vez que uma mala que não era a minha aparecia. A única coisa que eu tinha para não ficar entediada era o meu iPod, então estava ouvindo música. Eu estava pensando em ligar para o meu irmão para avisá-lo que já havia chegado, mas seria melhor avisá-lo quando já estivesse em algum hotel. Para a minha "boa" sorte, esqueci de fazer alguma reserva de casa, então suponho que vou demorar um pouco para encontrar algo econômico.
Quando finalmente minha bagagem apareceu, eu a peguei e saí apressada do aeroporto, pois tinha certeza de que todas as pessoas estariam esperando por um táxi e não queria ficar sem transporte ou esperar muito por um. Infelizmente, o único táxi foi ocupado por um senhor gordo com bigode, careca e óculos quadrados. Eu não podia acreditar, eu estava bem na frente! Onde está o cavalheirismo nos dias de hoje? Eu não esperei por outro táxi e comecei a caminhar... má escolha.
Grandes nuvens cinzentas obscureciam o brilho do sol, que parecia querer nos encantar com seu brilho, mas as nuvens ciumentas não permitiam. Comecei a observar tudo ao meu redor enquanto caminhava. Apesar de estar nublado, a vista que eu tinha era muito bonita. As ruas estavam muito limpas, tudo era muito colorido. Passei por um parque cheio de vida, com árvores verdes enormes, flores de diferentes tipos: cravos, rosas, lírios; tinha brinquedos para as crianças, balanços, gangorra, escorregadores, um tipo de castelo, túneis; havia bancos para descansar, quiosques, mesas e até um pequeno lago com peixes. Se o dia não estivesse nublado, aquele lugar parecia muito bonito.
Continuei caminhando em busca de um lugar para me hospedar. Não sei até onde haveria um lugar, também não sabia há quanto tempo estava caminhando, mas estava muito cansada. Meus pés doíam ainda mais porque estava usando sapatos de salto alto, então sentei em um ponto de ônibus. Pensei que, assim que um ônibus chegasse, eu perguntaria ao motorista sobre algum hotel ou pousada nas proximidades. Pensei que minha sorte ia mudar quando vi um senhor se aproximando a pé. Parecia que ele também iria pegar o ônibus. Ele veio até mim e se sentou no banco.
— Boa tarde, senhor, desculpe-me, você sabe de algum hotel ou pousada nas proximidades?— perguntei educadamente.
— Não, sinto muito — ele respondeu bruscamente. Não pude evitar soltar um suspiro. Não passou nem um minuto e o senhor se levantou e saiu correndo... com a minha bagagem!
Levantei-me e comecei a persegui-lo enquanto gritava. As pessoas que encontrava pelo caminho não faziam nada além de observar. Cheguei a um ponto em que não pude mais vê-lo, ele se perdeu entre uma multidão que fazia muito barulho. Parecia que estavam filmando algo ou que haviam encontrado um artista, quem sabe. O que quer que fosse, não me importava, eu só queria minhas coisas de volta.
Por sorte, a câmera onde tinha as fotos que tirei com meu irmão em um mês estava na bolsa que eu levava cruzada no peito, assim como meu celular, meu iPod e... um pouco de dinheiro... o restante estava na minha mala. Ao pensar no dinheiro, fiquei deprimida. E agora? O que eu ia fazer? Em uma cidade desconhecida, sem dinheiro, sem roupas, sem sapatos. A única coisa que eu poderia fazer agora era chegar à universidade onde estudaria nesses dois anos e esperar que algo bom acontecesse.
Caminhei alguns passos sem rumo quando um salto quebrou, não conseguia acreditar! Tive tanta má sorte neste dia, e quando pensei que nada pior poderia acontecer, começou a chover. As pessoas que pareciam estar filmando começaram a correr para se abrigar, enquanto eu... não consegui evitar chorar como uma criança de cinco anos. Não podia acreditar que eu tinha tanta má sorte. Olhei para o sujeito com minhas coisas atravessando a rua e, por impulso, tirei meus sapatos, peguei-os nas mãos e corri em direção ao senhor que me tinha roubado.
Por correr sem pensar, não percebi que um carro estava se aproximando de mim. Quando senti as luzes tão perto de mim, virei para olhar com um rosto de horror e esperando pelo pior, fiquei paralisada, não consegui dar nem um único passo. Ouvi o chiar dos pneus e o grito de uma senhora ao longe, o carro estava diminuindo a velocidade, mas ainda assim acabei no chão.
