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Corações em Chamas: Amor & Aço

Primeiro dia, Primeiro Soco

💥 Capítulo 1 — “Primeiro Dia, Primeiro Soco”

O sol nascia preguiçoso sobre Tatsuhama, uma cidade que parecia sempre acordar atrasada. As ruas estavam cheias de estudantes com uniformes amarrotados e passos apressados, tentando chegar antes do toque.

No meio da correria, Ren Hayashi, 17 anos, atravessava a esquina com um pedaço de pão preso entre os dentes. O cabelo rebelde e a mochila caída num ombro completavam o retrato de um rapaz que nunca planejava nada — apenas sobrevivia a cada dia.

— Droga, primeiro dia de aula e já tô atrasado... de novo!, murmurou entre mordidas, correndo pelas ruas com a camisa meio para fora da calça.

Ren morava com o avô, um velho ferreiro que dizia que “o aço reflete o coração de quem o forja”.

Ren nunca entendeu o significado, mas lembrava bem do olhar cansado do velho — e das mãos queimadas de tanto trabalhar.

A escola Tatsuhama High surgia à frente: portões altos, muros riscados e uma reputação de abrigar mais delinquentes do que alunos exemplares.

Ren inspirou fundo.

— “Novo começo, nova turma, sem confusão... só estudar tranquilo.”

Mas o destino não gosta de promessas fáceis.

Logo ao chegar, uma aglomeração chamava atenção perto do portão. Três garotos, uniformes desabotoados e olhares de quem vivia no fundo da cadeia alimentar, cercavam uma garota nova.

Ela tinha longos cabelos negros e olhos de um castanho dourado intenso. A expressão calma, quase fria, contrastava com o caos ao redor.

— “Saiam da frente. Não quero confusão”, disse ela com voz firme.

Um dos delinquentes riu alto.

— “Olha só, princesa nova no pedaço! Que tal começar entregando o lanche pra gente?”

Ren parou a alguns metros. Por um instante, pensou em fingir que não viu. Mas o coração acelerou — algo naquela garota o fez agir sem pensar.

— “Ei! Larga ela, idiotas!”

Todos viraram na hora. O mais alto estalou os dedos.

— “Quem é você, o herói da escola?”

Ren tentou manter a postura, mas sua voz falhou um pouco.

— “Só alguém que não gosta de covardes.”

Antes que o grandalhão pudesse responder, a garota deu um passo à frente.

O vento balançou os fios de cabelo e, num movimento tão rápido que Ren mal conseguiu ver, ela girou o corpo e acertou um chute lateral no maxilar do líder.

Um som seco ecoou — THUD! — e o rapaz desabou no chão.

Os outros dois recuaram, assustados.

Ela limpou o pó da saia com calma.

— “Eu avisei pra saírem.”

Ren piscou, completamente surpreso.

— “Você... acabou de... dar um chute voador?”

— “Sim.”

— “E ele desmaiou.”

— “Sim.”

— “Ok. Só confirmando mesmo.”

Ela virou-se e começou a andar, deixando Ren parado, dividido entre o choque e a admiração.

— “Ei, espera! Qual é teu nome?”

Ela olhou por cima do ombro, o sol refletindo nos olhos dourados.

— “Aki. Aki Sato.”

Mais tarde, já no intervalo, Ren encontrou um jeito de subir até o telhado da escola — seu lugar preferido para fugir das multidões.

Para sua surpresa, Aki já estava lá, sentada na beira, observando o pátio.

Ren coçou a cabeça, sem saber se devia ir embora.

— “Se veio me agradecer, não precisa”, disse ela sem olhar.

— “Agradecer? Eu que devia agradecer por você salvar minha pele lá embaixo!”

Aki deu um leve sorriso.

— “Você não precisava se meter. Mas foi... corajoso.”

Ren sentou-se ao lado dela, um pouco sem jeito.

— “Corajoso nada, eu só... não pensei direito.”

— “Isso é coragem disfarçada de burrice.”

Eles riram. Pela primeira vez no dia, Ren sentiu que talvez aquele novo começo não fosse tão ruim.

