A sala de reuniões da Pavini Pharmaceuticals era um espelho da alma de Luigi Pavini: fria, impecável e exalando um poder inquestionável , no entanto, a atmosfera pesava com a raiva contida do CEO. À sua frente, relatórios de vendas despencavam como um presságio, e os dados de lucros eram um insulto à sua reputação.
— Isso é inaceitável! — A voz de Luigi cortou o silêncio, baixa, mas carregada de uma autoridade que fazia os executivos encolherem. Seus olhos azuis, geralmente gélidos, ardiam com uma intensidade perigosa. — Estamos perdendo terreno para a Valerius Corporation onde está o problema, Sra. Moretti?
Sua secretária , uma mulher de trinta e poucos anos com uma obsessão por decotes profundos, empalideceu.
— Senhor, eu… eu tenho tentado organizar os dados, mas…
— Mas nada! — Ele a interrompeu, a paciência esgotada. — Você está aqui para facilitar a minha vida, não para complicá-la com desculpas esfarrapadas onde está a proposta revisada para o projeto Érebo?
— Eu ainda não consegui…
— Chega. — Luigi se levantou, a figura imponente projetando uma sombra sobre ela. — Considere-se demitida, Sra Moretti leve seus pertences e não volte mais.
A mulher o encarou, chocada, antes de sair em um misto de fúria e humilhação Luigi massageou as têmporas era a terceira assistente que ele demitia nos últimos seis meses, todas pareciam mais interessados em flertar do que em trabalhar, e sua tolerância para incompetência era nula.
Especialmente agora, com os negócios da família ambos os negócios, o legal e o que prosperava nas sombras , exigindo sua atenção total.
Ele seguiu direto para o RH, a expressão séria Dona Rosa, a gerente do departamento, uma senhora de cabelos grisalhos e óculos na ponta do nariz, ergueu os olhos surpresa ao vê-lo.
— Senhor Pavini! A que devo a honra?
— Preciso de uma nova secretária, Dona Rosa e preciso dela para ontem. — Ele se recostou na cadeira, o terno de grife ajustando-se perfeitamente à sua musculatura. — E, por favor, me poupe do desfile de "profissionais" que só sabem dar em cima de mim.
— Entendo, senhor. — Dona Rosa ajustou os óculos.
— O que o senhor procura exatamente?
— Alguém competente, discreta, que saiba antecipar minhas necessidades e, acima de tudo, que entenda a seriedade desta empresa que seja focada no trabalho, não na minha… disponibilidade.
— Certo , abriremos um processo de seleção rigoroso imediatamente.
As entrevistas começaram na manhã seguinte Luigi estava sentado em sua cadeira de couro, com a mandíbula tensa. Uma candidata após a outra desfilava por sua sala: jovens, ambiciosas, todas com currículos impressionantes, mas todas com o mesmo olhar de admiração que ele detestava. Elas riam demais das suas piadas sem graça.
— Próxima! — ele resmungou para sua assistente temporária, já exausto.
A porta se abriu novamente, mas, desta vez, o mundo pareceu parar.
Seus olhos fixaram-se nela baixa, com cabelos castanhos caindo em ondas suaves sobre os ombros. A roupa social simples conseguia esconder as curvas femininas, mas o que o atingiu com força foi o rosto aqueles olhos grandes e expressivos, a boca desenhada… a respiração de Luigi engatou. Era ela a mulher daquela noite embriagada de meses atrás a única mulher que havia penetrado sua armadura desde a morte de sua família.
Bella Martinelli.
Seu coração, que ele acreditava estar morto, deu um salto doloroso no peito o reconhecimento foi instantâneo, brutal. Ele sentiu o sangue ferver, uma mistura de fúria e desejo primitivo ele tinha vasculhado o país , usando todos os seus recursos, os limpos e os sujos, para encontrar aquele rosto que o assombrava. E como ela se atrevia a aparecer ali, como se nada tivesse acontecido?
