Olá eu sou Alicia, ao menos é isso que me disseram.
Bom deixa eu resumir, a minha tragédia pessoal para vocês.
_ Imaginem vocês acordaram em uma cama de hospital.
_ E não se lembrarem de nada, isso mesmo.
_ Não se lembrarem de exatamente nada.
_ Pois é isso que aconteceu comigo.
_ Minha cabeça... É uma tela pintada em branco.
_ Como se não existisse passado.
Sendo Assim, não sei realmente quem sou, e nem se posso confiar nas pessoas que estão ao meu lado.
Algumas horas antes.
_ Pi..pi...pi...pi..pi...pi..
Escuto esse barulho infernal que me incomoda, grito para que alguém desligue.
Por mais que eu grite, ninguém faz nada para parar esse barulho.
_ Me esforço.. grito mais e mais alto.
Então meus olhos se abrem, e uma claridade me incomoda.
Fecho meus olhos novamente, enquanto apenas escuto alguém gritando.
_ Ela acordou.... ela acordou.
Silenciosamente imploro que ele cale a boca, pois a minha cabeça dói.
Já não basta o maldito barulho, e a claridade... agora mais esses gritos.
_ Eu quero voltar, para o lugar silêncioso em que eu estava.
_ Quero voltar a dormir.
Sou tirada de meus pensamentos, quando sinto alguém me tocando.
Com muita dificuldade, volto a abrir os meus olhos.
Me deparo então,com aqueles olhos que me encaram.
_ Alicia... está tudo bem?
Quem é ele? quem é Alicia? quem sou eu? Onde estou.
Várias perguntas começam a gritar, em minha mente.
Enquanto aquele, cujo olhar me causa calafrios me encara.
_ Ali.. está me escutando.
Desvio meu olhos do dele, e começo a observar o quarto.
Tentando entender o que está acontecendo, e o porquê de sentir tanto medo com a aproximação dele.
Observo que estou em um quarto todo branco, acredito que seja o quarto de um hospital.
Meus olhos vagueiam até que encontro, o que fez me fez acordar.
_ A máquina de monitor cardíaco.
Então volto meus olhos para ele, que ainda me encara.
_ Que....
Tento falar, mas não aguento minha garganta dói .
_ Não se esforce.
_ O médico já está vindo.
Assim que ele termina de falar, um senhor já bem de idade entra pela porta.
_ É bom vê-la em fim acordada.
Ele fala se aproximando, enquanto aquele homem se afasta de mim.
Não sei porque mais o fato dele se afastar, já me causou um certo alívio.
_ Alicia está me escutando.
Balanço a minha cabeça, confirmando que estou o escutando.
_ Eu sou o doutor Benjamim Fonseca.
_ Agora eu irei fazer algumas perguntas, e te examinar, ok?
Tento novamente falar, mas agora não sai nem se que um som, apenas sinto dor.
_ Calma não precisa se desesperar.
_ Isso é normal, a sua voz assim como todos os seus movimentos voltará aos poucos.
Espera como assim, a minha voz e todos os meus movimentos.
_ Você se lembra do seu nome?
_ Sabe o que aconteceu?
Apenas olho para ele assustada, negando com a cabeça.
Então aquele homem que me causa tanto medo volta a se aproximar da cama.
_ E de mim?
_ Você se lembrar? Sabe quem eu sou?
Olho para o doutor assustada, e como em um grito de medo, ou de desespero do meu corpo.
O monitor cardíaco dispara, em um ritmo frenético.
_ Ei.. calma.
_ Não precisa ter medo, ou ficar nervosa.
O médico fala segurando em minha mão, enquanto mesmo não olhando para ele.
Sinto o olhar daquele desconhecido, queimando em minha pele.
_ Cristian, talvez seja melhor eu conversar com ela sozinha.
_ Ela está confusa, assustada, com medo.
_ E talvez a sua presença aqui, somente atrapalhe.