O impacto não foi tão forte como eu havia pensado, não perdi a consciência, mas sentia muita dor, especialmente na minha perna. Acredito que a tenha quebrado ou algo assim, ou talvez fosse apenas a pancada, eu não sabia ao certo, mas doía muito. Eu tinha certeza de que o dono do carro iria embora, como era típico nesses dias, mas não foi o que aconteceu. Ouvi a porta do motorista se abrir e o motorista se aproximou de mim.
— Ei, você está bem? — perguntou, como diabos eu poderia estar bem?
— Não! Não estou bem... dói muito — eu disse, interrompida pela dor.
— Vou te levar para um hospital imediatamente.
Não respondi à sua gentileza, espere, gentileza? Mas o que ele estava pensando? Ele tinha me atropelado! Mas... bem, se eu não tivesse corrido para a rua, isso não teria acontecido. O dono era um rapaz, eu não consegui vê-lo muito bem porque as luzes do carro não permitiram, mas ao ouvir sua voz, soube que era um rapaz. Ouvi outra porta se abrir, aparentemente ele estava acompanhado, ele me pegou nos braços e me carregou até sentar no assento do passageiro. Embora estivesse melhor iluminado para conhecer aquele rapaz, não consegui virar para vê-lo, a dor e a vergonha não me permitiram. Comecei a sentir meu corpo quente, acho que estava com febre por causa da chuva ou talvez a vergonha estivesse fervendo em meu sangue.
Chegamos ao hospital e novamente ele me pegou nos braços, entrou pedindo por um médico, me deitaram em uma maca e começaram a colocar o cateter para o soro. Tentaram colocá-lo cinco vezes porque a moça não encontrava minha veia ou a estourava, até que uma senhora chegou e conseguiu colocá-lo rapidamente e sem dificuldades. Ouvi alguém perguntando meu nome, mas isso foi tudo que ouvi, depois nada, devido ao meu cansaço de ter corrido muito, minha perna aparentemente quebrada, a perda de sangue e a febre que eu tinha certeza de que estava quase em quarenta graus, desmaiei.
Não sei por quanto tempo dormi, mas comecei a ouvir muita conversa. Abri lentamente meus olhos, a luz doeu um pouco. Quando abri os olhos, percebi que estava em uma cama de hospital. Na mão direita, eu tinha o cateter com o soro, que estava pela metade, e na outra mão, um algodão com um curativo. Parecia também ter um cateter lá. Levantei-me até ficar sentada e olhei para minha perna engessada. Não pude evitar suspirar, ótimo, fui roubada, não tinha roupas, dinheiro, o único par de sapatos que tinha se quebrou, não tinha onde dormir e agora, uma perna quebrada. Será que minha sorte não poderia ser pior?
Parei de lamentar quando percebi uma pessoa adormecida em um sofá que estava em um canto do quarto, supus que fosse quem me atropelou. Era um rapaz bastante bonito, não era muito magro, dava para perceber que ele fazia exercícios. Seu cabelo castanho claro e um pouco comprido cobria seus olhos, diria que o cabelo dele estava mais ou menos até as orelhas. Seus pés estavam para fora do sofá, então ele provavelmente era mais alto do que eu. Ele era bonito... muito bonito. Não demorou muito para começar a acordar, ele se sentou e nossos olhares se cruzaram. Ele tinha olhos lindos cor de avelã. Ele se aproximou da porta e a fechou, depois se dirigiu a mim. Não pude deixar de ficar um pouco nervosa e, logicamente, eu tinha que agradecê-lo por não fugir e me deixar no asfalto frio e molhado.
— Muito o...
— Mas o que você pensou ao correr para a rua? — eu não pude continuar agradecendo, ele me interrompeu abruptamente. Em sua voz, pude perceber uma evidente raiva e seus olhos expressavam tudo, menos coisas boas.
— Você não sabe que precisa olhar para os lados antes de atravessar? — ele gritou — E agora, graças a você, me meti em uma grande confusão.
— Eu... sinto muito... é que um senhor... — ele me interrompeu novamente.
— Não me interessa!
Fiquei surpresa, pois ele estava sendo amável quando me levou ao hospital e agora estava sendo rude. Talvez ele só estivesse me repreendendo, não tinha certeza. Depois disso, houve um silêncio desconfortável; a porta se abriu e um médico entrou seguido por uma enfermeira. Eles me perguntaram como eu estava e respondi que estava bem. Eles fizeram um exame de rotina e disseram que eu teria que passar a noite lá e que poderia ir embora pela manhã.