Bella se sentou à sua frente, a postura elegante, mas sem o nervosismo exagerado das outras , seus olhos percorreram a sala e, brevemente, encontraram os dele. Mas não havia reconhecimento nenhuma fagulha de lembrança nada.
A indiferença dela o atingiu como um soco no estômago, ele era Luigi Pavini, e ela o havia esquecido? Era um insulto ao seu poder, à sua própria existência.
— Boa tarde, Sra Martinelli. — A voz de Luigi saiu mais dura do que o pretendido, e ele se amaldiçoou por isso.
— Boa tarde, Sr Pavini é um prazer. — A voz dela era suave, mas firme, sem tremores.
— Seu currículo é… interessante. — Ele folheou os papéis, embora sua mente estivesse em outro lugar, revisitando cada detalhe daquela noite ele a tinha procurado incansavelmente, e ela sequer o reconhecia. A raiva borbulhava. — Você tem uma formação sólida, experiência em grandes corporações.
— Sim, senhor dediquei-me bastante aos estudos e à minha carreira. Acredito que minhas qualificações se encaixam perfeitamente na descrição da vaga.
Ela não flertava, não sorria de forma convidativa apenas falava com uma confiança calma, profissionalismo puro. Isso o irritava ainda mais, pois tirava dele qualquer justificativa fácil para a fúria que sentia. Não havia nada além de competência.
— O que a motivou a se candidatar a esta vaga, Sra Martinelli?
— A reputação da Pavini Pharmaceuticals é inquestionável, e a oportunidade de trabalhar em uma empresa líder de mercado é muito atraente,
além disso, busco um ambiente onde possa aplicar minhas habilidades e crescer profissionalmente.
Luigi a observou, analisando cada movimento, cada palavra , ela não era apenas bonita; era inteligente, articulada, com uma aura de força que as outras não possuíam. Havia uma profundidade em seus olhos que ele não conseguia decifrar, uma melancolia sutil que o intrigava.
Ele entrevistou todas as outras candidatas após Bella nenhuma delas se comparava, elas pareciam pálidas, sem brilho, e suas tentativas de sedução eram patéticas. Nenhuma delas tinha a elegância e a inteligência de Bella Martinelli e nenhuma delas o fazia querer destruir tudo e, ao mesmo tempo, arrastá-la para o mais profundo dos seus abismos.
Quando a última candidata saiu, Luigi se recostou na cadeira, fechando os olhos por um momento a imagem de Bella estava gravada em sua mente. O fato de ela não o ter reconhecido, e de não ter agido como as outras, era um mistério que ele precisava desvendarn era um desafio e Luigi Pavini amava desafios.
Ele pegou o telefone.
— Dona Rosa a Sra Martinelli contrate-a.
— A Bella Martinelli? Tem certeza, senhor? Ela é uma excelente candidata, mas…
— Contrate-a. Começando na próxima segunda-feira.
— A voz de Luigi não admitia questionamentos. — E quero todos os dados sobre ela tudo.
Enquanto desligava, um sorriso perigoso e quase imperceptível surgiu em seus lábios Bella Martinelli. Ela havia voltado e, desta vez, ele não a deixaria escapar, ele a teria por perto, onde poderia observá-la, entender por que ela o havia esquecido, e tomar posse de cada um dos seus segredos e a melhor parte: ela nem imaginava o quão profundamente ele a possuiria.
Nome: Luigi De Ângelo Pavini
Idade: 36 anos
altura: 1,98
Nome:Bella Martinelli
Idade:24 anos
Altura:1,60
O apartamento de Bella Martinelli era um cubículo no terceiro andar de um prédio antigo e malconservado o cheiro de mofo e desinfetante barato pairava no ar.
Era um lugar pequeno, mas era dela seu refúgio, mesmo que a paz fosse sempre passageira a humilde decoração e os móveis de segunda mão contrastavam com a imagem profissional que ela havia sustentado na Pavini Pharmaceuticals.
Bella estava na pequena cozinha bebendo água e comendo um pão velho, o cansaço da entrevista ainda pesando, quando o som estrondoso da porta sendo chutada a fez estremecer ela não precisava ver para saber quem era.