O doutor Benjamim se dirige a ele, que agora sei se chamar Cristian.
Ele se aproxima de mim, segura em meu queixo me fazendo olhar em seus olhos.
_ Vou estar lá fora.
Fala me encarando, antes de me soltar, e sair do quarto.
_ Você não precisa ter medo dele.
_ Ele é o seu marido... aliás ele foi quem trouxe você para o hospital.
_ E desde então, esteve todos os dias aqui com você.
Olho para a porta, por onde o tal Cristian saiu, e me pergunto.
Como eu posso ser casada com ele, se eu sinto tanto medo dele.
_ O.. que..a..acon..teceu?
Com muito esforço, consigo enfim fazer com que a minha voz saia, e perguntar o que aconteceu.
Tenho tantas perguntas para fazer, mas talvez essa seja mais importante, descobrir o que aconteceu comigo.
_ Talvez leve um tempo para você se lembrar.
_ Devido ao traumatismo que sofreu em sua cabeça.
_ Mas você, e seu marido sofreram um acidente de carro.
_ Por sorte, ele só teve alguns arranhões.
_ Já você chegou aqui, já quase sem vida.
_ Chegamos a acreditar que não sobreviveria, mas depois de meses em coma.
_ Você nos surpreende acordando.
Escuto ele falando, tento me lembra do que aconteceu mas nada.
Mas mesmo não lembrando de nada, não fico indiferente ao medo que a proximidade daquele homem me causa.
_ Sei que é muita coisa para você pensar.
_ Então vou terminar de examina-la, e deixa-la a sós para pensar um pouco.
E foi exatamente isso que ele fez, terminou de me examinar e saiu pela porta.
Assim como o tal do Cristian fez, algum tempo antes.
E desde então estou pensando em tudo que ele disse.
_ Se tudo é realmente verdade?
_ Se me chamo mesmo Alicia?
_ Se realmente sou casada, com o tal Cristian?
E o principal... O por que de eu sentir tanto medo dele.
E quanto mais penso nele, mais medo sinto... É como se o simples pensar nele, me alertace de perigo.
🅐🅛🅘🅒🅘🅐
Sozinha aqui nesse quarto de hospital, vejo o dia passando e a noite chegando.
_ As únicas que entram aqui, de hora em hora são as enfermeiras.
_ E o curioso, é que elas sempre perguntam do meu marido.
Isso chega a ser até incômodo, ver o interesse delas em saber dele.
_ Mas não tenho tempo para pensar nisso agora..
_ Preciso sim descobrir, o que de fato aconteceu?
Estou perdida em meus pensamentos, quando sou surpreendida, pela porta se abrindo.
E ao invés de ser as enfermeiras, quem entra por ela é o tal do Cristian.
_ Que bom que ainda está acordada.
Ele fala, enquanto fecha a porta e se aproxima da cama.
_ Eu queria ver como você está?
_ Se conseguiu se lembrar de algo?
Me pergunto o porquê dele estar, tão interessado em saber se eu me lembrei de algo.
_ Não... Não sei quem sou.
_ Nem quem é você.
Falo diante do olhar observador dele, que agora está sentado na beira da cama.
_ Você me parece bem melhor.
_ Não precisa ter medo de mim, Alicia.
_ Nunca faria nenhum mal a você.
Ela fala, ao perceber meu olhar de medo ao se aproximar mais de mim.
_ O que aconteceu?
_ Como sofremos o acidente?
Ao escutar a minha pergunta, vejo as suas expressões mudarem ao lembrar de algo.
_ Não, se preocupe com isso agora Ali...
Ele fala passando o polegar, por cima de meus lábios.
O que me faz ficar paralisada, com a droga do coração disparado.
_ Precisamos sair daqui...
_ Já estamos a muito tempo, expostos aqui.
_ E a cada dia, corremos mais perigo.
_ Sei que não se lembra agora, que está confusa.