Ele tirou um pão da mochila e ofereceu.

— “Quer? É simples, mas o do avô é o melhor da cidade.”

Aki hesitou, depois aceitou.

O silêncio que se seguiu não foi desconfortável. O vento soprava leve, o sino da escola ecoava distante.

— “Você é nova aqui, né?” perguntou Ren.

— “Sim. Me transferi ontem.”

— “De onde veio?”

— “De longe.”

Ela desviou o olhar. Havia algo escondido por trás da calma dela — algo pesado.

Antes que pudesse perguntar mais, um grupo de alunos passou correndo no pátio gritando:

— “Os Lobos Vermelhos estão de volta!”

Ren franziu o cenho.

— “Os Lobos...? Ah não, não me diz que as gangues voltaram a brigar.”

Aki se levantou devagar.

— “Lobos Vermelhos...” murmurou, a expressão mudando. “Achei que já tinham sumido.”

Ren percebeu o olhar dela endurecer, como se lembrasse de algo doloroso.

— “Você conhece eles?”

Ela respirou fundo.

— “Digamos que... sim. Um deles foi importante pra mim.”

O vento ficou mais frio. Ren não soube o que dizer.

Lá embaixo, perto do muro da escola, um rapaz loiro com uma cicatriz na sobrancelha observava os dois.

Um cigarro apagado pendia dos lábios e o olhar dele carregava rancor.

— “Aki Sato... você não devia ter voltado pra Tatsuhama.”

Quando o sino final tocou, Ren e Aki desceram juntos. No caminho, ele tentava disfarçar o nervosismo.

— “Ei, se quiser, posso te mostrar os lugares legais da cidade.”

Aki sorriu de leve.

— “Lugares legais? Tipo o quê?”

— “Bom... tem o café do meu avô, e o fliperama do Yuto... e uma banca que vende pão com curry ótimo!”

Ela riu.

— “Você realmente come o tempo todo, né?”

— “É meu dom secreto.”

Mas o riso logo morreu quando um grupo de rapazes bloqueou a saída da escola.

No centro deles, o loiro da cicatriz.

— “Ora, ora... Aki Sato. Pensei que tivesse esquecido da gente.”

Ren instintivamente deu um passo à frente.

— “Ela não quer confusão.”

O loiro sorriu com desprezo.

— “E quem é você? O novo cachorrinho dela?”

Antes que Aki reagisse, Ren fechou os punhos.

O tempo pareceu desacelerar. O coração batia forte, o som do vento ficou distante.

Ele lembrou das palavras do avô: “O aço reflete o coração de quem o forja.”

Ren deu um passo à frente.

— “Se quer brigar, briga comigo.”

O loiro riu, mas antes que pudesse se mover, Aki o agarrou pelo braço.

— “Ren, não.”

Ela o encarou firme.

— “Esses caras... são diferentes. Eles não lutam por diversão. Eles lutam pra destruir.”

O loiro acendeu o cigarro com calma.

— “Vejo que ainda é a mesma, Aki. A garota que fugiu depois do incêndio.”

Ren olhou para ela, confuso.

— “Incêndio?”

Mas Aki não respondeu. Apenas segurou o punho com força, os olhos dourados brilhando.

O ar entre eles ficou pesado.

— “Isso não vai acabar aqui,” disse o loiro, virando as costas. “Nos vemos em breve, Aki Sato.”

Quando foram embora, Ren se virou pra ela.

— “O que foi aquilo?”

Aki respirou fundo, a voz trêmula:

— “Meu passado... acabou de me encontrar.”

O sol já estava se pondo, tingindo o céu de vermelho.

Ren percebeu que o “novo começo tranquilo” que tanto queria estava prestes a se transformar em algo muito maior.

E talvez, pela primeira vez, ele estivesse pronto pra lutar.

Promessa no Telhado

Obra: Corações em Chamas: Amor & Aço

Autor:Osvaldo joão de Lemos

Declaro que esta obra é original e criada sob minha direção e autoria.