No batente, a silhueta imponente de seu pai, Silvio, preencheu a entrada ao lado dele, sua irmã, Carmen, de beleza fria e olhos duros, a encarava com desprezo. Eles não eram a família no sentido de amor; eram os parasitas que drenavam sua vida e controlavam seu destino.
— Então, a vadiazinha conseguiu o emprego? — A voz áspera de Silvio o era um trovão , ele avançou, inspecionando o lugar com desdém.
— Sim, pai começo na segunda. — A voz de Bella era monótona, desprovida de qualquer emoção, aprender a desligar-se era sua única defesa.
— Como é que é? — Carmen deu um passo à frente, e o terror gelou o sangue de Bella.
Em um movimento rápido e cruel, Carmen a alcançou, puxando-a pelo cabelo com força o primeiro tapa estalou no rosto de Bella, fazendo sua cabeça virar com violência o segundo veio antes que ela pudesse recuperar o equilíbrio.
— Isso… é… para você aprender a ter modos! — Carmen sibilou, os olhos injetados de ódio.
O terceiro tapa veio mais forte, forçando Bella a cair de joelhos no chão frio a dor era familiar, quase uma velha conhecida.
— Você acha que conseguiu isso com sua competência? Você conseguiu porque é a prostituta que abriu as pernas para ele. E porque Luigi Pavini é o Don e o nosso pai precisa dele! — Carmen cuspiu as palavras com veneno.
Silvio se ajoelhou à frente de Bella, agarrou seu queixo com força brutal e forçou-na a encará-lo o hálito dele fedia a álcool e cigarro.
— Escute bem, Bella. De agora em diante, você será o nosso par de olhos e ouvidos lá dentro. Você vai falar bem de mim para o Luigi. Vai dizer a ele o quanto sou leal, o quanto sou um conselheiro confiável. Entendeu?
— Entendi, pai.
— E mais importante… — Ele apertou o queixo dela com tanta força que Bella sentiu a saliva de sangue.
Seus olhos se moveram para a barriga dela, e o medo real, o pânico que ela tentava suprimir, inundou-a.
— Se você falhar se você ousar cometer um erro, ou se tentar fugir de nós… — Ele inclinou a cabeça, o olhar maligno. — Já sabe o que acontece com o seu bastardo.
A menção do filho não nascido era a sua fraqueza suprema a única razão pela qual ela ainda tolerava a vida de abusos.
— Eu não vou falhar. — A voz de Bella era um sussurro sufocado, mas firme o suficiente para ele ouvir.
Por horas, a casa de Bella foi seu inferno pessoal, eles vasculharam seus poucos pertences, pegaram o pouco dinheiro que ela tinha guardado e, como um ritual sádico, a torturaram para "garantir sua lealdade".
Carmen usava o cinto de couro, Silvio, as palavras, ele a forçava a ficar de pé, imóvel, enquanto a chicoteava nas costas e nos braços.
— Você é uma desgraça para a nossa família. — Whack. — Uma traidora suja. — Whack. — Seu dever é servir, Bella! Servir ao seu sangue!
O sangue escorria de pequenos cortes e vergões nas costas de Bella, mas ela mal reagia, seus lábios estavam cerrados. Seu corpo estava acostumado com a dor, com a fome que eles a submetiam para "mantê-la fraca e obediente". A dor física era menos insuportável do que a dor em sua alma, do que o medo constante pelo bebê.
Ela não podia quebrar , não agora quando eles finalmente se foram, levando consigo toda a dignidade e paz que restava, Bella rastejou até o banheiro. Ela se olhou no espelho quebrado: lábios inchados, um hematoma roxo se formando na maçã do rosto, os olhos fundos e vazios.
Ela ligou a água do chuveiro, a água fria batendo nas feridas e lavando o sangue.
— Pelo meu filho. — Ela sussurrou para o reflexo, um juramento silencioso e desesperado. — Eu vou suportar tudo. Eu vou usar esse monstro na Pavini Pharmaceuticals para nos libertar.