— Você poderia nos dar o número de algum parente para informá-lo que você está aqui? Quando você chegou, não encontramos nenhum documento de identificação, apenas um iPod, um celular, uma câmera e um pouco de dinheiro. — disse a enfermeira amigavelmente. — Também não havia uma carteira.
— Desculpe, mas não tenho parentes aqui. Receio que vocês não poderão entrar em contato com ninguém. Meu irmão não mora nesta cidade.
— Então, nos diga qual é seu endereço, chamaremos um táxi para você assim que o medicamento terminar. — suspirei.
— Infelizmente, não tenho onde ficar. Acabei de chegar aqui para um intercâmbio estudantil, estava procurando um lugar para ficar e um homem roubou todas as minhas coisas. A única coisa que me restou são esses objetos que você mencionou antes. — Ao lembrar da minha má sorte, não pude evitar chorar. — Eu... não tenho nada... nada — Cobri meu rosto com as mãos enquanto chorava, não poderia ligar para meu irmão, pois não teria dinheiro para viajar até Lost Town e não sabia do que ele seria capaz para chegar até aqui.
— Podemos conversar um momento? — disse o médico para o rapaz, cujo nome ainda era desconhecido para mim, mas parecia que ele era conhecido do médico. Saíram do quarto deixando a porta aberta e caminharam alguns metros até um balcão que estava na frente.
O médico começou a falar e aparentemente o que ele estava dizendo não agradou o rapaz. Não demorou muito para que um homem chegasse, não era muito jovem nem muito velho, talvez perto dos trinta anos. Os três começaram a conversar e parecia que o rapaz estava sendo incomodado com algo, pois começou a discutir e apontar na minha direção. Talvez... estivessem falando sobre uma ação jurídica, porque o que mais poderia estar incomodando-o tanto? O homem que chegou por último começou a falar com ele, parecia calmo e olhou para mim várias vezes. Eu não sabia o que sentir; aquele rapaz bateu no balcão e passou a mão pelo cabelo, virou-se e começou a caminhar em minha direção com um olhar de raiva e indiferença ao mesmo tempo, o que me deu arrepios.
— Quando receber alta amanhã, quero que você se troque, pegue suas coisas e me encontre no estacionamento. Entendeu? — ele me ordenou com indiferença.
— Por que eu teria que fazer isso? — disse um pouco irritada. O que tinha acontecido com ele? Por que eu teria que encontrá-lo?
— Não pergunte nada e apenas faça! — com isso, ele saiu, fechando a porta com força.
Não conseguia entender nada, tinha muitas coisas na cabeça. Passei a noite no hospital, não sabia como avisar meu irmão, talvez fosse melhor não dizer nada para evitar que ele se preocupe. Quando amanheceu, a enfermeira chegou e me deu um último remédio, esperaram um tempo e depois recebi alta. Me devolveram minhas coisas em uma sacola e dois conjuntos de roupas que obviamente não eram minhas.
— Desculpe, mas essas roupas não são minhas — eu disse para a enfermeira, ela sorriu.
— Não se preocupe, são roupas da minha irmã mais nova. Faz muito tempo que ela não me visita, então liguei para minha mãe trazer dois conjuntos. Tenho certeza de que servirão perfeitamente em você.
— Mas... por que você fez isso por mim? — perguntei, envergonhada.
— Você mesma disse, não tem nada, apenas o que está nesta bolsa, e eu não poderia permitir que saísse com essa roupa suja e cheia de sangue. De qualquer forma, aproveitei a liberdade de pedir para minha mãe trazer um par de sapatos da minha irmã para você.
— Lamento por ter causado tantos problemas.
— Não se preocupe com isso, tudo bem? Agora vou te dar um tempo para se trocar, a menos que queira que eu te ajude com o gesso. — Isso me deixou muito constrangida.
— Não! Eu consigo me trocar sozinha, vou demorar um pouco, mas eu consigo.
— Muito bem, quando estiver pronta, saia e estarei esperando por você no balcão.
— Obrigada.