A história, personagens e enredo foram desenvolvidos exclusivamente para esta publicação, sem uso de materiais protegidos por direitos autorais de terceiros.

Alguns elementos visuais foram produzidos com o auxílio de ferramentas digitais de ilustração, sob minha orientação criativa, mantendo a total originalidade da obra.

💥 Capítulo 2 — “Promessa no Telhado”

A noite caía sobre Tatsuhama, e as luzes da cidade piscavam como brasas sob o vento.

Depois do encontro com o loiro da cicatriz, Ren e Aki andavam lado a lado em silêncio.

O barulho distante das motos e gritos ecoava pelas ruas — sinais de que os Lobos Vermelhos estavam em movimento novamente.

Ren coçou a nuca, tentando quebrar o clima tenso.

— “Então... aquele cara loiro parecia te conhecer bem. Ex-namorado psicopata, talvez?”

Aki lançou um olhar afiado.

— “Se quer viver até amanhã, não repete isso.”

Ren levantou as mãos, rindo sem graça.

— “Tá bom, tá bom! Só tentando aliviar o clima.”

Aki suspirou, olhando o chão.

— “O nome dele é Kaito Ryuzen. Era o braço direito do meu pai... antes de tudo desmoronar.”

Ren franziu o cenho.

— “Teu pai... fazia parte de uma gangue?”

Ela hesitou.

— “Não apenas fazia parte. Ele liderava os Lobos Vermelhos.”

O silêncio caiu como uma bomba. O som dos grilos pareceu desaparecer.

Ren piscou algumas vezes.

— “Então quer dizer que... o cara que tentou te intimidar hoje... era teu ex-subordinado?”

— “Algo assim.”

— “Ok, isso é oficialmente o colégio mais perigoso do país.”

Aki esboçou um pequeno sorriso — o primeiro desde o incidente.

Ren relaxou um pouco. Ele não entendia por que, mas queria ver aquele sorriso mais vezes.

Mais tarde, eles chegaram à casa de Ren. Uma pequena oficina de metal ocupava o térreo — o domínio do avô dele, Sr. Hayashi, um homem de voz rouca e olhar de aço.

O velho ergueu os olhos da bigorna quando os viu entrar.

— “Trouxe companhia, Ren?”

Ren corou.

— “N-não é o que tá pensando! Ela só... ficou sem transporte!”

O avô cruzou os braços.

— “Hmph. Já vi esse filme antes.”

Aki inclinou-se educadamente.

— “Boa noite, senhor Hayashi. Sou Aki Sato.”

Os olhos do velho estreitaram-se.

— “Sato...? O mesmo Sato que liderava os Lobos Vermelhos há dez anos?”

Ren arregalou os olhos.

— “Vô! Tu conhece o pai dela?”

— “Conheci... e temi. Aquele homem tinha fogo nos olhos — fogo e dor.”

O silêncio pesou. Aki baixou o olhar.

— “Meu pai não era um monstro. Só fez escolhas erradas.”

O velho soltou um suspiro pesado.

— “Todos fazemos. A questão é o que fazemos depois delas.”

Depois de alguns segundos, ele se levantou e foi até a oficina, voltando com um pequeno chaveiro em forma de espada.

— “O velho Sato me pediu pra forjar isso. Disse que era um presente pro futuro dele. Parece que o futuro chegou.”

Aki segurou o chaveiro, surpresa. Um pequeno “A&S” estava gravado na lâmina.

Ren observava em silêncio, sentindo uma estranha conexão nascer entre eles — como se o destino já os tivesse cruzado antes.

Na manhã seguinte, o clima na escola era tenso. Boatos corriam pelos corredores: “Os Lobos Vermelhos voltaram!”, “Eles estão recrutando de novo!”.

Ren tentava ignorar, mas era impossível.

— “Aki, acha que eles realmente vão tentar algo aqui dentro?”

— “Eles sempre tentam. Mas agora é diferente... Kaito não quer apenas poder. Ele quer vingança.”

— “Vingança por quê?”

Ela desviou o olhar.

— “Pelo que aconteceu no incêndio.”