A dor a lembrava de que ela estava viva, e de que tinha um propósito: sobreviver e proteger o pequeno segredo que crescia dentro dela, o segredo que, se Luigi Pavini descobrisse, poderia salvá-los ou destruí-los para sempre.
A segunda-feira chegou, e com ela, Bella Martinelli, ela vestia um blazer simples, mas elegante, cobrindo as marcas do último fim de semana. Seu rosto, cuidadosamente maquiado, disfarçava o roxo do hematoma, mas a dor, e o medo, eram cicatrizes profundas.
Luigi Pavini esperava por ela a tensão em sua sala era palpável, ele a observava com uma intensidade que Bella fingia não notar, sentado atrás de sua mesa de ébano.
— Boa tarde, Sra Martinelli começamos a trabalhar.
— Boa tarde, Sr Pavini estou pronta.
Bella não era apenas competente; era um prodígio. Nas duas primeiras semanas, ela absorveu o fluxo de trabalho de Luigi com uma rapidez assustadora.
Antecipava ligações, organizava a agenda caótica com precisão cirúrgica e preparava relatórios com uma clareza que superava a de qualquer executivo.
Os problemas na Pavini Pharmaceuticals, que haviam atormentado Luigi, começaram a se dissipar sob o toque metódico de Bella.
Ela cumpria todas as ordens com obediência militar, sem questionar, sem reclamar Luigi podia exigir que ela ficasse até as dez da noite, e ela estaria lá, trabalhando em silêncio e eficiência, mas era exatamente essa perfeição que estava deixando Luigi cada vez mais irritado.
Ele a sobrecarregou de propósito pilhas de documentos confidenciais da farmacêutica, relatórios de due diligence das propriedades da máfia, tudo para forçá-la a um ponto de ruptura, a um deslize. Mas ela não quebrava ela simplesmente entregava tudo, impecável e a tempo.
O que o enfurecia acima de tudo era a falta de interesse dela Bella não flertava, não sorria com segundas intenções. Seu olhar era sempre focado no trabalho, profissional e distante ela era uma parede de gelo de competência. Ele era o Don da máfia, um homem que exalava poder e desejo, e ela o tratava como um mero empregador.
— Sra. Martinelli! — Luigi a chamou certo dia, com a voz carregada de frustração mal disfarçada. — Traga-me os documentos do acordo com os russos e peça o meu almoço.
— Sim, senhor os documentos estão aqui. — Ela colocou a pasta na mesa dele. — E o seu almoço já foi pedido. Uma salada de frango grelhado e água com gás, conforme a sua rotina.
Ele a encarou, procurando alguma fenda, algum sinal de que ela o estava testando.
— O que você vai comer, Sra. Martinelli?
— Eu já comi, Sr. Pavini.
Ele sabia que era mentira ela raramente tocava na comida, quando ele a via comendo, o fazia com a lentidão e a repulsa de alguém que estava sendo forçado a engolir veneno.
— Mentirosa. — A palavra saiu em um rosnado baixo, e ele se levantou, andando até ela Bella não recuou, apenas manteve a postura profissional. — Eu não tolero mentiras você tem passado horas aqui vai comer agora.
— Não estou com fome, Sr Pavini.
— Eu não pedi sua opinião. — Ele pegou o sanduíche que ela havia pedido para si e colocado de lado. — Coma agora.
Bella pegou o sanduíche com as mãos trêmulas e deu uma mordida minúscula, mastigando com visível esforço, como se o sabor a nauseasse Luigi a observou com atenção sombria, o nojo em seu rosto era real mas o que estava por trás disso?
— Você está doente?
— Não, senhor só não estou com muito apetite, ele sabia que ela estava guardando segredos e isso só o impulsionava a descobrir tudo.
Duas semanas depois, a máfia Pavini organizou uma festa de gala na sua sede mais suntuos, era um evento de negócios e poder Luigi, forçado a aparecer por obrigações sociais, convidou sua nova secretária como "acompanhante profissional".