Antes de sair, ele deixou uma cadeira de rodas ao lado da minha cama para que eu pudesse sair dali. Comecei a me trocar, peguei minha roupa íntima na bolsa e a vesti, não tive problemas com isso. Depois, vesti a blusa e chegou a parte difícil... a calça... primeiro coloquei a perna que estava bem e depois a que estava engessada, não conseguia, era muito difícil, demorei minutos para conseguir vestir a calça corretamente e até mesmo comecei a suar. Quando finalmente estava pronta, ajeitei um pouco meu cabelo e me sentei na cadeira de rodas.
Saí do quarto e fui com a enfermeira, minhas coisas e a roupa que ela me deu estavam sobre minhas pernas, ela me levou ao elevador e descemos para o subsolo, onde estava o estacionamento. Fomos avançando entre os carros até que o vi.
Aquele rapaz estava encostado no carro, com os braços cruzados, levantou o olhar e nossos olhos se encontraram novamente, e pior ainda, ele continuava com aquela expressão irritada no rosto; chegamos perto dele e a enfermeira perguntou se o médico havia entregado as muletas que deveria usar enquanto meu pé estivesse engessado, ao que ele respondeu que sim, que lhe deu remédios para uma semana e uma receita, começou a dar instruções sobre meu cuidado e a data da minha próxima consulta para verificar como o osso quebrado estava evoluindo. Eu nem sabia mais o que pensar diante dessa situação, a única coisa que pude fazer foi ficar em silêncio.
Ele pegou de má vontade o que ela lhe entregava e foi em direção ao assento do motorista, entrou no carro e o ligou, eu não entendia nada, por que especificamente ele teria que saber sobre meus remédios, cuidados e consultas? A enfermeira e o senhor que tinha falado com ele e com o médico me ajudaram a entrar no banco de trás do carro, a enfermeira foi embora e o carro começou a se mover em direção à saída.
— Desculpe—me... para onde estamos indo? — perguntei um pouco apreensiva, recebi um olhar rápido do motorista pelo retrovisor, o que me fez desviar o olhar para a janela.
— Estamos indo para a casa do Leonardo — disse o senhor referindo-se ao motorista que me atropelou.
— Por quê? — perguntei.
— Bem, conversamos com o médico e ele nos disse que como você não tinha para onde ir, era responsabilidade do Leonardo cuidar de você, então você vai morar na casa dele por um tempo...
Não pude deixar de me surpreender, eu? Com ele? Na casa dele? Isso não poderia ser nada bom.
Não estava muito segura do que estava acontecendo comigo, estava confiante naquele carro até que uma ideia me veio à mente. E se eles fossem sequestradores? Assassinos? Um tremor percorreu todo o meu corpo, essa era a opção mais lógica que eu poderia imaginar, afinal não era normal que depois de um acidente o acidentado fosse parar na casa de um completo estranho apenas para "pagar" o dano, certo? Tantas coisas começaram a passar pela minha cabeça a ponto de me causar dor, eu tinha certeza de que precisava sair imediatamente daquele carro. Mas não sabia como faria isso, as portas estavam trancadas e se eu as destrancasse, provavelmente as trancariam novamente pelo lado de fora.
— Sabe? Já me sinto melhor, então acho melhor eu descer aqui e agirmos como se nada tivesse acontecido. — disse, tentando não parecer muito nervosa.
— Claro que não, você vai conosco. Nesse momento, não precisamos de escândalos ou de você contando à imprensa o que aconteceu, causando um drama.
— À imprensa? O que a imprensa tem a ver com isso?
— Como assim? — perguntou o senhor, virando-se para trás para me olhar — Você não sabe quem é o Leo? — disse, surpreso.
— Não... — respondi, olhando para o jovem chamado Leonardo, mas não consegui identificá-lo como alguém que já tenha visto.
— Não posso acreditar — ele disse, decepcionado. — Ah! Esqueci, sinto muito, perdi meus modos. Meu nome é Klein e ele é Leonardo. Qual é o seu nome? — perguntou, com um sorriso. Parecia ser completamente oposto ao motorista mal-humorado que estava nos levando. Não soube como reagir, eles não me pareciam pessoas más, só consegui responder monossílabos, não sei que impressão eles tiveram de mim, mas não sabia o que dizer ou como agir. — Não se preocupe, somos pessoas confiáveis. Talvez, quando conviver um pouco conosco, você se sentirá segura. — surpreendi-me ao ouvi-lo dizer isso, parecia que tinha lido meus pensamentos. Apenas concordei com a cabeça.