Antes que Ren perguntasse mais, um som ecoou do pátio — BAM!

As janelas tremeram.

Quando olharam pra fora, viram Kaito e dois comparsas empurrando um aluno contra o muro.

— “Quero saber onde ela tá! A Aki Sato voltou pra esta escola, e alguém aqui sabe!”

Ren cerrou os punhos.

— “Não posso deixar isso passar.”

Aki segurou o braço dele.

— “Não se mete.”

— “Mas—”

— “Eu resolvo.”

Ela saiu da sala e desceu as escadas com passos firmes.

Os alunos abriram caminho conforme ela se aproximava.

O vento soprou forte, levantando os fios de cabelo negros enquanto os olhos dourados brilhavam.

— “Kaito.”

O loiro virou-se, um sorriso torto nos lábios.

— “Olha só... finalmente deu as caras.”

— “Acabou, Kaito. Os Lobos não existem mais.”

— “Errado.” Ele estalou os dedos e os outros dois se aproximaram. “Os Lobos sempre existirão — e você vai liderá-los de novo, quer queira ou não.”

Ren chegou a tempo de ouvir.

— “Nem pensar! Ela não vai voltar pra esse lixo de gangue!”

— “Ah, o cachorrinho dela.” Kaito riu. “Quer brincar de herói?”

O loiro avançou primeiro. Ren tentou desviar, mas levou um golpe no ombro e caiu.

Aki gritou:

— “Ren!”

Ele levantou-se, cambaleando.

— “Eu não... vou correr.”

— “Não seja idiota!”

— “Sou especialista nisso.”

Kaito veio novamente, mas dessa vez Ren se abaixou e acertou um soco direto no estômago dele.

O impacto o fez recuar.

Os alunos ao redor começaram a murmurar.

Aki aproveitou o momento e deslizou o pé, derrubando um dos comparsas.

Com um movimento rápido, agarrou o outro e o empurrou contra o muro.

— “Vocês não aprendem, né?”

Kaito limpou o sangue no canto da boca e riu.

— “Interessante... esse garoto tem coragem. Mas coragem sem poder é só suicídio.”

Ele tirou um pequeno canivete do bolso.

O brilho da lâmina refletiu o sol.

Ren congelou.

Antes que pudesse reagir, Aki se jogou na frente. A lâmina passou raspando pelo braço dela, cortando a manga do uniforme.

O sangue começou a escorrer lentamente.

— “Aki!” Ren gritou, segurando-a.

Ela rangeu os dentes, mas manteve o olhar fixo em Kaito.

— “Se me tocar de novo, eu juro que... acabo contigo.”

O loiro hesitou por um segundo. O olhar dela não era humano — era o olhar de uma fera presa, pronta pra atacar.

Ele guardou a lâmina e deu meia-volta.

— “Isso não acabou, Aki. Ainda vai pagar pelo que fez.”

Quando ele se afastou, os estudantes começaram a cochichar.

Ren rasgou um pedaço da própria camisa e amarrou no ferimento dela.

— “Você é maluca! Por que se jogou na frente?”

— “Porque não ia deixar ele te machucar.”

— “Mas eu podia ter...”

— “Podia nada. Você é corajoso, mas atrapalhado.”

Ren suspirou.

— “Parece o título de um anime ruim.”

Ela riu, fraca.

— “Então somos o elenco principal.”

Mais tarde, no telhado, o vento balançava o curativo improvisado no braço de Aki.

Ren olhava o céu, pensativo.

— “Sabe... eu devia estar com medo. Mas tô mais irritado do que assustado.”

Aki cruzou os braços.

— “Irritado com quem?”

— “Comigo mesmo. Porque não consegui te proteger.”

Ela o encarou.

— “Não preciso que me proteja, Ren. Só que não desista.”

Ele olhou pra ela, sério.

— “Então promete que não vai enfrentar tudo sozinha.”

Aki ficou em silêncio por alguns segundos. Depois, estendeu a mão.

— “Prometo... se você prometer que vai continuar sendo idiota o suficiente pra tentar me ajudar.”

Ren segurou a mão dela, sorrindo.