Bella compareceu impecável em um vestido preto discreto, parecendo uma estátua de mármore em meio ao brilho excessivo.
Seus pais e sua irmã, Carmen, estavam lá, é claro e o plano de Silvio era simples: usar Bella para se aproximar de Luigi Carmen tentou se insinuar, forçando sorrisos para o Don, mas Luigi, com Bella ao seu lado, mal a notou, tratando-a com a mesma indiferença fria que dedicava a todos que considerava irrelevantes.
Carmen foi ignorada a noite toda e ela sabia que pagaria por isso.
O pagamento veio naquela mesma noite , assim que Bella abriu a porta do seu apartamento, a escuridão era o único prenúncio seu pai, sua mãe e Carmen estavam lá, esperando, com os rostos contraídos em ódio puro.
— Você não serve para nada! — Carmen gritou, o cheiro de álcool forte em seu hálito. — Ele me ignorou! Me ignorou como se eu fosse sujeira!
— Eu tentei, Carmen ele estava…
— Cale a boca! — Seu pai a atingiu no estômago, fazendo-a dobrar-se.
O pai e a irmã se revezaram, uma orgia de violência e desprezo. Chutes, socos, tapas a dor rasgava Bella, e ela mordia o lábio até sangrar para não gritar e acordar os vizinhos.
Quando o pai e Carmen pararam, exaustos, sua mãe, Lucia, se aproximou. Lucia raramente usava as mãos, preferindo armas verbais, mais afiadas. Ela olhou para a filha jogada no chão, em um monte de dor e sangue.
— A pior coisa que fizemos… — A voz de Lucia era fria, sem uma gota de calor materno. — A pior coisa que fizemos foi ter aceitado você na nossa casa.
Bella levantou a cabeça, os olhos implorando, ela já estava acostumada com a dor, mas algo na voz da mãe a atingiu mais fundo.
— Você não é nossa filha, Bella. — Lucia continuou, o tom indiferente, mas cada palavra era uma facada. — Você é só uma qualquer uma vadia que encontramos no lixo.
O choque gelou Bella mais do que qualquer pancada não era a primeira vez que eles a ameaçavam, mas a confirmação direta, dita com tamanha crueldade, abriu um buraco em sua alma.
— Eu…
— Não fale. — Lucia deu as costas. — Seu único valor é fazer o que mandamos agora, levante-se e esteja apresentável para o seu Don amanhã ele não pode saber que você tem feridas.
Bella ficou ali, no chão frio e imundo, as palavras ecoando: achamos no lixo, não é nossa filha a dor em seu corpo era irrelevante comparada à verdade que acabara de ser jogada em seu rosto. Não havia laços de sangue para defendê-la havia apenas ela, seu bebê e o monstro que ela tinha que usar para sobreviver.
Bella chegou ao escritório de Luigi Pavini na terça-feira. Impecável o blazer de corte preciso, o coque no cabelo milimetricamente arrumado. A maquiagem era uma máscara perfeita que escondia as marcas da noite, mas não conseguia disfarçar o cansaço mortal em seus olhos ou a rigidez tensa de seu corpo.
Luigi a observou com atenção enquanto ela passava sua nova secretária estava sempre impecável, mas hoje havia algo diferente, ela estava mais lenta os movimentos eram calculados, como se cada passo custasse um esforço monumental, e a maneira como ela se apoiava brevemente no batente da porta revelava uma dor que ela tentava desesperadamente esconder.
— Bom dia, Sra. Martinelli. — A voz de Luigi era cortante, testando-a.
— Bom dia, Sr. Pavini a agenda de hoje está revisada e as prioridades marcadas.
Ele não questionou a lentidão, apenas a deixou trabalhar, observando-a do canto do olho o dia seguiu implacável. Ele a manteve ocupada com relatórios complexos, forçando-a a ficar até tarde.
Ele precisava de respostas sobre o porquê de ela não o ter reconhecido, sobre o seu profissionalismo robótico e, agora, sobre o sofrimento que ele sentia que ela carregava.