_ Mas, precisa confiar em mim Alicia.
Ele fala com o seu rosto a centímetros do meu, em voz baixa, para que ninguém além de mim o escute.
Escutar ele falando tudo isso, só me deixa mais confusa.
Ao mesmo tempo, que tê-lo tão perto de mim, seu perfume invadindo minhas narinas.
Me deixam desconcentrada, e não consigo pensar direito.
_ Quem é você... quem sou eu?
Pergunto, mas acabo ficando sem resposta com a porta se abrindo.
_ Senhor Hofman
_ Já está tudo preparado, para a transferência.
_ Só preciso, que o senhor assine alguns papéis e já estarão liberados.
O doutor já entra falando com o Cristian, que arruma a sua postura se distanciando um pouco de mim.
_ Claro doutor.
_ Alicia, volto logo.
Ele se aproxima de mim, e fala em meu ouvido para que o doutor Benjamim não o escute.
_ Pense no que eu disse.
_ E apenas confie em mim.
Fala finalizando com um beijo, em meu rosto e se afastando em direção a porta.
_Enquanto eu me pergunto, como posso confiar nesse homem.
_Se ele me causa medo, incômodo... um misto de sensação que não sei dizer o que é.
Fecho os olhos, me lembrando das palavras dele... tentando entender o que está acontecendo.
_Até que escuto os passos de alguém se aproximando bem lentamente da minha cama.
Abro os olhos, e me deparo com uma enfermeira que me olha de uma forma estranha.
_ Então quer dizer... Que a bela adormecida decidio acordar.
Ela se aproxima, falando e então o travesseiro em suas mãos chama a minha atenção.
_ Sabe...era melhor ter permanecido em coma.
_ Agora, serei obrigada a mata-la.
Mas que droga tá acontecendo, quem é essa louca e por que me matar.
_ Quem é você?
_ Por que?
Falo, enquanto tento mexer o meu corpo, que não responde aos meus comandos.
_ Você não tem noção do quanto a sua cabeça vale...
Ela fala, colocando sua mão sobre a minha boca, para que eu não grite.
Enquanto inutilmente, tento mexer o meu corpo que não respondem ao comando do meu cérebro.
_ Droga.. Isso até parece uma piada de mal gosto...
_ Eu acordo do coma, depois de sei lá quanto tempo..
_ Para ser assassinada...
É inevitável, não me desesperar quando vejo ela aproximando o travesseiro de meu rosto..
_ Adeus...
Ela fala um sorriso enorme em seu rosto, antes de cobrir o meu com o travesseiro.
Que começa a me sufocar, e já não tenho mais força para respirar...
Já estava acreditando que o meu fim teria chegado.
Quando escuto um baque alto e o travesseiro é lançado para longe do meu rosto.
_ Enquanto inspiro, puxando o ar para os meus pulmões, com dificuldade.
Vejo, que Cristian me olha, e apesar de estar abala ainda, noto em seus olhos o desespero.
Então desvio meu rosto, olhando para o lado na tentativa de fugir de seu olhar, enquanto ainda tomo fôlego.
Quando sou surpreendida, por ele segurando meu rosto me fazendo o encarar e tomando os meus lábios em um beijo.
_ Me desculpa... eu.. eu quase cheguei tarde.
_ Me desculpa.
Ele fala fitando meus olhos, com sua testa colada a minha, e nossos lábios ainda a centímetros de distância.
_ Por que?
É tudo que eu consigo falar, sem concluir a minha pergunta.
Ter ele assim tão perto de mim, mexe comigo... É um misto de sentimento... Não sei explicar, antes era claro o medo, mas agora já não sei o que sinto.
Eu que já respirava com dificuldade, agora depois de ser beijada por ele... preciso me concentrar, para conseguir me lembrar de como se respira.
_ Ali sei que tem perguntas.
_ E prometo responder todas, mas agora preciso tirar você daqui.