— “Fechado.”

O vento soprou forte, levando consigo a tensão do dia.

Lá embaixo, a cidade parecia respirar novamente.

Mas entre os prédios, na sombra de uma torre abandonada, Kaito observava com o cigarro aceso.

— “Promessas... sempre acabam quebradas.”

Ele apagou o cigarro e sorriu.

— “A próxima chama... vai consumir tudo.”

Sangue e Orgulho

⚔️🔥

Capítulo 3 – “Sangue e Orgulho”

O sol da tarde se escondia atrás dos prédios de concreto, tingindo a cidade com um vermelho quase ameaçador. O vento soprava forte, espalhando o som distante de sirenes e passos apressados.

Ren caminhava ao lado de Aki, o corpo ainda dolorido do treino da manhã.

— Tu pegou leve comigo hoje, né? — ele disse, tentando soar confiante.

Aki riu de canto. — Se eu pegasse leve, tu ainda tava deitado no chão do ginásio.

Ren fingiu indignação, mas por dentro sabia que era verdade. Aki lutava como uma profissional — os reflexos, a precisão, até o olhar frio nos golpes. Ela era diferente de tudo o que ele já tinha visto.

No entanto, o riso desapareceu quando ambos ouviram o som metálico de uma garrafa chutada. Aki parou imediatamente, os olhos se estreitando.

— Sente isso? — ela murmurou.

— O quê? — Ren olhou ao redor.

— Silêncio demais.

Do beco à direita, quatro figuras emergiram. Jaquetas de couro vermelhas, símbolos de lobo nas costas — os Lobos Vermelhos.

Na frente vinha Ryo, o braço direito do chefe da gangue. O mesmo que Aki havia humilhado uma semana antes. Um corte novo atravessava o rosto dele.

— Ora, ora… Olha quem temos aqui. — Ryo sorriu, girando um cano de ferro nas mãos. — A “garotinha dos punhos de ferro” e seu namorado valentão.

Ren corou. — N-namorado?!

Aki cruzou os braços. — Cala a boca, Ryo. Se quiser brigar, fala logo.

Ryo jogou o cano no chão e estalou os dedos. — Hoje, ninguém vai sair andando.

Os três comparsas dele cercaram o beco. Ren sentiu o coração acelerar. Ele engoliu seco e olhou pra Aki, que respirava fundo, tranquila, como se aquilo fosse um treino comum.

— Ren — disse ela, sem virar o rosto. — Fica atrás de mim.

Ele cerrou os punhos. — Não. Dessa vez, eu luto também.

Aki virou o olhar, surpresa. Mas o que viu ali — aquele brilho teimoso nos olhos dele — a fez sorrir.

— Tá bom, herói. Só não morre, tá?

O primeiro golpe veio como um trovão. Um dos Lobos correu com uma corrente, mirando o pescoço de Aki. Ela desviou com um giro e o acertou no abdômen, mandando-o contra a parede.

Outro tentou atacar pelas costas — mas Ren, impulsivo, o interceptou com um soco desajeitado. Doeu mais nele do que no oponente, mas o impacto serviu pra distrair o inimigo tempo suficiente pra Aki derrubá-lo.

— Bom trabalho, aprendiz — ela riu. — Só tenta não quebrar tua própria mão da próxima vez.

— Eu… tô bem — gemeu Ren, balançando a mão vermelha.

Mas a risada acabou rápido. Ryo avançou. Diferente dos outros, ele era forte. Muito. O chão tremeu quando o cano de ferro atingiu o asfalto.

Aki desviou do primeiro golpe, bloqueou o segundo, mas o terceiro acertou de raspão no ombro dela. O som metálico ecoou. Ela cambaleou.

— Aki! — Ren gritou.

Ryo riu alto. — Acha que pode me humilhar e sair viva, hein? Hoje eu quebro teu orgulho, garota!

Ren correu em direção a eles, mas Ryo o atingiu com um chute lateral que o jogou contra a parede. A visão de Ren ficou turva. O gosto de sangue desceu pela garganta.

Ryo levantou o cano novamente, mirando Aki caída.