Às dez da noite, Luigi se recostou na cadeira, suspirando.
— Peça uma pizza, Sra Martinelli uma para mim, uma para você e não se atreva a dizer que já comeu.
— Não, Sr. Pavini. Eu… pedirei a sua.
— Peça a nossa. — Ele a encarou não era um pedido; era uma ordem.
Bella obedeceu, quando a pizza de pepperoni e margarita chegou, o aroma quente e picante preencheu o ar do escritório luxuoso Luigi pegou uma fatia e começou a comer, mantendo os olhos nela.
Bella pegou a dela, suas mãos tremiam levemente, ela olhou para a fatia como se fosse um objeto perigoso, levando-a aos lábios com uma dificuldade visível. Ela mastigava devagar, seus músculos faciais tensos, engolindo com um esforço que parecia quase insuportável.
Luigi largou a fatia na mesa, a paciência esgotada pela encenação.
— Pelo amor de Deus, Sra Martinelli, parece que você está comendo cimento.
— Desculpe, senhor. — Ela não conseguiu encará-lo, focada na fatia em suas mãos.
— Você está com medo de comer? Qual é o seu problema?
Bella hesitou, e o medo nos olhos dela era inconfundível medo da comida.
— Eu… eu só não costumo… comer muito.
— "Não costumo"? Nossa, Sra. Martinelli, parece que é a primeira vez que você come pizza na vida.
As palavras de Luigi eram sarcásticas, mas a verdade que saiu da boca dela o atingiu com força.
— É a primeira vez. — Bella murmurou, quase inaudível. — Nunca comi antes.
Luigi franziu a testa, cético, mas a expressão dela era de honestidade brutal.
— O quê? — Ele a fitou. — Você está na Itália como é possível nunca ter comido pizza? É como respirar aqui!
Bella parou de mastigar sua respiração ficou superficial, ela tentou responder, mas as palavras ficaram presas na garganta.
— Sr. Pavini… eu… — Sua voz falhou.
Seu rosto perdeu a cor rapidamente, e os olhos, já cansados, se reviraram o mundo girou, as luzes do escritório, o rosto de Luigi, tudo se tornou um borrão. Ela sentiu uma pontada aguda em seu corpo, consequência das agressões da noite anterior e da fome crônica.
Bella tentou se segurar na borda da mesa, mas suas forças a abandonaram a pizza escorregou de sua mão. Com um baque surdo contra o carpete, ela desabou, caindo inconsciente no chão de mármore polido do escritório.
Luigi Pavini estava de pé em um instante o medo e a surpresa paralisaram o Don implacável, ele correu até ela, ajoelhando-se ao lado do corpo inerte da mulher que o assombrava.
— Bella! — Ele a chamou, ignorando o protocolo. — Cristo!
Ao tocá-la, ele sentiu a febre e, sem querer, roçou o braço dela, ele percebeu a pele sensível e, ao levantar a manga do blazer, viu um hematoma feio, amarelo e roxo, já em fase de cicatrização, mas inegavelmente resultado de uma pancada.
A Sra Martinelli era mais do que uma secretária misteriosa, ela era uma tela de dor e segredos, e ele, o Don, estava prestes a descobrir exatamente quem a estava machucando , o silêncio no escritório de Luigi foi quebrado apenas pela respiração tensa do Don. Ele estava ajoelhado ao lado de Bella, o rosto endurecido em uma máscara de choque a visão daquele corpo frágil, as marcas roxas expostas em seu braço, acendeu uma fúria fria em seu peito.
Alguém havia tocado no que era dele e ele faria esse alguém pagar.
Ele pegou o celular e discou o número que raramente usava.
— Mãe, preciso de você. Agora.
— Luigi? Que tom é esse? O que houve? — A voz de Cecília Pavini, médica respeitada e sua mãe, ecoou do outro lado da linha, carregada de preocupação.