— Meu nome é Lucy. É um prazer conhecer você, senhor Klein.
— Esqueça o "senhor", apenas me chame de Klein. Além disso, não sou tão velho para ser chamado assim. — fiquei corada de vergonha.
— Nesse caso, é um prazer conhecer você, Klein.
— Igualmente, Lucy. Você tem um belo nome.
— Obrigada.
O resto do caminho foi em total silêncio. Revirei minha mente procurando pelo rosto de Leonardo. Por que eu deveria conhecê-lo? Ele não se parecia com nenhum garoto que eu já tenha conhecido na vida. O carro parou e pela janela pude ver apenas uma grande casa. Era três vezes maior que a minha. Sem querer, abri a boca. Será que aquela era a casa deles?
— Chegamos. — disse o motorista, saindo do carro e entrando naquele lugar que parecia uma mansão.
— Deixe-me ajudá-la a descer. — disse Klein, estendendo sua mão para mim. Depois que eu fiquei em pé, ele me entregou as muletas e ajudou-me a entrar.
O jardim era enorme. Dava para fazer uma festa para 100 pessoas lá. Parecia um parque, com árvores, grama, arbustos e algumas flores. Tudo estava muito bem cuidado. A casa tinha dois andares, era branca por fora e tinha duas colunas na entrada, grandes janelas, pelo menos o dobro da minha altura. Coitado de quem as limparia. Ao entrar, não consegui evitar abrir a boca. A sala de estar era enorme! Daria para fazer uma boa festa lá dentro. Havia várias portas e eu não sabia o que eram. O que eu consegui perceber foi que ao lado das escadas estava a sala de jantar e ao fundo tinha uma porta, suponho que fosse a cozinha.
— Desculpe, Lucy. — disse Klein de repente, tirando-me do meu assombro com aquele lugar.
— Por que?
— Teremos que subir as escadas. — disse, olhando para cima.
— Ah — foi o que consegui dizer ao ver as escadas tão altas.
— Quer que eu te ajude?
— Não, obrigada. Eu... — estava prestes a dizer "eu consigo", mas parei. O que eu estava pensando? Não podia ficar neste lugar com essas pessoas desconhecidas. — Não acho que possa ficar.
— O quê? — disse, surpreso — Por quê?
— Sejamos sinceros, ele não me quer aqui, eu não quero estar aqui, por que deveria ficar? Somos desconhecidos e não acredito que seja uma boa ideia, meu irmão não concordaria e…
— Chega de reclamações — disse o dono daquele lugar, lá de cima.
— Não são reclamações — repliquei — só estou dizendo a verdade, preciso procurar outro lugar, me instalar, me preparar para o início das aulas e…
— Com que dinheiro? — perguntou Klein — lembro de ter ouvido no hospital que você não tem muito — Leonardo bufou.
— Quem viaja sem dinheiro? — debochou.
— Eu tinha! Não sou boba, sabe? Só que… roubaram de mim! Foi minha culpa?
— Talvez isso não, mas se seus pais tivessem te ensinado a olhar antes de atravessar, isso não teria acontecido e não estaríamos nessa confusão — Um nó na garganta apareceu ao ouvir ele mencionar meus pais, claro que me ensinaram! Quis dizer, mas não pude, a dor de não tê-los na minha vida doía demais.
— Chega! — nos repreendeu o mais velho — não vale a pena brigar por algo que já passou — virou-se para Leonardo e o fulminou com o olhar, ele apenas levantou as mãos e foi embora. — Vem Lucy, se sente um momento.
Ele me acompanhou até o sofá e nos sentamos por um momento, começou a se desculpar por tudo, desde a batida do carro, o hospital, a forma como Leonardo me fala e como decidiram me trazer para aquela casa sem me perguntar.
— É para protegê-lo… — disse de repente.
— Protegê-lo? Quem? Leonardo? — perguntei confusa.
— Sim.
— Por que ele precisaria de proteção?
— Você vai entender — sorriu — a verdade é que, não sei como dizer isso, porque nessa altura é impossível isso acontecer.
— O que você quer dizer?
— Bem, é que eu devo protegê-lo da imprensa.
— A imprensa? O quê? Ele é algum artista ou algo assim? — Seu sorriso me indicou que eu estava certa.
— Deixe-me apresentá-lo devidamente. — disse levantando-se — meu nome é Klein, sou o empresário do Leonardo, cantor e compositor de pop do momento.
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