Mas antes que o golpe descesse, uma voz fraca ecoou:

— Não… encosta… nela.

Ren levantou-se devagar. Os olhos dele, normalmente castanhos, agora tinham um brilho âmbar, quase dourado. A raiva, o medo e a vontade de proteger Aki se misturaram em uma única energia bruta.

Ryo hesitou por um instante. — Que porra é essa…?

Ren deu um passo à frente.

O ar ao redor dele pareceu vibrar.

Quando Ryo tentou atacar, Ren desviou instintivamente — rápido demais pra ser normal — e atingiu o peito do inimigo com um soco direto.

O impacto foi tão forte que o corpo de Ryo voou dois metros antes de cair no chão, o cano girando no ar.

Silêncio.

Aki olhava boquiaberta.

Ren, ofegante, olhou para as mãos, trêmulo. — Eu… o que foi isso?

Aki se aproximou, ainda atordoada. — Ren, teus olhos…

Ele piscou e o brilho desapareceu.

— Meus olhos?

— Brilharam… como fogo.

Mais tarde, na cobertura do prédio onde treinavam, Aki cuidava dos ferimentos de Ren.

O céu noturno estava cheio de estrelas, e a lua iluminava o rosto dela com suavidade.

— Tu devia ter ficado pra trás, sabia? — ela disse, colocando um curativo no braço dele.

— E deixar tu sozinha com quatro caras armados? — ele sorriu. — Nem morto.

Aki balançou a cabeça, mas o canto da boca traiu um leve sorriso.

— Foi idiota. Mas… valente.

Silêncio breve. O vento soprou leve, mexendo o cabelo dela.

Ren olhou pro céu, pensativo. — Aki… aquilo que aconteceu. Eu senti como se… algo dentro de mim acordasse.

Ela ficou séria. — Não era normal. Eu vi o jeito que o ar mudou ao teu redor. Como se tua energia… tivesse viva.

— Energia? Tipo poder?

— Talvez. — Ela levantou-se e olhou para o horizonte. — Meu mestre dizia que algumas pessoas têm “chamas interiores”. Força espiritual que desperta em momentos de desespero.

Ren riu, sem graça. — Então quer dizer que eu sou um anime ambulante agora?

Aki deu um leve tapa na cabeça dele. — Idiota. Isso é sério.

Ele sorriu, e por um momento, os dois ficaram apenas olhando o luar refletido nas janelas distantes.

Mas Aki sabia — algo mudou naquela noite. E não apenas no corpo de Ren.

Na manhã seguinte, a notícia do confronto correu pela cidade.

Os Lobos Vermelhos juraram vingança.

E, do outro lado da cidade, uma figura observava as fotos amassadas no jornal local: Ren e Aki, lado a lado, sujos e feridos.

— Então esse é o garoto com os olhos de fogo… — murmurou o homem, apagando o cigarro. — Interessante. O chefe vai querer saber disso.

Um símbolo desenhado no papel revelava o nome de uma nova ameaça: “Os Dragões de Aço.”

De volta ao telhado, Aki e Ren treinavam novamente.

Ela tentava analisar o que acontecera na luta.

— Tenta lembrar — disse ela. — O que tu sentiu antes de o poder despertar?

Ren fechou os olhos. — Medo. Muita raiva. E… vontade de te proteger.

Ela desviou o olhar, corando levemente. — Tsc… bobo.

Ren abriu os olhos. — Eu quero aprender a controlar isso, Aki. Se eu for mesmo… diferente.

Aki sorriu, um sorriso raro e verdadeiro. — Então vamos descobrir juntos. Mas aviso — eu não pego leve.

— Já percebi isso — ele riu.

Aki respirou fundo, assumindo a postura de combate.

Ren a imitou.

— Certo — ela disse. — Mostra o teu fogo, Ren.

E quando os dois avançaram um contra o outro, sob a luz dourada da manhã, o som dos punhos ecoou como trovões.

Mas, no fundo, nenhum dos dois sabia que aquele treino marcava apenas o início de uma guerra muito maior.

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