_ Nós corremos perigo ficando aqui.
Ele fala, se afastando indo até a porta e olhando para os dois lados.
Como se quisece se certificar, de que não tinha ninguém escutando.
_ Aquela mulher , ela tentou me matar.
_ Cadê ela?
Falo chamando a atenção dele para mim, que imediatamente volta a se aproximar de mim.
_ Ela saiu correndo.
_ A minha vontade seria elimina-la.
_ Mas isso nos traria, problemas.
_ Ela foi só a primeira, outros virão.
_ Por isso preciso tirar você daqui.
Escuto ele falando, mas nada faz sentido, e tudo que me pergunto.
É o porquê de alguém tentar me matar? O que eu fiz para merecer isso.
E seria mesmo seguro eu confiar nele?
Me pergunto, enquanto observo ele indo até onde acredito ser o banheiro do quarto e saindo de lá com uma bolsa.
_ Para onde iremos?
_ Ainda não estou recuperada?
Pergunto o fazendo para de discar no seu celular e olhar para mim.
_ Não se preocupe, estou cuidando disso.
_ Iremos para outro lugar, onde você irá receber todos os cuidados necessários.
_ Sem correr perigo.
Fala voltando a sua atenção para o celular, que parece estar mais interessante do que eu.
_ E se, eu não quiser ir?
_ Não sei quem é você, posso muito bem me recusar a sair daqui com você.
Volto a perguntar, o desafiando o fazendo guardar o celular e caminhar em minha direção.
_ Ficar aqui não é opção.
Ele fala abrindo um sorriso, que até então não tinha visto.
_ Como sempre, você e sua teimosia.
_ Isso que aconteceu a pouco, foi só o começo.
Agora ele fala novamente sério, se referindo a fracassada tentativa daquela louca de me matar.
_ Irão vir outros.
_ E, eu posso não estar por perto da próxima vez.
_ A escolha é sua se confia ou não em mim.
_ Mas ficar aqui, não é opção.
_ Além do mais, a nossa carona já chegou.
Como ele pode ser tão petulante assim, e decidir as coisas sem eu ter o direito o opinar.
_ Cristian...
Ia começar a falar, mas sou calada por ele tampando minha boca.
Enquanto a enfermeira entra, para retirar o soro outros medicamentos que ainda estavam injetados em meus braços.
_ Nós vamos para casa querida.
_ La já está tudo preparado, e eu irei cuidar de você.
Ele fala fazendo ceninha para a enfermeira, que olha encantada para ele.
Droga mereço isso, só falta agora essa aí começar a babar, tanto que olha para ele de boca aberta.
_ Queria acho melhor olhar para mim.
_ Aliás, eu sou a paciente e não ele.
Chamo a atenção dela, tentando controlar a raiva que a cada segundo cresce dentro de mim.
_ Me.. me desculpe, já irei retirar o soro.
Ele fala se desculpando, enquanto o Cristian me olha com um sorriso em seu rosto.
E a vontade que tirar aquele sorriso idiota do rosto dele cresce a cada nano segundo que passa.
_ É uma droga estar sem meus movimentos.
_ Mas eu juro, que assim que meus braços estiverem fortes.
_ Que terei o maior prazer, em arrancar esse sorriso idiota do rosto dele.
Não demora muito, a enfermeira termina de retirar o soro e os medicamentos e sai.
Me deixando novamente sozinha com esse, que se diz meu marido.
_ Hora de irmos.
Ele fala enquanto a enfermeira volta a entrar agora com uma cadeira de rodas.
Sem se atrever a voltar a olhar para ele, que a encara sem acreditar que ela está o ignorando.
Sou carregada então por ele, e colocada na cadeira de rodas, com todo o cuidado.
_ Para ir, para só Deus sabe onde.
Peço internamente, que ir com ele seja realmente a melhor escolha.
_ Ou estarei em grande perigo.
_ ⊙︿⊙
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