— Minha secretária desmaiou. Não acorda. E… há algo errado, mãe, ela está machucada venha para a empresa, para o meu escritório. Ninguém deve saber disso. Use a entrada de serviço.
— Estou a caminho, mantenha a calma, filho
Luigi desligou, passando a mão pelo cabelo, ele pegou Bella cuidadosamente nos braços e a levou para o sofá de couro da sala, cobrindo-a com um xale. O medo que ele sentia era um intruso, uma emoção que ele havia enterrado há anos, mas que agora ressurgia com força.
Quinze minutos depois, Cecília Pavini irrompeu na sala, uma mulher elegante, de cabelos prateados e olhar perspicaz, com sua maleta médica na mão.
— Meu Deus, Luigi! Quem é essa garota? O que aconteceu?
— É Bella Martinelli minha secretária, ela desmaiou há pouco estávamos trabalhando.
Cecília se ajoelhou e começou a examinar Bella Tirou-lhe a pulsação no pescoço e examinou os olhos.
— Hipotensão severa, exaustão extrema… e a glicose está baixa e a pressão está muito alta, Luigi.
Cecília desabotoou o blazer de Bella para checar seus batimentos cardíacos o horror se instalou no rosto da médica. Ao deslizar o tecido, as marcas roxas e amareladas espalhavam-se por seu tronco e costelas, visíveis mesmo na penumbra do escritório.
— Mio Dio! — Cecília sibilou, puxando o tecido delicadamente. — Luigi, ela foi espancada. Recentemente.
O ar congelou o Don apertou os punhos com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.
— Quem… quem fez isso? — A voz dele era um sussurro perigoso, a fúria agora um iceberg mortal.
Enquanto Cecília continuava o exame, afastando o tecido da blusa e sentindo o abdômen pálido de Bella, seus olhos se arregalaram. A magreza de Bella, que Luigi havia notado, acentuava um sutil volume em seu ventre.
— Ela está muito magra, filho, mas… — Cecília olhou para Luigi, a revelação brutal em seus olhos. — E acho que ela está grávida.
Luigi cambaleou um passo para trás, como se tivesse levado um tiro, grávida dele? A lembrança daquela única noite o atingiu.
— Não, não pode ser.
— Sim, pode ser, pelas minhas estimativas, ela deve estar no segundo trimestre é sutil, mas está aqui e com a desnutrição, é uma gravidez de alto risco.
Cecília continuou o exame cada toque em Bella revelava uma nova ferida: marcas de dedos no braço, escoriações recentes na perna Cecília, apesar de ser mãe do Don da Máfia, era uma médica, e o abuso que via era revoltante.
— Ela está sendo torturada, Luigi não são apenas tapas é violência metódica.
De repente, Cecília ofegou, seus olhos se moveram para o tecido da blusa de Bella uma mancha vermelha, sutil, mas crescente, apareceu.
— Não pode ser… — Cecília levantou-se rapidamente e correu para pegar algo em sua maleta. — Ela está sangrando, Luigi meu Deus, ela está tendo um aborto!
O pânico substituiu o choque em Cecília.
— Rápido! Me ajude! Temos que tirá-la daqui ela precisa de um hospital.
Luigi, paralisado até então, agiu por puro instinto a paternidade, o risco de perder uma vida, atingiu-o com uma força primitiva, ele levantou Bella com cuidado extremo.
— Para qual hospital? Não podemos levá-la a um público vão fazer muitas perguntas.
— Ela vai para o nosso hospital ninguém vai questionar a internação vamos agora!
Enquanto Luigi carregava Bella, uma fúria gelada e calculista tomou conta dele os problemas da empresa eram nada. A máfia era um jogo de crianças alguém feriu a mãe do seu filho, alguém tocou no que era dele e ele faria o inferno parecer um paraíso comparado ao que os responsáveis iriam sofrer.
— Leve-a para o carro, filho. — Cecília o apressou. — Eu vou com você, não ouse perder essa criança, Luigi você não vai sobreviver a outra perda.
Para mais, baixe o APP de MangaToon!